Meu
interesse no estudo da Física foi despertado quando eu ainda estava
na escola, em grande parte devido à influência de meu pai.
O
sentido da vida consiste em que não tem nenhum sentido
dizer que a vida não tem sentido.
Sobre
o processo de fabricação da bomba nuclear em Los Alamos:
Não necessitavam da minha ajuda para fazer a bomba.
Conclusões
de Niels sobre o desenvolvimento das pesquisas nucleares:
1ª) As armas nucleares são qualitativamente diferentes de suas
antecessores convencionais. Elas inauguraram uma era em que será
impossível resolver os conflitos por meio de guerras. Esta foi uma
conseqüência positiva da existência
de bombas nucleares; 2ª) O Projeto Manhattan foi apenas o começo.
Edward Teller1
quer desenvolver uma bomba de hidrogênio; 3ª) As armas nucleares
irão se disseminar por diversos países. Cada arma nuclear
somada diminuirá a segurança
mundial em vez de aumentá-la; e 4ª)
É previsível uma tensão entre o Ocidente e a Rússia.
A única maneira de evitar uma corrida armamentista é ter um
mundo aberto.
Toda
sentença que eu digo deve ser entendida não como uma afirmação,
mas, como um pergunta.
Predição
é muito difícil, especialmente se for sobre o futuro.
Comentário
de Bohr à afirmação de Einstein que disse que Deus
não joga dados: Pare de dizer a Deus o que
fazer com os Seus dados. Isto,
obviamente, não aborreceu Einstein nem um pouquinho. Em 1920, em
uma carta a Bohr, Einstein escreveu:
Poucas vezes na
vida um ser humano me causou tanta alegria por sua mera presença,
como você fez.
Não
existe mundo quântico. Existe apenas uma descrição física
abstrata. É errado pensar que o dever da Física é descobrir
como a Natureza é. Física é aquilo que nós podemos
dizer sobre a Natureza.
Se
a Mecânica Quântica não te assustou, então, você
ainda não a entendeu.
Se
alguém diz que pode pensar sobre Física Quântica sem
ficar tonto é mentira.
Ainda
bem que chegamos a um paradoxo. Agora, há esperança de conseguirmos
algum progresso.
O
oposto de uma afirmação correta é uma afirmação
falsa. Mas, o oposto de uma verdade profunda pode ser outra verdade profunda.
A
melhor arma de uma ditadura é o segredo, mas, a melhor
arma de uma Democracia deve ser a abertura.
Não,
não, você não está pensando, você está
apenas sendo lógico.
Nunca
se expresse mais claramente do que você é capaz de pensar.
Tudo
o que chamamos de real é feito de coisas que não podem ser
consideradas como reais.
Um
físico é apenas a maneira de um átomo olhar para si
mesmo.
Um
especialista é aquele que comete todos os erros passíveis
de serem cometidos em um campo limitado.
Há
coisas que são tão sérias que você tem que rir
delas.
Toda
dificuldade grande e profunda tem em si sua própria solução.
Ela nos obriga a mudar o nosso pensamento, a fim de encontrá-la.
A
tecnologia avançou mais nos últimos trinta anos do que nos
últimos dois mil. O avanço só vai continuar.
Acredito
que a grande perspectiva dos estudos humanísticos talvez seja contribuir
para a eliminação de preconceitos – a meta comum de
todas as ciências.
A
verdade é algo que podemos tentar duvidar, e, então, talvez,
depois de muito esforço, descobrir que parte da dúvida é
injustificada.
Um
tolo sempre encontra um mais tolo que o admire.
Nada
existe até que esteja medido.
Quando
se trata de átomos, a linguagem só pode ser utilizada como
na poesia. O poeta, também, quase não está tão
preocupado com a descrição de fatos como com a criação
de imagens.
A
grande extensão da nossa experiência nos últimos anos
trouxe luz para a insuficiência das nossas simples concepções
mecânicas e, como conseqüência, abalou a base sobre a qual
a interpretação habitual das observações científicas
foi estruturada.
Partículas
materiais isoladas são abstrações. Suas propriedades
são definíveis e observáveis somente através
de interações com outros sistemas.2
Nossa
tarefa é comunicar experiências e idéias para os outros.
Estamos
suspensos na linguagem, de tal forma que não se pode, com segurança,
dizer o que é em cima e o que é embaixo. A palavra realidade
deve ser aprendida a ser usada corretamente.
Para
um paralelo com a lição da teoria atômica sobre a aplicabilidade
limitada de tais idealizações habituais, temos, de fato, de
nos voltar para outros ramos da Ciência, como a Psicologia, ou, até
mesmo, os problemas epistemológicos com os quais pensadores como
Buddha e Lao Tze se confrontaram, ao tentar harmonizar nossa posição
como espectadores e atores do grande drama da existência.
A
Física deve ser considerada não tanto como o estudo de algo
'a priori', mas, sim, como o desenvolvimento de métodos de ordenação
da experiência humana.
