A
divisão entre a vida religiosa e o mundo é a essência
mesma da mundanidade. A mente de todas essas pessoas –
religiosos, ultramontanos, monges, santos, gurus, reformadores etc. –
não difere muito da mente de aqueles que só se interessam
pelas coisas que dão deleite e prazer. Importa, por conseguinte,
não dividir a vida em mundanidade e não-mundanidade. Importa
não fazer distinção entre o ser-aí-no-mundo
mundano e o chamado ser-aí-no-mundo religioso. Se não fosse
a matéria, o mundo material, não estaríamos aqui. Sem
a beleza do céu e da árvore solitária no alto do monte,
sem a mulher e o cavaleiro que passa por nós, na estrada, não
seria possível a vida. O que deve nos interessar é a totalidade
da vida, e não uma determinada parte dela, considerada religiosa
e oposta ao resto. É preciso que se entenda que a vida religiosa
está em relação com o todo e não com a parte.
[In: A Luz que Não
se Apaga (em inglês: The
Urgency of Change), de autoria de Jiddu Krishnamurti.]
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Não-mundanidade |
Mundanidade |
Esta
dicotomia – metade cinzenta, metade clara – é uma ilusão!
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Eu não conseguia vencer as tentações,
então,
por sete anos, jejuei.
Eu
não
conseguia vencer o antagonismo,
então,
por mais sete anos, me calei.
Eu
não conseguia vencer o conticínio,
então,
de tudo abdiquei e me privei.
Eu
não conseguia vencer o preconceito,
então,
para um bairro de lata me mudei.
Eu
não conseguia vencer os desejos,
então,
diariamente, me ciliciei.
Eu
não conseguia vencer a mundanidade,
então,
um dia, me crucifiquei.
Eu
não conseguia vencer a farinha,
então,
as minhas narinas costurei.
Eu
não conseguia vencer a corrupção,
então,
as minhas mãos amputei.
Eu
não conseguia vencer a preguiça,
então,
nunca mais me deitei.
Eu
não conseguia vencer a inveja,
então,
os meus olhos arranquei.
Eu
não conseguia vencer a avareza,
então,
todos os meus bens doei.
Eu
não conseguia vencer a vanglória,
então,
todos os meus diplomas rasguei.
Eu
não conseguia vencer a glutonia,
então,
o meu estômago encurtei.
Eu
não conseguia vencer as cobiças,
então,
ajoelhei e rezei o Agnus Dei.
Eu
não conseguia vencer as paixões,
então,
desesperado, celibatarizei.
Eu
não conseguia vencer a lascívia,
então,
enlouquecido, me castrei.
Todas
estas extravagâncias deram em nada.
Um
ser-aí-no-mundo frágil eu continuei.
O
tempo passou, e acabei pifando;
mas,
em necas de pitibiribas mudei:
sempre
tentado, sempre escravizado.
Hoje,
já mumificado, aprendi e sei:
só
a Compreensão nos libertará.
Canto
gregoriano de fundo:
Agnus
Dei
Interpretação: Schola Cantorum do Pontifício Col. Inter.
dos Beneditinos de S. Anselmo em Roma
Páginas
da Internet consultadas:
https://dribbble.com/shots/3226003-Zero
https://pt.m.wikipedia.org/
https://tenor.com/
http://conselhosdeluzes.blogspot.com/
https://giphy.com/
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