MORRIS WEST
(Pensamentos)

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Morris West

Morris West

 

 

 

Objetivo da Pesquisa

 

 

 

Esta pesquisa oferece para reflexão alguns pensamentos do escritor australiano Morris West (26 de abril de 1916 – 9 de outubro de 1999). Talvez, as suas duas obras mais importantes tenham sido O Advogado do Diabo e As Sandálias do Pescador.

 

 

 

 

Breve Biografia de Morris

 

 

 

Morris West

Morris West

 

 

 

Morris Langlo West nasceu em St. Kilda, Victoria, na Austrália. Foi o primeiro de seis irmãos. O pai era caixeiro-viajante, e a mãe, uma irlandesa católica. Formou-se em 1937 na Universidade de Melbourne e trabalhou muitos anos como professor. Passou doze anos de sua vida em um mosteiro, mas não chegou a se ordenar padre. Em seus livros, Morris revela interesse pelo Catolicismo romano, falando, inclusive, de muitos papas, e revela também um interesse particular pela política internacional.

 

Apesar de ser um católico praticante, até morrer Morris não deixou de criticar posições da Igreja das quais discordava. Muitos de seus romances tratam de papas, das intrigas internas do Vaticano e de como o poder do Catolicismo se alastra pela política internacional. Seus romances estão repletos de ambivalências morais, mostrando que a separação entre o bem e o mal quase nunca é nítida, e que, às vezes, é preciso cometer o mal por um bem maior. O autor também abordou o tema da corrupção interna dos princípios das pessoas frente à tentação, e a partir de que ponto é moralmente aceito revidar com violência quando a violência é utilizada contra você.

 

Morris West morreu em 9 de outubro de 1999, vítima de um ataque cardíaco, sentado à secretária enquanto escrevia a sua Última Confissão, uma homenagem ao teólogo, filósofo, escritor e frade dominicano italiano Giordano Bruno (1548 – 1600) – que foi queimado como herege por ter ousado pensar.

 

 

 

 

Livros

 

 

 

As Sandálias do Pescador
A Salamandra
O Advogado do Diabo
Arlequim
Concubina
O Embaixador
Os Fantoches de Deus
A Filha do Silêncio
Fora de Série
O Herege
Kundu
Um Mundo Transparente
O Navegante
O Preço da Honra
Proteu
A Torre de Babel
O Milagre de Lázaro
A Segunda Vitória
A Estrada Sinuosa
Filhos das Trevas
Forca na areia
O Mestre de Cerimônias
Ponto de Fuga
Terra Nua
O Verão do Lobo Vermelho


 

 

 

Pensamentos de Morris

 

 

 

Custa tanto ser uma pessoa plena, que muito poucos são aqueles que têm a luz ou a coragem de pagar o preço... É preciso abandonar por completo a busca da segurança e correr o risco de viver com os dois braços. É preciso abraçar o mundo como um amante. É preciso aceitar a dor como condição de existência. É preciso cortejar a dúvida e a escuridão como preço do conhecimento. É preciso ter uma vontade obstinada no conflito, mas também uma capacidade de aceitação total de cada conseqüência do viver e do morrer.

 

Quem não conheceu a dignidade da privação nem a gratidão de um sofrimento compartilhado talhou a própria cruz; faltou tempo para o amor.

 

É desta forma que morrem as cidades e também os impérios. Não morrem geralmente de cataclismos esporádicos, como a guerra, os terremotos, o fogo e as inundações, mas morrem, sim, do lento abandono vital dos membros em prol de uma intensificação da vida em redor do pequeno coração palpitante, cujos ventrículos são o mercado, os estabelecimentos, as tabernas, a igreja. O coração acaba também por morrer, tempos depois, visto que, quando os membros morrem, o corpo fica imóvel e inútil e a vida se transforma em uma repetição de palpitações sem razão de ser, uma verdadeira perda de energia e um movimento que não conduz a futuro algum!

 

Diga que ama, o tempo todo, até que acredite, no fundo do seu Coração, que é verdade.

