Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

por

Ferdinand Binkofski* e Giovanni Buccino**

 


Neurônios-espelhos nos permitem simular internamente as ações dos outros. A medicina está interessada nesta propriedade para facilitar a reabilitação de pessoas que sofreram derrame.

 

 

 

 

 

Fascinante! — costumava dizer o Dr. Spock, da clássica série de TV americana Jornada nas Estrelas. O primeiro oficial da nave Enterprise vivia se surpreendendo com o comportamento dos terráqueos. Fascinante, para Spock, era o mesmo que estranho, incompreensível. Sua frieza e racionalidade, marca de seu povo – os vulcanos – o impedia de reconhecer intenções e emoções alheias, algo em que nós terráqueos somos especialistas. Apesar disso, durante muito tempo, esta façanha cerebral permaneceu incógnita para a ciência. Até pouco tempo atrás, os neurocientistas se concentravam nos processos inerentes ao indivíduo, sem dar maior atenção à forma como compartilhamos nossas experiências, nossos pensamentos e nossos sentimentos. Com a descoberta dos neurônios-espelhos, isto mudou radicalmente.

 

 

Dr. Spock

 

Dr. Spock

 

 

Estas células foram descobertas por acaso em 1994, na Universidade de Parma, Itália, pelos neurocientistas Giacomo Rizzolatti, Leonardo Fogassi e Vittorio Gallese. Eles constataram que a simples observação de ações alheias ativava as mesmas regiões do cérebro dos observadores normalmente estimuladas durante a ação do próprio indivíduo. Ao que tudo indica, nossa percepção visual inicia uma espécie de simulação ou duplicação interna dos atos de outros.

 

Em 2001, um grupo coordenado por um de nós (Giovanni Buccino), também de Parma, resolveu estudar esses neurônios mais a fundo. Usando Ressonância Magnética Funcional (fMRI), os pesquisadores mediram a atividade cerebral de voluntários, enquanto eles assistiam a um vídeo que mostrava seqüências de movimentos de boca, mãos e pés. Dependendo da parte do corpo que aparecia na tela, o córtex motor dos observadores se ativava com maior intensidade na região que correspondia à parte do corpo em questão, ainda que eles se mantivessem absolutamente imóveis. O cérebro parece associar a visão de movimentos alheios ao planejamento de seus próprios movimentos. Poderia esta propriedade-espelho ser útil no tratamento de certos distúrbios neurológicos?

 

Os neurônios-espelhos têm despertado o interesse de um número cada vez maior de médicos e de fisioterapeutas que lidam com pacientes com seqüelas motoras decorrentes de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Tais seqüelas costumam ser minimizadas, até certo ponto, graças à fisioterapia e à plasticidade cerebral, fenômeno em que regiões próximas à área lesionada, pouco a pouco, vão assumindo as funções comprometidas. No entanto, esta recuperação parcial depende de treinamento intensivo durante longo tempo. A pergunta que intriga os especialistas da área é: a observação prévia dos movimentos a serem reaprendidos não aceleraria o processo? É bem possível que a coordenação seja mais fácil, se os neurônios-espelhos – responsáveis por esses movimentos – forem estimulados em uma espécie de preaquecimento.

 

 

 




 

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* Ferdinand Binkofski é neurologista do Hospital Universitário de Schleswig-Holstein, em Lübeck, Alemanha.

** Giovanni Buccino, também neurologista, é professor e pesquisador da Universidade de Parma, Itália.

 

Fonte:

http://www2.uol.com.br/vivermente/
reportagens/a_imitacao_pode_curar.html


 

 

 

 

 

 

 

Será que neurônios-espelhos permitem simular

internamente as ações dos outros?

Tudo bem, se for para enternecer;

tanto melhor, se for para enobrecer.1

Mas, imitar aqueloutros e estoutros

para entristar e para ferir,

para prejudicar e para denegrir,

é espurcícia que faz declinar.

 

 

Muitos (não) são como (não) são

porque ainda pensam e agem como amebas.

Aqueles que desluzem e que excluem,

que apocopam e que diminuem,

tornarão ao desconsolo das negras glebas.

Quem futica e quem prejudica,

quem pinica e quem mete a pica,

conhecerá tudo, menos a libertação!

 

 

 

 

 

 

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Nota:

1. Como é o caso da Imitação de Cristo, obra da literatura devocional, de autor anônimo, publicada no século XV. Seu texto é um auxiliar à oração e às práticas devocionais pessoais. Alguns consideram a obra um dos maiores tratados da moral cristã. A obra é atribuída ao monge e escritor místico alemão Tomás à Kempis (1379 ou 1380 – 1471), já que dos 66 manuscritos 60 trazem a assinatura de Tomás, na mais respeitada cópia, conhecida como Kempense, escrita em 1441. A obra foi lida por Santo Inácio de Loyola (1491 – 1556) – o fundador da Companhia de Jesus – no tempo em que esteve em uma gruta, em Manresa (província de Barcelona, comunidade autônoma da Catalunha, Espanha), e o ajudou a conceber os exercícios espirituais inacianos.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://hipnoseregressao.wordpress.com/
2009/01/30/o-cerebro-hipnotizado/

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Imita%C3%A7%C3%A3o_de_Cristo

http://www2.uol.com.br/vivermente/
reportagens/a_imitacao_pode_curar.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Neur%C3%B3nio_espelho

 

Fundo musical:

Thriller (Michael Jackson)

Fonte:

http://www.findmidis.com/download.go/
276/Thriller-by-Michael_Jackson

 

Observação:

Thriller é um álbum lançado por Michael Jackson pela Epic, em 1982, que figura no livro Guinness dos Recordes como o mais vendido da história. Até 2006, havia sido adquirido por mais de 104 milhões de pessoas. Sete das nove faixas do álbum chegaram às lojas como compacto, um marco que seria igualado poucas vezes no futuro. Três músicas conquistaram o topo das paradas: The Girl Is Mine, Billie Jean e Beat It. Também é lembrado pelos videoclipes, considerados inovadores para a época. Por muitos, Thriller é considerado o ponto mais alto da carreira de Michael. Eu, particularmente, prefiro We Are the World, com letra de Michael Jackson e música de Lionel Richie.