O nosso mundo interior é um mundo de coisas esquecidas. É o mundo interior da Beleza, da Verdade, da LLuz e do Amor. Mas, não há qualquer significado quando meditamos ou especulamos sobre o nosso mundo interior objetiva e intelectualmente. Entretanto, se pudermos ir mais fundo em nós mesmos, poderemos descobrir que estes valores sempre estiveram lá, estão lá e sempre estarão lá, porque estes valores são eternos. Só pela quietude, pela meditação, pela paz profunda e pelo mergulho dentro de nós mesmo poderemos começar a ter consciência de nossa própria eternidade, de nossa própria existência além do espaço-tempo e de qualquer outra condição, [ou, em outras palavras, de nossa própria Divindade]. Se pudermos manter um contato ocasional com essas coisas internas, isto poderá nos ajudar imediatamente na compreensão e na solução de problemas externos da nossa existência neste Plano. [In: A Clara Virtude do Zen, de autoria de Manly Palmer Hall.]

 

 

 

Maldades Inconcebíveis

 

 

 

— Eu nunca dei a menor pelota para esse tal de

mundo interior, muito menos, para

Nunca quis ir mais fundo em mim mesmo,

e nunca quis descobrir valor espiritual nenhum.

Pra mim, tudo isso sempre foi uma grande chatice

– papo-furado de religioso lelé que vive no mundo da Lua,

encagaçadérrimo de morrer e que não se garante.

Machos e chochôs como eu e o Seu Gaudêncio

não tamos nem aí pra esse tal de mundo interior.

 

 

Ivon Gaudêncio Curi

 

 

— Eu sempre valorizei e continuo só valorizando o hoje,

o dia-a-dia, o ripa na cachuleta, o pimba na cabeluda,

o confete, a serpentina, a bolina e a lança-perfume,

o sassarico assanhado lá na porta da ,

o prazer prazeroso, a boa vida e uma boa farofa-fá.

Pra mim, o verbo não é cogitáre, é futére,

que, mesmo com sílabas tônicas distintas,

rima muito direitinho com vivère, e que,

por isto, o melhor lugar do mundo pra viver é Pasárgada,

onde a existência é uma aventura,

e dá pra montar em burro brabo,

subir em pau-de-sebo e tomar banhos de mar.

Lá, tem telefone automático e alcalóide à vontade,

e, o que é melhor: tem mulheres-damas a dar com o pau,

e dá pra namorar de manhã, de tarde e de noite.

Melhor do que isto nem pão com meleca seca e groselha!

 

 

 

 

— E assim, fui e vou vivendo e acreditando

que Deus criou o mundo em seis dias, e que,

como ninguém é de ferro, tirou um ronco no sétimo.

Acredito no Geocentrismo, que a Terra é plana

e que não há vida em outros planetas,

pois, pela vontade Deus, a vida é exclusiva daqui.

Acredito que a desigualdade racial é imexível,

que o Derek fez muito bem em estrangular o George

e que a Marielle tinha que ir para o beleléu mesmo.

Como muito bem disse o Presidente Bolsonaro,

todos nós iremos morrer um dia.

Acredito que os refugiados devem se refugiar na casa do cacete

e que os deslocados devem se deslocar para o Afeganistão.

Acredito que a poluição e o aquecimento global são inevitáveis

e que o desflorestamento é uma necessidade insubstituível.

Preservação da Natureza? O quê? Nem pensar!

— Sempre estive e estou totalmente persuadido

que Hitler foi mal interpretado e mal julgado pela História,

que o holocausto foi uma necessidade

e que o Zyklon B foi a maior invenção científica do século XX.

Que Stalin nunca foi compreendido por ninguém

e que sem os Gulags não haveria União Soviética.

Que Bin Laden jamais deveria ter sido morto em Abbottabad

e que a destruição do foi um ato de ternura.

Que Saddam Hussein foi injustamente enforcado

e que a Operação Anfal foi um ato de amor.

Que Pinochet foi um herói nacional

e que a Caravana da Morte foi uma ação muito bem planejada.

Que Videla foi um semideus argentino

e que nunca violou os direitos humanos do povo portenho.

Que a Operação Condor foi um plano bendito.

E que, enfim, o Marechal Dr. Dadá foi um grande líder africano

e que jamais mandou massacrar soldados Lango e Acholi.

 

 

Saddam Hussein
(Dando conselhos amorosos aos soldados americanos
encarregados de vigiá-lo no cárcere, em Bagdá, Iraque.)

 

 

— Patrioticamente, também sempre acreditei

que o melhor regime para o Brasil é uma ditadura militar

e que o Legislativo e o Judiciário devem ser lacrados.

AI-5, sim. Censura, sim. Tortura, sim. São imprescindíveis.

Imprensa livre? Não. Só na cadeia.

Reivindicações? Não. Nunca. Jamais. De jeito maneira.

Em boca fechada não entra mosca;

de boca aberta só sai merda.

Jornalista bom é jornalista amordaçado.

O Dr. Tibiriçá foi um serial torturer

que deveria ter ganho o Prêmio Nobel da Paz,

pois, foi um bom cidadão e um homem de honra.

A Casa da Morte sempre foi uma casa da Vida.

Melancia não pode ter chance de viver aqui.

E esse negócio de direitos humanos

tem que ser trocado por 'un buen paredón'.

Pátria amada é Pátria muito bem armada!

A palavra de ordem é: canhões na rua!

 

 

 

 

 

Dr. Tibiriçá – Prêmio Nobel da Paz

 

 

 

 

 

 

 

 

 

— Quanto a esta Pandemia de Coronavírus,

sempre acreditei que ela era um gripezinha

e que poderia ser debelada com Cloroquina.

Portanto, abrir mão do tratamento precoce é burrice.

Máscara, isolamento e distanciamento

não adiantam nada e não servem para nada.

Enfim, sempre tive a mais absoluta convicção

que qualquer vacina faz o cara virar jacaré.

E quem vira jacaré não desvira nem a pau!

 

 

 

 

— Enquanto o Brasil for um país de maricas,

o dólar irá subir, a gasosa irá encarecer

e o feijão da feijoada será 'infeijoável'.

E farofa-fá sem feijocas engasgalha.

E vivi e morri crendo piamente nisto tudo.

O esquisito nisto tudo é que, quando cheguei no céu,

São Pedro me disse: — Seu lugar é no inferno!

Mais esquisito ainda foi que o demônio de plantão

me disse que o inferno estava lotado.

Hoje, perambulo sem rumo no Plano Astral.