Todo
ser humano valioso deve ser um radical e um rebelde, e deve ter como objetivo
tornar as coisas melhores do que são.
Há
dois tipos de verdade: a verdade profunda reconhecida pelo fato de que o
seu oposto também é uma verdade profunda, e a verdade trivial,
da qual o seu oposto é um absurdo.
É
uma grande pena que os seres humanos não encontrem
satisfação em contemplar a Ciência.
Não
é suficiente estar errado; a pessoa também deve ser educada.
Oh!,
quão idiotas todos nós temos sido!
Vivere
est cogitare. Viver é
pensar.
Sobre
o átomo de Bohr (às vezes chamado de modelo semiclássico
do átomo):
1º postulado:
Os elétrons que giram em torno do núcleo atômico existem
em órbitas que têm níveis de energia quantizados.
2º postulado:
A energia total do elétron (cinética
+ potencial) não pode apresentar valor algum, e, sim,
valores múltiplos de um 'quantum'.
3º postulado:
Quando ocorre o salto de um elétron entre órbitas, a diferença
de energia que é emitida (ou suprida) por um simples 'quantum' de
luz (também chamado de fóton) tem energia exatamente igual
à diferença de energia entre as órbitas em questão.
Salto
Quântico
4º postulado:
As órbitas permitidas dependem de valores quantizados (bem definidos)
de momento angular orbital (L), de acordo com a equação:
na qual
n = 1, 2, 3... é denominado número quântico principal,
(leia h cortado) é um símbolo simplificado para
e h é a constante de Planck. O menor valor possível de n é
1. Isto corresponde ao menor raio atômico possível, de 0,0529
nm, valor também conhecido como Raio de Bohr. Nenhum elétron
pode se aproximar mais do núcleo do que esta distância.
Em
carta aberta às Nações Unidas, em 1950, argumentou
sobre o uso das armas nucleares: A Humanidade será confrontada
com perigos de caráter inédito, salvo se, em devido tempo,
sejam tomadas medidas para evitar uma desastrosa ocorrência de tal
armamento formidável, e se for estabelecido um controle internacional
sobre a produção e a utilização de materiais
tão poderosos.
Se
quisermos interpretar corretamente a Mecânica dos 'Quantas', suas
experiências e seus paradoxos, teremos de aceitar o pensamento como
uma ação puramente física.
Tudo
é possível, desde que seja suficientemente insensato.
A
natureza da matéria e da energia é dual, e os aspectos ondulatório
e corpuscular não são contraditórios, mas, complementares.
A natureza dotada por duas imagens de onda e de partícula é
complementar porque descreve dois aspectos do mesmo fenômeno. Evidências
obtidas sob diferentes condições experimentais não
podem ser compreendidas dentro de um quadro único, mas, devem ser
vistas como complementares, no sentido de que só a totalidade do
fenômeno esgota as informações possíveis sobre
os objetos.
As
grandezas quantizadas dos observáveis tendem ao limite clássico
quando os números quânticos associados ao sistema em questão
tendem a infinito. A intensidade e o estado de polarização
da radiação emitida no salto quântico correspondem à
intensidade e ao estado de polarização da radiação
correspondente que seria emitida pelo sistema de acordo com a teoria eletromagnética
clássica. Tal correspondência tende a se tornar uma identidade
quando os números quânticos crescem indefinidamente.
Resumindo
o pensamento galileano: Não existem teorias bonitas e
teorias feias. Existem apenas teorias verdadeiras e teorias falsas.
Discutindo
uma teoria relativa à Física das partículas, certa
vez Niels disse:
Todos acreditamos que essa teoria é maluca. Resta saber se é
suficientemente maluca para ter probabilidade de ser correta. Pessoalmente
acho que não é suficientemente maluca.
Um
amigo, ao visitar Niels, notou uma ferradura atrás da porta. Perguntou
a Niels:
— Você acredita que ferraduras trazem boa sorte?
Niels
respondeu:
— Claro que não.
O
amigo perguntou:
— Por que, então, você tem uma ferradura atrás
da porta?
Ao
que Niels
respondeu:
— Porque todos sabem que ferraduras dão boa sorte.
Pergunta
de um exame de Física na Universidade de Copenhagen: 'Descreva
como determinar a altura de um arranha-céu usando um barômetro.'
— Uma vez que estamos constantemente sendo exortados a
exercitar o pensamento independente e a aplicar os métodos científicos,
indubitavelmente, a melhor forma seria ir falar com o porteiro e perguntar
se ele gostaria de ganhar um barômetro bonito e novinho em folha.
