(Texto atualizado e ampliado
em 7 de dezembro de 2012)

 

 

 

 

O mais importante não é a Arquitetura,
mas a vida, os amigos e este mundo injusto
que devemos modificar.
(Oscar Niemeyer).

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução

 

 

 

místicos que são místicos e sabem que são místicos, e há místicos que são místicos sem saber que são místicos. Esta afirmação, à primeira vista, poderá parecer contraditória, então, é melhor explicar isto bem direitinho. Um místico que é místico e sabe que é místico é aquele que escolheu uma opção religiosa e se santificou por pensamentos, palavras e obras. Angelo Giuseppe Roncalli (1881 – 1963) – o Papa João XXIII (Papa do dia 28 de outubro de 1958 até a data da sua morte) – foi um desses. Um místico que é místico e sabe que é místico também é aquele que foi iniciado em uma fraternidade místico-iniciática. João XXIII foi um desses. Terei me enganado dando para os dois casos o Papa João XXIII como exemplo? Não. João XXIII escolheu o Catolicismo como modus faciendi e a Iniciação como modus vivendi. Não é necessário que se faça uma pesquisa elaborada e aprofundada para se chegar a esta conclusão.

 

Já os místicos que são místicos sem saber que são místicos são aqueles que não adotaram qualquer religião e não estão vinculados a qualquer fraternidade místico-iniciática. São raros? Sim; raros e poucos. São seres da mais absoluta integridade-dignidade e que, sem saberem, são fiéis à Voz Interna de seus Corações. Ouvem-Na, seguem-Na, mas não sabem exatamente o quê ou quem Ela é. Um desses augustos seres é o brasileiro-arquiteto-comunista Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares, nascido no Rio de Janeiro, em 15 de dezembro de 1907, e recentemente falecido. Um homem que diz mais importante do que a Arquitetura é estar ligado ao mundo. É ter solidariedade com os mais fracos, revoltar-se contra a injustiça, indignar-se contra a miséria, e que diz que desejo ver um mundo melhor, mais fraternal, em que as pessoas não queiram descobrir os defeitos das outras, mas, sim, que tenham prazer de ajudar o outro não é menos do que um Místico. Afinal, um homem que diz eu estava na Argélia, estava deitado já para dormir, estava pensando antes e continuei pensando. Aí projetei a mesquita em pensamento. Nos projetos em andamento, por exemplo, que têm problemas que não saem da cabeça, de repente me surge uma idéia para resolvê-los, é ou não é um místico?

 

Este estudo-rascunho tem por objetivo reproduzir algumas frases e pensamentos de Oscar, que tinha um bom humor para dar e emprestar, mas que também tinha duas antipatias que não conseguia superar: o ângulo reto e o Capitalismo. O homem viveu de 1907 a 2012. 104 anos! Sabe lá o que é isto? Produziu e se manifestou por um século, e continuou produzindo e se manifestando até morrer. E sempre desenhou em pé; e mesmo aos 100 anos, o processo criativo é o mesmo: continuava a desenhar em pé. Recentemente disse: A minha vida é normal. Não sei porque durei tanto. Logo, este texto é apenas uma pequena gota d'água, um modesto e rápido reflexo, um lampejo, de quem foi Oscar Niemeyer. Homens como Oscar são uma inspiração para todos nós. Por isto, daqui a 100 anos, vão dizer assim: — O Oscar? Aquele Arquiteto que engrupiu a morte?

 

Pois é. Oscar engrupiu Dona Morte até 5 de dezembro de 2012. Mas, morreu em paz ao lado daqueles que o amavam, com quase 105 anos!

 

 

 

Frases e Pensamentos
de Oscar Niemeyer

 

 

 

Casei por formalidade. Mais católica do que minha esposa é impossível, então, não me incomodei em casar.

 

No dia em que o mundo for mais justo, a vida será mais simples.

 

As idéias marxistas continuam perfeitas; os homens é que deveriam ser mais fraternos.

 

A vida é mais importante do que a Arquitetura.

 

A Arquitetura não muda nada. Está sempre do lado dos mais ricos. O importante é acreditar que a vida pode ser melhor.

 

Defendo uma Arquitetura diferente. Acho que a Arquitetura não basta servir bem ao homem. Ela tem que ser bonita e, para ser bonita, tem que ser diferente, tem que criar surpresa.

 

O trabalho alivia a dureza da vida.

 

É preciso ler muito, senão o sujeito fica fora da jogada, não sabe o que está se passando. Para os jovens, eu digo: leiam muito. Leiam sempre. Ler para conhecer, para descobrir, para se encantar.

 

Somos um pigmeuzinho em cima da Terra. Somos insignificantes diante da grandeza do mundo.