 

Deixem os jornalistas escreverem o que quiserem durante o mesmo período de tempo e a verdade será enterrada sob uma montanha de palavras. É por isto que ninguém aprende as lições dadas pela História. A História, de resto, já não existe; não passa de colunas quebradas e de fragmentos dispersos pelo mundo. Todo o resto são comentários e opiniões facciosas.

 

Jovens desassistidos são previsíveis. Não trabalham, amadurecem no ócio, casam cedo e procriam. Seus talentos são abafados pela luta brutal de sobreviver. A sociedade os condenam enquanto vivem e a assistência social os absolve quando viram estatística. O Estado arca com o peso de suas reproduções, fecundas e famintas como coelhos a devorar a última verdura da terra exaurida.

 

Um homem pode lutar contra todos os inimigos, menos os que vivem na sua própria casa.

 

 

 

 

A única vez que um homem parece ser maior do que a própria vida é após a morte. Todas as suas faltas já foram perdoadas. Ninguém mais o odeia ou critica; só lhe restam amigos. A pantomima sentimental do cemitério é sempre representada, mesmo que se trate da mais odiada das pessoas. O vadio mais humilde passa a ser respeitado quando está debaixo da terra.

 

Vai o mais longe que o teu talento e a tua ambição puderem te levar.

 

O homem tem toda a vida para colecionar todos os ensinamentos e conhecimentos deste mundo, mas conta apenas com poucos anos para reunir as recordações da sua primavera.

 

O homem é o animal mais triste do mundo. O ato que lhe dá o maior prazer é também aquele que o aproxima mais da morte.

 

O sacrifício só existe em face do risco.

 

O que é normal senão aquilo que satisfaz? O que satisfaz senão aquilo que é suficiente?

 

O perdão é sempre fácil de conceder. O mais difícil é ter a coragem de pedi-lo.

 

Psiquiatras e psicólogos são tentados a sentirem-se como deuses quando ouvem as misérias alheias. E os pacientes são tentados a converter o profissional em pai, mãe ou amante. Isto se chama 'transferência'.

 

Se você se tornar poderoso, que fantasmas sairão de seu calabouço?

 

A vida sem mistérios dispensa a fé.

 

 

 

 

Por maior que seja a sua queda, você jamais cairá das mãos de Deus. Talvez você precise se lembrar disto algum dia.

 

Homem: imperfeição passageira. Terra: símbolo pálido de seu Criador. Alma: coisa intangível a se debater fadigada em busca de libertação nos braços acolhedores de Deus.

 

Milagres e hecatombes mudam as leis da Física, não as mentes.

 

Quero ser amado por uma virgem e consolado por uma prostituta, porque cada uma delas, à sua maneira, me dá a ilusão de virtude.

 

Tudo o que não aconteceu é tolice. Mas, quando acontece, é melhor estar preparado. Não levo em conta o futuro até que o Sol se erga sobre um novo dia.

 

Se alguém gosta de se coçar, não nos agradecerá se curarmos a sua comichão.

 

O mais difícil para manter a liberdade é a liberdade de errar.

 

Eu não reclamo privilégio privado sobre a verdade; apenas liberdade para procurá-la, liberdade para melhorá-la em um debate e liberdade de estar errado mil vezes para chegar a um acerto único.

 

Fazia parte da decência da morte surgir sem se fazer anunciar – o rosto coberto e as mãos ocultas, em um momento em que era menos esperada. Vinha lenta e suavemente, como seu irmão, o sono ou, então, rápida e violentamente, como a consumação do ato do amor, de modo que o momento da rendição fosse uma quietude e uma saciedade, em vez da dilacerante separação do espírito e da carne.

 

Um trouxa nunca consegue duas oportunidades iguais porque não as merece.

 

Este é o terrível paradoxo: os humildes herdarão a Terra, mas os tiranos e os assassinos é que irão dirigi-la.

 

 

 

 

Devaneios do interrogador Piotr Ilyich Kamenev: Uma vez que você desmontou um homem sob interrogatório, uma vez que você pôs as peças sobre a mesa e depois as montou de novo, então, acontece uma coisa estranha: ou você o ama ou você o odeia pelo resto da vida. Ele, por sua vez, amará ou odiará você.

