Purificado
de todos os preconceitos que se amontoam em tua mente, despojado
do teu hábito enganador, e tornado, pela raiz, um homem novo,
e estando para escutar, como confessas, uma doutrina nova, vê
não somente com os olhos, mas, também, com a Inteligência,
que substância e que forma possuem os que dizeis que são
deuses e assim os considerais. Não é verdade que um
é pedra, como a que pisamos? E que outro é bronze,
não melhor do que aquele que serve para fazer os utensílios
que usamos? E que outro é madeira que já está
podre? E que outro, ainda, é prata, que necessita de alguém
que o guarde, para que não seja roubado? E que outro é
ferro, consumido pela ferrugem? E que outro é de barro, não
menos escolhido do que aquele usado para os serviços mais
vis? Tudo isto não é de material corruptível?
Não são lavrados com o ferro e o fogo? Não
foi o ferreiro que modelou um, o ourives outro e o oleiro um terceiro?
Não é verdade que antes de serem moldados pelos artesãos
na forma que agora têm, cada um deles poderia ser, como agora,
transformado em outro? E se os mesmos artesãos trabalhassem
os mesmos utensílios do mesmo material que agora vemos, não
poderiam se transformar em deuses como esses? E, ao contrário,
esses deuses que adorais não poderiam se transformar, por
mãos de homens, em utensílios semelhantes aos demais?
Estas coisas todas não são surdas, cegas, inanimadas,
insensíveis, imóveis? Não apodrecem todas elas?
Não são destrutíveis? A estas coisas chamais
de deuses, as servis, as adorais e terminais sendo semelhante a
elas.
MATHETES.
Refutação da idolatria.
In: Epístola a Diogneto.
Fonte:
http://www.4shared.com/get/30qxCFr2/
Evangelho_Apocrifo_Carta_Diogn.html
Observação:
A Epístola
a Diogneto é, provavelmente, o exemplo mais antigo
de apologética católica – parte da Teologia
que se dedica à defesa do Catolicismo contra seus opositores.
O autor (Mathetes) e o destinatário, gregos, não são
conhecidos, mas a linguagem e outras evidências textuais colocam
a obra no final do século II d.C. ou em data anterior. Mathetes,
entretanto, não é um nome próprio; significa
apenas um discípulo. No undécimo capítulo,
Mathetes se dá a conhecer como
tendo sido um discípulo dos apóstolos, e
se apresenta como um professor dos gentios, pregando
com louvor para eles, posicionando-se, portanto, no
mesmo nível de outras autoridades, como, por exemplo, João,
o Presbítero – uma figura obscura da antiga tradição
Cristã, que pode ser uma pessoa distinta ou identificada
como João, o Apóstolo. Enfim, Mathetes é um
cristão joanino que não usa o termo Jesus nem a palavra
Cristo, preferindo usar O
Verbo. E Diogneto talvez seja Cláudio Diógenes,
que, na virada do século II para o III d.C, era Procurador
de Alexandria.
Observação
editada da fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/
Ep%C3%ADstola_a_Diogneto