PRIMEIRO ALCIBÍADES

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

A pior espécie de ignorância é se acreditar saber o que não se sabe.

 

A maioria dos erros na vida prática decorre desta forma de ignorância: presunção de sabermos o que não sabemos. É esta modalidade de ignorância a causa de todos os males e a mais repreensível das ignorâncias. E quanto mais importante for o assunto, mais nociva e vergonhosa ela será.

 

 

Os Três Macacos Sábios1

 

Meu caro Alcibíades, segue os meus conselhos e acredita na inscrição de Delfos: 'Conhece-te a ti mesmo.'

 

A cura da alma implica em se conhecer a si-mesmo.

 

Devemos nos servir do espelho mais belo para podermos ver e conhecer a nós mesmos o máximo possível.

 

Nosso melhor espelho é o olho do outro.

 

Se a alma desejar se conhecer a si-mesma, deverá olhar para uma outra alma em sua melhor parte. E, ali, onde se encontra a faculdade própria da alma, a inteligência ou algo que se assemelhe, haveria nela parte mais divina do que aquela onde se encontram o intelecto e a razão?

 

Quem olha e em si descobre o sobre-humano – o divino conhece melhor a si-mesmo.

 

Conhecer-se a si-mesmo não é o que chamamos de Sabedoria?

 

Uma vez que o homem não é nem corpo nem o conjunto dos dois [corpo e alma], só resta, quero crer, ou aceitar que o homem é nada ou, no caso de ser alguma coisa, terá de ser forçosamente a alma.

 

O homem é uma alma que se serve de um corpo.

 

Aquele que só conhece o corpo conhece o que é do homem, mas não o Homem Ele-mesmo.

 

Aquele que serve o corpo serve o que é seu, não o que ele verdadeiramente é.

 

A escravidão é um vício. Já a condição livre é uma virtude.

 

Felicidade = Sabedoria + Bondade.

 

Conhecer-se a si-mesmo é o fim do homem, que consiste em se conhecer a si-mesmo enquanto alma vivente.

 

A virtude é necessária tanto para o indivíduo como para a cidade.

 

Jamais poderemos saber qual é a arte de nos tornarmos melhores a nós mesmos, se ignorarmos o que nós mesmos somos.

 

Se nos conhecermos, saberemos, talvez, também, qual é o cuidado que deveremos ter com nós mesmos; se não nos conhecermos, jamais poderemos saber.

 

Para ser bom conselheiro, o que importa não é a riqueza, mas o saber. A justiça sempre deve ser a base de qualquer conselho.

 

Quem não é capaz de ensinar o mais fácil, como poderá fazê-lo com o mais difícil? A condição essencial para se ensinar alguma coisa é conhecê-la.

 

O justo e o vantajoso são diferentes. Entre as coisas justas, algumas são vantajosas e outras não. Logo, nem sempre o justo é vantajoso. Mas todas as ações justas são belas.

 

Nada belo, enquanto belo, é mau; nada feio, enquanto feio, é bom.

 

O belo e o bom são idênticos.

 

Sempre que respondemos contraditoriamente, sem querermos, é porque desconhecemos o assunto em debate.

 

A melhor prova que alguém poderá dar que possui determinado conhecimento é ser capaz de transmitir a outrem este mesmo conhecimento.

 

Geralmente, nossos adversários não são como imaginamos; logo, só pela indústria e pelo saber poderemos sobrepujá-los.

 

Meu tutor é Deus – o melhor e o mais sábio dos tutores.

 

Conhecendo a Essência Íntima de nós mesmos, saberemos o que somos e quem somos. Sem este conhecimento, isto será impossível.

 

Só te ama quem amar a tua alma.

 

Na alma, não há parte mais divina do que aquela relacionada com o conhecimento e a reflexão. Assim, quem a contemplar ficará se conhecendo a si-mesmo.

 

Quem ignora as coisas que lhe dizem respeito desconhecerá também as dos outros.

 

Ninguém poderá ser feliz se não for sábio e bom, donde se colhe que os maus são infelizes. Logo, não é ficando rico que evitamos a infelicidade, mas nos tornando sábios.

 

 

Idi Amin Dada Oumee – O Senhor do Horror

 

As cidades, portanto, para serem felizes, não necessitam nem de muros, nem de trirremes, nem de estaleiros, nem de população, nem de tamanho, mas de virtude. Assim, o governante não precisa alcançar o poder absoluto para bem governar e fazer o bem, porém, de justiça e de sabedoria.

