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despretensioso texto é um breve resumo do meu pensamento do que significa
ser um místico. Na altura dos meu 62 anos (nasci em 5 de julho de
1946) realizei algumas poucas coisas e cheguei a algumas conclusões
gerais que desejo repartir com os que vierem a ler estas reflexões.
Por
isto, a priori, não sei se o trabalho ficará longo
ou pequeno; ele está sendo iniciado, agora, dia 14 de novembro de
2008, às 16:53 horas, e eu não estabeleci um prazo para concluí-lo.
Também não me preocuparei com preferencialidades ou com um
ordenamento específico; digitarei à medida que as idéias
e as recordações forem aflorando. Aliás, o que é
prioritário na vida de um místico? Aqui já vai uma
dica: um místico não tem primazias; para ele, tudo é
igualmente necessário, ainda que ele saiba que a mais importante
das Virtudes Iniciáticas seja a Humildade.
Reflexões
Místicas
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místico não está interessado em primeiros lugares e
não tem preferências, sejam lá quais forem os primeiros
lugares e as preferências que possam ser imaginadas ou avocadas. Para
ele, não há uma importância prioritária em nada
e para nada. Ou seja: um inseto é tão importante quanto um
planeta, um planeta é tão importante quanto o sistema em que
está inserido, e o sistema em que o planeta está inserido
é tão importante quanto a galáxia que o abriga. Logo,
um inseto é tão importante quanto uma galáxia. Assim
sendo, tudo é necessário e a contingência se constitui
em um absurdo da desrazão.
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místico não faz distinção entre um negro e um
branco; entre uma prostituta e uma freira; entre um homossexual e um pastor;
entre um muçulmano e um judeu; entre um intemperante e um santo.
Disto decorre, também, que ele não se acha superior (ou inferior)
a qualquer natureza universalizada, ainda que saiba que as criaturas não
vieram todas da mesma oitava vibratória e que, provavelmente, não
retornarão exatamente à mesma oitava vibratória. Isto
está justificado e ancorado no fato de que tudo é mudança
e movimento permanentes, ainda que a própria mudança possa
ser para mais ou para menos. Ainda explicando: de acordo com o nosso livre-arbítrio,
poderemos avançar ou retroceder. Somos responsáveis por tudo.
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místico esforça-se para agir apenas sob a égide de
Imperativos Categóricos e para ser iluminado pela Boa Vontade. Desta
forma, evita, por pensamentos, intenções, palavras e atos,
tudo aquilo que possa representar um imperativo hipotético. A coisa
toda é mais ou menos como expressou Immanuel Kant (Königsberg,
22 de abril de 1724 – Königsberg, 12 de fevereiro de 1804) nos
Fundamentos da Metafísica dos Costumes: Age
somente segundo uma máxima tal que possas querer, ao mesmo tempo,
que se torne uma Lei Universal. Isto
leva ao seguinte Imperativo Universal: Age como se a máxima
de tua ação devesse se tornar, por tua vontade, uma Lei Universal
da Natureza.
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místico jamais dirá: — Deus de meu Coração,
Deus de meu Coração, por que me abandonaste? Em tudo
e por tudo, sempre dirá: — Deus de meu Coração,
Deus de meu Coração, como me glorificaste!
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místico não vive sobressaltado com a reconhecida Lei Universal
da Necessidade ou Lei da Reencarnação. De uma forma ou de
outra, constatou sua veracidade, mas não vive obcecadamente sob sua
dependência. Isto significa, por exemplo, que não age no sentido
de esperar uma próxima encarnação mais alvissareira
e menos complicada ou dolorosa do que a presente, e nem labora em função
desta quimera. Ora, ele sabe que este tipo de desejo não se cumpre
assim por simples um querer, pois tudo é e está regulado pela
educativa Lei da Retribuição ou Lei da Compensação.
O que está registrado não pode ser apagado; tudo haverá
de ser retribuído ou compensado. Agora, dependendo do nível
espiritual alcançado, as compensações podem ser escolhidas
pelo próprio místico, isto é, o como retributivo, o
quando retributivo e o lugar próprio de retribuição
passam a ser, a partir de um nível espiritual alcançado, livre
escolha sua e sua responsabilidade exclusiva. Ele poderá até
demorar a se lembrar dos compromissos assumidos, mas, um dia, lembrará.
Se um exemplo fácil pode ilustrar este entendimento, o sistema de
créditos universitário é excelente, ainda que, no caso
da peregrinação mística, existam sempre pré-requisitos
a ser cumpridos. Enfim, o místico, por assim dizer, faz o seu
tempo (que é tempo e que não é tempo), pois aprendeu
a não ter pressa, que, como diz o ditado, é inimiga da perfeição.
Aqui cabe um breve comentário: perfeição absoluta não
existe e jamais poderá existir, pois, se existisse e pudesse ser
definitivamente alcançada, haveria um limite para aquilo que é
entendido como evolução ou reintegração da consciência
na Consciência Cósmica; e limite é sinônimo de
estaticidade, o que é inteiramente incompatível com as qualidades
básicas do Universo, que são mudança, movimento, ilimitabilidade
e permanente ajustamento.
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místico tem como verbo de ação preferencial servir.
