Não
devemos nos cansar de fazer pequenas coisas pelo amor de Deus, que
não se importa com a grandeza do trabalho, mas, com o amor
com que é realizado.
Eu
pratico a presença de Deus.
O
método mais excelente que encontrei para ir até Deus
é aquele de fazer coisas comuns sem qualquer intento de agradar
os homens e, até onde sou capaz, fazê-las puramente
por amor a Deus.
Nas
coisas que são incertas, precisamos pedir Seu auxílio
para que conheçamos a Sua Vontade [Fiat
Voluntas Tua]. Nas coisas que sinto
que Ele está solicitando de mim, busco ter um desempenho
perfeito, realizando muito bem feito, como para Deus mesmo.
Nossa
santificação não está na mudança
de nossas obras, mas, em fazer, por amor a Deus, todas aquelas coisas
que normalmente fazemos por nós mesmos. Ao nos ocuparmos
com isto, devemos simplesmente oferecer todas as coisas a Ele antes
de realizá-las e agradecer-Lhe quando as tivermos concluído.
Realizo
os trabalhos mais banais sem visar o reconhecimento interesseiro
dos homens, e quanto mais longe eu sou capaz de chegar eu o faço,
puramente por amor a Ele.
Não
é consolo o que devemos buscar nessa prática [de
se abandonar a Deus], mas, precisamos empreendê-la
por um princípio de amor e porque Deus o quer.
Devemos
buscar Deus pelo próprio Deus, desconsiderando, expressamente,
as graças e os benefícios que advêm desta pratica.
Não
devemos ficar presos às penitências e às devoções
particulares e negligenciar o amor, que é nossa finalidade
verdadeira.
A
fé serve de firme fundamento das coisas que se esperam e
a prova das coisas que não se vêem.
Eu
vejo Deus por intermédio da fé.
Pela
fé, a pessoa quase poderia dizer: já não creio,
mas, vejo e experimento.
Quando
Deus descobre uma alma imbuída de fé intensa, Ele
a inunda com a Graça, tal qual uma corrente represada que
encontrou nova saída espalha suas águas de maneira
impetuosa e abundante.
Quanto maior for a perfeição
a que aspira a alma, mais dependente ela é da Graça
Divina.
Deus
jamais recusa a Graça Divina àquele que perseverantemente
Lhe pede.
Deus
é o caminho seguro em que há sempre suficiente LLuz
para nos guiar adiante.
Não
tenho outra vontade que não a Vontade de Deus. Tento realizá-la
em todas as coisas, e a Ela me submeto de um modo tal que eu não
realizaria o mero ato de apanhar do chão um pedaço
de palha sem as ordens de Deus, nem o faria por outro motivo que
não o puro amor a Ele.
Permita-me
falar, de coração aberto, sobre o modo como vou até
Deus. Todas as coisas dependem de uma renúncia sincera de
tudo aquilo que você sabe que não leva a Deus. É
preciso se acostumar a uma conversa contínua com Ele –
uma conversa que seja livre e simples. Precisamos conhecer que Deus
está sempre intimamente ao nosso lado e Lhe entregar todos
os nossos momentos.
Busco
me acostumar a manter uma conversação contínua
com Ele. Em minha conversação com Deus devo mostrar
que tudo o que faço é com a intenção
de louvá-Lo, amá-Lo incessantemente, por Sua infinita
bondade e perfeição.
Para
estar com Deus não é necessário estar sempre
na igreja. Podemos fazer de nosso Coração um oratório
onde nos retiraremos de vez em quando para conversar com Ele, cheios
de mansidão, de humildade e de amor.
Ofereça
continuamente a Deus seus sofrimentos, enquanto Lhe pede as bênçãos
para suportá-los.
É
uma grande ilusão pensar que os momentos de oração
devem ser diferentes dos outros momentos. Somos estritamente obrigados
a nos dedicar a Deus nos momentos de ação, assim como
devemos nos dedicar à oração durante o período
de oração. Minhas orações não
passam de uma sensação da presença de Deus.
