Raymond
Bernard
(Foto: Alice Ouzounian)
Nascido
em 19 de maio de 1923, em Bourg d'Oisans, Isère, na França,
Raymond Bernard formou-se em direito, na Universidade de Grenoble, e dedicou-se
aos negócios de sua família. Nos anos seguintes, realizou
contatos com importantes ramos da tradição cavaleiresca e
templária. Em 1956, é levado a deixar os negócios da
família para dedicar-se à reorganização da Antiga
e Mística Ordem Rosacruz-AMORC, da qual era membro desde muito jovem.
Ocupou funções de Grande Mestre, Legado Supremo e membro do
Conselho Supremo da Ordem. Restabelece os trabalhos da Ordem Martinista
Tradicional (no Brasil Tradicional Ordem Martinista), onde assumiu as mesmas
funções para as quais fora investido na Ordem Rosacruz. Participou
também dos trabalhos maçônicos da Grande Loja de França.
Em
1988, aposentado e liberado de suas obrigações à frente
da AMORC, sem romper seus laços com a mesma, fundou o CIRCES –
então Círculo Internacional de Pesquisas Culturais e Espirituais
– cujo objetivo era, desde o início, essencialmente humanitário
e caritativo. Paralelamente a este movimento ele restitui força e
vigor a uma tradição templária secreta que não
havia sido jamais interrompida ao longo dos tempos – ainda que sem
atividades públicas desde o início do século XX –
estabelecendo assim a OSTI (Ordem Soberana do Templo Iniciático).
Posteriormente, a OSTI absorveu o CIRCES, que passou a ser o seu ramo caritativo
e humanitário. Eleito Grão-Mestre, em 25 de setembro de 1988,
no Palácio dos Papas, em Avignon, permaneceu à frente da Ordem
até 1997, quando se retirou para um merecido descanso, ao lado de
sua esposa Yvonne, dedicada companheira de tantos anos e parceira de toda
uma vida nas atividades tradicionais que Raymond Bernard animou. Tendo cumprido
a missão que havia recebido há mais de 40 anos, Bernard, no
entanto, permaneceu atento, acompanhando de perto o trabalho de Yves Jayet
– eleito pelo Capítulo Geral da OSTI, e com o apoio do próprio
Bernard, Grão-Mestre da Ordem. Um velador silencioso, retirado, mas
ainda e sempre em atividade, dedicando seus dias aos estudos e à
meditação, em harmonia com seus amigos, seus leitores e com
os cavaleiros de todo o mundo.
Escritor
profícuo e inspirado, Raymond Bernard é o autor de vários
livros, hoje clássicos, dedicados às tradições
sapienciais e ao esoterismo tradicional.
No
dia 10 de janeiro de 2006, Raymond deixou o seu corpo físico –
partindo em Luz para sua Grande Iniciação – encerrando,
assim, a parte encarnada de toda uma obra dedicada às circunstâncias
da Sagrada Iniciação.
Uma
de suas máximas que eu mais aprecio é: Na
Via Iniciática prestigiosa que seguimos, as tentações
são numerosas, as quedas ocasionais e a dúvida periódica.
O que se extrai deste ensinamento?
Simplesmente que –
custe o que custar, doa o quanto
doer, seja difícil o quanto for –
não devemos desistir jamais.
Desistir é morrer um pouquinho! Nós não estamos sozinhos
neste ilimitado Universo; se formos sinceros, eu não tenho a menor
dúvida de que, se e quando precisarmos, seremos auxiliados, inspirados
por assim dizer. Por que Aqueles Que Sabem e Podem nos deixariam
abandonados e desesperados à nossa própria sorte? Eu sou um
exemplo vivo desta certeza: em um dos momentos mais difíceis de minha
vida –
projetado e fabricado por mim – ainda
que eu não merecesse, fui silenciosamente auxiliado. Obrigado, obrigado,
obrigado. Seja como for, e nem por um segundo pensei em mim, Maha (citado
por Raymond Bernard) afirmou: Ninguém,
na Vida da Iniciação, será um perdedor, pois, aqueles
que já têm, ainda mais lhes será dado.
Raymond
Bernard – Grande Mestre, Legado Supremo e membro do Conselho Supremo
da Ordem Rosacruz e Cavaleiro e Grão-Mestre fundador da Ordem Soberana
do Templo Iniciático – faz falta, fisicamente, à sua
esposa e filho, aos seus amigos, admiradores, leitores e irmãos,
mas permanece conosco, em todos os Corações, em comunhão
ainda mais íntima e verdadeira. Seu filho, Christian Bernard, FRC,
nascido em 30 de novembro de 1951, é o atual Imperator da Antiga
e Mística Ordem Rosæ Crucis (AMORC),
também conhecida por seu nome em latim, Antiquus Mysticusque
Ordo Rosæ Crucis. O Frater Christian foi eleito para o cargo
de Imperator pelo Supremo Grande Conselho da AMORC em 12 de abril de 1990
e nele permanece até a presente data.
Esta
biografia foi editada da fonte:
http://www.ostibr.org.br/Sobre%20RB.htm
Obras
de Raymond Bernard
BERNARD,
Raymond. Encontros com o insólito. Copyright © 1970
by Ancient Mystical Order Rosæ Crucis – AMORC, San Jose, California.
Coordenação de Maria A. Moura, FRC. Rio de Janeiro: Editora
Renes, s.d.
_____.
Mensagens do Sanctum Celestial. Copyright © 1973 by Ancient
Mystical Order Rosæ Crucis – AMORC, San Jose, California. Coordenação
de Maria A. Moura, FRC. Rio de Janeiro: Editora Renes, s.d.
_____.
Novas mensagens do Sanctum Celestial. Traduzido da 2ª edição
francesa. Copyright © 1974 by Ancient Mystical Order Rosæ Crucis
– AMORC, San Jose, California. Coordenação de Maria
A. Moura, FRC. Rio de Janeiro: Editora Renes, s.d.
_____.
Fragmentos da sabedoria Rosacruz. 2ª ed. Copyright ©
1974 by Ancient Mystical Order Rosæ Crucis – AMORC, San Jose,
California. Coordenação de Maria A. Moura, FRC. Rio de Janeiro:
Editora Renes, s.d.
