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Notas:
1. A
partir de 2010, deverá entrar em vigor a Reforma Ortográfica
que, utopisticamente, pretende tornar a língua portuguesa um idioma
único em todos os países que a falam. Utopisticamente! O acento
diferencial, por exemplo, é utilizado para permitir a identificação
das palavras que têm a mesma pronúncia (homófonas).
Com a utópica Reforma Ortográfica, o acento diferencial foi
decapitado, igualzinho a Luis XVI e Maria Antonieta, que foram guilhotinados
em 1793 – o Rei, em janeiro; a Rainha, em outubro. Entretanto, duas
palavras escaparam da fúria reformista dos ortógrafos sanguinários,
pois fogem à nova regra: pôr e pôde continuam com o acento
diferencial. No caso do pôr, é para evitar a confusão
com a preposição por. Já o pôde (pretérito
perfeito do verbo poder), continua com acentuação, para não
ser confundido com pode (o mesmo verbo conjugado no presente). Nas palavras
fôrma/forma o uso do acento é facultativo. Isto vai ser uma
loucura; não para mim, mas para as crianças que estão
sendo alfabetizadas. As pobrezinhas vão ficar birutinhas. Os lingüistas
que prepararam o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa,
que deverá estar implantado no Brasil até 2011 – Antônio
Houaiss, pelo Brasil, e João Malaca Casteleiro, de Portugal –
que me perdoem, mas estou torcendo para que ele não superbondeie.
2. Na
verdade, não existe a expressão cor
de burro quando foge.
O correto é: corro de burro
quando foge.
3. Doge
(do latim, dux
= chefe) era um magistrado eleito das antigas repúblicas de Veneza
(697 a 1797) e de Gênova (1339 a 1797 e 1802 a 1805) que exercia um
poder quase absoluto.
4. Sinceramente,
não sei por que, nós, que falamos português, temos essa
mania de fazer reformas ortográficas. O
português é falado com algumas diferenças nos diferentes
países que o falam. A busca de uma uniformidade ortográfica
é perda de tempo. (Ferreira Gullar).
Fonte:
http://tc.batepapo.uol.com.br/convidados/
arquivo/livros/ult1750u430.jhtm
A unidade
nunca vai existir porque em Portugal falam um português muito diferente
do que falamos no Brasil. Lá, em Portugal, criança é
puto... e bunda é cu. A Reforma Ortográfica é autoritária
e tem mais exceções do que regras. (Ferreira
Gullar).
Fontes:
http://blogs.abril.com.br/tag/gullar
http://gostei.abril.com.br/frame/index/reforma-
ortografica-por-ferreira-gullar-blog-do-jj-publicidade
E assim,
por exemplo, abaixo vai uma listinha de diferenças lexicais:
Em
Portugal |
No
Brasil |
Atacador |
Cadarço |
Autocarro |
Ônibus |
Chávena |
Xícara |
Écran |
Tela |
Esferovite |
Isopor |
Guarda-redes |
Goleiro |
Pequeno-almoço |
Café
da manhã |
Rato
(informática) |
Mouse
(informática) |
SIDA |
AIDS |
Talho |
Açougue |
Bicha |
Fila
de pessoas |
Cacete |
Pão
francês |
Eléctrico |
Bonde |
Comboio |
Trem |
Bairro-de-lata |
Favela |
Biberão |
Mamadeira |
Atendedor
de chamadas |
Secretária
eletrônica |
Venda
a retalho |
Venda
no varejo |
Telemóvel |
Telefone
celular |
Quinta |
Fazenda |
Gasolineiro |
Frentista |
Eu acho
que o Brasil e Portugal, como os outros países de língua portuguesa,
têm de parar com essa coisa de ficar mudando as regras ortográficas.
Eu acho que é uma coisa que não ajuda em nada. É uma
perda de tempo. Cria confusão, inclusive dá prejuízos.
Já imaginou o que vai acontecer? Coleções de livros
vão ter que ser jogadas fora e reimpressas, para obedecer a uma nova
ortografia porque uma ou duas pessoas resolveram mudar a maneira de escrever
a língua. Isso é uma arbitrariedade. Quem é que outorgou
a essas pessoas o direito de fazer isso? A língua é patrimônio
do país, da população; não é propriedade
de ninguém. Não pode haver uma entidade que decide mudar a
língua de todo o mundo. Isso é um absurdo. É uma coisa
precária que só cria confusões, porque é impossível
você encontrar uma forma de colocar todos os países de língua
portuguesa em que não se crie ambigüidade nenhuma. É
um sonho vão. A ortografia tem de ser uma representação
da linguagem falada. Então é uma bobagem. Uma perda de tempo.
(Ferreira
Gullar).
Fonte:
http://www.ionline.pt/conteudo/73453-ferreira-
gullar-o-acordo-ortografico-e-uma-perda-tempo
5.
Borra no sentido de substância sólida ou pastosa que, depois
de haver estado em suspensão em um líquido, deposita-se no
fundo do recipiente ou é separada do líquido por meio de filtração,
isto é: um treco meio que mais ou menos – mais para menos do
que para mais – que, geralmente, não serve para nada (como
borra de vinho, borra de azeite, borra de café, borra de açúcar,
borra maldita e outras borras de borra). Ora, se muitos (ou todos) que não
concordam com essa Reforma fedorenta fizerem como eu – que me insurgi
e não a utilizarei nem à porrada nem a beijinho em nenhuma
de suas inovações fantasmagóricas e mistificantes –
ela não colará nem com cianoacrilato, empregado, entre outras
utilizações, na fabricação da Super Bonder,
uma cola instantânea que cola até mentira no rabo do canhoto.
Daqui a pouco, esses ortógrafos autoritários e nefelibáticos,
se também forem químicos, poderão alucinadamente resolver
e impor que teremos, por exemplo, que voltar a denominar o tiossulfato de
sódio de hipossulfito de sódio e o ácido nítrico
de ácido azótico. E quem sabe, nos obrigarão a voltar
a nomenclaturar phosphoro, pharmacia e philosophia? Com perdão da
má palavra, só dizendo: phoda-se!
Páginas
da Internet consultadas:
http://www.portalnet.net/midbrasil/infantil.htm
http://toons.artie.com/alphabet/
ralph/arg-r-50-trans.html