MOACYR SCLIAR
(Pensamentos e Reflexões)

 

 

 

Moacyr Jaime Scliar

Moacyr Jaime Scliar

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo da Pesquisa

 

 

 

Esta pesquisa literária, que fiz com muito prazer, se constitui de umas migalhinhas do pensamento reflexivo de Moacyr Jaime Scliar. Digo migalhinhas porque Scliar foi uma máquina de escrever ambulante, e, portanto, o que vai a seguir, na verdade, é menos do que migalhinhas. Mas, para quem não conhece a obra de Scliar vai gostar do que irá ler logo abaixo; seu bom humor judaico é contagiante e alegrante, ainda que você possa, eventualmente, como eu, discordar aqui e ali de um ou outro pensamento.

 

 

 

 

Biografia de Scliar

 

 

 

Moacyr Jaime Scliar

 

 

Sétimo ocupante da Cadeira nº 31, Moacyr Jaime Scliar foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL) em 31 de julho de 2.003, na sucessão de Geraldo França de Lima e recebido em 22 de outubro de 2.003 pelo Acadêmico Carlos Nejar. Faleceu em 27 de fevereiro de 2.011, em Porto Alegre, aos 73 anos.

 

Moacyr Jaime Scliar nasceu em 23 de março de 1.937, no hospital da Beneficência Portuguesa, em Porto Alegre (RS). Seus pais, José e Sara Scliar, oriundos da Bessarábia (Rússia), chegaram ao Brasil em 1.904. Filho mais velho do casal, que teve ainda Wremyr e Marili, desde pequeno demonstrou inclinações literárias. O próprio nome Moacyr já é resultado dessa afinidade. Foi escolhido por sua mãe Sara após a leitura de Iracema, de José de Alencar, que significa 'filho da dor'. Ele próprio dizia: os nomes são recados dos pais para os filhos e são como ordens a serem cumpridas para o resto da vida.

 

Em 1.943, começou os estudos na Escola de Educação e Cultura, também conhecida como Colégio Iídiche, onde sua mãe chegou a lecionar. Em 1.948, transferiu-se para o Colégio Rosário, um ginásio católico.

 

Em 1.955, foi aprovado no vestibular de Medicina, pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde se formou em 1.962. Especialista em Saúde Pública e Doutor em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública, exerceu a profissão junto ao Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência (SAMDU).

 

Casou-se, em 1.965, com Judith Vivien Olivien, com quem tem um filho, Roberto.

 

Foi professor visitante na Brown University (Department of Portuguese and Brazilian Studies) e na Universidade do Texas (Austin), nos Estados Unidos. Freqüentemente é convidado para conferências e encontros de Literatura no País e no exterior.

 

Seu primeiro livro, publicado em 1.962, foi Histórias de Médico em Formação, contos baseados em sua experiência como estudante. Em 1.968, publicou O Carnaval dos Animais, contos, que Scliar considera de fato sua primeira obra.

 

É autor de 74 livros em vários gêneros: romance, conto, ensaio, crônica e ficção infanto-juvenil. Escreveu, também, para a imprensa. Obras suas foram publicadas em muitos países, como, por exemplo, Estados Unidos, França, Alemanha, Espanha, Portugal, Inglaterra, Itália, Rússia, Tchecoslováquia, Suécia, Noruega, Polônia, Bulgária, Japão, Argentina, Colômbia, Venezuela, Uruguai e Canadá, com grande repercussão crítica.

 

Teve textos adaptados para o cinema, teatro, tevê e rádio, inclusive no exterior.

 

Foi, durante quinze anos, colunista do jornal Zero Hora, onde discorria sobre Medicina, Literatura e fatos do cotidiano. Foi colaborador da Folha de S. Paulo, desde a década de 70, e assinou uma coluna no caderno Cotidiano.

 

Duas influências são importantes na obra de Scliar. Uma é a sua condição de filho de imigrantes, que aparece em obras como A Guerra no Bom Fim, O Exército de um Homem Só, O Centauro no Jardim, A Estranha Nação de Rafael Mendes e A Majestade do Xingu. A outra influência é a sua formação de médico de saúde pública, que lhe oportunizou uma vivência com a doença, o sofrimento e a morte, bem como um conhecimento da realidade brasileira. O que é perceptível em obras ficcionais, como A Majestade do Xingu e não-ficcionais, como A Paixão Transformada: História da Medicina na Literatura.

 

Cada leitor da obra do Scliar tem seu gênero preferido. Mas todos reconhecem nele, acima de tudo, seja na ficção, no ensaio ou na crônica, um estilo altamente humanista, que o torna dono de valores universais, segundo o escritor gaúcho Luiz Antônio Assis Brasil, para quem a ABL, ao aceitá-lo como imortal, fez justiça não só ao Rio Grande do Sul, mas, também, ao grande escritor que ele foi, capaz de introduzir na Literatura Brasileira a contribuição que outros escritores de origem judaica deram à literatura mundial. Sua ficção insere a temática do imigrante judeu e urbano no imaginário da Literatura Sul-rio-grandense.

