RUBAIS
Rodolfo
Domenico Pizzinga
Não
importa se você gosta,
ou se,
por acinte, desgosta;
o que
eu não posso deixar
é
minh'alma virar u'a bosta.
Muitas
vezes, já lhe convidei;
fazer
mais, não posso, não sei.
não
o obrigaria por decreto-lei.
Muitas
vezes, eu lhe disse:
—
É medonho o disse-não-disse.
É tão ruim como calo na
bunda;
e é igualzinho a disse-me-disse.
Vê
se pára com essa fofoca
de zoar
de quem come pipoca.
Quero
ver vossência mofar
de
um rufião seco-na-paçoca!
Quem
ridiculariza homossexuais
O certo
é que, no tempo conveniente,
lamentará
em meio a mil e um ais!
Quer
ajoelhar? Então, ajoelhe.
Quer semelhar?
Então, semelhe.
E faça
o quarto verso deste rubai;
eu não
sei versejar com elhe!
—
Queres
Nascer? Bebe o Vinho!
—
disse o Bom Pequenininho.
Mesmo
indigno, resolvi beber.
E vi que
nunca estive sozinho.
—
Queres
Nascer? Divide o Pão!
—
disse a Voz do meu Coração.
Hoje,
nada quero; divido tudo.
E perdi
o medo da
escuridão!
Ai
daquele que esconde;
não
verá passar o bonde!
Viverá,
morrerá e renascerá
sem saber
o porquê e donde.
Um
dia, a Lua perguntou:
— Ó Sol, diz aí: afinal,
quem eu sou?
Já hospedaste a Humanidade —
disse
o Sol —
mas este tempo voou!
Oh!,
como era bela aquela manhã!
Ao meu
lado, surgiu Omar Khayyam!
Por que esperas?
— perguntou o sábio.
Poderás não chegar a ver
o amanhã!
Vi
um certo amanhã sombrio;
nem era
quente, nem era frio.
—
O que temes? — perguntou Omar.
O Universo está sempre no cio!
Querer!
Vir-a-ser!
Calar!
Ser!
Talvez...
Quem sabe... Ou...
Em Eu-sou
transmutei o não-sou.
Perdi
o
medo; não tenho mais dúvida.
Contudo,
a Obra apenas começou!
Não
se infecte nem se zangue;
não
envenene o seu sangue.
como um
cheque bumerangue!