_____.
As mansões secretas da Rosacruz. Copyright © 1974 by Ancient
Mystical Order Rosæ Crucis – AMORC, San Jose, California. Coordenação
de Maria A. Moura, FRC. Rio de Janeiro: Editora Renes, s.d.
_____.
A cidadela oculta dos sábios. Tradução de
Mário Willmersdorf Jr.. Revisão e supervisão do texto
de Marco Antonio Coutinho. 1ª edição. Rio de Janeiro:
Gnosis Editorial Ltda, 2005.
O
Alto Conselho, do A...
Definido
por Raymond Bernard, que o conheceu intestinamente, o
Alto Conselho, do A... [que,
a partir de agora, designarei apenas por A...], que é
composto de Doze membros, é eterno, mas seus membros são mortais.
O A... conhece o último ponto que este mundo atingirá em sua
evolução e as etapas desta evolução. Embora
sua ação abranja o mundo, o A... mantém a sede de suas
deliberações na Europa, apesar de suas ramificações
se estenderem a todo o Planeta. O papel essencial do A... é cuidar
para que cada etapa seja concluída no tempo determinado, e apressar
ou retardar isso, segundo o caso. Na maioria das vezes, o A... deve trabalhar
para apressar. Naturalmente, ele tem os meios para influir nos acontecimentos,
e ele vê para além dos incidentes, inelutáveis por culpa
da Humanidade e da dificuldade que ela tem em se adaptar sem choques a novas
condições. Os Membros do A... reúnem-se em colégio
quatro vezes por ano, em períodos fixos. Cada membro, entretanto,
fica em contato com todos os outros, quando deseja, do início ao
fim do ano. O Presidente do A... não tem propriamente um título;
entre os integrantes do A... é conhecido por Maha. Sua sabedoria
é profunda, sua universalidade é total e sua compreensão
é absoluta. O segundo, na hierarquia do A..., desempenha uma função
semelhante a um secretário-geral, no seio de um governo presidencial.
Ele é o braço direito do presidente e o acompanha a todos
os lugares. É ele, quando necessário, que transmite aos outros
membros as instruções especiais de Maha. Quanto aos outros
dez membros, cada um cuida de um ramo da atividade humana: Economia, Educação,
Justiça etc. Para o A... os Estados não existem como tais;
só há o mundo como planeta e sua progressão uniforme
através dos ciclos, com o fim de proporcionar aos homens o ambiente
das experiências e dos conhecimentos que são a trama de sua
progressão individual e coletiva. Portanto, não há
preferência por um Estado ou por outro nos motivos que impelem o A...
a agir, pois sua missão planetária diz respeito a todos os
homens. Os membros do A... conhecem a 'norma geral' em dado momento, e avaliam
a 'nota', por assim dizer, de cada Estado em relação à
essa 'norma'. Daí resulta a intervenção, se ela for
necessária, e seu grau de intensidade. Enfim, quanto a Maha, poucas
pessoas o encontraram sabendo que ele era Maha. O presidente do A... dissimula
sua identidade verdadeira e sua função. O A... é permanência
e sua Obra é o Bem Supremo – o Svmmvm Bonvm!
Ensinamentos
Derivados do
Alto
Conselho, do A...
Amsterdã
É
bom que o homem reaja com 'por quês?' diante de certos fenômenos
ou diante dos acontecimentos que não se integram no quadro que sua
compreensão edificou para seu próprio uso. Um por quê
judiciosamente colocado pode abrir-lhe o caminho para o conhecimento transcendente
– aquele que está além das limitações
de seu intelecto e que permanece no nível da permanência do
real. Mas esse por quê, mesmo dirigido a outros, é primeiramente
perguntado a si próprio, e a resposta de outros nunca é satisfatória.
Assim, essa resposta, freqüentemente, deve ser evitada. Bem entendido,
o por quê pode ser suscitado pelo egotismo ou favorecido por uma sugestão
hábil, cujos verdadeiros motivos são sempre muito claros para
quem os sabe analisar. Cada qual deveria, pois, determinar a natureza real
de seu por quê antes de emiti-lo. Disso tiraria um proveito decisivo
para o conhecimento de si mesmo e... dos outros.
As
verdades são relativas em relação à verdade
de que o A... é uma expressão permanente e cujo dinamismo
se projeta através dos ciclos por meio da interpretação
do Alto Conselho; mas mesmo essa verdade, enquanto é transmitida
por meio de palavras, toma em cada um a aparência da sua verdade.
Ela se cerca das limitações do consciente objetivo e das reações
do fenômeno. Reveste-se da vida do particular da qual ela participa
desde sua fonte inefável, intangível e infinita. Toma forma
dentro do indivíduo que a recebe e reveste-se, assim, dos aspectos
de uma compreensão fragmentária. Permanece ela mesma sem ser
mais ela mesma. Daí, que importa a interpretação humana?
Esta, desde o início, reveste-se de seu próprio manto, que
dará à verdade percebida sua cor e seu alcance.
A verdade é de todos e todos
têm acesso a ela, dentro do limite de suas compreensões; de
forma que a verdade de cada um é válida e não há
erro, consistindo o erro somente no julgamento ou na avaliação
dos outros. É por isso que uma revelação nova da verdade
não deve ser reservada àqueles que se supõe podem compreendê-la,
uma vez que todos a assimilarão na sua medida. O A... age segundo
a verdade. Ele não a formula em princípios que, por definição,
a encerrariam nas fronteiras do concreto, embora ela se tornasse uma expressão
da verdade. O A... aplica a verdade. Ele estimula a Humanidade em direção
a ela e a conduz, segundo as etapas estabelecidas.
