NATAL DE 2013

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Interpretação Mística do Natal
Max Heindel

 

 

 

 

 

 

Capítulo I
O Significado Cósmico do Natal

 


Mais uma vez, no decorrer do ano, estamos às vésperas do Natal. A visão de cada um de nós sobre esta festividade difere uma da outra. Para o religioso devoto é um período reverenciado, sagrado e repleto de mistério, não menos sublime por ser incompreendido. Para o ateu é uma tola superstição. Para o puramente intelectual é um enigma, pois está além da razão.

 

Nas igrejas é narrada a história de como na noite mais santa do ano, Nosso Senhor e Salvador, imaculadamente concebido, nasceu de uma virgem. Nenhuma outra explicação é dada; o assunto é deixado a critério do ouvinte, que o aceita ou rejeita de acordo com o seu temperamento. Se a mente e a razão levam-no a excluir a fé, se ele vê apenas o que pode ser demonstrado aos sentidos, então, é forçado a rejeitar a narrativa como absurda e desarmônica com as várias e imutáveis Leis da Natureza.

 

Interpretações diferentes têm sido dadas para satisfazerem a mente, principalmente as de natureza astronômica. Diz-se que na noite de 24 para 25 de dezembro o Sol começa sua jornada do sul para o norte. Ele é a "Luz do Mundo". O frio e a fome exterminariam inevitavelmente a raça humana se o Sol permanecesse sempre no sul. Por isto, é motivo de grande regozijo quando ele começa sua jornada em direção ao norte, pelo que é, então, aclamado como "Salvador", pois vem "salvar o mundo", vem para dar o "pão da vida" quando amadurece o grão e a uva. Assim, "Ele dá sua vida na cruz (crucificação) do equador (no equinócio da primavera) e começa sua ascensão no céu (norte). Na noite em que começa sua jornada em direção ao norte, o signo Virgo, a Virgem Celestial, a "Rainha do Céu", está no horizonte astrologicamente, "seu signo Ascendente". Portanto, Ele "nasce de uma virgem", sem intermediários, sendo daí "concebido imaculadamente".

 

Esta interpretação poderá satisfazer a mente quanto à origem da suposta superstição, mas o lamentável vazio que existe no Coração de todo cético, esteja ou não ciente do fato, deverá permanecer até que a Illuminação Espiritual seja alcançada, a qual fornecerá uma explicação aceitável tanto ao Coração como à mente. Derramar tal Luz sobre este mistério sublime será nosso empenho neste livro. A concepção imaculada será o assunto da lição seguinte. Por enquanto, queremos mostrar como as forças materiais e espirituais fluem e refluem alternadamente no decurso do ano, e porque o Natal é realmente um "dia santo".

 

Digamos que concordamos com a interpretação astronômica, assim como é verdadeiro o que se segue quando contemplamos o nascimento místico sob outro ângulo. O Sol nasce, ano após ano, na noite mais escura. Os Cristos Salvadores do mundo nascem também quando as trevas espirituais da Humanidade são maiores. Há um terceiro aspecto de suprema importância, isto é, não há nenhuma futilidade nas palavras de Paulo quando ele fala do Cristo sendo "formado em vós". É um fato sublime que todos somos Cristos-em-formação, de modo que quando compreendemos que temos de cultivar o Cristo Interno antes que possamos perceber o Cristo externo, mais apressaremos o dia da nossa Illuminação Espiritual.

 

Citamos novamente nosso aforismo preferido, de Angelus Silesius,1 cuja sublime percepção espiritual fê-lo proferir:

 

 

Ainda que Cristo nascesse mil vezes em Belém, se Ele não nascer dentro de ti, tua alma ficará perdida. Em vão olharás a Cruz do Gólgota, a menos que, dentro de ti, Ela seja novamente erguida.

