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Observação:
A animação
do Conhecimento foi criada por mim a partir da reflexão de João
Vasco – reproduzida e editada a seguir – e do desenho digital
disponibilizados na Página da Internet Diário Ateísta:
http://www.ateismo.net/diario/arquivo/2005_01_01_index.php
Existem dois tipos de crentes:
a) os que acreditam no livre-arbítrio; e b) aqueles que não
acreditam.
Os segundos são uma minoria
que se depara com um problema teológico básico. Se tudo acontece
"porque Deus assim quis", então as pessoas pecam "porque
Deus assim quis". Isso é uma evidente contradição
com a idéia de que um Deus "infinitamente justo" as condenará
ao Inferno, se pecarem.
Mas, praticamente, todos os crentes
que conheço acreditam no livre-arbítrio. No entanto, esta
crença está em profunda contradição com a de
um Deus criador, omnipotente e omnisciente. Uma vez que a maioria dos crentes
acredita nestas quatro coisas (livre-arbítrio, omnipotência
divina, omnisciência divina e criação divina) interessa
mostrar onde está a contradição entre elas.
Para o fazer, vou dar um exemplo
através de uma interpretação literal do episódio
da criação relatado no Gênesis. Depois vou fazer a analogia
entre este raciocínio e a forma de como os crentes acreditam que
Deus criou o Universo.
Deus criou o Paraíso e
criou Adão com livre-arbítrio. Perante a tentação
da serpente, Adão é posto à prova para que tome uma
de duas decisões: a de comer ou de não comer a maçã.
A questão que aqui se coloca é que a decisão de Adão
depende de quem ele é, e Deus já a pode ter previsto. Se Adão
é como é, ele vai optar por comer a maçã, e
Deus já o sabia. Se Adão fosse diferente, ele poderia optar
por não comer. Mas foi Deus que criou Adão. Foi Deus que,
ao decidir com que personalidade queria criar Adão, decidiu qual
das opções Adão tomaria. No momento em que Deus criou
Adão, Ele poderia escolher diferentes personalidades para Adão,
mas a cada uma delas saberia (devido à sua omnisciência) que
decisão perante a maçã, Adão tomaria.
No momento em que Deus decidiu
a personalidade que daria a Adão, Deus fez a escolha que Adão
faria. Desta forma, Adão apenas fez aquilo que Deus quis. E tendo
em conta que tudo aquilo que se passou foi conseqüência da criação,
foi Deus que decidiu tudo. Ele sabia que criar o Universo de uma determinada
forma implicaria em tudo aquilo que se passou, e, assim sendo, foi tudo
decisão Dele.
Se esquecermos o episódio do
Gênesis, que é tomado por muitos crentes como uma mera metáfora
(e porque aquilo que estou a dizer se aplica a qualquer religião
que acredite nos quatro pontos referidos, e não apenas ao Cristianismo),
o raciocínio exposto pode se manter.
Deus criou o Universo, e ao fazê-lo
estabeleceu condições iniciais que depois evoluíram.
A evolução conseqüente pode ter sido determinista ou
indeterminista. Se foi determinista, Deus, ao criar o Universo que criou,
foi o único responsável e culpado por tudo o que se passou.
Se foi indeterminista, temos um espaço para o acaso; mas se admitirmos
a omnipotência de Deus, o acaso também será da sua responsabilidade,
mesmo que por inação. Assim sendo, não faz sentido
acreditar no livre-arbítrio, e em um Deus criador omnisciente e omnipotente.
Por fim, devo dizer que eu ACREDITO
no livre-arbítrio. Isto porque não tenho nenhum Deus criador
omnipotente para culpar pelos meus atos: apenas a pessoa que sou (que ninguém
escolheu), o acaso (em relação ao qual não posso responsabilizar
ninguém, sequer por omissão) e as leis físicas (novamente,
ninguém as escolheu).
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É
evidente que o mito de Adão e Eva simboliza Leis Universais irredutíveis.
Entretanto, imaginar que tudo tenha se passado ipsis litteris como
está no Gênesis, é a mesma coisa que acreditar em saci-pererê,
em mula-sem-cabeça e na sinceridade dos Senhores da Guerra.
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Música
de fundo
Nem
Às Paredes Confesso (A. Ribeiro, F. Trindade & M. de Souza)
Fonte:
http://www.reginaceliaseusite.hpg.ig.com.br/midis.htm