 

Moacyr Scliar é considerado um dos escritores mais representativos da Literatura Brasileira contemporânea. Os temas dominantes de sua obra são a realidade social da classe média urbana no Brasil, a Medicina e o Judaísmo. Suas descrições da classe média eram, freqüentemente, inventadas a partir de um ângulo supra-real.

 

 

 

 

Reflexões e Pensamentos Scliarianos

 

 

 

Na aldeia russa que a minha família morava, obviamente, não havia frutas tropicais. Ao emigraram para o Brasil, de navio, a família, pobre, passa fome. Meu pai, então com dez anos de idade, chegou magérrimo ao Brasil. Ao desembarcar, um gaúcho se compadece do menino e lhe deu uma banana, que ele não sabia como comê-la. Mexendo prá lá e prá cá, conseguiu descascá-la, mas a polpa lhe pareceu um caroço, que ele jogou fora e comeu a casca. Meu pai passou o resto da vida afirmando que a casca da banana era melhor do que o fruto.

 

 

 

Uma das frases mais famosas sobre o seu ofício de escrever: Não preciso de silêncio, não preciso de solidão, não preciso de condições especiais. Só preciso de um teclado.

 

Eu sou aquele cujo verdadeiro nome não pode ser pronunciado. Admito, contudo, ser chamado de Jeová.

 

O escritor busca a verdade do ser humano.

 

Acredito, sim, em inspiração; não como uma coisa que vem de fora, que 'baixa' no escritor, mas, simplesmente, como o resultado de uma peculiar introspecção que permite ao escritor acessar histórias que já se encontram em embrião no seu próprio inconsciente, e que costumam aparecer sob outras formas – o sonho, por exemplo. Mas só inspiração não é suficiente.

 

Quanto a pessoa está doente, muito doente, as máscaras caem.

 

Às vezes, meu lado médico estranha o meu lado escritor; às vezes, meu lado escritor estranha o meu lado médico.

 

A Literatura não pode mudar o mundo, mas a minha geração achava que sim... Em todo caso, se a Literatura mudar pessoas, isto já é suficiente. E ela muda.

 

A Literatura, ao fim e ao cabo, se resolve na frente da folha de papel, no computador.

 

Apesar da suposta oposição entre texto e vida, todos os escritores sabem que não há outra forma de produzir Literatura.

 

Contar e ouvir histórias é fundamental para os seres humanos; parte de nosso genoma, por assim dizer. Sob a forma de mitos, as histórias proporcionavam, e proporcionam, explicações para coisas que parecem, ou podem parecer, misteriosas. De onde veio o mundo? De onde surgiram as criaturas que o habitam? O que acontece com o Sol quando ele se põe? Mitos ou histórias proporcionam explicações que, mesmo fantasiosas (ou exatamente por serem fantasiosas), acalmam nossa ansiedade diante da vida e do Universo.

 

Todos queremos ser imortais. A Literatura é uma promessa neste sentido, uma dupla promessa, aliás. De um lado, o autor tem a esperança da permanência: 'Fulano não morreu; permanece vivo em suas obras.' De outro lado, a história sempre pode continuar. 'Casaram e foram felizes para sempre.' Este 'sempre' é uma gama infinita de possibilidades: os filhos, alegres e rechonchudos, os netinhos... De divórcio ninguém fala ao final de um conto de fadas. Não faz parte do final feliz.

 

Há uma história sobre um escritor e seu vizinho. O vizinho observava o escritor que estava sentado, quieto, no jardim, e perguntou: 'Descansando, senhor escritor?' Ao que o escritor respondeu: — 'Não, amigo, estou trabalhando.' Daí a pouco, o vizinho viu o escritor mexendo na terra, cuidando das plantas, e comentou: — 'Trabalhando?' — 'Não' — respondeu o escritor — 'descansando'.

 

O ensino da Literatura ainda não se libertou da metodologia do passado, em que leitura era obrigação curricular, e não prazer. Só se lia autor morto – quanto mais morto, melhor. Clássicos são essenciais Machado é prova disso mas autores contemporâneos também são importantes, na medida em que falam da realidade vivida pelos jovens. Regra número um: eliminar o caráter de obrigatoriedade, de dever escolar, da leitura. Ler é algo que se deve fazer com prazer e emoção. A principal pergunta que um professor deve fazer para um jovem não é algo do tipo "O que o autor quis dizer com esse texto?", mas sim: "O que você sentiu lendo esse texto?" O conhecimento da vida e do mundo que se pode adquirir pela leitura é sempre mediado pelo sentimento. A segunda regra é estimular a interação com o texto: adaptações teatrais e recriação de textos são dois exemplos.

 

Embora a transmissão da informação e do conhecimento se possa fazer hoje de muitas e diferentes maneiras, o texto continua sendo importante. Ele estimula a imaginação, ele amplia o domínio sobre a palavra (e a palavra é um esteio fundamental da condição humana) ele pode ser arte. Uma bela história e um belo poema melhoram nossa vida.

 

O estudo estimula o cérebro; é um antídoto contra a estagnação intelectual.

 

A gente não chega a nada sem método e sem esforço.