A
tarefa do A... é estafante e, nesta época de transição,
não é uma obra fácil conter os erros que a Humanidade
comete coletivamente, supondo que a verdade de um continente deva prevalecer
sobre a de outro. O erro não consiste naquilo que certos povos consideram,
em um determinado momento, a sua verdade. O erro reside na avaliação
da verdade dos outros a partir de uma verdade diferente, considerada como
a única válida. Através dos éons, os homens
incidem no mesmo erro que parece inerente à sua natureza, mas que
não o é, e que poderia ser suplantado pela adesão geral
aos grandes princípios universais conhecidos de todos e dos quais
o principal é, talvez, o respeito pelo pensamento do outro.
Conter
os erres e suas conseqüências trágicas, sem, no entanto,
intervir na liberdade coletiva do mundo e nas lições que devem
ser tiradas de ações erradas, implica em uma vigilância
ininterrupta. Meus colaboradores e eu mesmo insistimos anteriormente na
liberdade concedida ao homem dentro dos limites dos ciclos estabelecidos
e da sua progressão ordenada e inelutável dentro desses ciclos.
Assim, cada período, como este, transitório, que a Humanidade
atravessa atualmente, pode ser racional, pacífico e gradual ou, então,
anárquico e torturado pelas dores e pelas lágrimas. Eis o
que existe no império do homem e esse império é grande.
Entretanto, a síntese que o A... deve extrair dessa liberdade nem
sempre é animadora, mesmo que eu nada tenha ainda a mudar em nossas
conclusões anteriores quanto ao estágio atingido no progresso
cíclico da Terra.
A
Humanidade está, de agora em diante, no nível que lhe cumpria
atingir, e na próxima etapa, no novo ciclo, toda competição
terá que se situar no plano da Economia mundial. Competição,
é certo, pois significa movimento, e o progresso é função
do movimento. A competição é um princípio universal,
com a condição de que as regras baseadas na justiça
e na honestidade sejam respeitadas.
Apesar
dos recentes acontecimentos, o A..., em suas reuniões, não
concluiu pelo pessimismo e não se deliberou por uma intervenção
maior, mas foi reconhecido que a nova etapa começa mal... pois a
Humanidade aborda o ciclo atual com suas antigas noções sobre
o valor intrínseco do dinheiro. É, pois, neste campo que nossa
ação vai se desenvolver de agora em diante, e a Humanidade
não tardará a percebê-lo. É preciso, no novo
ciclo, uma reviravolta da escala de valores, e isto implica, antes de tudo,
em uma compreensão diferente do bem social. É a isto que o
A... prestará atenção...
As fronteiras parecem cada vez mais
artificiais, e é realmente o que são. Para além desses
limites arbitrários definidos pelo passado histórico da Humanidade,
é agora a influência das idéias que dirige o mundo,
e essa influência não parará de se estender, a tal ponto
que as esferas dirigentes deverão se ajustar à essa situação
e dela deduzir métodos diferentes de governo. Seu papel consistirá,
sobretudo, no futuro, em extrair a síntese das aspirações
divergentes somente em aparência, em conjugar as diversas verdades
em uma verdade social que obterá a adesão da maioria.
Em
um último esforço, o mundo dá à luz suas novas
estruturas. Os conflitos que se multiplicam provam que o homem ainda não
se despojou das vestes despedaçadas de suas concepções
passadas e que vive mentalmente em um ciclo morto, enquanto que o ciclo
seguinte já está estabelecido. Será preciso, talvez,
o grande risco para que as consciências despertem para a situação
presente. Empenhamo-nos em evitá-lo, mas, mais uma vez, a Humanidade
mantém o privilégio de suas próprias escolhas. Que
ela possa não nos levar a conclusões tais que nos seja preciso
encarar de outra forma a maneira pela qual o novo ciclo será transposto,
pois, de qualquer forma, ele o será, porque essa é a Lei.
Mas sabemos que, no estágio coletivo tal como está, a tomada
de consciência é grande e o A... fará com que o seja
mais ainda. A força unânime do bem servirá então
de obstáculo para as perigosas conseqüências de uma compreensão
que está tardando.
Engana-se
aquele que crê que o nacionalismo ainda vive no coração
dos homens. A idéia nacionalista pereceu na maioria, apesar das aparências.
Cada homem, esteja onde estiver, vive afinado pelo diapasão do mundo.
Somente o egoísmo individual ou coletivo agita sempre a Humanidade,
mas mesmo esse egoísmo atua, agora, em suas comparações,
em um plano que vai além das nacionalidades. Tendo por base este
fato humano em seu conjunto, o A... desenvolve presentemente uma extraordinária
atividade em todos os planos. Quem quer que saiba ver além das velhas
estruturas que se desagregam está apto para ver o mundo novo que
deve ser edificado a partir do impulso esclarecido do A..., e nada, eu o
repito, nem mesmo as perigosas peripécias que são a realidade
do homem, nada pode se opor ao desenrolar da etapa em andamento em direção
ao fim que deve, de uma forma ou de outra, ser doravante atingido. Entretanto,
é preciso ir além das aparências; o A... é sempre
atuante, com mais razão ainda se a gravidade das circunstâncias
o requer.
No
novo ciclo, a educação assumirá uma importância
de primeiro plano... Os movimentos tradicionais válidos e reconhecidos
são, para nós, educativos, no verdadeiro sentido do termo,
tanto e talvez mais do que uma formação puramente profana.
A eles dizem respeito o ser e sua regeneração, isto é,
o essencial em relação ao relativo e o permanente em relação
ao transitório. É por isto que, para o A..., eles têm
um lugar primordial no plano universal, e este exame fez parte das deliberações
de nossa última reunião periódica.
