Ludwig
van Beethoven (1770 – 1827) disse que os
próprios Deuses não podem impedir um homem de falhar
no seu destino. Logo, não há nenhuma justificativa
para que qualquer um de nós – que nem sequer ainda
somos Deuses! – influa no destino (encarnação
educativa experiencial) de quem que que seja, pelo motivo que seja.
Nem dos nossos filhos, pois, quanto a eles, vale a pena recordar
o que deixou escrito o ensaísta, filósofo, prosador,
poeta, conferencista e pintor de origem libanesa Gibran Khalil Gibran
(1883 – 1931): Vossos
filhos não são vossos filhos. São filhos e
filhas da ânsia da [Eterna]
Vida por si mesma. Vêm através de vós, mas,
não de vós. E, embora vivam convosco, não vos
pertencem. A coisa é sempre assim: sempre que
damos um pitaco, de uma forma ou de outra, nos tornamos responsáveis
pelo buraco. Precisamos ter muito cuidado com tudo, inclusive (e,
talvez, principalmente) com os nossos atos generosos e misericordiosos.
Interferir irresponsavelmente, seja lá do jeito que for,
no carma alheio é comprar um barulho ensurdecedor. Nesta
matéria, não há indenidade. Misticamente, a
misericórdia só tem cabimento quando o recebedor agasalha
o mérito necessário e suficiente para merecê-la.
Em qualquer outro caso, o ato generoso ou misericordioso é
(será) mais um mal do que um bem. Se você tem alguma
dúvida quanto a isto, lembre-se do Mestre Jesus, que curou
e/ou livrou uma meia dúzia de uns vinte ou trinta em uma
população de milhares, atuando em um espaço
muito restrito da Terra. Quem morava no Brasil, por exemplo, só
veio a saber da existência de Jesus mais de 1500 anos depois
de sua estada na Terra. E há quem não saiba, até
hoje, sequer que Ele existiu! Talvez, o Pelé seja mais conhecido
do que Jesus! Por outro lado, tenha sempre em mente duas coisas:
1ª) são irreconciliáveis o Jesus Gnóstico
e o Jesus dogmático; e 2ª) os ensinamentos (secretos)
de Jesus não têm, em qualquer sentido, natureza apocalíptica
nem escatológica. Isto pode ser comprovado pelo exame dos
conteúdos da obra Pistis Sophia e dos Evangelhos
Apócrifos. Segundo o Novo Testamento (Vulgata),
estes foram os poucos milagres
(cronológicos) praticados por Jesus durante os mais ou menos
três anos e meio de sua vida pública: exorcismo na
Sinagoga de Cafarnaum, ressuscitamento do jovem de Nain, cura do
leproso, cura do servo do centurião romano, cura da sogra
de Pedro, exorcismo ao pôr do Sol, exorcismo do geraseno,
cura do paralítico em Cafarnaum, cura da mulher com sangramento
(filha de Jairo), cura de dois cegos na Galiléia, exorcismo
do mudo, cura do paralítico em Betesda, cura do homem com
a mão atrofiada, exorcismo do cego-mudo, cura da mulher enferma,
cura dos que tocavam na fímbria do seu manto, exorcismo da
filha da canaanita, cura do surdo-mudo na Decápolis (fronteira
oriental do Império Romano), cura do cego de Betsaida, exorcismo
do menino possuído pelo demônio, cura do homem com
hidropisia, cura dos dez leprosos, cura do cego de nascença,
cura do cego perto de Jericó, ressurreição
de Lázaro e cura da orelha do servo. Eu não tenho
a menor dúvida de que, em todos estes casos, o que bussolou
a atuação clemente, indulgente e magnânima de
Jesus foi o mérito daqueles que foram agraciados. Enfim,
com mérito e pelo mérito, tudo; sem mérito,
nada.