 

Mesmo um infiel sabe que esperar milagres, sem que procuremos nos ajudar, é um pecado.

 

Não há paixão em sua vida, meu filho. O senhor nunca amou uma mulher, nem odiou um homem, nem sentiu piedade por uma criança. Apartou-se demasiado tempo, e é, agora, um estranho no seio da família humana. Jamais pediu nada nem deu nada. Jamais conheceu a dignidade da privação nem a gratidão de um sofrimento compartilhado com ou trem. Eis aí a sua enfermidade. Eis aí a cruz que o senhor talhou para os seus próprios ombros. Aí é que começam não só as suas dúvidas, como também os seus temores, pois um homem que não pode amar o seu semelhante tampouco pode amar a Deus.

 

São mistérios aterrorizantes: a dor, a paixão, a morte e o grande 'talvez' do além.

 

Acho que a Igreja [...] está necessitando de uma reforma drástica. Penso que temos santos demais e pouca santidade, demasiadas cerimônias religiosas e ceticismo insuficiente, demasiadas medalhas de santos e remédios insuficientes, demasiadas igrejas e um número insuficiente de escolas.

 

Conhece-se uma árvore pelos seus frutos... Penso que é melhor proclamar uma nova política de justiça social do que um novo atributo da Santa Virgem.

 

Aquele era o mistério da Igreja: manter numa unidade orgânica humanistas como Marotta, formalistas como Blaise Meredith e idiotas como o calabrês, reformadores, rebeldes e conformistas puritanos, papas-políticos e freiras-enfermeiras, sacerdotes-mundanos e anticlericais devotos. Exigia inflexível assentimento a uma doutrina definida e permitia extraordinária divergência de disciplina. Impunha pobreza a seus religiosos; no entanto, através do Banco do Vaticano, agia nas bolsas de valores mundiais. Pregava o desapego pelos bens do mundo; no entanto, aumentava seus bens de raiz como qualquer companhia pública. Perdoava adúlteros e excomungava heréticos. Era áspera com os seus próprios reformadores; no entanto, assinava concordatas com aqueles que queriam destruí-la. Era a mais difícil comunidade do mundo em cujo seio se pudesse viver; no entanto, todos os seus membros queriam nela morrer, e o papa, um cardeal ou uma lavadeira recebiam com gratidão o viático das mãos do mais humilde sacerdote rural.

 

Nada se resolve brandindo os mandamentos, como um cacete, sobre a cabeça das pessoas.

 

Parece haver sempre enganos nas engrenagens da Criação. Nascem crianças com duas cabeças, mães de família saem a correr, loucas, empunhando facas de cozinha, homens morrem em epidemias, de fome e fulminados por raios. Por quê? Só Deus sabe.

 

O Coração tem razões mais profundas do que as que a maioria dos sacerdotes jamais imaginou.

 

Quero encontrar um lugar secreto e construir, se precisar, com as minhas próprias mãos, um abrigo. Quero lá viver sozinho com Deus, cuja Face já não posso ver. Quero dizer-Lhe: — Vê, estou perdido. A culpa é apenas minha, mas estou perdido. Se estás aí, fala-me claramente. Mostra-me quem sou, de onde venho, para onde vou... Há em minha testa algum sinal que não consigo ler? Se há, conta-me o que significa.

 

Ali estava um homem na escuridão, um homem que buscava, talvez, a verdade, mas que ainda não encontrara o seu Deus, e que não se entregara ainda à Sua Vontade.