 

O arrogante é um tolo.

 

Se eu vejo uma pessoa nova, que me apresentam, não vou ficar imaginando os defeitos que ela possa ter. Eu quero ser útil.

 

A vida é difícil. É complicada, mas vale a pena.

 

A vida tem que ser bem vivida, de coração aberto, o sujeito sentindo que pode ser útil, que não é um sacana qualquer. Esse mundo é complicado. As escolhas são tudo na vida.

 

Sou ateu.

 

A melhor forma de envelhecer é esquecer a velhice e fazer o que é possível.

 

Fazer o que se gosta é fundamental. O sujeito viver contrariado é um horror.

 

Se não se brigar, não se faz nada.

 

O Fidel, um dia, mandou para mim uma roupa, mas era o dobro do meu tamanho. Com dois metros. Era dele. Roupa de andar no campo.

 

Quando desce o pessimismo e a coisa escurece fica pesado.

 

Eu detesto avião. Um dia, estava almoçando com JK e ele disse: — Olha, vamos sobrevoar de helicóptero. Se você não vier, mando lhe prender. Eu fui no helicóptero com ele. Mas era horrível... Avião é uma incerteza. Eu já andei muito de avião. Fui à Europa, com a Vera. Não me queixo. Vera viu. Fico quietinho. Não faço cena, mas detesto. A mecânica pode falhar!

 

Os governantes compreensivos, que me convocam como arquiteto, sabem da minha posição ideológica. Como arquiteto e como homem comprometido politicamente, é no Brasil que devo viver e, na medida das minhas possibilidades, lutar contra a ditadura. O objetivo do Memorial JK foi contestar a ditadura existente, obrigando os mais reacionários a ver JK todo dia, sorrindo, vitorioso.

 

Adoro o Rio. Não saio daqui por nada. Eu gosto mesmo é da praia, dos amigos, de olhar para o mar, de sentir que a Natureza é fantástica.

 

Usar Arquitetura e altura sem o sentimento de compreensão dos espaços, como Nova York, por exemplo, é uma merda.

 

O mar é uma inspiração constante.

 

A Arquitetura continua voltada para os que têm direito à Arquitetura, às classes mais favorecidas. O pobre está na favela olhando os palácios.

 

Não me sinto importante. Arquitetura é meu jeito de expressar meus ideais: ser simples, criar um mundo igualitário para todos, olhar as pessoas com otimismo. Eu não quero nada além da felicidade geral.

 

O homem tem de ser modesto; tem de olhar para o céu.

 

Meu médico me proibiu tomar vinho todos os dias. Sorte que ele não falou nada sobre Smirnoff Ice.

 

Quando projetei a casa de Oswald de Andrade e a fachada, em um jogo inovador de curvas e retas, as diferenças de pé-direito a justificaram.

 

Camus diz em 'O Estrangeiro' que a razão é inimiga da imaginação. Às vezes, você tem de botar a razão de lado e fazer uma coisa bonita.

 

Esse humor do Zorra Total já era antigo quando eu era criança.

 

Fui convidado para ver o pessoal do Comédia em Pé. Só não vou porque a minha artrite não me deixa ficar em pé muito tempo.

 

A direita quer manter este clima de poder, de injustiça social e de subserviência ao império norte-americano.

 

O Bush, no fundo, é um idiota que tem as armas na mão, e delas se serve para levar o terror às áreas mais desprotegidas. Representa o Capitalismo, que, decadente, tudo faz para subsistir.

 

Existem apenas dois segredos para manter a lucidez na minha idade. O primeiro é manter a memória em dia. O segundo eu não me lembro.

 

Linda, eu não vou a museus. Eu crio museus. Quer ir ver uns museus?

 

Se eu fosse jovem, em vez de fazer Arquitetura, gostaria de estar na rua protestando contra este mundo de merda em que vivemos. Mas, se isso não é possível, limito-me a reclamar o mundo mais justo que desejamos, com os homens iguais, de mãos dadas, vivendo dignamente esta vida curta e sem perspectivas que o destino lhes impõe.

 

Sou pessimista. Não como Schopenhauer. Eu me identifico com a linha do Nietzsche, do Sartre. A vida não tem perspectiva. O importante é a gente estar dentro da realidade, saber que tudo é um minuto e não vale a pena estar brigando. Sempre digo que todos têm um lado bom. Isso ajuda a viver. A minha preocupação é ajudar as pessoas, ser útil, reconhecer que a vida é um espaço curto e que estamos no mesmo barco. (Grifo meu).

 

Ivete Sangalo me encomendou o primeiro trio elétrico de concreto armado do mundo. O pessoal, aqui no escritório, já apelidou de 'Sangalão'. A proposta inicial dela era fazer o 'Sangalão' de madeira, para ficar mais leve. Aí eu disse para a Ivete: — Quer de madeira? Chama um marceneiro.