As
organizações tradicionais válidas e reconhecidas...
recebem, há algumas décadas, um impulso particular. As estruturas
das antigas formações exotéricas desintegram-se em
toda parte e, no novo ciclo, seu papel, numa estrutura reformada, será
diferente e, por comparação com o que foi, incontestavelmente
diminuído. Cabe às organizações tradicionais
tomar seu lugar, e isto explica porque o Alto Conselho lhes dedica tanto
interesse, sem, no entanto, intervir em seja o que for de suas atividades,
suas tradições ou sua vida operativa propriamente dita. Lógico,
nossa vigilância leva-nos a afastar dessas organizações
o perigo que constituiriam os esforços desnaturados de alguns para
satisfazer as exigências de seu ego fascinado pela falsa grandeza
de aparecer mais, uma vez que, se cada um é diferente do outro no
caminho tradicional, todos são iguais em relação ao
que é preciso adquirir. Mas aí fica o limite de nosso papel,
pois a perpetuação de uma tradição é
a vigilância quanto à sua pureza e à sua impessoalidade;
esta é a única mola propulsora daqueles que, por um tempo,
são investidos de uma responsabilidade para com essa tradição.
Ora, há, no campo da educação, uma aceleração
que, em última análise, constitui a maneira de ser do A...,
e que, no contexto geral, tem por objetivo fazer avançar a compreensão,
de tal forma que se torne um contrapeso eficaz para o início defeituoso
da nova etapa de que se tratou anteriormente.
Em
alguns meses, no plano educativo, já foi realizado um avanço
importante. A partir das bases antigas em evolução, foi obtido
um progresso. Cumpre, portanto, no que se refere às ordens tradicionais
– o resto nos diz respeito – que, desde já, seja dada
mais luz àqueles que estão em seu seio. Não poderia
ser uma questão de diferenciar os estados de cada um. A Luz deve
vir para todos. Ela será recebida e compreendida por aqueles que
a podem receber, e os mais humildes são, na realidade de seu ser,
com freqüência, mais adiantados que aqueles cuja ilusão
tão grande é de se supor mais beneficiados.
Viena
Tudo
o que é exterior ao homem só é percebido e interpretado
pela sua consciência através dele próprio e das aquisições
que o condicionam, pois assim é construída a natureza humana!
Mas, acontecimentos são acontecimentos e fatos são fatos!
Despoje-os, se quiser, das circunstâncias emocionais que impregnam
seu desenrolar! Faça abstração da maneira como são
relatados, da personalidade e do estilo do autor, e veja – você
só – face aos fatos e acontecimentos assim desnudados, o apelo
que têm sobre você e a luz nova que podem lançar em seu
caminho. Uma ficção para você? Que importa se a parábola
é rica de promessas para sua compreensão e sua reconciliação?
Todas
as Mansões Secretas da Rosacruz são do mesmo grau porque todas
abrigam seres que atingiram o mesmo estado pela mesma Via Iniciática
exterior – a da Tradição Rosacruz. Existem Doze Mansões
Secretas da Rosacruz, e cada uma delas abriga Doze Membros. Reunidas, estas
Mansões, pelos cento e quarenta e quatro seres que as habitam, constituem
o Templo do Espírito Santo, ou o 'Collegium Sancti Spiriti', ou,
ainda, o Invisível Colégio da Paternidade Invisível
da Rosacruz. A sala onde você foi recebido ao chegar é um símbolo
do que representamos. Lá não se realiza qualquer ritual além
da aplicação da lei Cósmica concretizada pelo símbolo
da Luz e do Fogo. Esta sala – chamada Templo do Espírito Santo
– simboliza nosso Colégio. Ela é sua marca tangível,
o reflexo do Universo, e você notará o emprego da palavra reflexo,
diferente do de réplica, com tanta freqüência utilizado
erradamente para caracterizar o microcosmo humano.
O
homem, com efeito, não é um universo em miniatura no sentido
próprio do termo; ele é a aparência objetiva de uma
realidade permanente e estável. É a medida do que pode compreender
e expressar da realidade em que se move. É por isto que ele não
é, em si mesmo, uma realidade, mas somente um reflexo, às
vezes ilusório, do real.
Em
nosso Colégio, somos, portanto, irmãos pelo conhecimento e
pelo êxito dos trabalhos empreendidos em nós mesmos. Não
somos regidos por qualquer juramento, qualquer estatuto e qualquer regra,
pois estamos além de qualquer juramento, de qualquer estatuto e de
qualquer regra. Nossa única obrigação é a disciplina
hermética que observamos voluntariamente. Não temos qualquer
marca exterior de reconhecimento. De que nos serviria ela, uma vez que estamos
à altura de nos reconhecer imediatamente?
As
Doze Mansões Secretas têm, cada uma, uma razão de ser
particular e definida. Cada uma está ligada a uma disciplina determinada
da Tradição Rosacruz em seu todo, o que significa que há,
nessa Tradição, doze caminhos, ou ainda que o postulante,
para poder tirar proveito da Técnica Rosacruz, deve possuir uma nota
interior afinada com uma das Doze Notas que constituem o Teclado da Formação
Rosacruz. Isto significa também que a Tradição Rosacruz
compreende Doze Caminhos ou características dentro da mesma organização
visível exterior e que, a partir do mesmo ensinamento, da mesma técnica
ou método, doze resultados podem ser obtidos, correspondendo todos,
em última análise, ao estado final do Rosacruz... Quem quer
que esteja pronto para o Caminho Rosacruz possui, latentes, as Doze Notas
ou Qualidades, mas, pelo jogo da evolução, é por uma
Nota – sua Nota – que deve prosseguir em seu desabrochar.
As
Doze Notas estão de tal modo afinadas entre si que a progressão
de uma Nota acarreta, por assim dizer, a progressão harmoniosa das
outras onze, ainda que estas não estejam despertas, e isto mostra
a unidade subjacente em que se encontram os postulantes que avançam
pelas Doze Portas de uma mesma Morada. E assim, cada uma das Doze Mansões
representa uma Nota. Ela abriga realizados que atingiram o grau de Rosacruz
através da Nota que ela exprime. Além disso, em cada Mansão
os Doze Adeptos representam igualmente, cada um, uma Nota ou Caminho –
a Nota ou Caminho que foi sua característica em sua evolução
até o último grau a que ele chegou. Não há,
assim, qualquer separação entre as Mansões, mas, sim,
ao contrário, uma completa harmonia.