 

A escola tem de funcionar bem. Vivemos em um País pobre, mas não podemos deixar que a desorganização, a imprevidência e a falta de planejamento agravem os efeitos desta pobreza.

 

O conhecimento da vida e do mundo que se pode adquirir pela leitura é sempre mediado pelo sentimento. Por isto, melhor que perguntar para um jovem 'O que o autor quis dizer com esse texto?' é questionar 'O que você sentiu lendo esse texto?

 

A participação dos pais nos estudos dos filhos pode despertar um interesse maior pela educação. O pai (ou a mãe) sentado ao lado do filho que faz um trabalho ou lê um livro é uma imagem que traduz um poderoso estímulo educacional para a criança. Não é só aquilo que os pais podem ensinar, não é apenas o seu papel disciplinador. É, sobretudo, o amparo emocional que o jovem ou a criança sempre necessitam.

 

A primeira coisa que um pai ou uma devem fazer para interagir com os filhos de maneira divertida e educativa ao mesmo tempo é deixar de lado o ranço autoritário. Aprender é uma coisa boa, sobretudo hoje em dia, com o computador e outros recursos tecnológicos, diante dos quais pais e filhos são, antes de tudo, parceiros.

 

Sou filho de uma legítima mãe judia, protetora e alimentadora. Por isso, sempre pensei que a Literatura deveria nutrir os leitores e protegê-los das desilusões da vida.

 

Escrever, para mim, é um ato que preenche várias finalidades. Em primeiro lugar, é uma forma de organizar o mundo, de dar sentido às coisas, através daquela progressão lógica: princípio, meio, fi m. Em segundo lugar, é um grande meio de comunicação com nossos semelhantes. A palavra escrita é um território que partilhamos em silêncio, em amável cumplicidade.

 

O importante é superar as desavenças com rápido perdão, total superação.

 

Tornei -me médico porque tinha medo de doença.

 

Não entendo o livro que faz o leitor sofrer.

 

Ser escritor não é só botar o mal-estar para fora; é saber trabalhar com as palavras.

 

Álcool não é fonte de inspiração.

 

 

 

Que disciplina queremos?

Moacyr Scliar


Durante muito tempo, os exames escolares serviram principalmente para que as escolas avaliassem os estudantes. Agora, com o ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, as próprias escolas estão sendo avaliadas e colocadas num 'ranking', de acordo com os resultados obtidos por seus alunos. Alguém poderia perguntar até que ponto um exame avalia o nível de conhecimento ou o nível do estabelecimento de ensino; é uma polêmica que volta todos os anos na véspera do vestibular. A verdade, porém, é que a nota é um número, e números, com todas as suas imperfeições, são a maneira mais simples, mais prática e mais rápida de avaliar.

Alguns dos resultados obtidos no ENEM eram previsíveis. Por exemplo, a média nacional das escolas privadas é superior à das escolas públicas, que lutam com dificuldades de recursos, com a má remuneração dos professores, com a carência dos alunos, em geral mais pobres. Mas há também um dado interessante. Das 27 melhores escolas públicas, segundo o ENEM, seis são colégios militares, incluindo o de Porto Alegre, com uma das maiores médias (70,63 contra os 40,25 que representam a média nacional no setor público). Não sei quantas são as escolas públicas, nem quantos colégios militares existem, mas certamente eles estão super-representados. E aí vem a pergunta: por quê? A resposta, naturalmente, demandaria um estudo mais amplo, mas vou arriscar um palpite: acho que pesa, neste caso, uma coisa chamada disciplina.

Que, no passado, era coisa aterrorizante. Até recentemente, as escolas inglesas ainda admitiam chicotear os alunos, e nós tínhamos a palmatória. Mais: o Brasil passou por um período ditatorial que, entre outras coisas, serviu para nos dar aversão ao autoritarismo. Agora: existem dois tipos de disciplina, aquela que é autoritária, enfiada goela abaixo nas pessoas, e aquela que resulta da compreensão da necessidade de um esforço sistemático para atingir qualquer objetivo, seja ele aprender a jogar futebol, tocar um instrumento musical ou entender uma fórmula matemática.

Esforço, porém, é uma palavra que adquiriu conotação negativa, sobretudo em uma sociedade não raro permissiva, como é a nossa. E os professores, freqüentemente, se transformam em bodes expiatórios da revolta de jovens; até casos de agressão são registrados. Precisamos, portanto, recuperar a noção de disciplina como algo necessário. Mas é possível à escola proporcionar as condições emocionais para que os alunos se incorporem a este esforço de maneira espontânea, de maneira agradável e de maneira gratificante. Um desafio tão grande quanto conseguir boas notas no ENEM.

 

 

 

 

A pessoa recorre ao álcool pelo mesmo motivo que escreve: o desamparo social. Só que escrever é libertador e o álcool escraviza.

 

O importante é conservarmos a criança em nós.

 

Precisamos acordar todas as manhãs com o olhar brilhante, mesmo que haja chuva, renascendo de todo o passado, pois o presente é o tempo de amar, é o tempo de viver, de perdoar e de ser perdoado.

 

O importante é viver com plenitude, renascendo sempre, em cada manhã...

