(IN)COERÊNCIAS

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

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Mentir é certamente uma incoerência,

mas cientificar nem sempre é recomendável.

Algumas vezes, calar pode ser desejável

porque informar pode provocar abnuência.1

 

Nem sempre os seres estão prontos para saber,

e isso precisa ser inteiramente respeitado.

A alguém que ainda não se encontre preparado,

informá-lo a ferro e a fogo pode fazê-lo adoecer.

 

Não prevalece qualquer tipo de solidariedade

em forçar o outro a aceitar a nossa verdade.2

Pelo contrário, isso é uma atitude perversa.

 

Um ensinamento passado intempestivamente

poderá causar dor e estrago em uma mente,

e gerar uma contrapartida regressivo-adversa.

 

 

 

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Notas:

1. Temos o dever místico e universal de informar e ensinar tudo. Porém, é necessário saber a quem informar e a quem ensinar, em quais circunstâncias informar e ensinar e quando informar e ensinar. Se isso não fosse rigorosamente correto, por que os graus de ensino e as Iniciações progressivas existentes nas Fraternidades Místicas? Mas, quando alguém tem uma dúvida, devemos sempre esclarecer, tendo o cuidado de não ultrapassar a linha invisível que poderá mais prejudicar do que auxiliar. O fato concreto é que tudo isso é muito difícil, e temos a tendência de, por amor e solidariedade, exagerar na dose. Mas há um recurso elementar que pode ser empregado: na dúvida, o melhor é calar. Arrotar um presumido conhecimento obrigará a compensações educativas equivalentes.

 

 

2. A minha verdade? A sua verdade? A nossa verdade? O que é a verdade? Haverá uma verdade imutável, absoluta? Sar Validivar (Ralph Maxwell Lewis, FRC, 2º Imperator da AMORC para este 2º Ciclo Iniciático), em seu Credo da Paz, escreveu: Sou responsável pela guerra se acredito que outras pessoas devem pensar e viver da mesma maneira que eu. Sou responsável pela guerra quando penso que a mente das pessoas deve ser dominada pela força e não educada pela razão. Sou responsável pela guerra se acredito que o deus de minha concepção é aquele em que os outros devem acreditar. Se estou em paz, eu promovo a paz dos que me cercam. Por sua vez, eles promovem a paz daqueles que estão à sua volta e que também farão o mesmo. Então, a paz começa por mim! E sem ela não pode haver a necessária transformação social. Precisamos estar sempre atentos para uma das advertências contidas no Credo citado, e que, em resumo, adverte para o fato de que o ser-no-mundo só pode conceber Deus a partir de sua própria percepção da Divindade. Como não existem duas percepções que sejam rigorosamente iguais, obrigar o outro ao que quer que seja é uma inominável perversidade. Os exemplos de sempre que me vêm à cabeça foram o Demoníaco Ofício a Demoníaca Inquisição.

Página da Internet consultada:

http://www.geocities.com/serranho/0-1-p.htm