 

Projetar Brasília para os políticos que vocês colocaram lá foi como criar um lindo vaso de flores pra vocês usarem como penico.

 

Eu ganhava em Brasília salário de funcionário. Então, eu fechei meu escritório, e Brasília só me deu prejuízo. Uma noite, durante os trabalhos, Juscelino me ligou e disse: — Niemeyer, você está ganhando muito pouco. Eu quero que você faça os projetos do Banco do Brasil e do Banco de Desenvolvimento Econômico pela tabela do Instituto de Arquitetos. Eu disse: — Não, não faço. Sou funcionário, não faço trabalho que não seja os que tenho que fazer aí mesmo. E esse foi o clima sob o qual Brasília foi feita: de muito entusiasmo e de muito desinteresse por dinheiro.

 

No concreto, a curva surge naturalmente. Se você tem que vencer um espaço grande, a curva é a solução natural que o concreto armado pede. E o mundo é cheio de curvas.

 

 

 

 

Nem meus amigos, que me ajudaram muito, como o JK, entendiam. As pessoas viam os projetos e diziam: 'Que bonito!' Mas não estavam entendendo nada.

 

Eu não dou a menor importância a dinheiro. Nem à própria vida. A vida é um sopro, um minuto. A gente, nasce, morre. O ser humano é um ser completamente abandonado.

 

Caro Sarney: ser imortal na Academia Brasileira de Letras é mole. Quero ver é tentar ser aqui fora.

 

Nunca penso na morte. Nunca. Vou deixar para pensar nisso quando tiver mais idade.

 

Às vezes, é preciso a noite para surgir o dia. O inesperado comanda a história, o mundo. Para pior ou para melhor. Lembro que estava em um restaurante conversando com amigos na véspera de as torres de Nova York (WTC) serem derrubadas. Eu falava sobre o inesperado, e no dia seguinte ele aconteceu, mudando tudo. Não houve o Hitler? Agora não há o Bush? Um abutre. É péssimo. Tenho a impressão de que a guerra é inevitável.

 

Perto de mim, Justin Bieber ainda é um espermatozóide.

 

Brasília nunca deveria ter sido projetada em forma de avião. De camburão seria mais adequado. Na verdade, quem projetou Brasília foi o Lúcio costa. Eu fiz uns prédios, e avisei que aquela merda não ia dar certo. Sim, ela é aquele avião que não decola nunca. Segundo a NASA, vista do espaço, Brasília é inconfundível.

 

É duro admitir, mas, atualmente, Marcela Temer é o monumento mais comentado de Brasília.

 

Todos ficam falando que o Zé Alencar é isto, que o Zé Alencar é aquilo. Mas quem fez pilates e caminhou na praia hoje: Eu!

 

Acho muito bom a pessoa se recolher e ficar pensando em si mesma, conversando com esse ser que tem dentro dela, que é nosso sósia, né? Eu venho conversando com ele a vida inteira.

 

O frevo foi criado há 104 anos. Ou seja: só tive um ano de sossego desse pessoal pulando de guarda-chuvinha.

 

Não acredito em momento de glória: somos insignificantes demais para pensar nessas coisas.

 

Segredo da longevidade: não viva cada dia como se fosse o último. Viva como se fosse o primeiro.

 

Lembro-me da noite em que Fidel esteve em meu escritório. Convidei amigos e, à meia-noite, quando ele ia embora, o elevador enguiçou. Para pegar o outro, ele teve de passar pelo apartamento de um vizinho, que até hoje conta essa ocorrência com certo orgulho. Dá para imaginar o susto do casal ao abrir a porta e dar de cara com o Fidel? O único comunista que mora nesse prédio sou eu. Mas, quando Fidel saiu, o edifício todo estava iluminado e o pessoal batendo palmas. Dizem que é preciso a noite para surgir o dia, e foi isso que aconteceu com Cuba.

 

Na minha idade, a melhor coisa de acordar de madrugada para ir ao banheiro é ter acordado.

 

Alguns homens melhoram depois dos quarenta. Eu mesmo só comecei a me sentir mais gato depois dos noventa.

 

Queria muito encontrar um emprego vitalício. Só pra garantir o futuro, sabe... Andei até comprando umas apostilas pra concurso do Banco do Brasil. Não quero viver de Arquitetura o resto da vida.

 

Acho que escola de samba deveria servir, às vezes, como veículo de protesto, para cantar os anseios da gente pobre. Afinal, os sambistas que descem do morro divertem a burguesia – que bate palmas, acha fantástico, mas no dia seguinte tudo esquece.