 

A praça é do povo, como o céu é do condor.

 

Convenhamos: a independência dos filhos é, ao fim e ao cabo, um triunfo para os pais.

 

Toda a mudança tem suas implicações.

 

O bom senso nem sempre está disponível em nossas cabeças...

 

Vivemos novos tempos e temos de nos adaptar a eles. O importante é que as pessoas continuam se querendo. A tecnologia e os hábitos mudam. O amor, mesmo à distância, continua igual.

 

A verdade ainda é o melhor caminho que os médicos podem ajudar os pacientes a trilhar.

 

Felicidade não se compra. Nem mesmo pela Internet...

 

Sorria pode ser, portanto, um bom conselho, na medida em que o sorriso, atributo caracteristicamente humano, possa ser um indicador do sentimento de felicidade.

 

O primeiro dia do ano nos dá presentes; o segundo, cobra a conta.

 

O problema, concluiu antes de expirar, é que a gente não pode ter tudo o que se quer na vida.

 

Você sempre viveu no ar. Agora está na hora de colocar os pés no chão...

 

A gente pensa que padrões de beleza dependem exclusivamente de gostos pessoais, de idiossincrasias. É verdade, mas só em parte. Quando achamos uma mulher bela, não estamos apenas aplicando padrões estéticos pessoais.

 

O ideal é que todo dia seja Dia dos Namorados (o que não significa ir ao 'shopping' todos os dias para comprar presentes).

 

Que pessoas de idade aprendam a usar o computador, que façam esporte, que cuidem da aparência, que aprendam a andar de moto, tudo bem. Mas que renunciem à sua própria vida, à sua identidade, essa não.

 

É impressionante a influência que artistas 'pop' podem ter sobre o estilo de vida do público, sobretudo o público jovem. Isto se refere à maneira de falar, à maneira de vestir, ao uso de variadas substâncias (drogas, inclusive) e acaba levando a situações que podem prejudicar a saúde.

 

 

 

Seja Esperto
Moacyr Scliar

 


Todo mundo entra no ano novo com o firme propósito de mudar de vida, principalmente no que se refere à saúde, e principalmente em relação ao estilo de vida, que, todos nós sabemos, têm muito a ver com saúde. Exercício físico, dieta, fumo, álcool: eis aí um quarteto clássico, objeto de muitas e fervorosas promessas.

Infelizmente, é mais fácil prometer do que cumprir, como se descobre, com evidente desapontamento, no final do ano, que tão auspiciosamente se iniciou.

E por que não cumprimos promessas? Por que não seguimos nossas próprias resoluções? É culpa de nossa fraqueza, de nossa inconstância? Provavelmente, não. Não precisamos aumentar a carga de nossas culpas com essa adicional acusação. Seres humanos têm limitações, cedem a tentações, e isso desde Adão e Eva. O que fazer, então?

A resposta está, antes de mais nada, no jeito de formular as resoluções. Tendemos a ser irrealistas. Criamos objetivos grandiosos, que simplesmente não temos como atingir. Daí o desapontamento. Daí a desilusão.

Lendo um artigo americano sobre as resoluções de fim de ano, encontrei uma fórmula que me pareceu, no mínimo, interessante, e que diz muito da engenhosidade de um País que, antes de cometer erros monumentais, revolucionou a ciência e a técnica. E o fez graças a um espírito prático que aparece nessa fórmula.

Para começar, ela se traduz em um acrônimo muito significativo: 'smart', que quer dizer esperto. Americanos adoram essas coisas. Por exemplo, um estudo sobre a modificação dos fatores de risco na doença cardíaca ficou conhecido como Mr. Fit, abreviatura de Multiple Risk Factor Intervention Trial. Mas, Mr. Fit também quer dizer Senhor Apto – apto a viver sem doença cardíaca, obviamente. 'Smart' também é formado de iniciais. O S é de 'specific', e nos diz: seja específico sobre o que você vai fazer. Não basta decidir algo como 'vou viver melhor'. O que é viver melhor? Em que consiste a vida melhor? O M é de mensurável. Tudo que é verdadeiro pode ser expresso em números, dizia o cientista Lord Kelvin, e isso vale para o estilo de vida. Vou perder peso: quantos quilos? Vou deixar de fumar: em que dia? Vou caminhar: quantas vezes por semana e durante quanto tempo? O A é atingível: o objetivo tem de estar ao nosso alcance; nada de promessas mirabolantes. O R é de resultado: que resultado quero atingir, ou seja, quanto quero pesar, quantos dias de férias quero tirar? Finalmente, o T é de tempo: quanto tempo vou me dar para conseguir meus objetivos?

Adotar resoluções é coisa que todo mundo faz. Mas adotar resoluções que funcionarão depende de esperteza, depende de ser 'smart'.

 

 

Você está certo meu amigo. Não só as férias são curtas; a vida também.1

 

Se o escritor não tiver prazer escrevendo, o leitor também não terá.

 

A gente nunca pode desistir de encontrar sentido no aparente absurdo de nossa existência.2

 

A morte de Ivan Ilitch,3 do Tolstoi, é uma verdadeira lição de vida, e a prova de que alguns livros de ficção podem ensinar mais do que qualquer manual de Medicina.

