Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

 

Nasci tantas vezes...

Morri tantas vezes...

Certamente, desta vez,

me libertei do talvez!

 

 

Vezes sem conta

– como barata tonta,

ao léu e sem tino –

fui vítima do destino.1

 

 

Destino que só existe

no bestunto de um triste;

para quem tanto faz vomitar,

 

 

Desta vez, eu me livrei

do que-importa-se-eu-sei.

Como um Bom Menino2,

perseguirei3 o meu pino.4

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Destino? Qual destino? Não há destino; ninguém é ou está destinado de antemão a absolutamente nada. Nós fabricamos o nosso destino. Predestinação só existe em poesia e no cinema.

2. Menino Pequenino Iniciado. Deixai os Meninos... (Evangelho de São Mateus, XIX, 14).

3. Estou perseguindo e perseguirei o meu zênite até a minha transição. Como Johann Wolfgang von Goethe (1749 – 1832), gritarei antes de ir para o andar de cima: Deixem entrar a LLuz.

4. Na realidade, não há um pino final, um ponto mais elevado derradeiro, um auge definitivo. Há, sim, um compromisso assumido para uma dada encarnação, que a maioria de nós não consegue cumprir fielmente e muito menos integralmente. E isto é tudo. Cada zênite é o início de um nadir; cada nadir é o início de um novo zênite. Morrer é renascer; nascer é remorrer.

 

 

 

 

Fundo musical:
Re-Incarnation of a Love Bird
Compositor: Charles Mingus
Seqüência: Back Trax

Fonte:
http://www.geocities.com/
BourbonStreet/1114/newmidi2.htm