MARQUÊS DE MARICÁ
(Pensamentos)

 

 

 

Marquês de Maricá

Marquês de Maricá

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Brevíssima Introdução
e Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo é uma coletânea de pensamentos de Mariano José Pereira da Fonseca – primeiro e único Visconde com Grandeza e Marquês de Maricá.

 

Eu não sabia o que era visconde com grandeza, então, fui procurar. Como suponho que vocês também não saibam, aqui vai a explicação: comumente, o título de visconde sem grandeza era conferido a viúvas ou a grandes fazendeiros, enquanto o de visconde com grandeza era concedido a renomados políticos, senadores e conselheiros de Estado. Agora, primeiro e único continuo sem saber o porquê. Eu como não sou nada disto, não sou primeiro, não sou último, não sou único e não sou visconde (nem com grandeza nem sem grandeza). Sou Pizzinga... e olhe lá!

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Mariano José Pereira da Fonseca, primeiro e único Visconde com Grandeza e Marquês de Maricá (Rio de Janeiro, 18 de maio de 1773 – Rio de Janeiro, 16 de setembro de 1848), foi um escritor, filósofo e político brasileiro.

 

Foi Ministro da Fazenda, Conselheiro de Estado e Senador do Império do Brasil, de 1826 a 1848.

 

Filho do comerciante Domingos Pereira da Fonseca, este natural de Portugal, e de Teresa Maria de Jesus, natural do Rio de Janeiro, Mariano casou-se com Maria Barbosa Rosa do Sacramento em 30 de junho de 1800.

 

Doutor em Filosofia e consagrado em Matemática pela Universidade de Coimbra, em 1793, ocupou o cargo de Ministro da Fazenda no 3° Gabinete de 1823, depois foi nomeado Senador pela província do Rio de Janeiro, em 1826.

 

Por seus conhecimentos e modo de fazer política, tornou-se Conselheiro de Estado Efetivo em 1823 e Grande do Império, tendo participado da elaboração da Constituição do Império. Detinha a Grã-Cruz da Imperial Ordem do Cruzeiro.

 

Como escritor, escreveu diversas obras, a mais conhecida sendo Máximas, Pensamentos e Reflexões, composta de quatro volumes, com um total de 3.169 artigos, publicada entre os anos de 1837, 1839 e 1841.

 

 

 

Pensamentos do Marquês

 

 

 

A suspensão, remoção ou cessão de um grave mal são reputados pelo paciente como um grande bem: deixar de sofrer é também gozar.

 

Os abusos, como os dentes, nunca são arrancados sem dores.

 

A virtude é comunicável, mas o vício, contagioso.

 

Em vão procuraremos a verdadeira felicidade fora de nós, se não possuirmos a sua fonte dentro de nós.

 

Força sem inteligência é como movimento sem direção.

 

 

 

 

Adular os tolos é um meio ordinário de os desfrutar; os velhacos empregam-no eficazmente.

 

Não há escravidão pior do que a dos vícios e das paixões.

 

Os anarquistas são como os jogadores infelizes ou inábeis, que, baralhando muito as cartas ou mudando de baralhos, esperam melhorar de fortuna e condição.

 

Muito pouco se padece na vida, em comparação com o que se goza; aliás, não sendo assim, como se viveria?

 

Querendo prevenir males de ordinário contingente, o homem prudente vive sempre em tortura, gozando menos do presente do que sofre no futuro.

 

Sem os males que contrastam os bens, não nos creríamos jamais felizes, por maior que fosse a nossa felicidade.

 

Ninguém nos aconselha tão mal como o nosso amor-próprio nem tão bem como a nossa consciência.

 

Viver é gozar e sofrer, resistir e batalhar com os homens, as coisas, os eventos e os elementos.

 

O avarento é o mais leal e fiel depositário dos bens dos seus herdeiros.

 

 

 

 

O avarento, por um mau cálculo, sofre no presente os males que receia no futuro.

 

Não se pode formar um bom conceito de quem não tem boa opinião de pessoa alguma.

 

A beleza é uma letra que se vence à vista. Já a sabedoria tem o seu vencimento a prazo.

 

Os aduladores são como as plantas parasitas que abraçam o tronco e os ramos de uma árvore para melhor a aproveitar e consumir.

 

Nenhum tempo e nenhum lugar nos agradam tanto como o tempo que não existe e o lugar em que não estamos.