 

Devemos ter sempre em mira o Esplendor Divino.

 

 

Observação:

Estas citações foram garimpadas na obra Primeiro Alcibíades, escrita por Platão em sua juventude, mas cuja autoria é discutida, apesar de, na Antigüidade, sua autenticidade nunca ter sido posta em dúvida. O Primeiro Alcibíades é um diálogo (supostamente) platônico que, junto com o Segundo Alcibíades, Hiparco e Amantes Rivais, estes considerados apócrifos, faz parte da Quarta Tetralogia. Este diálogo se ocupa com a doutrina socrática do autoconhecimento. A discussão visa esclarecer que nenhum conhecimento é possível sem o conhecimento de si-mesmo, e, portanto, sendo o conhecimento de si-mesmo o princípio da Ciência, é o conhecimento de si-mesmo que o homem deve procurar mais que tudo.

 

 

 

 

 

 

 

 

Oh!, tantas vidas já vivi,

quantas vezes me perdi!

Tantas vezes eu sonhei,

quantas vezes procurei!

 

Hoje sei: Nosce te ipsum!2

Tantum ergo Sacramentum!3

E amanhã? Esquecerei?

Oh!, não sei! Não; eu sei.

 

Em mim, há uma alteza:

perscruto a Santa Beleza.

Se encontrá-La, tudo bem;

se não, tudo bem também.

 

sei que nunca desistirei;

ad æternum, peregrinarei.

Sempre: Fiat Tua Voluntas.4

Jamais: fiat mea voluntas.5

 

Um dia, dançarei na LLuz;

terei comutado minha Cruz.

Então, voltarei para ajudar

quem quiser retornar ao Lar.

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Os macaquinhos, conhecidos como os Três Macacos Sábios, adornam a porta do Estábulo Sagrado, um templo do século XVII localizado no Santuário Toshogu, na cidade de Nikko, Japão. Seus nomes são Mizaru (o que cobre os olhos), Kikazaru (o que fecha os ouvidos) e Iwazaru (o que tapa a boca), que é traduzido como: não ouça o mal, não fale o mal e não veja o mal. Mais exatamente: Mizaru Kikazaru Iwazaru – que, literalmente, significa: miru = olhar, kiku = ouvir, iu = falar e zaru = negar. O folclore japonês diz que a imagem dos macacos foi trazida por um monge budista chinês, no século XVIII. Apesar disto, não há comprovação desta suposição. Enfim, se os homens não olhassem, não ouvissem e não falassem coisas malévolas, teríamos comunidades pacíficas com paz e harmonia.

 

Não vejo o mal, não ouço o mal, não falo o mal.

Não vejo o mal, não ouço o mal, não falo o mal.

 

Esta nota foi editada das fontes:

http://interata.squarespace.com/

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Tr%C3%AAs_Macacos_S%C3%A1bios

2. Nosce te ipsum = Conhece-te a ti mesmo.

3. Tantum ergo Sacramentum = Tão grande Sacramento.

4. Fiat Tua Voluntas = Faça-se a Tua Vontade (Oh!, Deus do meu Coração!).

5. Fiat mea voluntas = Faça-se a minha vontade.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://code.google.com/p/webos-life/

http://www.three-monkeys.info/
1/WEBINFO/GIFS.htm

http://www.gifsoup.com/view/
309958/sleeping-beauty.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Idi_Amin

http://www.filoinfo.bem-vindo.net/
plotinus/node/596?page=2

http://www.revistamirabilia.com/nova/
images/numeros/2010_11/02.pdf

http://www.culturabrasil.org/
aosmocos.htm

http://homovisualis.com/
tag/conhecimento/

http://www.lehinrichsen.pro.br/arquivos/
Plat%C3%A3o%20e%20Plotino.pdf

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Primeiro_Alcib%C3%ADades

http://www.4shared.com/get/dhngwwXC/
PLATO_-_O_Primeiro_Alcibades.html

 

Canto gregoriano de fundo:

Tantum Ergo
Composição: São Tomás de Aquino
Interpretação: Schola Cantorum do Pontifício Col. Intern. dos Beneditinos de S. Alselmo em Roma

 

Observação:

Tantum Ergo são as palavras iniciais dos dois últimos versos do Pange Lingua – um Hino Latino Medieval escrito por São Tomás de Aquino.

 

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