 

Foi-se o John Herbert, 81 anos. Essa molecada da área artística se acaba rápido demais.

 

Só me arrependo de uma coisa na vida: não ter cuidado melhor da minha saúde pra poder viver mais.

 

A quem interessar possa: eu não estive presente na fundação de São Paulo, há 457 anos. Na verdade, eu não fui nem convidado.

 

A vida é um BBB, e eu quero ser o último a sair.

 

 

 

 

Tantos anos passados... E minha mulher, que levanta sempre muito cedo, volta para a cama do lado esperando dar 8:30 para me acordar. Muitas vezes finjo que estou dormindo só para ela ter o prazer de me acordar dizendo: — Oscarzinho, são oito e meia!

 

O importante não é sair da escola como profissional competente, mas estar consciente dos problemas da vida, desta miséria imensa que precisa ser eliminada.

 

Conjunto da Pampulha: Era um protesto que eu levava como arquiteto, de cobrir a Igreja da Pampulha de curvas, das curvas mais variadas, essa intenção de contestar a Arquitetura retilínea que então predominava.

 

Com a obra da Pampulha, o vocabulário plástico da minha Arquitetura, num jogo inesperado de retas e curvas, começou a se definir.

 

De Pampulha a Brasília eu segui o mesmo caminho, preocupado com a forma nova, com a invenção Arquitetural. Fazer um projeto que não representasse nada de novo, uma repetição do que já existia, não me interessa. E nesse sentido, até Brasília eu caminhei. Mas senti que tinha que explicar as coisas, às vezes não era compreendido, que havia mesmo uma tendência a contestar essa liberdade de formas que eu prometia.

 

Quem for a Brasília, poderá gostar ou não dos palácios, mas não poderá dizer que viu antes coisa parecida. E Arquitetura é isso: invenção.

 

O ruim de Brasília é que quando a gente chega lá percebe que a cidade está inacabada.

 

Espero que Brasília seja uma cidade de homens felizes: homens que sintam a vida em toda sua plenitude, em toda sua fragilidade; homens que compreendam o valor das coisas simples e puras – um gesto, uma palavra de afeto e solidariedade.

 

Os caminhões de operários vinham de toda parte do Brasil querendo colaborar, pensando que iam encontrar a terra da promissão, e estão lá nas cidades satélites, tão pobres quanto antes. Não basta fazer uma cidade moderna; é preciso mudar a sociedade. Isso é que é importante.

 

Quando uma forma cria beleza tem na beleza sua própria justificativa.

 

Preocupam-me as desigualdades sociais.

 

A vida é importante; a Arquitetura não é. Até é bom saber das coisas da cultura, da pintura, da arte. Mas não é essencial. Essencial é o bom comportamento do homem diante da vida.

 

O que nós queremos na Arquitetura com a mudança na sociedade não é nada especial: as casas de luxo vão ser menores. Os grandes empreendimentos urbanos... vão ser maiores ainda porque todos deles vão participar.

 

Nunca acreditei na vida eterna. Sempre vi a pessoa humana frágil e desprotegida nesse caminho inevitável para a morte... Às vezes, muito jovem, o espiritismo me atraía, logo dissolvido pelo materialismo dialético, irrecusável. Se via uma pessoa morta, meu pensamento era radical. Desaparecera, como disse Lacan, antes de morrer. Um corpo frio a se decompor, e nada mais.

 

Mais importante do que a Arquitetura é estar ligado ao mundo. É ter solidariedade com os mais fracos, revoltar-se contra a injustiça, indignar-se contra a miséria. O resto é o inesperado; é ser levado pela vida.

 

Casa das Canoas: Minha preocupação foi projetar essa residência com inteira liberdade, adaptando-a aos desníveis do terreno, sem o modificar, fazendo-a em curvas, de forma a permitir que a vegetação nelas penetrasse, sem a separação ostensiva da linha reta.

 

A Humanidade precisa de sonhos para suportar a miséria; nem que seja por um instante.

 

A gente precisa sentir que a vida é importante, que é preciso haver fantasia para poder viver um pouco melhor.

 

O mais importante não é a Arquitetura, mas a vida, os amigos e este mundo injusto que devemos modificar.

 

Eu diria que sou um ser humano como outro qualquer, que vim. Deixo a minha pequena história que vai desaparecer como todas as outras.

 

Quando Juscelino Kubitschek me procurou, na minha Casa das Canoas, pedindo que eu ajudasse a ele na construção da nova capital, eu fiquei entusiasmado, era uma obra que me interessava e ia ajudar a um amigo que acompanhava há muito tempo. Eu já não tinha preocupação em dar explicação a ninguém, já me sentia a vontade para fazer o que bem entendia.