Naquele momento, minha alma fica simplesmente insensível
a qualquer outra coisa que não seja o amor divino. Quando
o tempo reservado para a oração chega ao fim, não
vejo diferença porque ainda continuo com Deus, louvando-O
e bendizendo-O com toda a minha força, para que eu possa
levar a minha vida em constante alegria. Contudo, imagino que Deus
irá me conceder mais sofrimentos quando eu estiver mais forte.
Em
sua conversa com Deus, dedique-se também a louvá-Lo,
adorá-Lo e amá-Lo sem cessar, fazendo todas essas
coisas em razão de Sua infinita bondade e de Sua perfeição.
Não devemos ficar
desanimados por conta de nossos pecados; pelo contrário,
devemos simplesmente orar pedindo a graça do Senhor com total
convicção, confiando na infinita misericórdia
do Senhor Jesus Cristo.
É
uma coisa vergonhosa interromper a conversação com
Deus para pensar em ninharias e tolices.
É
lamentável que tenhamos tão pouca fé. Ao invés
de tomar a fé como regra de conduta, os homens se divertem
a si mesmos com devoções triviais, que mudam diariamente.
O
caminho da fé é o espírito da Igreja, e isto
é suficiente para nos levar a um alto grau de perfeição.
Devemos
nos oferecer totalmente a Deus, com respeito tanto às coisas
temporais quanto espirituais, e procurar nossa satisfação
apenas em fazer Sua Vontade, onde quer que Ele nos conduza, por
sofrimento ou consolação, pois tudo deve ser igual
para uma alma verdadeiramente resignada.
Devemos
fazer bons e efetivos atos de resignação, onde se
pode muitas vezes aperfeiçoar nosso progresso espiritual.
Em
relação às misérias e aos pecados dos
homens, estou longe de me admirar deles; ao contrário, fico
surpreso que não haja mais, considerando a malícia
de que são capazes os pecadores.
Devemos
vigiar atentamente todas as paixões que se misturam, tanto
nas coisas espirituais como nas de natureza mais grosseira.
Deus
dá a LLuz àqueles que verdadeiramente desejam servi-Lo.
Simplicidade
Chave para a Ajuda
Divina.
O
que quer que me aconteça, quer eu seja salvo ou me perca,
vou sempre continuar a agir puramente por amor de Deus.
Senhor, não posso
fazer isto, a menos que me capaciteis.
Nunca
farei diferente, se Vós me deixais por minha conta; Vós
deveis esconder minhas quedas e emendar o que está errado.
Devemos
agir com Deus com a maior simplicidade, falando com Ele franca e
claramente e implorando Sua assistência.
Os
momentos fixados para oração não são
diferentes de outros momentos.
Pela
Luz da fé, sei que Deus está sempre presente.
Pensamentos
inúteis estragam tudo: o engano começa sempre pelos
pensamentos inúteis.
Todas
as mortificações e os exercícios mortificadores
são inúteis... Todos os tipos possíveis de
mortificação, se estiverem vazios do amor de Deus,
não podem apagar um único pecado.
O
caminho mais rápido para ir direto a Deus é pelo contínuo
exercício do Amor.
Devemos
fazer uma grande diferença entre os atos da compreensão
e aqueles da vontade;1
os primeiros são comparativamente de pouco valor, e os outros,
tudo.
Deus
parece ter concedido seus maiores favores aos maiores pecadores,
como um sinal monumental de Sua misericórdia.
Quando
eu falho em meu dever, eu prontamente reconheço isto, dizendo:
estou acostumado a fazer assim; nunca farei de outro modo, se contar
apenas comigo mesmo. Se eu não cair, então, dou graças
a Deus, reconhecendo que toda a força vem Dele.
Realizo todas as minhas tarefas
por amor a Deus.
Freqüentemente,
experimento a prontidão do socorro da Divina Graça
em todas as ocasiões. Quando tenho negócios a resolver,
não penso neles antecipadamente, mas, na hora de agir, encontro
em Deus, como em um espelho límpido, tudo o que é
apropriado fazer.
Estou
mais unido a Deus em meus afazeres externos do que quando nos momentos
de devoção e de solidão espiritual.
Não
tenho medo de nada. Não tenho apreensões quanto a
perigos.
