A
pior
espécie de ignorância é se acreditar saber
o que não se sabe.
A
maioria dos erros na vida prática decorre desta forma de
ignorância: presunção de sabermos o que não
sabemos. É esta modalidade de ignorância
a causa de todos os males e a mais repreensível
das ignorâncias.
E quanto mais importante for o assunto,
mais nociva e vergonhosa ela será.
Os
Três Macacos Sábios1
Meu
caro Alcibíades, segue os meus conselhos
e acredita na inscrição de Delfos: 'Conhece-te a
ti mesmo.'
A
cura da alma implica em se conhecer a si-mesmo.
Devemos
nos servir do espelho mais belo para podermos ver e conhecer a
nós mesmos o máximo possível.
Nosso
melhor espelho é o olho do outro.
Se
a alma desejar se conhecer a si-mesma, deverá olhar para
uma outra alma em sua melhor parte. E, ali, onde se encontra a
faculdade própria da alma, a inteligência ou algo
que se assemelhe, haveria nela parte mais divina do que aquela
onde se encontram o intelecto e a razão?
Quem olha e em si descobre
o sobre-humano – o divino –
conhece melhor a si-mesmo.
Conhecer-se
a si-mesmo não é o que chamamos de Sabedoria?
Uma
vez que o homem não é nem corpo nem o conjunto dos
dois [corpo
e alma], só resta,
quero crer, ou aceitar que o homem é nada ou, no caso de
ser alguma coisa, terá de ser forçosamente a alma.
O homem é uma alma
que se serve de um corpo.
Aquele
que só conhece o corpo conhece o que é do homem,
mas não o Homem Ele-mesmo.
Aquele
que serve o corpo serve o que é seu, não o que ele
verdadeiramente é.
A escravidão é
um vício. Já a condição livre é
uma virtude.
Felicidade = Sabedoria
+ Bondade.
Conhecer-se
a si-mesmo é o fim do homem, que consiste em se conhecer
a si-mesmo enquanto alma vivente.
A
virtude é necessária tanto para o indivíduo
como para a cidade.
Jamais poderemos saber
qual é a arte de nos tornarmos melhores a nós mesmos,
se ignorarmos o que nós mesmos somos.
Se
nos conhecermos, saberemos, talvez, também, qual é
o cuidado que deveremos ter com nós mesmos; se não
nos conhecermos, jamais poderemos saber.
Para
ser bom conselheiro, o que importa não é a riqueza,
mas o saber. A justiça sempre deve ser a base de qualquer
conselho.
Quem
não é capaz de ensinar o mais fácil, como
poderá fazê-lo com o mais difícil? A condição
essencial para se ensinar alguma coisa é conhecê-la.
O
justo e o vantajoso são diferentes. Entre as coisas justas,
algumas são vantajosas e outras não. Logo, nem sempre
o justo
é vantajoso. Mas todas as ações
justas são belas.
Nada
belo, enquanto belo, é mau; nada feio, enquanto feio, é
bom.
O
belo e o bom são idênticos.
Sempre
que respondemos contraditoriamente, sem querermos, é porque
desconhecemos o assunto em debate.
A
melhor prova que alguém poderá dar que possui determinado
conhecimento é ser capaz de transmitir a outrem este mesmo
conhecimento.
Geralmente,
nossos adversários não são como imaginamos;
logo, só pela indústria e pelo saber poderemos sobrepujá-los.
Meu
tutor é Deus – o melhor e o mais sábio dos
tutores.
Conhecendo
a Essência Íntima de nós mesmos, saberemos
o que somos e quem somos. Sem este conhecimento, isto será
impossível.
Só
te ama quem amar a tua alma.
Na
alma, não
há parte mais divina do que aquela relacionada com o conhecimento
e a reflexão. Assim, quem a contemplar ficará se
conhecendo a si-mesmo.
Quem
ignora as coisas que lhe dizem respeito desconhecerá também
as dos outros.
Ninguém
poderá ser feliz se não for sábio e bom,
donde se colhe que os maus são infelizes. Logo, não
é ficando rico que evitamos a infelicidade, mas nos tornando
sábios.
Idi
Amin Dada Oumee – O Senhor do Horror
As
cidades, portanto, para serem felizes, não necessitam nem
de muros, nem de trirremes, nem de estaleiros, nem de população,
nem de tamanho, mas de virtude. Assim, o governante não
precisa alcançar o poder absoluto para bem governar e fazer
o bem, porém, de justiça e de sabedoria.
Devemos
ter sempre em mira o Esplendor Divino.
Observação:
Estas citações
foram garimpadas na obra Primeiro
Alcibíades, escrita por Platão em sua
juventude, mas cuja autoria é discutida, apesar de, na
Antigüidade, sua autenticidade nunca ter sido posta em dúvida.
O Primeiro
Alcibíades é um diálogo (supostamente)
platônico que, junto com o Segundo
Alcibíades, Hiparco e Amantes
Rivais, estes considerados apócrifos, faz parte
da Quarta Tetralogia. Este diálogo se ocupa com a doutrina
socrática do autoconhecimento. A discussão visa
esclarecer que nenhum conhecimento é possível sem
o conhecimento de si-mesmo, e, portanto, sendo o conhecimento
de si-mesmo o princípio da Ciência, é o conhecimento
de si-mesmo que o homem deve procurar mais que tudo.