OS DEUSES II

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

 

Os cristãos, de fato, não se distinguem dos outros homens, nem por sua terra, nem por sua língua, nem por seus costumes. Com efeito, não moram em cidades próprias, nem falam língua estranha, nem têm algum modo especial de viver. Sua doutrina não foi inventada por eles, nem pelo suposto talento ou pela especulação de homens curiosos. Os cristãos também não professam, como outros, algum ensinamento humano. Pelo contrário. Vivendo em casas gregas e bárbaras, conforme a sorte de cada um, e se adaptando aos costumes do lugar quanto à roupa, ao alimento e ao resto, testemunham um modo de vida admirável e, sem dúvida, paradoxal. Vivem na sua pátria, mas como forasteiros; participam de tudo como cristãos e suportam tudo como estrangeiros. Toda pátria é pátria deles, mesmo que seja estrangeira. Casam-se como todos e geram filhos, mas não abandonam os recém-nascidos. Põem a mesa em comum, mas não o leito; estão na carne, mas não vivem segundo a carne; moram na Terra, mas têm sua cidadania no céu; obedecem as leis estabelecidas; amam a todos e são perseguidos por todos; são desconhecidos, mas, apesar disto, são condenados; são mortos e, deste modo, lhes é dada a Vida; são pobres, mas enriquecem a muitos; carecem de tudo e tem abundância de tudo; são desprezados e, no desprezo, se tornam glorificados; são amaldiçoados e, depois, proclamados justos; são injuriados, mas bendizem; são maltratados, mas honram; fazem o bem, mas são punidos como malfeitores; são condenados, mas se alegram como se recebessem a Vida. Pelos judeus, são combatidos como estrangeiros; pelos gregos, são perseguidos. Aos que os odeiam não saberiam dizer o motivo de tanto ódio. Em poucas palavras: assim como a alma está no corpo, assim estão os cristãos neste mundo. A alma está espalhada por todas as partes do corpo, e os cristãos estão em todas as partes do mundo. A alma habita no corpo, mas não procede do corpo; semelhantemente, os cristãos habitam o mundo, mas não são do mundo. A alma invisível está contida em um corpo visível; os cristãos são vistos no mundo, mas sua religião é invisível. A carne odeia e combate a alma, embora dela não tenha recebido nenhuma ofensa, porque esta a compele a não gozar os prazeres. Ainda que não tenha recebido injustiça dos cristãos, o mundo os odeia, porque estes se opõem aos prazeres. A alma ama a carne tanto quanto os cristãos amam aqueles que os odeiam. A alma está contida no corpo, mas é ela que sustenta o corpo. Como em uma prisão, também os cristãos estão no mundo, mas são eles que sustentam o mundo. A alma imortal habita em uma tenda mortal; também os cristãos habitam, como estrangeiros, em moradas que se corrompem, esperando a incorruptibilidade nos céus. Maltratada por comilanças e bebidas, a alma vai se tornando melhor. Também os cristãos, maltratados, a cada dia mais se multiplicam. Tal é o posto que Deus lhes determinou, e não lhes é lícito Dele desertar.

 

MATHETES. Os mistérios cristãos/A alma do mundo. In: Epístola a Diogneto.

Fonte:

http://www.4shared.com/get/30qxCFr2/
Evangelho_Apocrifo_Carta_Diogn.html

 

Observação:

A Epístola a Diogneto é, provavelmente, o exemplo mais antigo de apologética católica – parte da Teologia que se dedica à defesa do Catolicismo contra seus opositores. O autor (Mathetes) e o destinatário, gregos, não são conhecidos, mas a linguagem e outras evidências textuais colocam a obra no final do século II d.C. ou em data anterior. Mathetes, entretanto, não é um nome próprio; significa apenas um discípulo. No undécimo capítulo, Mathetes se dá a conhecer como tendo sido um discípulo dos apóstolos, e se apresenta como um professor dos gentios, pregando com louvor para eles, posicionando-se, portanto, no mesmo nível de outras autoridades, como, por exemplo, João, o Presbítero – uma figura obscura da antiga tradição Cristã, que pode ser uma pessoa distinta ou identificada como João, o Apóstolo. Enfim, Mathetes é um cristão joanino que não usa o termo Jesus nem a palavra Cristo, preferindo usar O Verbo. E Diogneto talvez seja Cláudio Diógenes, que, na virada do século II para o III d.C, era Procurador de Alexandria.

Observação editada da fonte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Ep%C3%ADstola_a_Diogneto

 

 

 

 

 

 

 

 

mundo não é uma prisão;

é uma Escola de Iniciação.

mas não pode ser abolido.

 

Há zil planos e dimensões

para comutarmos os senões;

mas, para sermos elevados

teremos que polir os pecados.

 

pecamos por mera ignorância,

comendo e bebendo ilusões.

 

Pomba! Eu repito tanto isto

que espero não ficar malvisto.

Perdoem-me as reiterações!

 

 

 

 

 

 

Música de fundo:

Dio, come ti amo
Composição e interpretação: Domenico Modugno

Fonte:

http://beemp3.com/

 

Páginas da Internet consultadas:

http://media.photobucket.com/image/letter%
20o/mrs_locoj/decorative_letter_O.png?o=17

http://pt.wikipedia.org/wiki/Catolicismo