 

O escritor é um sismógrafo; registra as vibrações que estão na sociedade.

 

Um dia, Jesus resolveu ser médico do SUS.4 O primeiro paciente que chegou foi um paraplégico, em uma cadeira de rodas. Ao entrar no consultório, Jesus ordenou:

— Levanta-te e anda.

O sujeito levantou e saiu caminhando. Lá fora, encontrou um amigo, que lhe perguntou:

— Como foi?

E o paciente: — Igualzinho a toda consulta no SUS; o médico [nem sequer tocou em mim,] me mandou embora e não receitou nada.

 

Somos os únicos seres capazes de iluminar nossa culpa. E culpa iluminada é culpa domada. Iluminado, o dedo acusador deixa de ser um algoz para ser simplesmente um dedo, parte do nosso corpo, parte da mão que nos fez humanos.

 

Na crise do apagão, três frases surgiram, frases que já estão destinadas a figurar no folclore político brasileiro e que volta e meia serão repetidas. A primeira foi a da ministra Marta Suplicy, o agora famoso 'Relaxa e goza'. A segunda foi do também ministro Guido Mantega, que viu, na confusão dos aeroportos, um sinal da nova prosperidade brasileira. A terceira é do brigadeiro José Carlos Pereira, o presidente da INFRAERO, falando à BandNews FM: 'Estou absolutamente tranqüilo para voar. Até porque os aviões estão retidos no solo, e todo mundo sabe que a melhor proteção para um avião não cair é ele não decolar. Reparem que, a rigor, nenhuma das declarações é absurda. A ministra Marta simplesmente usou aquela expressão que os americanos consagraram, o 'relax and enjoy' (que, a propósito, não tem necessariamente conotação sexual), para tentar uma espécie de sorridente psicoterapia – afinal, ela é psicóloga de formação. O ministro Mantega constatou algo que é real: de fato, os brasileiros estão voando mais, e os problemas seriam inevitáveis. E, finalmente, o presidente da INFRAERO disse o óbvio: avião que não decola não cai.

 

A população brasileira se divide em pobres e ricos, mas também se divide em dois grupos: os que sabem usar a crase, a minoria, e a maioria, que tem um medo existencial desse sinal. A crase foi feita, sim, para humilhar as pessoas.

 

 

 

 

Todos temos sonhos não realizados, objetivos não atingidos. Todos temos, em nossas gavetas, uma pasta com fragmentos de papel em que garatujamos apressadamente algo que certamente poderia ser a fórmula de nossa própria felicidade. Ah!, se ao menos lembrássemos o que ali escrevemos! Se ao menos entendêssemos nossa própria letra!

 

Letra de médico, uma situação que, a propósito, não deixa de ser intrigante: de onde viria essa fama de clássica ilegibilidade? Da pressa com que os doutores, sempre lutando com a falta de tempo, escrevem? Ou seria uma curiosa manifestação de poder, tipo 'decifra-me ou te devoro', como dizia a esfinge na história de Édipo? Ou simples desleixo?

 

 

 

O Elogio da Diversidade
(Última crônica de Moacyr Scliar publicada em 11 de janeiro de 2.011 no Correio Braziliense)

 

Entre as impressionantes mudanças ocorridas no Brasil, há uma que mereceria um estudo especial, quem sabe até uma tese de mestrado ou de doutorado. Nos últimos anos, descobrimos os números, o que é uma verdadeira revolução para um País que, durante muito tempo, acreditava sobretudo na retórica, nas palavras, domínio de uns poucos privilegiados. Agora, não. Agora, passamos a ter como divisa a frase do cientista Lord Kelvin, segundo a qual 'tudo que é verdadeiro deve ser expresso em algarismos'. Todos os dias recebemos pela mídia uma verdadeira enxurrada numérica, indicadores econômicos, sociais, de saúde. E disso resultam também 'rankings', lista dos melhores estados ou municípios, classificados pelo sucesso obtido em áreas que vão desde a produção industrial até o nível educacional.

Nessas várias listas, há uma trinca constante formada por Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Distrito Federal. Peguem, por exemplo, a expectativa de vida, o número de anos que podemos esperar viver. Em primeiro lugar, estão o Distrito Federal e Santa Catarina, com 75,8 anos, e logo em seguida, o Rio Grande do Sul, com 75,5 anos. Tomem a mortalidade infantil. Por causa da fragilidade das crianças, esse é, infelizmente, o indicador clássico para avaliar a situação de saúde. Pois, nos quatro melhores estados (São Paulo entra aí também) está a nossa trinca, RS, SC, DF, todos bem abaixo da média nacional.

'O emigrante é um cara que luta: luta para sobreviver, luta por melhores condições de vida, luta para educar seus filhos. E freqüentemente vence'.