Na
Vida Espiritual devemos ser fiéis em cumprir o nosso dever
e nos negarmos a nós mesmos.
Muitos
não avançam no progresso cristão porque se
agarram a penitências e a exercícios particulares [sacrificiais],
enquanto negligenciam o amor de Deus. Esta é a razão
pela qual existem tão poucas virtudes sólidas.
Não é necessário
nem a arte nem a ciência para ir a Deus, mas, apenas, um Coração
resolutamente determinado a se aplicar a Deus, por Ele mesmo e amar
a Ele apenas.2
Devemos
renunciar a tudo que sentimos que não conduza a Deus.
Precisamos
reconhecer Deus intimamente presente em nós.
Se
nos desencojarmos por causa dos nossos pecados, deveremos rezar
pela Graça de Deus com fortaleza e firmeza, confiando nos
infindos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Deus
sempre nos dá a Luz em nossas dúvidas.
É
lamentável ver quantas pessoas trocam os meios pelo fim,
viciando-se a fazer certos trabalhos, que eles realizam muito perfeitamente,
por razões apenas de seus humanos interesses.
Nossos
trabalhos ordinários devem ser executados sem nenhum propósito
de agradar os homens [Gal.
I,10; Ef. VI,5 e VI], mas, tanto quanto
formos capazes, puramente pelo amor de Deus.
Somos
estritamente obrigados a aderir a Deus pela ação no
tempo da ação, tanto quanto pela oração
no momento de oração.
Não
é a grandeza do trabalho o que importa, mas, o amor com que
ele é realizado.3
Toda
a substância da religião é a fé, a esperança
e a caridade, pela prática das quais nos tornamos unidos
à Vontade de Deus. Tudo o mais é indiferente, e deve
ser usado como meio de chegarmos ao nosso fim, e sermos engolidos,
então, pela fé e pela caridade.
Todas
as coisas são possíveis àquele que crê.
Elas são menos difíceis àquele que espera.
Elas são mais fáceis àquele que ama. E são
ainda mais fáceis para aquele que persevera na prática
da fé, da esperança e da caridade.
Quando
entramos na vida espiritual, devemos considerar e examinar até
o fundo o que realmente nós somos.
Não
devemos desanimar que tentações, oposições
e contradições nos aconteçam da parte dos homens.
Quanto
maior a perfeição que uma alma deseje, maior deverá
ser a sua dependência da Divina Graça.
Deus deve ser o fim de todos
os nossos pensamentos e de todos os desejos – a marca para
a qual devem pender e na qual devem terminar.
Nosso
extremo esforço deve ser para viver em um continuado sentido
da presença de Deus.
Geralmente, os sofrimentos
mais agudos só nos parecem insuportáveis porque os
vemos de uma perspectiva errada.
Confesse
suas faltas a Deus, e não tente apresentar desculpas para
elas.
A
inquietude é o principal inimigo, o grande obstáculo
para o estado bem-aventurado de conversação contínua
da alma com Deus.
Na
vida espiritual, não nos adiantarmos é irmos para
trás.
Todas
as nossas ações, sem exceção, devem
se tornar uma espécie de breve conversa com Deus, que não
deverá ser estudada, mas, que deverá emergir da pureza
e da simplicidade dos nossos Corações.
Não
se imponha regras específicas ou formas particulares de devoção,
mas, tenha fé, amor e humildade.
Deus
é o lugar natural da alma.
A conversação
com Deus se dá no fundo e no centro da alma. Precisamos reconhecê-Lo
presente em nosso íntimo.
É
preciso despertar a consciência de Deus no próprio
interior.
Os
pensamentos estragam tudo; é por eles que o mal se inicia.
Diante de
Deus, fique como um pobre, mudo e paralítico às portas
de um homem rico.
Oh!,
meu Senhor, que estás comigo! Eu devo agora, em obediência
aos Vossos Mandamentos, aplicar minha mente às coisas exteriores.
Eu Vos suplico me conceder a Graça de continuar em Vossa
Presença. E, para este fim, dai-me Vossa assistência
e recebei todos os meus trabalhos e todos os meus afetos.