Serve sem esperar por prêmios ou por reconhecimentos. Simplesmente
serve. E mais: custe o que custar, se sua presença for necessária,
ele se fará presente.
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místico não julga. Em hipótese alguma um místico
julga e condena um ser humano. Ele sabe que as atitudes e as crenças
são derivadas das culturas individuais e coletivas. E mais: ele aprendeu
que muitas coisas que ontem foram consideradas absurdas, hoje são
tidas como triviais. Logo, também, diversas coisas, hoje, que são
reprovadas pela sociedade, amanhã poderão se tornar corriqueiras.
Um exemplo disto são os dispositivos usados para evitar a concepção,
que ainda não são aceitos por alguns segmentos sociais e religiosos.
Três coisas precisamos ter em mente: 1ª) é uma irresponsabilidade
(por nós e por nossos parceiros) ter ou manter relações
sexuais sem o uso de um preservativo adequado; 2ª) a Terra e a Economia
não suportarão, ad infinitum, um crescimento vegetativo
positivo; e 3ª) ter filhos de montão e à bangu sem poder
alimentá-los e educá-los de forma conveniente é um
ato inteiramente contrário à Natureza e ao bom senso. Somos
responsáveis por tudo.
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místico não usa sua inteligência para facilitar absurdos,
para progredir ilicitamente, para dominar e tiranizar ou para prejudicar
seus semelhantes. Ele sabe que somos todos um, e o que o outro padecer ele
também padecerá, pois não existe padecimento individual
ou isolado. Logo, o assassinato e o suicídio não estão
na lista de realizações de um místico. Ele compreendeu
que um assassino é um suicida e que um suicida é um assassino.
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místico não se ajoelha e nem venera deuses coletivos ou egregóricos.
Ele sabe que todos os deuses que existiram, existentes e por existir são
fabricações mentais hipotéticas e interesseiras com
um tempo de validade ou de duração relativos. Por outro lado,
sabe que, para ele, existe um só Deus no Universo – o Deus
de seu Coração, que ele se esforça para edificar diuturnamente,
para, um dia, Nele mergulhar e se transformar irreversivelmente.
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místico, finalmente, sabe que para se tornar um Místico deverá
cultivar a mais elevada das Virtudes Iniciáticas; a Humildade. O
Processo Iniciático jamais poderá se completar efetivamente
se não houver Humildade Absoluta.
CREDO
DA PAZ
(Ralph Maxwell Lewis)
SOU
REPONSÁVEL PELA GUERRA...
Quando, orgulhosamente, faço uso da minha inteligência
para prejudicar o meu semelhante.
Quando
menosprezo as opiniões alheias que diferem das minhas próprias.
Quando
desrespeito os direitos alheios.
Quando
cobiço aquilo que uma outra pessoa conseguiu honestamente.
Quando
abuso da minha superioridade de posição privando outros
de sua oportunidade para progredir.
Se considero
apenas a mim próprio e a meus parentes pessoas privilegiadas.
Quando
me concedo direitos para monopolizar recursos naturais.
Se acredito
que outras pessoas devem pensar e viver da mesma maneira que eu.
Quando
penso que sucesso na vida depende exclusivamente do poder da fama
e da riqueza.
Quando
penso que a mente das pessoas deve ser dominada pela força
e não educada pela razão.
Se acredito
que o deus de minha concepção é aquele em que
os outros devem acreditar.
Quando
penso que o país em que nasce o indivíduo deve ser
necessariamente o lugar onde ele tem de viver.
SOU
RESPONSÁVEL PELA PAZ...
Se direciono correta e construtivamente os poderes da minha mente.
Se concedo
ao meu semelhante o direito pleno de se expressar, de acordo com
o seu próprio entendimento das verdades da vida.
Se reconheço
que os meus direitos cessam quando se iniciam os direitos de outros,
e aceito isto como um mínimo indispensável de disciplina.
Se faço
uso dos poderes interiores para criar as minhas próprias
oportunidades.
Se consigo
promover a evolução dos que me cercam, sem considerar
ameaçada a minha posição, e entendo que esta
é a minha maior fonte de sucesso.
Se compreendo
que as Leis Divinas diferem das criadas pelo Homem, e que nenhum
direito divino especial é concedido a alguém unicamente
por seu berço.
Se reconheço
que os recursos naturais devem servir indistintamente a todas as
formas de vida, e que não me cabem direitos exclusivos sobre
eles.
Se compreendo
que nada é mais livre do que o pensamento e que o pensamento
construtivo transforma o Homem, direcionando-o à sua verdadeira
meta.
Quando
sinto que toda felicidade depende do simples fato de existir...
de estar de bem com a vida.
Se percebo
que todo ser humano pode vir a ser um grato amigo, quando convencido
pela argumentação sincera.
Se considero
que "a Alma de Deus adquire personalidade no Homem", e
que este só pode conceber Deus a partir de sua própria
percepção da Divindade.
Se reconheço
a mim e ao meu semelhante como partes integrantes do Universo, e
que a cada um cabe a busca do lugar onde melhor possa servir.
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Rio
de Janeiro, 15 de novembro de 2008, 19:14 horas.
Música
de fundo:
Imagine
(John Lennon)
Fonte:
http://www.eadcentral.com/go/1/1/0/
http://www.geocities.com/fra74/Musica.html