Vamos para uma outra área: a educacional. Recentemente, foram divulgados os dados do PISA (Programme for International Students Assesment – Programa Internacional de Avaliação de Alunos) introduzido pela Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico, que analisou a situação da educação em 65 países, no que se refere a ciências, matemática e leitura. No caso do Brasil, quem encontramos no topo do 'ranking' dos estados? Distrito Federal, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Tomemos um indicador mais abrangente, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), composto por expectativa de vida, alfabetização e produto interno 'per capita'; ou seja, saúde, educação, Economia. Nos cinco estados mais bem situados (aí entram São Paulo e Rio de Janeiro), está de novo a nossa trinca, DF, SC, RS.

Agora, o que terão em comum os três? Aí entramos no terreno do palpite, mas ouso arriscar uma resposta: a diversidade, populacional e cultural. Rio Grande do Sul e Santa Catarina são estados formados, em grande parte, por emigração, e o mesmo acontece com Brasília (só que aí é a migração de brasileiros, dos lendários candangos). Ora, o emigrante é um cara que luta: luta para sobreviver, luta por melhores condições de vida, luta para educar seus filhos. E freqüentemente vence. Porque o emigrante é aquele cara que não se resignou a ficar onde estava, entregue aos queixumes e às lamentações; não, o emigrante é um cara que, à frente de sua família, foi em busca de uma existência melhor, viajando num pau-de-arara ou num precário navio. Um cara que chegou a um lugar para ele desconhecido, mas que, sem se intimidar, procurou trabalho (e o gaúcho, que ajudou a povoar todo o oeste do País, é um exemplo disso). A combinação da cultura dos emigrantes com as tradições locais funcionou bem nesses três estados, mostrando que o Brasil é o verdadeiro 'melting pot', aquele panelão de misturas que os Estados Unidos sempre viram, acertadamente, como uma fórmula para o desenvolvimento.

DF, SC, RS: dá para acreditar no Brasil. O que, convenhamos, além de boa notícia, é um verdadeiro presente de ano-novo.


 

 

Em todas esquinas do mundo encontrei as esquinas de Porto Alegre.

 

Morar na rua é opção, e resulta, sobretudo, de uma vida infeliz.5 Quase a metade dessas pessoas tem problemas familiares; 70% vivem sós, uma situação para a qual colaboram o alcoolismo e as drogas... Na manhã do domingo passado, passei sob o Viaduto Silva Só [em Porto Alegre], onde vivem muitos habitantes de rua. Detive-me a contemplar um colchão. Era um colchão de espuma, velhíssimo, esburacado. Sobre ele, um cobertor, igualmente velho, esburacado. Mas, e esse foi o detalhe que me impressionou, e comoveu, o cobertor estava cuidadosamente dobrado, caprichosamente dobrado. Pensei, então, no homem ou na mulher que o havia dobrado. Ao fazê-lo, talvez num ato automático e reminiscente de uma infância, quem sabe vivida de uma maneira melhor, essa pessoa colocara um pouco de ordem em sua vida. Uma partícula de ordem, por assim dizer, mas que deve ter contribuído para restaurar algo da dignidade que existe em qualquer ser humano, por mais precária que seja sua existência. Ao ver o cobertor dobrado, a pessoa deve ter ficado satisfeita consigo mesma: eu não sou um traste completo, eu sou alguém, ainda existe esperança para mim. Ou seja: sob os viadutos de Porto Alegre, como sob as pontes de Paris, a vida resiste.

 

Logo após o anúncio do resultado da eleição para ocupar a cadeira número 31 da Academia Brasileira de Letras, perguntado como se sentia o novo imortal, Scliar preferiu relembrar, em tom de brincadeira, uma frase de cineasta Woody Allen: 'O que adianta ser imortal depois de morto'.

 

A vida é curta, a Arte é longa, a ocasião fugidia, a experiência enganadora, o julgamento difícil.

 

A inspiração é o motor de arranque, mas precisa também do domínio da palavra escrita.

 

Escritor é um cara que senta e escreve.6

 

Reinventar-se, o que significa isso? Em primeiro lugar, é preciso dizer que há uma diferença entre inventar e descobrir. Descobrir é achar uma coisa que já estava ali, aparentemente coberta ou oculta. Colombo descobriu a América, mas a América existia, ainda que não com esse nome, era habitada por muitos povos – só que os europeus não sabiam disso, e glorificaram essa ignorância com a palavra descoberta que, não sem boas razões, tem sido contestada, como de resto a descoberta do Brasil. Inventar é outra coisa. Inventar é criar algo que não existia, um dispositivo, uma máquina, uma substância química. Inventar exige conhecimento, exige criatividade, exige imaginação; escritores são, de certa forma, inventores; eles fazem surgir personagens e situações que não existiam. A invenção pode ter contornos sombrios, como a guilhotina (bolada por um médico, o Dr. Guillotin) e as câmaras de gás dos campos de concentração. Mas, em geral, inventores são objeto de nossa admiração, e o Nobel é um testemunho disso. Já reinventar é um termo que tem conotação irônica, debochada: quando dizemos que fulano reinventou a roda estamos fazendo uma gozação. Mas a partícula apassivadora 'se' dá ao verbo um outro, e revolucionário, sentido; o termo, por assim dizer, se reinventa. Reinventar-se significa deixar para trás o nosso passado, significa transformar nossa vida (nem que seja em pequenos detalhes) e isso pode ser um antídoto decisivo contra o marasmo, contra o desânimo, contra a apatia. De repente, somos outra pessoa. Um choque? É. Um choque. Mas um choque benéfico. Reinventar-se: eis aí um bom lema para o ano que se aproxima. Reinventar-se como profissional, como cônjuge, como pai ou mãe ou filho ou filha, reinventar-se como amigo, reinventar-se como cidadão ou cidadã, reinventar-se como pessoa. Em um mundo em que a invenção é um acontecimento contínuo, em que as mudanças se sucedem de maneira vertiginosa, mexer um pouco com nós mesmos pode ser algo muito bom, um grande começo de ano, um grande recomeço de vida.