 

 

No solstício de verão, em junho, a Terra está mais distante do Sol, mas, o raio solar atinge-a quase em ângulo reto em relação ao seu eixo no Hemisfério Norte, resultando daí o alto grau de atividade física. Nesta ocasião, as irradiações espirituais do Sol são oblíquas à esta parte da Terra, e são tão fracas como os raios físicos quando são oblíquos.

 

Entretanto, no solstício de inverno, a Terra está mais perto do Sol. Os raios espirituais caem em ângulos retos na superfície da Terra no Hemisfério Norte, estimulando a espiritualidade, enquanto as atividades físicas diminuem em razão do ângulo oblíquo em que o raio solar atinge a superfície de nosso planeta. Por este princípio, na noite entre 24 e 25 de dezembro, as atividades físicas estão no seu mais baixo nível, e as forças espirituais no seu mais elevado fluxo, por isto, ela é chamada a "noite mais santa do ano". Por sua vez, o pleno verão é a época de divertimento para duendes e entidades semelhantes interessadas no desenvolvimento material do nosso planeta, conforme demonstrado por Shakespeare no seu "Sonho de Uma Noite de Verão".

 

Se nadarmos quando a maré está mais forte, alcançaremos uma distância maior com menos esforço do que em qualquer outra ocasião. É de grande importância para o estudante esotérico saber e compreender as condições especialmente favoráveis que prevalecem na época do Natal. Sigamos a exortação de Paulo, capítulo XII aos Hebreus, atirando à distância toda carga embaraçadora, como fazem os indivíduos que correm em uma competição. Batamos no ferro enquanto ele está quente. Isto significa que, nesta época do ano, devemos concentrar todas as nossas energias em esforços espirituais para colher o que não conseguiríamos obter em nenhuma outra ocasião.

 

Lembremo-nos, também, que o aperfeiçoamento próprio não deve ser a nossa única consideração. Somos discípulos de Cristo. Se aspiramos ser distinguidos, lembremo-nos do que Ele disse: "Aquele que quiser ser o maior entre vós, seja o servo de todos". Existe muita aflição e muito sofrimento à nossa volta; há muitos Corações solitários e doloridos em nosso círculo de conhecidos. Busquemo-los de maneira discreta. Em nenhuma outra época do ano serão mais sensíveis aos nossos desvelos. Espalhemos a luz do Sol em seus caminhos. Deste modo, ganharemos suas bênçãos e também as dos nossos Irmãos Maiores. Por sua vez, as vibrações resultantes promoverão um crescimento espiritual impossível de ser atingido por qualquer outro modo.

 

Para ler os outros capítulos desta obra, por favor, dirija-se a:

http://www.fraternidaderosacruz.org/imdn.htm

 

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Nota:

1. Angelus Silesius é o pseudônimo do poeta, místico cristão, filósofo, médico e jurista germânico Johannes Scheffler, nascido em 1624 em Breslau, Polônia, e falecido em 1667, na mesma cidade. A seguir, transcrevo alguns pensamentos do grande místico Angelus Silesius, que procurou continuamente Deus dentro de si mesmo:

De tal modo Deus tudo ultrapassa, que nada se pode dizer: por isto, melhor rezas a Ele quando ficas em silêncio.

Pára, aonde corres? O céu está em ti! Se procuras Deus em outro lugar, sempre mais o perdes.

A mais nobre oração é quando. no íntimo, o orante se transforma naquele ao qual se ajoelha.

Homem, se não sabes pedir graça a Deus com palavras, fica mudo diante dele: serás ouvido da mesma forma.

Sem íntima comunhão com a Divindade de Deus, como posso ser seu filho e ele meu Pai?

Meu amor e meu tudo! - é o eco de Deus quando me ouve invocar: meu Deus e meu tudo!

O pássaro vive no ar, a pedra no chão, na água o peixe, e meu espírito na mão de Deus.

Se de Deus nasceste, Deus floresce em ti, e Sua Divindade é tua seiva e teu ornamento.

"Sou vasto como Deus: não há no mundo inteiro quem me mantenha (oh, maravilha!) fechado em mim"

Quando me perco em Deus chego de novo lá onde antes de mim eu era desde a eternidade.