Para
nós, não há mais personalização. Devemos
incorporar nossa Nota e o fizemos. Cada um de nossos nomes especifica, assim,
nossa condição ou a característica particular de nossa
qualidade de Rosacruz. Entretanto, entre nós, não há
qualquer diferença! Cada característica é igual às
outras, pois, em todas as coisas há unidade e similitude.
Não
é impossível chegar à condição de Rosacruz,
pois o número de Rosacruzes não é limitado a cento
e quarenta e quatro. O que é reduzido é o número de
Mansões Secretas e aqueles que as constituem. Ora, estas Mansões
são como o Coração do Corpo Maior dos Rosacruzes. Elas
são, de certa forma, o elemento que vivifica este Corpo e que o controla.
Ninguém atinge a condição de Rosacruz sem que sejamos
informados e sem que isto fique registrado ou, por assim dizer, que reconheçamos
que é assim...
A
Corporação Maior dos Rosacruzes! Grande, é lógico,
em relação ao nosso pequeno número, este pequeno número
que fez com que alguns, pouco informados, acreditassem na inexistência
dos Rosacruzes ou em seu número ainda mais ínfimo! O maior
número, não lhe direi quantos são, é constituído
pelos trabalhadores dispersos no mundo, por estes isolados que foram consagrados
por seus trabalhos secretos e que, pela experiência, chegaram ao Grande
Estado. Todos são, conosco, irmãos pelas obras, pelos atos,
pela descoberta e pela verdadeira ciência. Façamos uma analogia:
a organização exterior compreende um vasto conjunto de membros
dispersos sobre a Terra e um corpo reduzido de responsáveis reunidos
em pontos determinados. O mesmo ocorre com aqueles que se reconhecem em
seguida somente pelo seu estado. Eles estão sobre a Terra inteira,
pouco numerosos, é verdade, em comparação com a massa
de aspirantes, e, em pontos só por eles conhecidos, têm suas
Mansões, essas Mansões cujo papel, no entanto, ultrapassa
a corporação dos Rosacruzes para se estender ao grupo mais
vasto dos rosacruzes. Entretanto, onde quer que se encontrem, sejam quais
forem suas ocupações no mundo, e sejam suas responsabilidades
grandes ou comuns, eles estão ligados a nós, à Mansão
que corresponde à sua Nota, por laços que são mais
do que psíquicos, pois, com todo o seu ser verdadeiro, eles vibram
com seus pares. São os verdadeiros Superiores Desconhecidos, desconhecidos
do mundo, não reconhecidos por ele e ignorados de todos quanto ao
que são, pois, mergulhados no silêncio, não procuram
nenhuma demonstração e são homens entre os homens.
Não obstante, têm a faculdade de vir à sua Mansão,
se sentirem real necessidade, e um curto período de retiro permite-lhes
vencer a confusão ou mesmo a amargura que por vezes suscita a existência
permanente no oceano vibratório das massas perturbadas. De fato,
todos devem fazer, a cada três anos, um estágio de três
dias em sua Mansão e, a cada doze anos, um estágio de doze
dias.
Evolução...
O qualificativo mais mal escolhido para designar o objetivo da busca humana.
Evolução... Quando se trata somente de tomar consciência,
de despertar por dentro, de se voltar para si mesmo e de aí viver,
aí manifestar a essência que, através de nosso universo
pessoal, passará a ser nossa substância do mundo manifesto!
Como se poderia caracterizar em palavras um estado que nenhuma palavra poderia
conceber? Só a linguagem da consciência tomada é a experiência
dessa tomada de consciência, e quem quer que tenha passado por essa
experiência sem retorno reconhece que a conheceu também sem
que uma palavra tivesse sido trocada. A linguagem do homem não é
mais nossa linguagem, o mundo do homem não é mais nosso mundo.
A cor fica ultrapassada quando a luz é conseguida, mesmo que a luz
encerre nela toda a cor. Vejamos... Como sugerir o que é impossível
de explicar? Olhe, nós somos o Branco, não ainda o Vermelho,
e no entanto o Branco e o Vermelho são os dois lados da mesma realização.
Assim, porque somos o Branco, temos acesso ao Vermelho mas, por nossa
própria escolha, recusamos essa possibilidade para continuar nosso
Serviço no nível que é agora o nosso. Digamos que
o Vermelho, a rubificação, é o estágio daqueles
que você chama de Mestres Cósmicos. O Branco, nossa qualificação,
é o estágio ou estado de Rosacruz. Assim fica situado nosso
nível e, no prisma do mundo, este nível, esta luz difunde-se
em doze cores: sete fundamentais e cinco complementares, das quais duas
são matizes e três diferentes, incluindo ao mesmo tempo o conjunto
das outras. Evidentemente, é por esta difusão que o aspirante
se eleva por degraus à Luz do Branco... São as Doze Notas
do Teclado, os Doze Caminhos ou Características Exteriores e, sendo
tudo síntese e harmonia, cada Caminho deve, para ser eficaz, compreender
Doze Degraus representando as sete, duas e três cores. Assim se propaga
ao infinito a Lei das Similitudes, pois o que está no alto é
como o que está embaixo, mas também porque o que está
dentro é como o que está fora. Daí a analogia e a unidade
sob a diversidade do esoterismo e do exoterismo. O Branco encerra todas
as cores e todos os Caminhos; o que emana do Branco, o que ele difunde,
sua reação aos impulsos internos de suas cores, tudo isto
constitui o fundamento mesmo das tomadas de consciência individuais
ou, se você prefere a palavra, da evolução. O que se
passa em nosso estágio de pensamento, o que forma a Obra que assumimos,
age sobre o total dos graus ou estados inferiores. É por isso que,
a partir dos mesmos elementos operativos, a partir de um formalismo constante,
e de um ritual ou de uma iniciação exterior, por exemplo,
uma realização maior e mais rápida pode ser alcançada
se isto for considerado necessário, levando em conta o plano universal
do qual o Vermelho, o nível dos Mestres Cósmicos, é
o regulador para o que tem relação, digamos ainda uma vez,
com a evolução humana ou com o seu resgate... (Grifo
meu).