 

Os países são como os homens e as mulheres, e o povo adquire o caráter do país em que vive. Cada país tem o seu pecado e a sua virtude especial. Os ingleses são sentimentais, mas, ao mesmo tempo, são duros e egoístas porque vivem em uma ilha e querem conservá-la para si como sempre o fizeram. São corteses. Têm muita justiça, mas pouca caridade. Quando lutam, lutam com tenacidade e bravura, mas sempre se esquecem de que muitas de suas guerras nasceram de seu próprio egoísmo e de sua indiferença. Os americanos são diferentes. São sentimentais e rijos, também, contudo mais simples do que os ingleses, porque são mais jovens e mais ricos. Gostam de possuir coisas, mesmo que não saibam, muitas vezes, de que maneira gozá-las. São, como todos os jovens, inclinados à violência. Podem facilmente ser enganados por belas palavras e coisas imponentes. E, com freqüência, enganam a si próprios, porque gostam de palavras sonoras, mesmo que não compreendam o seu significado. Os alemães são, por sua vez, diferentes. São muito trabalhadores, amantes da ordem e da eficiência, e muito orgulhosos. Mas há neles uma grosseria e uma violência que se desencadeiam com a bebida, com os grandes discursos e com a necessidade que têm de se impor.

 

Dê a um homem um dia de trabalho, barriga cheia à noite e uma mulher em sua cama, e ele jamais pensará no Dia do Juízo.

 

 

 

 

Deus é perfeito, e o homem, desde a sua queda, é imperfeito. Sempre haverá desordens, males e injustiças no mundo. Não se pode criar um sistema que modifique essas coisas porque os homens que o dirigem também são imperfeitos. A única coisa que dignifica o homem e o afasta da autodestruição é o fato de ser filho de Deus e de estar ligado, por laços fraternos, à família humana.

 

Quantos homens Cristo curou? E quantos deles estão vivos hoje? A obra é uma expressão daquilo que um homem é, do que sente, daquilo em que acredita. Se dura, se se desenvolve, não é devido ao homem que a começou, mas porque outros homens pensam, sentem e crêem da mesma maneira.

 

Todos se ajustam à mesma crença, a um modelo básico de penitência e devoção, à mesma progressão que vai da purgação à revelação, da revelação a uma união direta com o Todo-Poderoso no ato da prece.

 

Para o biógrafo, para o dramaturgo e para o pregador a personalidade de um homem é que é importante. Para a Igreja, para os teólogos e para os inquisidores meticulosos a importância reside em seu caráter como cristão — em sua semelhança com o protótipo, que é o Cristo.

 

Um homem deve pagar pelos seus próprios pecados; não pode tomar emprestado a absolvição a outrem.

 

Pode-se pecar; mas se peca dentro de um cosmos. É-se levado ao arrependimento pela simples ordem que nele prevalece. É-se livre dentro de um sistema, e tal sistema é seguro e consolador, contanto que a vontade esteja voltada para o primeiro ato de fé.

 

Quando indivíduos católicos têm ciúmes de descrentes como, não raro, ocorre, é porque o fardo da crença jaz pesadamente sobre eles e as coerções do mundo começam a ferir. Começam por se sentir enganados... Perguntam a si próprios por que razão um acidente de nascimento deva fazer da fornicação um pecado para uns e uma recreação de fim de semana para outros. Diante das conseqüências da crença, começam por lamentar a própria crença. Alguns acabam por rejeitá-la...

 

Mais cedo ou mais tarde, somos forçados a voltar ao primeiro ato de fé. E, se nos recusarmos a isto, estamos perdidos...

 

Sem fé, a gente é livre, e esta é, a princípio, uma sensação agradável. Não existem questões de consciência nem sujeições, exceto as sujeições impostas pelos costumes, pelas convenções e pela lei, mas essas são bastante flexíveis para a maioria dos propósitos. Só mais tarde é que chega o terror. É-se livre – mas livre em meio ao caos, em um mundo inexplicado e inexplicável. É-se livre em um deserto do qual não há recuo senão para dentro, para o âmago oco do nosso próprio ser. Nada há sobre que se construir, salvo a pequena rocha de nosso próprio orgulho, e isto é um nada, baseado em nada... Penso, logo sou. Mas quem sou eu? Um acidente de desordem indo para parte alguma...

 

Falou-me um bom homem e me tornei bom. Vi a criação no rosto de uma criança e acreditei.