 

 

 

 

 

 

 

Ó Scliar, ouça só:

 

 

 

A estória do invólucro da banana

me tocou mais do que um pouco;

porém, eu não posso dizer ,

senão serei tachado de tarouco.

 

Gostei da brincadeira de seu pai.

Com bastante H2O e bom humor,

não há pentelho que resmoneie ai

ou que se queixe de qualquer dor.

 

Sim, não há mal que sempre dure

nem um bem que nunca se acabe.

Entretanto, não há santo que cure

trelente querente que tudo desabe.

 

Todos nós somos doença e cura,

porém, levamos a vida na sacanice.

Mas, se a doença vem, dá paúra,

e amaldiçoamos a nossa estultice.

 

 

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Notas:

1. A vida não é curta nem longa; é eterna.

2. A existência nem é coerente nem é absurda; a existência é simplesmente neutra. O absurdo de nossa existência somos nós quem o fazemos.

3. A Morte de Ivan Ilitch é um romance de Liev Tolstói (9 de setembro de 1.828 – 20 de novembro de 1.910) publicado pela primeira vez em 1.886. Trata da vida e da morte de Ivan Ilitch – um burocrata russo, frio, pacato e acima de tudo banal, juiz de um tribunal onde julgava o destino das pessoas da maneira a mais asséptica e impessoal possível. Em certa ocasião, quando está decorando o apartamento, cai e se machuca na região do rim, e é ai que toda a sua doença começa. Com o passar do tempo, esse machucado vai piorando, até que chega uma hora em que ele não consegue sequer mais sair de casa. Em casa, acha que vive uma mentira, pois sua família o esconde dos amigos. Para ele, só lhe dá prazer ficar com o filho de apenas 14 anos e com um criado seu, porque esses não mentem para ele. Em parte, Ivan Ilitch quer morrer, porque se ele morrer será o termino da sua dor, e, também, não teria mais que suportar essa mentirada toda que ele estava vivendo em sua casa. Quando está prestes a morrer, ele já sabe, e se despede da família. A novela narrada por Leon Tostoi, como comenta Renato Ribeiro Velloso, nos revela a brutalidade de uma vida despersonalizada, por mais correto que Ivan Ilitch tenha sido em seus relacionamentos profissionais e pessoais, exemplo para os critérios sociais. Devemos abrir nossa vida para o fim, pois a partir deste novo fim recriamos a vida toda, descobrimos e conferimos um sentido até mesmo àquilo que não tinha sentido. Só assim daremos um maior sentido para as pequenas coisas que acontece com cada um de nós todos os dias de nossas vidas.

4. Sistema Único de Saúde.

5. Sim, concordo que morar na rua resulta de (e em) uma vida infeliz; mas opção por morar na rua é que não é. Quem, em sã consciência, pode optar por isto? Quem, em sã consciência, pode optar por ser miserável? Quem, em sã consciência, pode optar por ser maneta? Quem, em sã consciência, pode optar por ser perneta? Quem, em sã consciência, pode optar por ser cegueta? Quem, em sã consciência, pode optar por ser lingüeta? Ora, estranho muito que Scliar, tendo se formado em Medicina, tenha feito uma afirmação como esta, pois uma pessoa razoavelmente bem informada sabe que 90 e lá vai fumaça por cento (para não dizer 100%) das pessoas que se tornam moradores de rua padecem de esquizofrenia – um transtorno psíquico severo que se caracteriza classicamente pelos seguintes sintomas: alterações do pensamento, alucinações (visuais, sinestésicas e, sobretudo, auditivas), delírios e alterações no contato com a realidade. E, ao que eu saiba, esquizofrênico, geralmente, não opta; esquizofrênico é, por assim dizer, optado e pororocado. Ora, os problemas familiares, o alcoolismo e as drogas não justificam este tipo de opção, como defendeu Scliar. Tudo acaba acontecendo porque, em um dado momento, involuntariamente, se manifesta na pessoa um severo transtorno do funcionamento da eletrobioquímica neuronal, e o infeliz acaba sentindo coisas, vendo coisas, ouvindo coisas e por aí vai (longe). Como explica a Drª Nancy Andreasen, as atuais evidências relativas às causas da esquizofrenia são um mosaico: a única coisa clara é a constituição multifatorial da esquizofrenia. Isto inclui mudanças na química cerebral, fatores genéticos e mesmo alterações estruturais. A origem viral e os traumas encefálicos não estão descartados. A esquizofrenia, provavelmente, está relacionada a um grupo específico de doenças; algumas causadas por determinados fatores, outras, por outros fatores. Afinal, quem, em sã consciência, pode optar por ser esquizofrênico? Enfim, para arrematar esta nota, penso que as coisas que acontecem em nossa vida nem sempre podem ser reduzidas a um simples ato de vontade. Geralmente, quando dói, é uma compensação educativa educando; mas optar volitivamente pela dor, ninguém opta. Claro, se for são, não opta! O que não há, entretanto, são fortuitidades. E, no limite, no que concerne à morte, se pudéssemos, passaríamos por esta última transição/experiência sem dor e conscientemente, como usualmente fazem os Altos Iniciados. Como ainda não podemos, na hora H, a única coisa a fazer é tocar um tango argentino, que foi a resposta que o doutor deu a um paciente, ao dizer não ser possível tentar o pneumotórax para tratar uma escavação no pulmão esquerdo e uma infiltração no pulmão direito. (Consulte, por favor, o poema autobiográfico Pneumotórax, de autoria do poeta, crítico literário e de arte, professor de Literatura e tradutor brasileiro Manuel Bandeira, que enfrentou graves problemas respiratórios na infância, sendo até desenganado pelos médicos, mas que enganou os médicos, a família e a morte, morrendo em 13 de outubro de 1968, aos 82 anos, de hemorragia gástrica, que nada tem a ver com problemas respiratórios!)