 

Lembro, com prazer, que desenhei as colunas do Palácio da Alvorada, e com prazer maior ainda as vi depois repetidas por toda parte. Era a surpresa Arquitetural contrastando com a monotonia existente.

 

Enfim, pude conviver com verdadeiros patriotas. Brizola, preocupado com a formação das crianças, levou adiante o projeto de Darcy de construir os CIEPs. Do ponto de vista da Arquitetura, os CIEPs não tinham importância. Do ponto de vista social, tinham. Hoje estão por aí, abandonados.

 

Todo brasileiro tem que gostar de samba, assim como de futebol... Tive a época dos meus porres e da farra. Agora carnaval é só para assistir.

 

Catedral de Brasília: Na Catedral, por exemplo, evitei as soluções usuais das velhas catedrais escuras, lembrando pecado. E, ao contrário, fiz escura a galeria de acesso à nave, e esta, toda iluminada, colorida, voltada com seus belos vitrais transparentes para os espaços infinitos. (Grifo meu).

 

Gosto da idéia de uma catedral suspensa. Tenho de me preocupar em criar uma atmosfera serena para o crente falar com Deus.

 

 

 

 

Praça dos Três Poderes: Eu não me preocupava com a opinião de ninguém eu não via livro de Arquitetura.

 

Não posso me queixar. Até que tenho tido trabalho.

 

Trabalhei muito, fiz meu trabalho na prancheta, como um homem comum.

 

Patriota é quem defende o patrimônio nacional. É lutar pela Amazônia. Os americanos estão voando sobre nossas riquezas porque a Amazônia faz parte do plano deles. Até os militares no Brasil estão contra isso.

 

Lógico que ainda acredito no Comunismo. Não sou cretino. É uma idéia que está no coração de todo mundo.

 

Não é o ângulo reto que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu País, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o Universo – o Universo curvo de Einstein.

 

Na rua, protestando, é que a gente transforma o País.

 

Ser comunista, hoje, é ser um indivíduo simples, justo e solidário. O mundo que está aí me preocupa. Quando as torres gêmeas desabaram em Nova York, no 11 de setembro, eu tomava café em um bar do Rio. Vendo as imagens na TV, pensei em como somos pequenos no Universo. O homem precisa tomar consciência disso e parar de produzir injustiça.

 

Ser comunista é ser realista. A própria história da vida nasce e morre, são os minutos que ela dá. Mas é uma razão para a gente andar de mãos dadas, trabalhar.

 

Enquanto existir miséria e opressão, ser comunista é a solução.

 

Quando alguém vai à Brasília, eu pergunto se viu o Congresso Nacional, e pergunto, depois, se gostou; se achou que o projeto era bom. Certo de que poderia ter gostado ou não, mas que nunca poderia dizer que tinha visto antes coisa parecida.

 

 

 

 

Nunca me calei. Nunca escondi minha posição de comunista. Os mais compreensíveis que me convocam como arquiteto sabem da minha posição ideológica. Pensam que sou um equivocado e eu penso a mesma coisa deles. Não permito que ideologia nenhuma interfira em minhas amizades.

 

Costumo dizer aos estudantes de Arquitetura que não basta sair da escola para ser bom profissional. O sujeito tem de se abrir para o mundo e não ficar atrás da visão estreita dos especialistas.

 

Sempre tive a idéia de que o dinheiro não vale nada. Já disse que teria vergonha de ser um homem rico. Considero o dinheiro uma coisa sórdida.

 

Há o pessimismo que bate quando estou sozinho e penso no mundo. Mas se é para ir a uma festa em que há mulheres bonitas, o pessimismo desaparece. A vida está correndo. Tenho momentos de tristeza, de prazer, de saudade... Faz parte.

 

Palácio do Planalto: Eu queria, neste caso, fazer uma coisa nova, mais variada, com formas mais livres, criando ponto de vista diferente.

 

 

 

 

Fiz o que quis. Juscelino Kubitschek nunca me disse para projetar cúpulas no Congresso, rampa no Planalto, parlatório… Até que ficou direitinho. Se não houvesse parlatório, os presidentes ficariam acenando para o povo de uma janela, como se fossem papas. Seria ridículo.

 

Projetar um conjunto de prédios é sempre estimulante, apesar de mais complexo, porque as formas de um têm a ver com as de outro, formando a unidade Arquitetural. O projeto de Niterói está bem resolvido. É um conjunto que se abre para o mar, com uma vista fantástica e uma praça sem igual no Brasil. É importante fazê-lo.

 

Não existe Arquitetura bonita ou feia. Existe Arquitetura boa e Arquitetura ruim.

 

Como explicar que cruzar os braços é um problema e que a vida dura só um minuto?