Se ele dissesse que sim, eu ofereceria o barômetro a ele, desde que
ele me dissesse a altura do arranha-céu. O
estudante que respondeu desta forma inusitada foi Niels Bohr – o único
Dinamarquês que ganhou o Prêmio Nobel de Física.3
Em
um instante, em um único instante, tudo pelo que eu havia lutado,
tudo o que eu havia conquistado, desmoronou sobre mim. E pior, sobre milhares
de pessoas mais. Foi durante os anos de 1943 a 1945 – uma das piores
épocas de minha vida. Uma nova forma de energia nuclear estava sendo
descoberta por mim e por outros. Após essa grande inovação,
juntamente com Einstein e mais alguns, doei-me em busca e produção
de conhecimento. Passávamos horas pensando, imaginando, sonhando.
Contudo, o sonho pelo qual corremos atrás, tornou-se um pesadelo.
Acreditando que o projeto em que participava iria ajudar e não causar
uma destruição terrível, me dediquei e fui fiel até
o fim. Foi quando percebi o tamanho do erro que eu e meus companheiros estávamos
cometendo. Assim, parti ao encontro dos dois chefes de estado Churchill
e Roosevelt, apelando para que não construíssem a bomba, devido
à grande situação de perigo que poderia causar para
a Humanidade. De repente, meu desejo da utilização da ciência
em prol da bondade do ser humano se tornou a principal arma de poderosos
sem limites, causando o horror, a tristeza e a desgraça para muitos,
e tudo devido à busca incessante do poder. Eu realmente tentei. A
cada momento que passava, minha mente rodopiava em minha cabeça,
só de cogitar a idéia de que tudo o que acontecia naquele
momento devia-se também a mim. Mas minha tentativa foi em vão,
pois em julho de 45 a notícia chegou. A bomba nuclear, a primeira,
em fase de teste, explodiu em Los Alamos, e um mês depois foi jogada
contra as cidades de Hiroshima e Nagazaki, com uma diferença de apenas
três dias... Dias que tiraram a vida de milhares de pessoas e devastaram
toda uma nação. Não me perdôo, não consigo
me perdoar diante de uma atrocidade que sei que fui participante, que sei
que sem a minha participação, talvez, as coisas não
fossem assim... Ela explodiu e dizimou, não só as localidades
orientais, mas, também, uma parte de mim. Mesmo diante disto, após
a guerra, ainda em 45 regressei à Dinamarca, e lá fui eleito
presidente da Academia de Ciências. Durante cinco torturantes anos
eu não fui capaz de fazer muito, até que, em 1950, escrevi
a Carta Aberta às Nações Unidas, em defesa da preservação
da paz, algo que por mim é considerado como indispensável
para a liberdade de pensamentos e das pesquisas, pois não temos que
estar ligados à guerra para fazermos grandes descobertas. Organizei,
então, a primeira conferência 'Átomos Pela Paz', que
aconteceu em Genebra, na Suíça, cerca de um ano depois. Em
1955, escrevi o livro The Unity of Knowledge. Dois anos depois, em 1957,
recebi o prêmio 'Átomos Pela Paz', o que me deixou imensamente
feliz. Saber que agora estava fazendo pelo menos um pouco em comparação
aos muitos que tinha ajudado a matar dez anos atrás, e, ainda por
cima, saber que fui tão honrosamente homenageado pela organização
que eu mesmo criei, realmente foi algo maravilhoso. Mas, nem tudo foi tão
bom, pois daquela época pra cá tenho adoecido, algo que só
piora a cada dia, e como já disse, sinto que não permanecerei
aqui por muito mais tempo. Portanto, só tenho a agradecer aos meus
filhos e à minha esposa, já que, sem eles, não chegaria
onde cheguei. Lamento ter causado o que causei, e espero que, em tempos
futuros, minhas descobertas sirvam para alguma coisa boa, ainda que me sinta
instintivamente culpado por ter causado tanta dor e tanto sofrimento em
uma época já remota. Muito procurei fazer pela minha sociedade,
pelos meus semelhantes. Busquei de todas as formas o conhecimento e a melhoria
de vida do homem. E o meu objetivo ao escrever, quem sabe pela ultima vez
este diário, vai muito além de simplesmente manter a lucidez,
como os médicos afirmam, mas, sim, de deixar gravado tudo o que fiz
para os que virão. Não quero ser visto como alguém
fora do comum, mas como um comum que foi fora de si, fora do egoísmo
e da mediocridade. E se para alguma coisa serviu ou deve servir meu projeto,
que sirva para incentivar os seus, pois existem pessoas e pessoas, e só
estas pessoas serão capazes de criar, transformar e reformar as situações
que vivemos. Em alguns momentos, tentei decifrar o sentido da vida, em outros
a desacreditava. Agora, porém, já próximo do fim, percebo
que não há sentido algum dizer que a vida não tem sentido,
e, principalmente, que esse ínfimo conhecimento que tanto perseguimos,
deve ser utilizado para fins pacíficos, pois, conheci a vida o suficiente
para entender o mal que o conhecimento poderá causar, se deixado
em mãos erradas.
O
reprovável não são os assuntos, mas, os métodos
indignos de [fazer]
Ciência.