Quando pensas em Deus, em ti O ouvirás; se te calas e aquietas, Ele sempre te falará.

Deus me ama tanto quanto tudo sobre a Terra. Se não se tivesse encarnado, o faria agora por mim.

Pode-se chamar o Altíssimo com todos os nomes; mas, também, ao contrário, não lhe dar nome nenhum.

Quem diz que algo no mundo é doce e amável ainda não conhece a beleza de Deus.

Esvazia para Deus teu coração: Ele não entra em ti se não vê o teu Coração saído do teu coração.

Tenho em mim a imagem de Deus: se Ele quiser se ver, poderá fazê-lo apenas em mim e em quem é como eu.

O sábio jamais perdeu sequer um centavo; nunca teve nada, e nada lhe foi tirado.

Eu próprio sou a eternidade, quando abandono o tempo e me recolho em Deus e Deus em mim.

Quanto mais te abandonas em Deus, mais Ele nasce em ti; nem menos nem mais ele Te ajuda em tuas fadigas.

Sem mim, sei que Deus não pode um momento viver. Se eu nada me tornar, Ele, por certo, deve morrer.

Deus é Fogo em mim e eu Nele sou a luz. Não estamos, juntos, profundamente unidos?

Nunca o homem bendisse mais altamente a Deus do que quando lhe concedeu gerá-lo como Filho.

Se minha lâmpada deve espalhar luz e raios, o óleo, meu amado Jesus, deve jorrar de ti.

Apenas Deus me ama: tanto se inquieta por mim, que morre de temor que eu não O siga.

Meu Coração é um altar e minha vontade a vítima, minha alma é o sacerdote e o amor a chama e a brasa.

Sou grande como Deus, e Ele pequeno como eu; Ele não pode estar acima de mim, nem eu abaixo Dele.

Puro como o mais fino ouro, firme como uma rocha, completamente límpido como o cristal, assim deve ser teu Coração.

Eu não sei o que eu sou, eu não sou o que eu sei: uma coisa, e, portanto, coisa nenhuma, um pequeno ponto e um círculo.

Também sou filho de Deus, estou sentado a Sua direita. Seu Espírito, Sua carne e Seu sangue são em mim conhecidos.

Deus não se dá a ninguém; se oferece a todos, para ser todo teu, se tu O queres.

Estes pensamentos foram recolhidos na Página:

http://coracaomistico.blogspot.com.br/
2007/12/angelus-silesius.html

 

 

 

 

 

 

 

É mais um ano que se acaba,

é mais um Natal que amanhece.

Meio vicentino, meio emboaba,

o ser, devagar, se compadece.

 

É mais um ano que se acaba,

é mais um Natal que alvorece.

A alma, ao romper a aldraba,

vai menoscabando o babece.

 

É mais um ano que se acaba,

é mais um Natal que acontece.

Vai sendo mondada a buraba,1

vai se transmutando o refece.

 

É mais um ano que se acaba,

é mais um Natal que enobrece.

façamos todos a mesma prece:

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Buraba = Burara = Obstáculo constituído de árvores ou de ramos cerrados caídos na mata.

2. A KaHaba (Al-Ka'bah, O Cubo) é uma construção cubóide reverenciada pelos muçulmanos na Mesquita Sagrada de Al-Masjid al-Haram, em Meca, considerada pelos devotos do Islã como o lugar mais sagrado do mundo.

 

 

Al-Ka'bah

 

Música de fundo:

Jingle Bells (One Horse Open Sleigh)
Composição: James Lord Pierpont
Interpretação: Sammy Davis, Jr.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.netanimations.net/
Santa-Clause-clip-art-animations.htm

http://mepeace.org/profile/GillyHarpaz

http://mesosyn.com/kaaba.html

http://www.netanimations.net/Animated_
Santa_Clause_Xmas_Christmas_Trees.htm

http://caccioppoli.com/

 

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