Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

Introdução

 

 

ste despretensioso texto é um breve resumo do meu pensamento do que significa ser um místico. Na altura dos meu 62 anos (nasci em 5 de julho de 1946) realizei algumas poucas coisas e cheguei a algumas conclusões gerais que desejo repartir com os que vierem a ler estas reflexões.

 

Por isto, a priori, não sei se o trabalho ficará longo ou pequeno; ele está sendo iniciado, agora, dia 14 de novembro de 2008, às 16:53 horas, e eu não estabeleci um prazo para concluí-lo. Também não me preocuparei com preferencialidades ou com um ordenamento específico; digitarei à medida que as idéias e as recordações forem aflorando. Aliás, o que é prioritário na vida de um místico? Aqui já vai uma dica: um místico não tem primazias; para ele, tudo é igualmente necessário, ainda que ele saiba que a mais importante das Virtudes Iniciáticas seja a Humildade.

 

 

Reflexões Místicas

 

 

m místico não está interessado em primeiros lugares e não tem preferências, sejam lá quais forem os primeiros lugares e as preferências que possam ser imaginadas ou avocadas. Para ele, não há uma importância prioritária em nada e para nada. Ou seja: um inseto é tão importante quanto um planeta, um planeta é tão importante quanto o sistema em que está inserido, e o sistema em que o planeta está inserido é tão importante quanto a galáxia que o abriga. Logo, um inseto é tão importante quanto uma galáxia. Assim sendo, tudo é necessário e a contingência se constitui em um absurdo da desrazão.

 

m místico não faz distinção entre um negro e um branco; entre uma prostituta e uma freira; entre um homossexual e um pastor; entre um muçulmano e um judeu; entre um intemperante e um santo. Disto decorre, também, que ele não se acha superior (ou inferior) a qualquer natureza universalizada, ainda que saiba que as criaturas não vieram todas da mesma oitava vibratória e que, provavelmente, não retornarão exatamente à mesma oitava vibratória. Isto está justificado e ancorado no fato de que tudo é mudança e movimento permanentes, ainda que a própria mudança possa ser para mais ou para menos. Ainda explicando: de acordo com o nosso livre-arbítrio, poderemos avançar ou retroceder. Somos responsáveis por tudo.

 

m místico esforça-se para agir apenas sob a égide de Imperativos Categóricos e para ser iluminado pela Boa Vontade. Desta forma, evita, por pensamentos, intenções, palavras e atos, tudo aquilo que possa representar um imperativo hipotético. A coisa toda é mais ou menos como expressou Immanuel Kant (Königsberg, 22 de abril de 1724 – Königsberg, 12 de fevereiro de 1804) nos Fundamentos da Metafísica dos Costumes: Age somente segundo uma máxima tal que possas querer, ao mesmo tempo, que se torne uma Lei Universal. Isto leva ao seguinte Imperativo Universal: Age como se a máxima de tua ação devesse se tornar, por tua vontade, uma Lei Universal da Natureza.

 

m místico jamais dirá: — Deus de meu Coração, Deus de meu Coração, por que me abandonaste? Em tudo e por tudo, sempre dirá: — Deus de meu Coração, Deus de meu Coração, como me glorificaste!

 

m místico não vive sobressaltado com a reconhecida Lei Universal da Necessidade ou Lei da Reencarnação. De uma forma ou de outra, constatou sua veracidade, mas não vive obcecadamente sob sua dependência. Isto significa, por exemplo, que não age no sentido de esperar uma próxima encarnação mais alvissareira e menos complicada ou dolorosa do que a presente, e nem labora em função desta quimera. Ora, ele sabe que este tipo de desejo não se cumpre assim por simples um querer, pois tudo é e está regulado pela educativa Lei da Retribuição ou Lei da Compensação. O que está registrado não pode ser apagado; tudo haverá de ser retribuído ou compensado. Agora, dependendo do nível espiritual alcançado, as compensações podem ser escolhidas pelo próprio místico, isto é, o como retributivo, o quando retributivo e o lugar próprio de retribuição passam a ser, a partir de um nível espiritual alcançado, livre escolha sua e sua responsabilidade exclusiva. Ele poderá até demorar a se lembrar dos compromissos assumidos, mas, um dia, lembrará. Se um exemplo fácil pode ilustrar este entendimento, o sistema de créditos universitário é excelente, ainda que, no caso da peregrinação mística, existam sempre pré-requisitos a ser cumpridos. Enfim, o místico, por assim dizer, faz o seu tempo (que é tempo e que não é tempo), pois aprendeu a não ter pressa, que, como diz o ditado, é inimiga da perfeição. Aqui cabe um breve comentário: perfeição absoluta não existe e jamais poderá existir, pois, se existisse e pudesse ser definitivamente alcançada, haveria um limite para aquilo que é entendido como evolução ou reintegração da consciência na Consciência Cósmica; e limite é sinônimo de estaticidade, o que é inteiramente incompatível com as qualidades básicas do Universo, que são mudança, movimento, ilimitabilidade e permanente ajustamento.

 

 

 

 

m místico tem como verbo de ação preferencial servir. Serve sem esperar por prêmios ou por reconhecimentos. Simplesmente serve. E mais: custe o que custar, se sua presença for necessária, ele se fará presente.