 

A Igreja compreende a dúvida e ensina que a fé é um dom – um dom que não se adquire nem por meio da razão nem por meio de mérito. O Comunismo não admite dúvida e diz que a crença pode ser implantada como um reflexo condicionado. Até certo ponto tem razão, mas o reflexo condicionado não responde a perguntas, e as perguntas estão sempre presentes. De onde? Onde? Por quê?

 

É inverno. Os caminhos estão fechados diante e atrás de mim. Sou um prisioneiro neste pequeno mundo que construí. Posso apenas dizer: quando o caminho estiver desimpedido, farei o que se exija de mim. Mas o caminho nunca está desimpedido. Há apenas o momento presente, em que se pode viver com certeza. Por que razão temo tanto? Porque o arrependimento é apenas o começo. Há ainda uma dívida a pagar. Peço luz, rezo pela submissão, mas a resposta não é clara. Só posso prosseguir no presente...

 

O homem que faz o bem em meio à dúvida deve ter muito mais mérito do que aquele que o pratica à luz brilhante da fé.

 

Voltei de novo para a escuridão e rezo desesperadamente, apego-me ao primeiro ato de fé e digo: — Não posso compreender; mas creio. Ajuda-me a agarrar-me a isto! Se a fé pode remover montanhas, também pode abrir olhos cegos. Se Deus o quiser. Como posso saber o que Ele quer? Fala-me, ó Deus, pelo Teu filho... Amém...

 

Nasci na Fé, perdi-a, fui trazido de volta a ela pela mão de Deus. Se prestei algum serviço, fui levado a isto por Ele. Não me cabe, pois, mérito algum.

 

Tenho necessidade de Illuminação – uma grande necessidade mesmo.

 

 

 

 

 

 

A raiz do sofrimento humano, Sr. Amberley, é o sentimento de alheamento da ordem natural do Universo. O efeito do 'satori'1 é uma Illuminação da mente, de modo que a natureza do Eu e a natureza do do Universo se tornem finalmente claras, e se restaure o sentido da verdadeira Relação e da verdadeira Unidade.

 

O segredo da Vida, o segredo da sobrevivência e o segredo da melhoria estão no indivíduo e não na massa.

 

A vaidade é o pecado que o diabo mais gosta.

 

Quem já esteve lá, sabe como é; quem nunca esteve, não tem a menor idéia de como é a geografia do País do Amor.

 

Qual a minha opinião a respeito do homem? Que é um animal maldoso e, por vezes, louco também. Que pode ser melhorado, mas nunca, nunca atingirá a perfeição. Que a brutalidade o aviltará, e só o amor e o respeito e o perdão o podem enobrecer.

 

Não acredito nas disciplinas do medo. Fico constantemente chocado com os muitos que as acham aceitáveis.

 

Atire ao rio uma pedra que você considere linda. Ela ainda é bela, embora você não a veja. Será bela ainda, quando os peixes se tiverem esquecido dela, as plantas da água a encobrirem e ninguém mais, a não ser você e eu, souber que ela já existiu! Saber que vimos e que desfrutamos é saber que o poderemos fazer de novo.

 

O homem bom nunca vai suficientemente longe, e o mau sempre vai longe demais, de modo que ambos não atingem seus objetivos.

 

A morte é uma passagem, uma transformação. O ponto de partida para algo novo. É a fronteira entre o passado e o futuro. Muitas pessoas não evoluem porque ficam presas ao que eram, não se projetam para o que serão ou para o que desejam ser. Querem uma nova etapa sem abrir mão da forma como pensavam ou como agiam. Acabam transformadas em projetos inacabados, híbridos, adultos 'infantilizados'.

 

Para onde vou? Para onde me voltar? À semelhança de Moisés, sou chamado ao cume da montanha, para interceder pelo meu povo. Não poderei descer, até que me levem morto. Não poderei subir, até que Deus queira me chamar para Si. O mais que posso esperar dos meus irmãos na Igreja é que me amparem os braços, quando eu me cansar desta constante intercessão... E eis aqui os contornos de outro mistério que eu, chamado a despender tanto, me encontre tão pobre das coisas de Deus... Perdoai as nossas ofensas, como nós perdoamos a quem nos ofendeu, não nos deixeis cair em tentação e livrai-nos de todo o mal. Amém.