Tudo
está ligado tanto no céu como na Terra, e mesmo abaixo dela.
Tudo age tanto em um sentido como em outro, em um perpétuo movimento
de onde explodem vida, pensamento, amor e cada sensação ou
sentimento.
Tudo
Está Ligado
Lisboa
Nestes
tempos dolorosos que o mundo atravessa, em direção a problemas
ainda mais difíceis, embora diferentes daqueles encontrados durante
a Era agora terminada, os Rosacruzes devem prosseguir sua missão
de Vigilantes Silenciosos e, com todo o seu poder, na qualidade de conclave
invisível, contribuir para o sucesso da Grande Obra. Na forja, no
cadinho deste mundo, tornarão a cair, numerosas, as escórias
que servirão a outras estruturas para um procedimento diferente,
levando, mais tarde, não obstante, quando chegar o momento, à
mesma finalidade.
Os
pólos que constituímos nos lugares respectivos em que nos
reunimos em conclaves de doze, naturalmente, não são escolhidos
ao acaso! São centros de força situados em pontos precisos
e ligados entre si de uma maneira que só o conhecimento oculto permite
compreender. Nos lugares onde se encontram nossas Mansões, há
uma conjuntura de forças entre o alto e o baixo, entre a potência
que emana da Terra e a que se concentra sobre ela a partir do Universo superior.
Explicando melhor: para usar uma imagem, duas polaridades derramam sobre
esses locais o clarão permanente de energia que empregamos no cumprimento
de nossa missão, mantendo entre nossos doze centros o nível
vibratório necessário e dirigindo, em nossos trabalhos coletivos,
nos de nossa casa particular e também individualmente, de acordo
com nossa função própria, esta energia sobre a manifestação
visível da Rosacruz ou, melhor dizendo, sobre os degraus exteriores
que levam à invisível Fraternidade formada pelos realizados
da Rosacruz. Isto é muito importante, pois a Obra Rosacruz temporal
participa desta energia por nosso intermédio, e esta é, em
verdade, uma das fases mais consideráveis de nosso Serviço.
Nós
podemos trabalhar, a partir das Altas Esferas em que moramos – Altas
Esferas em razão
do que representam e pelo ponto em que se encontram. Cada um de nós
possui, digamos, um título correspondente à função
que assume ou, o que é mais claro, à qualidade de seu Serviço
individual. Mas o título não é permanente. Melhor dizendo,
opera-se um rodízio segundo um ciclo de três anos. Sou atualmente
o Pai Rosenkreutz. Um outro o era antes de mim e terei um sucessor. O antigo
Pai permanece entre nós. Ele assume a missão que vagou por
causa do rodízio que se operou quando da minha tomada de função.
Farei o mesmo quando for o momento. Não há, efetivamente,
em nosso nível, uma hierarquia. Somos pares. Só a qualidade
da missão a ser cumprida nos diferencia. Cada qual está no
seu lugar e não é possível uma missão invadir
o campo de outra. O Pai, como função, representa o centro.
Fica, assim, no Coração do Santuário e é, numa
Mansão, o ponto focal do encontro da energia do alto e de baixo.
Assim, a conjunção que se opera nas altas esferas encontra
sua primeira manifestação no Pai Rosenkreutz e através
dele. Nenhum dos doze teria, certamente, a idéia de interferir nesta
força da missão do Pai, quando não assume essa missão.
Uma vez a realização consumada e a absoluta compreensão
adquirida, uma tal tentação não existe mais. Mas tudo
se reproduz ao infinito em direção ao alto, assim como para
baixo, e esta situação repercute no plano do manifestado onde
opera a inelutável Lei da Hierarquia.
Neste
estágio temporal, a tentação ainda existe. Ela é
insidiosa e se reveste de muitas formas. Ora, em todos os escalões
encontra-se a mesma noção de força e, dado o que representa
esta força, é certamente útil que cada qual tome, aí,
consciência de sua responsabilidade própria e de seus limites
em relação à dos outros, no quadro reconhecido e aceito.
O risco seria grande, tanto para um quanto para outro, de ir além
de sua missão individual. Mais cedo ou mais tarde, um passo a mais
acarretaria a reação fatal, irresistível, inelutável.
Há uma correspondência rigorosa em todos os escalões,
em todas as condições e em todas as situações
da marcha do homem, depois oculta ou mística, no sentido da Iniciação
Rosacruz. Assim, a correspondência é válida ao nível
do indivíduo, da família e da coletividade, exatamente como
no nível do adepto, da assembléia oculta ou mística
e de uma Ordem consciente, reconhecida e mantida do alto por nós,
como é o caso daquela de que você é membro...
Em
certas circunstâncias críticas – uma mudança de
ciclo, um ajustamento da busca Iniciática exterior a um grau mais
elevado, por exemplo –
os Doze que então preenchem a missão de Pai reúnem-se
em um centro que poderíamos qualificar de supremo. Este centro é
aquele mesmo para o qual, há séculos, se retiraram os Rosacruzes
e de onde inspiraram o Esforço Rosacruz durante um longo período,
antes de reiniciar, chegada a hora, sua ação nas altas esferas
que foram escolhidas. Nesse Centro Supremo, para sempre no Oriente, ficam
permanentemente Dois Sábios, os dois maiores que nosso mundo tenha
engendrado. Eles chegaram a este estágio de Absoluto através
das Peregrinações humanas. São Rosacruzes no sentido
infinito desta qualificação, e todos os Rosacruzes, por intermédio
de suas Doze Mansões, a Eles estão ligados. Eles também
nos consideram como seus pares, mas nós os reconhecemos como nossos
superiores. Estes Dois Mestres encarnam, ou antes, veiculam, cada um, uma
polaridade. Cada um reflete a Unidade, manifestando-A sob uma dupla polaridade,
operando essa dupla polaridade como uma força sob uma de suas fases
somente. Assim, tanto um quanto outro Sábio é completo em
si mesmo e, no entanto, na ação oculta, um é complementar
do outro. Este é, se quiser, a Androginia no sentido mais
puro do termo. Esses dois Sábios formam o Centro Supremo. O lugar
em que se encontram, tanto quanto eles próprios, constitui o que
poderíamos chamar a Alma da Terra, ou ainda, o ponto onde penetra
a Energia Universal que dá vida à Terra e a seus diversos
reinos, inclusive o homem. A esse respeito, é lá que se encontram
o começo da Terra e seu fim... Mas não posso ir mais longe
nestas explicações sem correr o risco de dirigir seus pensamentos
em uma direção errada. Creio que esta revelação,
feita pela primeira vez, é suficiente em si própria e não
se deve tornar um objeto de interpretação ou de discussão.
