NÃO HÁ

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Tudo isso de que falas não existe: não há diabo nem inferno. [In: Assim Falou Zaratustra: um Livro para Todos e para Ninguém (em alemão: Also Sprach Zarathustra: Ein Buch für Alle und Keinen), escrito entre 1883 e 1885 pelo filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor prussiano do século XIX Friedrich Wilhelm Nietzsche.]

 

 

Nosferatu

 

 

Não há diabo nem inferno.
Não há Drácula nem Nosferatu.
Não há Adrameleque nem Bushyasta.
Não há Cérbero nem Mammon.
Não há Quimera nem Zulu Bangu.
Não há enxofre nem tridente.
Não há pitança para os demônios.
Não há lasciate ogni speranza, voi ch'entrate.1
Não há Caronte,
2 nem barco, nem Hades.
Não existem os Rios Estige e Aqueronte.
Não há bem-aventurança imutável nem castigo eterno.
Não há imudabilidade nem estagnação.
Não há deus onipotente nem paraíso de delícias.
Não há bênção divina protetora.
Não há danação divina punitiva.
Não há ad majorem dei gloriam.
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Não há limbo nem purgatório.
Não há pecado nem condenação.
Não há indulgência nem perdão.
Não há dízimo saldador nem salvação negociada.
Não há cilício nem penitência que modifiquem
a necessidade de adaptação/amoldamento/conformação.

 

 

Inutilidade/Infrutuosidade Fideísta

 


Não há força sobrenatural que altere
a estabilidade e a harmonia do Unimultiverso.
Não há sobrenaturalidades; tudo é natural.
Não há oração que altere uma inevitável compensação.
Não há H2O consagrada nem feijão mágico
que vacinem contra o ajustamento e a equilibração.
Não há milagre nem jeitinho hábil, esperto e astucioso.
Não há galardão nem punição.
Não há imperativo hipotético modificante ou catalisador.
Não há fiat voluntas mea que substitua o Fiat Voluntas Tua.
Não há discurso religioso que substitua a Voz do Silêncio.

Não há escolhidos, nem preferidos, nem privilegiados.
Ab initio, não há eleitos à glória eterna,
até porque a glória eterna é uma quimera.
Não há determinação antecipada do destino;
portanto, sorte e azar não existem.
Não há acaso, bala perdida nem, tampouco,
estar no lugar errado e na hora errada.

Não há mais importante nem menos importante.
Não há mais isso nem menos aquilo.

Não há mais aquilo nem menos isso.
Não há eu... Você... O outro... Há, sim,
Não há 1 + 1 = 2; há, sim, 1 + 1 = 1.

Não há 1 – 1 = 0; há, sim, 1 – 1 = 1.
Não ha crença pior nem crença melhor; crença é crença.

Não há nem .
Não há começo, não há fim, não há morte;
todos os anunciadores são fúteis
e todos os coveiros são inúteis.
Não há nada que possa alterar a Ordem Cósmica,
cada mânvântâra   e cada prâlâya,
cada Ronda e cada Raça-raiz,
a Beleza Cósmica, o Bem Cósmico,
a Justiça Cósmica, o Amor Cósmico,
a Lei Educativa da Causa e do Efeito,
a necessária Lei do Renascimento...
Não há nada que a[du]ltere  O-QUE-É.
Não há nada que a[du]ltere o  A.'.  U.'.  M.'.

Poderemos fazer o que quisermos, sim, sempre,
como quisermos, sim, sempre,
e quando quisermos, sim, sempre,
mas, somos responsáveis por tudo.
Ou compreendemos que somos responsáveis por tudo
ou jamais nos libertaremos de nós mesmos.
O inferno [simbolicamente, não] são os outros;
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metaforicamente, o inferno esteve/está em nós e fomos/somos nós,
por que, por inépcia, fomos/somos nós que o criamos.
Não há sinônimo melhor para inferno do que ignorância.

 

 

Ignorância Infernal
(Um exemplo disto é misturar política com religião)

 

 

O Super-homem [Homem-Deus] é o Relâmpago [Consciente] que brota da sombria e milenar nuvem-homem. [Ibidem.]

 

A minha fome tem estranhos caprichos. Em geral, só me aparece depois de comer. [Ibidem.]

 

Vida após vida...
Morte após morte...
Dia e noite
...
Noite e dia...
A toda hora...
O tempo todo...
Tenho fome...
Muita fome...
Fome de Amor...
Fome de Bem...

Fome de Paz Profunda...
Fome de Beleza...
Fome de Vida...
Fome de LLuz...
Fome de Saber...
Fome de (Vir-a-)Ser
um Divino Super-homem.
Fome de ajudar cada um
a se tornar um Homem-Deus.

 

Quem dá de comer ao faminto reconforta a sua própria [personalidade-]alma. [Quem dá de comer a um ignorante reconforta o próprio Unimultiverso.] [Ibidem.]

 

 

 

 

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Notas:

1. Deixai qualquer esperança, vós que entrais. Dante Alighieri, in: A Divina Comédia, Canto III do Inferno, 9º verso.

2. Na Mitologia Grega, Caronte (em grego: ) é o barqueiro de Hades, que carrega as personalidades-alma dos recém-mortos sobre as águas dos Rios Estige e Aqueronte, que dividiam o Mundo dos Vivos do Mundo dos Mortos. Uma moeda para pagá-lo pelo trajeto, geralmente um óbolo ou dânaca, era por vezes colocado dentro ou sobre a boca dos cadáveres, de acordo com a tradição funerária da Grécia Antiga. Segundo alguns autores, aqueles que não tinham condições de pagar a quantia ou aqueles cujos corpos não haviam sido enterrados tinham de vagar pelas margens por cem anos.

3. Para maior glória de deus.

4. A frase mundialmente famosa l'enfer c'est les autres (o inferno são os outros) é dita pelo personagem Joseph Garcin na peça teatral Huis Clos (em português: Entre Quatro Paredes), de autoria do filósofo, escritor e crítico francês, conhecido como representante do Existencialismo, Jean-Paul Sartre (Paris, 21 de junho de 1905 – Paris, 15 de abril de 1980), escrita em 1944.

 

Música de fundo:

Also Sprach Zarathustra
Composição: Richard Georg Strauss
Interpretação: Berliner Philharmoniker; maestro: Gustavo Dudamel

Fonte:

https://www.youtube.com/watch?v=Szdziw4tI9o

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.sayidy.net/

https://br.pinterest.com/pin/743586588447996924/

https://tenor.com/view/democrat-penance-gif-16087735

https://pt.wikipedia.org/wiki/Caronte

 

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