 

m místico não julga. Em hipótese alguma um místico julga e condena um ser humano. Ele sabe que as atitudes e as crenças são derivadas das culturas individuais e coletivas. E mais: ele aprendeu que muitas coisas que ontem foram consideradas absurdas, hoje são tidas como triviais. Logo, também, diversas coisas, hoje, que são reprovadas pela sociedade, amanhã poderão se tornar corriqueiras. Um exemplo disto são os dispositivos usados para evitar a concepção, que ainda não são aceitos por alguns segmentos sociais e religiosos. Três coisas precisamos ter em mente: 1ª) é uma irresponsabilidade (por nós e por nossos parceiros) ter ou manter relações sexuais sem o uso de um preservativo adequado; 2ª) a Terra e a Economia não suportarão, ad infinitum, um crescimento vegetativo positivo; e 3ª) ter filhos de montão e à bangu sem poder alimentá-los e educá-los de forma conveniente é um ato inteiramente contrário à Natureza e ao bom senso. Somos responsáveis por tudo.

 

 

 

 

m místico não usa sua inteligência para facilitar absurdos, para progredir ilicitamente, para dominar e tiranizar ou para prejudicar seus semelhantes. Ele sabe que somos todos um, e o que o outro padecer ele também padecerá, pois não existe padecimento individual ou isolado. Logo, o assassinato e o suicídio não estão na lista de realizações de um místico. Ele compreendeu que um assassino é um suicida e que um suicida é um assassino.

 

m místico não se ajoelha e nem venera deuses coletivos ou egregóricos. Ele sabe que todos os deuses que existiram, existentes e por existir são fabricações mentais hipotéticas e interesseiras com um tempo de validade ou de duração relativos. Por outro lado, sabe que, para ele, existe um só Deus no Universo – o Deus de seu Coração, que ele se esforça para edificar diuturnamente, para, um dia, Nele mergulhar e se transformar irreversivelmente.

 

m místico, finalmente, sabe que para se tornar um Místico deverá cultivar a mais elevada das Virtudes Iniciáticas; a Humildade. O Processo Iniciático jamais poderá se completar efetivamente se não houver Humildade Absoluta.

 

 

 

 

 

 

 

 


CREDO DA PAZ
(Ralph Maxwell Lewis)

 

 

Ralph Maxwell Lewis

 

 

SOU REPONSÁVEL PELA GUERRA...

 


Quando, orgulhosamente, faço uso da minha inteligência para prejudicar o meu semelhante.

Quando menosprezo as opiniões alheias que diferem das minhas próprias.

Quando desrespeito os direitos alheios.

Quando cobiço aquilo que uma outra pessoa conseguiu honestamente.

Quando abuso da minha superioridade de posição privando outros de sua oportunidade para progredir.

Se considero apenas a mim próprio e a meus parentes pessoas privilegiadas.

Quando me concedo direitos para monopolizar recursos naturais.

Se acredito que outras pessoas devem pensar e viver da mesma maneira que eu.

Quando penso que sucesso na vida depende exclusivamente do poder da fama e da riqueza.

Quando penso que a mente das pessoas deve ser dominada pela força e não educada pela razão.

Se acredito que o deus de minha concepção é aquele em que os outros devem acreditar.

Quando penso que o país em que nasce o indivíduo deve ser
necessariamente o lugar onde ele tem de viver.

 


SOU RESPONSÁVEL PELA PAZ...

 


Se direciono correta e construtivamente os poderes da minha mente.

Se concedo ao meu semelhante o direito pleno de se expressar, de acordo com o seu próprio entendimento das verdades da vida.

Se reconheço que os meus direitos cessam quando se iniciam os direitos de outros, e aceito isto como um mínimo indispensável de disciplina.

Se faço uso dos poderes interiores para criar as minhas próprias oportunidades.

Se consigo promover a evolução dos que me cercam, sem considerar ameaçada a minha posição, e entendo que esta é a minha maior fonte de sucesso.

Se compreendo que as Leis Divinas diferem das criadas pelo Homem, e que nenhum direito divino especial é concedido a alguém unicamente por seu berço.

Se reconheço que os recursos naturais devem servir indistintamente a todas as formas de vida, e que não me cabem direitos exclusivos sobre eles.

Se compreendo que nada é mais livre do que o pensamento e que o pensamento construtivo transforma o Homem, direcionando-o à sua verdadeira meta.

Quando sinto que toda felicidade depende do simples fato de existir... de estar de bem com a vida.

Se percebo que todo ser humano pode vir a ser um grato amigo, quando convencido pela argumentação sincera.

Se considero que "a Alma de Deus adquire personalidade no Homem", e que este só pode conceber Deus a partir de sua própria percepção da Divindade.

Se reconheço a mim e ao meu semelhante como partes integrantes do Universo, e que a cada um cabe a busca do lugar onde melhor possa servir.

 

 

 

 

Rio de Janeiro, 15 de novembro de 2008, 19:14 horas.

 

 

 

Música de fundo:

Imagine (John Lennon)

Fonte:

http://www.eadcentral.com/go/1/1/0/
http://www.geocities.com/fra74/Musica.html