 

A miséria existe. E a burguesia brasileira, que é das mais atrasadas, está sentindo isso na pele pela primeira vez. A chance de mudança está aí, nesta situação-limite. E há o inesperado, com o qual devemos contar. Um dia, lá em Paris, Sartre me disse que gostava de ter dinheiro no bolso para dar esmola. O sujeito chegava, Sartre dava um dinheirinho e quase agradecia por isso. Mudei minha opinião sobre a esmola. Como dizia o padre Teillard de Chardin, quando ser for melhor que ter, estará tudo resolvido no mundo. (Grifo meu).

 

Sem ela [a intuição], não se faz nada. O ensino de hoje está roubando a intuição das crianças. Um garoto de 10 anos pode ser capaz de criar um painel fantástico. No entanto, ele é levado a lidar com esquemas prontos, a obedecer aos professores, a cair na rotina. No fundo, ninguém entende de Arquitetura, porque ela é subjetiva, tem mistérios e minúcias que não são dados a revelar.

 

Não leio nada do que escrevem sobre mim, embora existam 30 ou 40 livros. Prefiro ler um livro de Georges Simenon.

 

Quando a vida se degrada e a esperança sai do coração dos homens, só a revolução.

 

É tolice dizer que as coisas são imutáveis. Tudo pode ser mudado. Só aquilo no qual acredito e certas convicções permanecem as mesmas.

 

Sempre me senti atraído, desde jovem, pelas esculturas gregas e egípcias, a Vitória de Samotrácia; gosto das obras de Henri Moore e Heepworth, da pureza de Brancusi, das belas mulheres de Despiau e de Maillol, das figuras esguias de Giacometti.

 

Sempre que viajava de carro para Brasília, minha distração era olhar para as nuvens do céu. Quantas coisas inesperadas elas sugerem! Às vezes são catedrais enormes e misteriosas – as catedrais de Exupéry com certeza. Outras, guerreiros terríveis, carros romanos a cavalgarem pelos ares. Outras, ainda, monstros desconhecidos a correrem pelos ventos em louca disparada e, mais freqüentemente, lindas e vaporosas mulheres recostadas nas nuvens, a sorrirem para mim dos espaços infinitos.

 

Compreendo a crítica de arte, muitas vezes justa e honesta, mas sou de opinião que o arquiteto deve conduzir seu trabalho de acordo com as próprias tendências e possibilidades, aceitando-a sem revolta ou submissão, sabendo-a não raro justa e construtiva, mas sempre sujeita a uma comprovação que somente o tempo pode estabelecer.

 

Não acredito em uma Arquitetura ideal, insubstituível; somente em boa e má Arquitetura. Gosto de Le Corbusier como gosto de Mies, de Picasso como de Matisse, de Machado como de Eça.

 

Se a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, a curva é o que faz o concreto buscar o infinito.

 

A gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem.

 

A luta por uma sociedade mais justa não pode se perder no tempo.

 

Cem anos é uma bobagem. Depois dos 70 a gente começa a se despedir dos amigos. O que vale é a vida inteira, cada minuto também, e acho que passei bem por ela.

 

Desejo ver um mundo melhor, mais fraternal, em que as pessoas não queiram descobrir os defeitos das outras, mas, sim, que tenham prazer de ajudar o outro.

 

Estamos otimistas, o mundo está mudando, o império velho de Bush está desmoralizado. Acho que o mundo está melhorando. O Capitalismo está desmoralizado, e essa reação é natural.

 

Quando olho para trás vejo que não fiz concessões e que segui o bom caminho. Isso é que dá uma certa tranqüilidade.

 

Pergunta de Geneton Moraes Neto: Aos 100 anos de idade, como é que Oscar Niemeyer definiria a vida, em uma só palavra? Resposta de Oscar Niemeyer: Solidariedade.

 

Como o tempo tenta nos enfraquecer!

 

De um traço nasce a Arquitetura. E quando ele é bonito e cria surpresa, ela pode atingir, sendo bem conduzida, o nível superior de uma obra de arte.

 

A vida nos leva pra onde ela quer. Cada um vem, escreve sua historinha e vai embora. Não vejo segredo em levar a vida.

 

Centenário é o cacete!

 

Tive uma conversa comigo mesmo, com esse ser misterioso que tem dentro de nós. Então, eu dizia para mim mesmo: 'Oscar, não vai nessa conversa de cem anos, isso é ridículo, não tem interesse nenhum, não cai nessa...'

 

Na realidade, pouca coisa é importante. A vida é um sopro, a gente vem, conta uma história e todo mundo esquece depois.

 

O segredo de uma vida longa é fazer somente aquilo de que se gosta, e não o que os outros gostariam que fizesse.