 

Todos os vestígios de todos os nossos ontens ainda estão conosco, e não há eventos como o amanhã. Tudo o que temos é o agora.

 

Vive-se um minuto depois do outro, vive-se uma hora, vive-se um dia. O futuro é o que se sonha. A realidade é o momento presente apenas, cada batida do coração.

 

Quando uma mulher fala que vai ser franca, o homem deve imediatamente sair correndo e se esconder atrás da primeira moita que achar.

 

O exemplo é uma lição que todos os homens podem ler.

 

Sob as preocupações e as canseiras da vida de todos os dias, a maioria dos homens morre lentamente.

 

Um homem morto é uma tragédia, mas um milhão de mortos representa mais do que o pensamento humano pode alcançar.

 

Existe um limite para o que o corpo e o espírito humano podem agüentar. Qualquer homem pode enlouquecer de terror, de sofrimento ou mesmo devido ao súbito contato com os males do mundo. Estes são casos extremos. Existem, contudo, milhares de degraus que descem para o vale da morte ou para as cavernas da loucura. A menor ferida deixa uma cicatriz nos tecidos. O menor choque deixa um risco na memória. As faculdades mentais são freqüentemente afetadas por causas insignificantes. Eu, por exemplo, posso curar um inválido, mas não posso fazer andar direito e sem muletas. Da mesma forma, também me é impossível fazer que a mente inválida pense direito.

 

 

 

 

 

 

 

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Nota:

1. Satori é um termo japonês budista para Illuminação. A palavra significa literalmente 'compreensão'. É algumas vezes livremente tratada como sinônimo de Kensho, mas Kensho se refere à primeira percepção da Natureza Búdica ou Verdadeira Natureza, algumas vezes conhecida como 'acordar'. Diferentemente do Kensho, que não é um estado permanente de Illuminação, mas uma visão clara da natureza última da existência, o Satori refere-se a um estado de Illuminação mais profundo e duradouro. É costume, portanto, utilizar-se a palavra Satori, ao invés de Kensho, quando referindo-se aos estados de Illuminação do Senhor Buddha e dos Patriarcas. Segundo o autor japonês de livros sobre Budismo Daisetsu Teitaro Suzuki (1870 – 1966), Satori é a raison d'être do Zen, sem o qual o Zen não é Zen. Portanto, todo o esforço, disciplinar ou doutrinal, é dirigido ao Satori.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://eliesercesar.wordpress.com/
category/literatura/prosa/contos/

http://www1.folha.uol.com.br/folha/
livrariadafolha/ult10082u634758.shtml

http://forum.valinor.com.br/
archive/index.php/t-2231.html

http://www.mundocristao.com.br/adicionais/O%
20Fim%20da%20Mem%C3%B3ria_site.pdf

http://littera-literal.blogspot.com/
2010/01/segunda-vitoria-morris-l-west.html

http://www.debatesculturais.com.br/
palavra-que-e-um-paradoxo/

http://www.cineeco.org/

http://citapense.blogspot.com/
2007_05_27_archive.html

http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/
espiritismo/artigo2000.html

http://frasesdefinitivas.blogspot.com/
2008/06/homem-ser-humano-humanidade.html

http://van-pensamentosvivos.blogspot.com/
2008/08/frases.html

http://observador.weblog.com.pt/
arquivo/003991.html

http://www.scribd.com/doc/
7051755/Morris-West-o-Embaixador

http://pt.wikipedia.org/wiki/Satori

http://livrosgratis.net/
ebook-download-4shared-1479.htm

http://observador.weblog.com.pt/
arquivo/441824.html

http://pensador.uol.com.br/autor/Morris_West/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Morris_West

http://pt.wikiquote.org/wiki/Morris_West

 

Canto gregoriano de fundo:

Veni Creator Spiritus

Fonte:

http://www.archive.org/details/VeniCreatorSpiritus