É somente do interior que ela pode ser perfeitamente compreendida
e apreciada. (Grifo
meu).
Nossas
Mansões são ligadas ao Centro Supremo, como são ligadas
entre si, e cada um dos Doze de cada Mansão está ligado aos
dois Sábios. A partir do Centro Supremo, vem o suporte e a vida que
dinamiza, por assim dizer, a energia recebida e empregada, e sob esta complexidade
aparente, há unidade de ação, há unidade mesma
de todas as coisas – uma unidade que só se diversifica para
melhor agir e atingir seu objetivo. Deus geometrizou verdadeiramente, e
o mecanismo universal é perfeito, do infinitamente grande ao infinitamente
pequeno e em todas as fases do visível e do invisível.
Teorema
de Pitágoras
Nossa
Grande Obra deve ser conhecida por todos aqueles que encetam o Caminho,
a fim de que tomem consciência da importância de sua busca e
de sua responsabilidade, pois não é mais o tempo dos mornos
ou desses pretensos pesquisadores místicos que só procuram
a satisfação de sua própria contemplação,
e que, ousando julgar tudo, esquecem de se julgar a si próprios.
Alguns dizem amar! Escute-os, veja-os! Amar é uma coisa muito diferente
de sua inconsciente introversão ou de sua falsa compreensão
da caridade. Há muitos chamados, poucos eleitos e os eleitos não
são necessariamente aqueles que o supõem ser. A massa aumentará
ainda, mas a escolha, em cada etapa, será mais rigorosa. Certamente,
ninguém, na Vida da Iniciação, será um perdedor,
pois, àqueles que já têm, ainda mais lhes será
dado. Entretanto, o fardo será mais pesado para quem não
sabe nem se sobrepujar nem ver além das aparências, quer se
trate de coisas ou de seres. Nada existe em uma Ordem, seja ela qual for,
nenhuma responsabilidade é assumida, nenhuma estrutura é permitida
e nenhuma função é preenchida sem nosso assentimento
e nosso apoio. Cada um está em seu lugar como nós mesmos estamos,
e essa é a Lei – uma Lei contra a qual ninguém pode
fazer nada, a não ser fazer-se em pedaços e naufragar nas
quimeras de esperanças malogradas, com tudo o que isso implica de
dores e, mais tarde, de arrependimento. (Grifo
meu).
Madri
Que
um raio brilhe da Unidade...
Vahos
+ A nostro + Noxis baï gloï... A Comunhão é uma...
Todas
as Mansões Secretas da Rosacruz se parecem em sua disposição
interior, sendo cada uma, nesse sentido, a réplica da outra, mesmo
que as dimensões sejam diferentes, como também o pode ser
a decoração...
Para
nós, é comovente revelar a extraordinária engenhosidade
de que o homem dá provas para reencontrar seu estado original. Tudo
foi, é e será eternamente em Deus. O homem está eternamente
em Seu seio. Ele o foi, ignorante de si próprio, sem consciência
de o ser, inerte, por assim dizer. O 'Fiat' corresponde à sua primeira
separação, isto é, a uma tomada de consciência
e de individualidade bem precária que o Verbo [Verbum
Dimissum et Inenarrabile] alarga em uma separação
cada vez maior, até alcançar uma manifestação
aparentemente independente que existe por si própria e se multiplica
no esquecimento de suas origens e na nostalgia de um estado que acreditava
perdido. Ao mesmo tempo, desenvolvia-se a consciência a uma percepção
mais aguda, ainda que indefinida, de um inevitável retorno. O objetivo
era, pois, pressentido. A suposta separação voltaria a ser
Unidade, mas uma Unidade consciente, em que o estado original seria recobrado
no conhecimento deste estado. Eis o objetivo da encarnação.
O
homem, em sua realidade, jamais deixou o lugar que ocupava em Deus. Jamais
perdeu seu estado original. Ele é tal qual foi eternamente, mas,
sob a injunção do 'Fiat', partiu em um sonho, do qual despertará
realizado, isto é, consciente. 'O Círculo estará fechado,
a Obra terminada e a Fusão perfeita'. O que cumpre chamar de Caminho
do Despertar reveste-se de múltiplas formas de graus infinitos, desde
a simples esperança individual até o progresso comunitário
em que o indivíduo se alimenta para expandir sua consciência.
Cada qual transpõe cada estágio até a etapa final,
que compreende Doze Caminhos.
Seria
por demais demorado entrar em detalhes a propósito daqueles raros
que, em tempos remotos, alcançaram o píncaro. É preciso
render homenagem a seu santo mérito, pois são eles que, tendo
reconhecido o objetivo, interromperam seu esforço final para voltar
sua atenção para a planície onde serpenteava, em sua
busca, a vasta coorte humana. Eles se reuniram, então, para conjugar
seus esforços. Foram os primeiros Vigilantes Silenciosos, reunidos
na primeira Domus Sancti Spiriti. E é neles que têm suas raízes
profundas as primeiras comunidades, das quais emanaram, em seguida, escolas
de mistérios, fraternidades e comunidades de todas as tradições.
São eles que as inspiraram para evitar, ao homem, as provas da rude
procura isolada que foi a deles. Inspiraram a idéia e só a
idéia, e o homem, sobre esta idéia, edificou seus sistemas
e suas técnicas. Por isto, não hesitei em louvar sua admirável
engenhosidade. (Grifo
meu).
