PASSADO/PRESENTE/FUTURO

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

Acorrentado ao passado-que-nunca-foi,
não consigo me libertar da crença em coisas absurdas.

Acorrentado ao presente-que-não-é,
não consigo me libertar do medo da morte.

Acorrentado ao futuro-que-jamais-será,
não consigo me libertar da idéia de salvação.

 

 

 

 

Acorrentado ao passado-que-nunca-foi,
não consigo me libertar da cobiça de lucrar.

Acorrentado ao presente-que-não-é,
não consigo me libertar de praticar a mais-valia.

Acorrentado ao futuro-que-jamais-será,
não consigo me libertar de impor o mais-trabalho.

 

 

 

 

Acorrentado ao passado-que-nunca-foi,
não consigo me libertar da fixação de raça pura.

Acorrentado ao presente-que-não-é,
não consigo me libertar do preconceito.

Acorrentado ao futuro-que-jamais-será,
não consigo me libertar da separatividade.

 

 

 

 

Acorrentado ao passado-que-nunca-foi,
não consigo me libertar da mania de ser cruel.

Acorrentado ao presente-que-não-é,
não consigo me libertar de ser anti-humano.

Acorrentado ao futuro-que-jamais-será,
não consigo me libertar de ser um mago negro.

 

 

Acorrentado ao passado-que-nunca-foi,
não consigo me libertar da Noite Negra.

Acorrentado ao presente-que-não-é,
não consigo me libertar do inferno que criei.

Acorrentado ao futuro-que-jamais-será,
não consigo me libertar do demônio que pari.

 

 

 

 

Acorrentado ao passado-que-nunca-foi,
não consigo me libertar do terraplanismo.

Acorrentado ao presente-que-não-é,
não consigo me libertar do negacionismo.

Acorrentado ao futuro-que-jamais-será,
não consigo me libertar do fantasma do jacaré.

 

 

 

 

Acorrentado ao passado-que-nunca-foi,
não consigo me libertar do cagaço dos comunistas.

Acorrentado ao presente-que-não-é,
não consigo me libertar do cagaço da esquerda.

Acorrentado ao futuro-que-jamais-será,
não consigo me libertar do cagaço dos que são livres.

 

 

 

 

Acorrentado ao passado-que-nunca-foi,
não consigo me libertar do ódio aos judeus.

Acorrentado ao presente-que-não-é,
não consigo me libertar
do ódio aos árabes.

Acorrentado ao futuro-que-jamais-será,
não consigo me libertar do ódio aos ucranianos.

 

 

 

 

Acorrentado ao passado-que-nunca-foi,
não consigo me libertar da aversão aos negros.

Acorrentado ao presente-que-não-é,
não consigo me libertar da aversão aos índios.

Acorrentado ao futuro-que-jamais-será,
não consigo me libertar da aversão aos aborígines.

 

 

 

 

Acorrentado ao passado-que-nunca-foi,
não consigo me libertar da antipatia pelos sem-teto.

Acorrentado ao presente-que-não-é,
não consigo me libertar da antipatia pelos sem-trabalho.

Acorrentado ao futuro-que-jamais-será,
não consigo me libertar da antipatia pelos sem-ventura.

 

 

 

 

Acorrentado ao passado-que-nunca-foi,
não consigo me libertar da dilapidação dos minerais.

Acorrentado ao presente-que-não-é,
não consigo me libertar da devastação dos vegetais.

Acorrentado ao futuro-que-jamais-será,
não consigo me libertar da matança dos animais.

 

 

 

 

Acorrentado ao passado-que-nunca-foi,
não consigo me libertar da vontade de destruir os ETs.

Acorrentado ao presente-que-não-é,
não consigo me libertar da vontade de destruir os ITs.

Acorrentado ao futuro-que-jamais-será,
não consigo me libertar da vontade de destruir os UTs.

 

 

 

 

Acorrentado ao passado-que-nunca-foi,
não consigo me libertar da vontade de exterminar os ateus.

Acorrentado ao presente-que-não-é,
não consigo me libertar da vontade de exterminar os hereges.

Acorrentado ao futuro-que-jamais-será,
não consigo me libertar da vontade de exterminar os descrentes.

 

 

 

 

Acorrentado ao passado-que-nunca-foi,
não consigo me libertar da miragem de que sou o
+ importante.

Acorrentado ao presente-que-não-é,
não consigo me libertar da ilusão de que sou o
+ meritório.

Acorrentado ao futuro-que-jamais-será,
não consigo me libertar da miragem de que sou o
+ elevado.

 

 

 

 

Acorrentado ao passado-que-nunca-foi,
não consigo me libertar da quimera de que sou um dos preferidos
.

Acorrentado ao presente-que-não-é,
não consigo me libertar da fantasia de que sou um dos escolhidos.

Acorrentado ao futuro-que-jamais-será,
não consigo me libertar do delírio de quesou um dos bem-aventurados.

 

 

 

 

Acorrentado ao passado-que-nunca-foi,
não consigo me libertar da esperança de que serei perdoado de tudo
.

Acorrentado ao presente-que-não-é,
não consigo me libertar do sonho de que irei para o céu.

Acorrentado ao futuro-que-jamais-será,
não consigo me libertar da utopia de que me sentarei à direita de Zeus.

 

 

 

 

 

 

Música de fundo:

Prélude, Choral et Fugue
Composição: César-Auguste-Jean-Guillaume-Hubert Franck
Interpretação: Nikolai Lugansky

Fonte:

https://www.youtube.com/watch?v=-Dr2CK4R0l4

Observação:

Admite-se que esta composição esteja associada ao 5º Raio [Cura (Interior) e Verdade (Relativa)].

 

César-Auguste-Jean-Guillaume-Hubert Franck

 

Páginas da Internet consultadas:

https://cutewallpaper.org/

https://gfycat.com/gifs/tag/hourglass

https://pt.vecteezy.com/vetor-gratis/einstein

https://gifer.com/en/g09P

https://creazilla.com/nodes/25297-zeus-on-his-throne-clipart

https://gifer.com/en/Q3Qz

https://www.gifs.cc/alligators.html

 

Direitos autorais:

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