6. Isto é uma verdade verdadeira, porque há verdades que não são verdadeiras. Eu, por exemplo, que comecei a escrever depois já ter dobrado o Cabo da Boa Esperança [dobrado, antes de mim, pela primeira vez, em 1.488 pelo navegador português Bartolomeu Dias (1.450 – 1.500), que, como foi avistado depois de vários dias em que os marinheiros sofreram violentas tempestades (tormentas), o intrépido Bartô lhe pôs o nome de Cabo das Tormentas, mas o Rei João II, de Portugal (1.455 – 1.495) – o décimo terceiro Rei de Portugal, cognominado O Príncipe Perfeito pela forma como exerceu o poder – mudou seu nome porque, ao ser dobrado por Bartô, apontou a ligação entre os Oceanos Atlântico e Índico, e prometeu, então, a tão desejada chegada à Índia, renomeando o tormentório Cabo, por isso, para Cabo da Boa Esperança] de tanto escrever, arrumei um inusitado e aporrinhante calo na bunda.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://courses.washington.edu/

http://www.dignow.org/post/
o-mestre-da-literatura-moacyr-scliar

http://michael-jackson-gif.skyrock.com/5.html

http://www.repjegyakciok.hu/category/
fokategoriak/hogyan_lehet_meg_olcsobb/

http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.
exe/sys/start.htm?infoid=488&sid=298

http://www.academia.org.br/

http://www.studiohajo.nl/?cat=11

http://belasmensagens.zip.net/

http://174.133.216.154/artigos/o-texto-ou-a-
vida-uma-trajetoria-literaria-moacyr-scliar

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Jo%C3%A3o_II_de_Portugal

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Cabo_da_Boa_Esperan%C3%A7a

http://www.scielo.br/pdf/
hcsm/v3n3/v3n3a10.pdf

http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/donna/19,136,
2757671,Moacyr-Scliar-A-vida-sob-os-viadutos.html

http://www.camera2.com.br/
colunista_ler.php?id=120&colunista_id=2

http://www.correiobraziliense.com.br/

http://fraseviva.blogspot.com/2011/02/os-
projetos-na-gaveta-por-moacyr-scliar.html

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http://educarparacrescer.abril.com.br/
amigos-educar/moacyr-scliar-528638.shtml

http://www.cartamaior.com.br/templates
/materiaMostrar.cfm?materia_id=14408

http://laranjaeacordovestidodela.blogspot.com/
2008/08/verdades-granel-por-moacyr-scliar_25.html

http://stepup3d.info/brasil-perde-o-escritor-moacyr-scliar/

http://blog.opovo.com.br/pliniobortolotti?s=scliar

http://www.orelhadolivro.com.br/2009/
06/02/moacyr-scliar-no-paiol-literario/

http://www.partes.com.br/ed47/livros.asp

http://pt.wikipedia.org/
wiki/A_Morte_de_Ivan_Ilitch

http://www.somosbiografia.com.br/
2011/02/28/moacyr-scliar/

http://www.bilibio.com.br/biografia-de
/321773/Moacyr-Scliar.html

http://www.frasesepensamentos.org/
filhos.htm

http://literatura.moderna.com.br/
catalogo/encartes/9788516055585.pdf

http://buracosupernegro.blogspot.com/
2011/02/moacyr-scliar-1937-2011.html

http://pt.wikiquote.org/wiki/Moacyr_Scliar

 

Música de fundo:

Sous le Ciel de Paris
Letra: Jean Dréjac
Música: Hubert Giraud
Interpretação: Yves Montand

Fonte:

http://mp3bear.com/
yves-montand-sous-les-ponts-de-paris