Foi
assim que, pouco a pouco, constituiu-se a Iniciação em continentes
desaparecidos, que uma transmissão se operou em outros lugares e
que os métodos se aperfeiçoaram para constituir, um dia, um
conjunto válido, sujeito simplesmente, em seus detalhes, às
flutuações do tempo e do espaço. O que fizeram aqueles
que dissimularam sua personalidade verdadeira sob o nome de Christian Rosenkreutz,
foi partir em busca das múltiplas formas da Iniciação
autêntica, cada um seguindo um itinerário preciso. Depois,
os Christian Rosenkreutz se reencontraram, reuniram suas descobertas e delas
resultou a Técnica Rosacruz e os Doze Caminhos. Assim, pode-se dizer
que toda a Iniciação antiga encontrava-se, desde então,
reunida, sintetizada, nos Doze Caminhos. A história simbólica
de Christian Rosenkreutz, isto é, os Doze Personagens que esta denominação
particular encobre, é, portanto, capital na busca iniciática,
pois constitui o ponto de partida de um novo ciclo. Ela é o início
de um novo triângulo que recolheu todo o passado para uma viagem de
nível mais elevado... Estes Doze formaram a primeira 'Domus Sancti
Spiriti' deste continente, e cada um deles, em seguida, determinou ou projetou
os Doze Centros onde deveriam se estabelecer, em seguida, as outras Mansões
Secretas. É por esse motivo que os Doze fundadores do novo ciclo
são para sempre, para nós, os Primeiros Rosacruzes. Cada Mansão
Secreta leva o nome de um deles, e zela, assim, por sua herança,
no caminho que apresentou em sua busca e que a assembléia original
lhe atribuíra. Todos são, por assim dizer, os Santos Chefes
da Rosacruz, e tudo o que foi realizado mais tarde tem neles sua fonte.
Só o maior deles, depois
do Périplo Sagrado, manteve o título de C.'. R.'. C.'.,
mas
todos, no princípio, foram, repito, Christian Rosenkreutz.
Jacob
Boehme, Paracelso e outros, muitos outros, pelo menos mais numerosos do
que geralmente se reconhece, foram Rosacruzes entre aqueles que cumpriam
sua missão neste mundo, sujeitos às suas exigências
e respeitando suas leis cotidianas. Foram todos encarregados de um trabalho
particular para a Mansão Secreta à qual estavam ligados e,
embora suas obras fossem exteriormente conhecidas, são as Mansões
Secretas que detêm sua Chave verdadeira. Isto, aliás, não
é um fato do passado. Mesmo em nossos dias, é assim. Existem
acontecimentos, realizações ou atos que ofuscam o homem a
tal ponto ou que, o que dá no mesmo, parecem-lhe integrar-se tanto
no quadro atual, que ele não reconhece como excepcionais ou de um
valor mais alto. Basta, porém, abrir os olhos. Na base de tudo, há
um elemento desconhecido. Entre tudo, há um vínculo, um fio
condutor. A Unidade, inclusive aquela que representamos, age na diversidade
aparente. A busca é simples, o objetivo está próximo,
mas o homem está adormecido e se atormenta na pior insipidez. Veja-o,
em estado de beatitude diante de pretensos mestres que se enganam a si mesmos
na contemplação de imaginários poderes! Veja-o chamar
esses homens de sábios e a se entregar a uma devoção
pessoal que prejudicará seu desenvolvimento até que ele desperte!
Veja-o, enfim, procurar sua própria fantasia e seu próprio
sonho sob a máscara com que ele reveste o conhecimento ao qual aspira!
Mas é preciso atravessar esta etapa, e o ritmo é sempre igual
a si mesmo. Não existe qualquer atalho. É todo inteiro que
o caminho da Iniciação deve ser percorrido...
Nenhum
de nós manifesta poderes particulares; o que não significa
que não os tenhamos. Mas a condição de Rosacruz não
implica seu uso constante. Ser Rosacruz é ter adquirido uma maneira
de ser, de pensar e de agir, pois pensar e agir são uma só
e a mesma faculdade. O pensamento anima o ser e torna-se ação.
Isto é o verdadeiro poder, pois se resume no emprego da energia única
em condições diversas, e este emprego é voluntário,
em parte. Ele é a conseqüência imediata do nível
que alcançamos. É o próprio estado, e esse estado é
o absoluto do conhecimento. Ora, pelo que constituímos, quem quer
que se ponha em harmonia com um grau qualquer do caminho que leva a nós
está, conseqüentemente, em harmonia conosco e, através
de nós, com o sublime de que nos tornamos um receptáculo privilegiado.
Por conseguinte, não há, em nenhum dos Doze Caminhos, neófitos
ou adeptos adiantados. Uma tal distinção não existe.
Há simplesmente harmonia ou ruptura dessa harmonia. A harmonia mantida
pelo estudo sincero significa contato e leva ao despertar, porque uma conexão
é então estabelecida com nosso plano. O Rosa+Cruz é,
neste caso, um verdadeiro Rosacruz em potencial. A ruptura da harmonia significa
interrupção do contato e desenvolvimento unicamente do eu
intelectual e de suas miragens. A ruptura, bem entendido, é devida
à exaltação do eu sob suas formas insidiosas, inclusive
a da dúvida... Mas o que eu quis principalmente ressaltar, nestas
observações anexas, é o laço permanente e individual
que existe entre nós, Rosacruzes, e cada rosacruz, desde que este
demonstre uma sinceridade verdadeira e uma real aspiração.
Neste caso, ele goza de nosso influxo e jamais está só...
(Grifo
meu).
Kut-Hu-Mi
é um dos maiores entre aqueles conhecidos como Mestres Cósmicos.
Kut-Hu-Mi, porém, está particularmente ligado ao Caminho Rosacruz
e é o nosso Hierofante. É o intermediário entre o Plano
dos Mestres Cósmicos e o nosso. Ele é de outro Plano, mas
está na interseção dos dois Planos. É um porta-voz
nos dois sentidos, ao mesmo tempo guia e guardião. Na Pirâmide
Rosacruz total, ele é o cume.