 

Alcançar essa idade é uma merda, mas é bom.

 

O trabalho me distrai. Na minha idade, a gente não pode ficar desocupado, que só pensa besteira.

 

Não entendo quem tem medo dos vãos livres. O espaço faz parte da Arquitetura.

 

Estou surpreso. Sou apenas um arquiteto.

 

O Governo Lula, pela primeira vez, deixou o povo brasileiro sorrir um pouco.

 

Lula é um ex-operário, cheio de ânimo, mas nunca foi comunista. Seu projeto é melhorar o Capitalismo, o que é um objetivo impossível, a meu ver.

 

O Lula prometeu muita coisa e, para acabar seu Governo como um homem digno, de pé, precisa cumprir as promessas.

 

O MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra] é o movimento mais importante que existe em nosso País.

 

Um partido de esquerda se enfraquece esquecendo as suas origens… É difícil mudar este mundo coberto de miséria e discriminação.

 

Lênin já dizia que sem sonhar as coisas não acontecem.

 

Devem ser levados à juventude os problemas da vida e do ser humano, cuja compreensão deve fazer parte de sua formação. Cada um sai da escola apenas interessado nos problemas de sua profissão.

 

A direita só quer manter este clima de poder, de injustiça social e de subserviência ao império norte-americano.

 

A vida é mais importante do que a Arquitetura. A Arquitetura não muda nada, mas a vida pode mudar a Arquitetura.

 

Acho indispensável preservar essa curiosidade que os problemas da vida do homem reclamam. Há cinco anos, montamos em nosso escritório aulas de Cosmologia e de Filosofia. Ninguém quer se transformar em um intelectual. Detestamos, isto sim, a figura do especialista, preocupado apenas com os assuntos de sua profissão, sem condições de enfrentar este mundo injusto que o espera. Sempre que dou uma entrevista, procuro levar os assuntos para a abordagem dos problemas da vida, para mim mais importantes do que a Arquitetura. E não raro os espanto, dizendo que, quando vejo na rua os jovens protestando, reconheço ser o trabalho deles mais importante do que o meu. O fundamental – vale repetir – é lutar contra as injustiças sociais, a miséria, a violência, este clima de ameaças que o império de Bush espalha por todo o mundo.

 

O Bush, no fundo, é um idiota que tem as armas na mão, e delas se serve para levar o terror às áreas mais desprotegidas. Representa o Capitalismo, que, decadente, tudo faz para subsistir.

 

Paulo Henrique Amorim: — O senhor não gosta do Bush?
Oscar: — Eu acho que ele é um merda, sabe.

 

Se o sujeito pensar que é importante, e eu acho isso tão ridículo, ele está fora do mundo.

 

A leitura é indispensável. A leitura é necessária; qualquer leitura é necessária.

 

As coisas ruins eu procuro esquecer.

 

Em cada caso, eu sempre busco uma solução nova.

 

Quando o sujeito copia uma coisa minha eu acho que ele é gentil; ele gostou daquilo.

 

Uma prática que eu faço e realmente é útil, é sempre procurar viver tranqüilo, aceitar as coisas, aceitar a burrice – até a burrice ativa que incomoda.

 

Hugo Chávez é um sujeito patriota; ele quer melhorar o País.

 

A revolução não deve parar. A revolução tem que continuar brigando, senão ela acaba. De modo que a Revolução Cubana ainda existe.

 

A gente tem que procurar o equilíbrio. Isso é que faz bem, inclusive para a saúde.

 

 

Moléculas de Água em Equilíbrio

 

Se eu fosse jovem, em vez de fazer Arquitetura, gostaria de estar na rua protestando contra este mundo de merda em que vivemos. Mas, se isto não é possível, limito-me a reclamar o mundo mais justo que desejamos, com os homens iguais, de mãos dadas, vivendo dignamente esta vida curta e sem perspectivas que o destino nos impõe.

 

Agora estou fumando mais. É, porque eu fico meio sozinho, aí sou obrigado a fumar.

 

Esse negócio de centenário eu acho ridículo. O importante é a vida, o passado e principalmente o presente. A Arquitetura é secundário.

 

Quando eu faço o projeto, a gente pensa que a decoração é uma coisa qualquer, que não tem grande importância para a Arquitetura, mas ela é suficiente para destruir a Arquitetura. Os que fazem decoração não compreenderam até hoje que o importante na decoração são os espaços vazios, os espaços entre um grupo e outro. Então, enchem de móveis, e fica uma merda.

 

Não há nada mais importante do que a mulher, o resto é bobagem. É ou não é?

 

Um dia, os meus amigos do Pasquim perguntaram: — Oscar, e a vida? E eu lhes respondi: — A vida... é uma mulher do lado, e seja o que Deus quiser.

