Rodolfo
Domenico Pizzinga
O
que será exatamente o Dasein?1
Será
ilusão o In der-Welt-sein?
Então,
por que tanta loquacidade?
Por que
tamanha insinceridade?
As
horas e as desoras passam dolentes
para os
que se querem sós e doentes,
e sempre
haverão de correr aflitivas
para os
que as fazem mórbidas e destrutivas.
Não
há uma coisa prodigiosa no mundo
que, de
súbito, mude um trolha vagamundo
em um
consciente e benigno ser-no-mundo!
poderá
acontecer que um furibundo
fique
em paz consigo e com o mundo.2
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Notas:
1.
Está no soneto: Não
há coisa prodigiosa no mundo que, de súbito, mude um trolha
vagamundo em um consciente e benigno ser-no-mundo. A Transmutação
mística interior não se opera por milagre, que não
existe. É necessário Trabalhar. Ora et Labora; Solve et
Coagula. Estar-no-mundo
é reconhecer-se um ser no e integrante do mundo, e não estar
tão-só débil, loquaz, irresponsável, insincera
e insignificantemente ligado a ele desirmanado dos outros seres-no-mundo.
No heideggerianismo, que subscrevo apenas em parte, o ser-no-mundo
– in der-Welt-sein – é a constituição
necessária e apriorística do ente humano aberto ao ser ou
ser-aí – Dasein – que se compreende
e precisa ser compreendido em sua evolução (reintegração/regeneração)
e em sua inserção na realidade que se passa todos os dias,
no conjunto dos fatores que constituem a história dos próprios
seres-no-mundo e que condicionam seus comportamentos em uma situação
específica, bem como na relação que estabelecem com
os outros seres-no-mundo. Se isto é assim, na história
do mundo, não faz qualquer sentido o mundo sem o(s) ser(es)-no-mundo,
nem seres-no-mundo sem mundo. Por que, então, muitos seres-no-mundo
insistem em destruir outros seres-no-mundo e o próprio mundo?
E acrescentando, como pensaram Giovanni Reale e Dario Antiseri, se o
ser-no-mundo (in der-Welt-sein) é um existencial, também
o ser-com-os-outros (Mit-sein) é um existencial. Desta forma,
no autêntico coexistir, o ser-no-mundo é realmente
um ser‹-›com‹-›os-outros‹—›no‹-›mundo,
auxiliando todos os seres-no-mundo a conquistar a verdadeira
liberdade(?!), que só pode ter limites estabelecidos por cada
ser-aí em ascensão e por mais ninguém. Mas,
tudo o que ser-aí quiser, ele poderá.
Logo,
o ser da existência do homem não é e jamais poderá
ser uma coisa pronta, acabada e isolada. A Espiral da Vida é ilimitada,
para um, para todos e para o próprio Universo, que é o que
sempre foi e será o que vier-a-ser no eterno sempre-sendo. Então,
por que tamanha loquacidade? Por
que tanta insinceridade? Mas, em um fortuito microssegundo, poderá
acontecer que um furibundo fique em paz consigo, com o mundo e com todos
os seres-no-mundo. Milagre? Não. Iniciação,
geralmente voluntária!