 

... a necessidade de o ser humano se fazer mais simples, mais modesto diante deste Universo fantástico, que nos encanta e nos humilha.

 

Solidariedade justifica o curto passeio da vida.

 

O arquiteto é um cidadão como outro qualquer; mantendo-se sempre livre para atender os mais diversos programas a ele apresentados, deve permanecer atento à necessidade de mudarmos a sociedade, fazer emergir um mundo mais justo e solidário.

 

Alguém que queira estudar Arquitetura não deve deixar que o estudo das disciplinas de natureza mais técnica termine por embotar ou afetar negativamente sua intuição criadora. E nunca subestime a importância da leitura: é preciso ler sempre, sobretudo acerca dos assuntos situados fora da profissão. O pretendente a realizar o bacharelado em Arquitetura deve buscar uma formação mais ampla e crítica – seja como profissional, seja como cidadão. Cada arquiteto deve ter a sua Arquitetura, e cultivar, de maneira autônoma, a sua intuição criadora, e fugir da repetição…

 

Gosto de ler, e quando um escritor me agrada procuro conhecê-lo melhor. Como me agradou ler as cartas de Flaubert e de Lima Barreto, de Eça de Queiroz, de Mário de Andrade e de James Joyce, e, mais longe, as de Voltaire. Até as narrativas policiais eu gosto de ler. Lembro que, durante certo tempo, eram os livros de Simenon [Georges Joseph Chistian Simenon (Liège, 13 de fevereiro de 1903 – Lausanne, 4 de setembro de 1989)] que me atraíam. E o pessoal do escritório me criticava, alegando ser uma literatura sem maior conteúdo. Um dia, eu os fulminei, contando que, em suas Cartas ao Castor, Sartre disse: — Hoje li três livros de Simenon.

 

A vida é um sopro. Por isso, não há motivo para tanto ódio.

 

 

 

 

 

Quero ser lembrado como um ser humano que passou pela Terra como todos os outros – que nasceu, viveu, amou, brincou, morreu, pronto, acabou!

 

 

 

Oscar: Você Será Lembrado

 

 

 

Oscar: você será lembrado

como irmão do desventurado,

como um ser-aí-no-mundo reto

que não topava o ângulo reto.

 

Oscar: você será lembrado

pelo pobre, pelo abandonado

e por quem gosta ou desgosta

desse Capitalismo de bosta.

 

Oscar: você será lembrado

pelo incréu e pelo abnegado,

pois, mesmo sem ter religião,

era dinossáurico seu Coração.

 

Oscar: você será lembrado

pelo seu humor desmesurado,

por suas alusões sacanocráticas

e por suas frases emblemáticas.

 

Oscar: você será lembrado

pelo seu desenho multivariado,

pelas suas curvas deleitáveis

e por suas convicções notáveis.

 

Sim, Oscar, você será lembrado.

Como você poderia ser olvidado?

Bush – who knows?forgetará!

Ligue não. O tempo o dobrará.

 

 

 

 

 

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.lsbu.ac.uk/water/equil.html

http://titaferreira.multiply.com/market/
item/709/Entrevista_Oscar_Niemeyer

http://www.lsbu.ac.uk/water/oct.html

http://www.correiobraziliense.com.br/

http://nezimarborges.blogspot.com.br/2012/12
/entrevista-de-oscar-niemeyer-ao-brasil.html

http://www.archdaily.com.br/76379/
nossa-entrevista-a-oscar-niemeyer/

http://www.correiobraziliense.com

http://ultimosegundo.ig.com.br/

http://playingwithmathematica.com/
2011/06/24/friday-fun-7/

http://vejario.abril.com.br/especial/
entrevista-oscar-niemeyer-725498.shtml

http://sorocaba.com.br/
diariodeobra/index.shtml?ler=1035372742

http://pt.wikiquote.org/wiki/Oscar_Niemeyer

http://fantastico.globo.com/Jornalismo/
Fantastico/0,,AA1664525-4005,00-
EXCLUSIVO+OSCAR+NIEMEYER.html

http://www.inverta.info/jornal/
tv-inverta/ceppes-entrevista-oscar-niemeyer

http://www.estadao.com.br/
arteelazer/not_art96240,0.htm

http://revistaepoca.globo.com/
Revista/Epoca/0,,EDG55907-6014,00.html

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Oscar_Niemeyer

http://www.niemeyer.org.br/

 

Música de fundo:

Canção da América
Composição: Milton Nascimento & Fernando Brant
Interpretação:
Milton Nascimento

Fonte:

http://www.4shared.com/get/aEwX0L
YB/119_Cancao_da_America.html

 

Direitos autorais:

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