 

 

 

O Paradoxo da Sabedoria

 

São muito raros, no gênero humano, os homens verdadeiramente sábios; o concurso de condições e circunstâncias especiais necessário para que os haja ocorre com tanta dificuldade, que não deve admirar a sua raridade: demais, a sua aparição pouco ou nada aproveita aos outros homens que os desprezam, perseguem ou motejam, incapazes de compreendê-los, e os obrigam, finalmente, ao silêncio, ao retiro e à reclusão. (...) Não esperem os homens por, maior que seja o progresso da sua inteligência, chegar a conhecer as verdades capitais e primitivas sobre a essência e natureza das coisas: mudarão de erros, de fábulas, de hipóteses e de teorias, mas, nunca poderão alcançar conhecimentos que hajam de mudar a natureza humana, e fazer os homens diversos do que farão e do que são. O mundo varia aos olhos e nas opiniões dos homens, conforme as idades e condições da vida.

In: Máximas, Pensamentos e Reflexões


 

As nossas necessidades nos unem, mas, as nossas opiniões nos separam.

 

Custa menos ao nosso amor-próprio caluniar a sorte, do que acusar a nossa má conduta.

 

Inveja-se a riqueza, mas, não o trabalho com que ela se granjeia.

 

Não provoques o Poder, que ele se tornará cruel e despótico no seu desagravo.

 

O temor da morte é a sentinela da vida.

 

Aquele que se envergonha não é incorrigível.

 

O amor-próprio do tolo, quando se exalta, é sempre o mais escandaloso.

 

A sinceridade é, muitas vezes louvada; mas, nunca invejada.

 

Os vícios, como os cancros, têm a qualidade de ser corrosivos.

 

Há opiniões que nascem e morrem como as folhas das árvores; outras, porém, têm a duração dos mármores e do mundo.

 

O nosso bom ou mau procedimento é o nosso melhor amigo ou o pior inimigo.

 

Os sábios duvidam mais do que os ignorantes; daqui provém a filáucia1 destes e a modéstia daqueles.

 

Aproveita muito subir aos maiores empregos do Estado, para nos desenganarmos da sua vanglória e inanidade.

 

Se as viagens simplesmente instruíssem os homens, os marinheiros seriam os mais instruídos.

 

Os empregos que por intrigas e facções se alcançam por facções e intrigas se perdem.

 

Sem a memória, a razão não teria materiais com que exercer a sua atividade.

 

A opinião pública é sempre respeitável, não pelo seu racionalismo, mas, pela sua onipotência muscular.

 

Nos nossos revezes, queremos antes passar por infelizes, do que por imprudentes ou inábeis.

 

A razão, como as paixões, também tiraniza algumas vezes.

 

Os moços de juízo se honram em parecer velhos; mas, os velhos sem juízo procuram figurar como moços.

 

A sinceridade imprudente é uma espécie de nudez que nos torna indecentes e desprezíveis.

 

Achar em tudo desordem é prova de supina ignorância; descobrir ordem e sistema em tudo é demonstração de profundo saber.

 

 

Evolução temporal de um sóliton
(onda solitária de terceira ordem)

 

Muitas pessoas que se prezam de firmes e constantes não são mais do que teimosas e impertinentes.

 

Quando os tiranos caem, os povos se levantam.

 

Desperdiçamos tempo nos queixando sempre de que a vida é breve.

 

O louvor não merecido embriaga como o vinho.

 

É mais fácil perdoar os danos ao nosso interesse do que os agravos ao nosso amor-próprio.

 

Mudai os tempos, os lugares, as opiniões e as circunstâncias, e os grandes heróis se tornarão pequenos e insignificantes homens.

 

A autoridade de poucos é e será sempre a razão e o argumento de muitos.

 

Os velhos que se mostram muito saudosos da sua mocidade não dão uma idéia favorável da maturidade e do progresso da sua inteligência.

 

O ódio e a guerra que declaramos aos outros nos gasta e nos consome a nós mesmos.

 

A familiaridade tira o disfarce e descobre os defeitos.

 

A preguiça dificulta; a atividade tudo facilita.

 

Há muita gente para quem o receio dos males futuros é mais tormentoso do que o sofrimento dos males presentes.

 

Há mentiras que são enobrecidas e autorizadas pela civilidade.

 

É mais útil, algumas vezes, a extirpação de um erro, do que a descoberta de muitas verdades.

 

Os conselhos dos moços derivam das suas ilusões, os dos velhos, dos seus desenganos.

 

Quando defendemos os nossos amigos, justificamos a nossa amizade.

 

Os nossos inimigos contribuem mais do que se pensa para o nosso aperfeiçoamento moral. Eles são os historiadores dos nossos erros, vícios e imperfeições.

 

Podemos reunir todas as virtudes, mas, não acumular todos os vícios.

 

A vingança comprimida aumenta em violência e intensidade.

 

As grandes livrarias são monumentos da ignorância humana. Bem poucos seriam os livros, se contivessem somente verdades. Os erros dos homens abastecem as estantes.

 

O louvor que mais prezamos é justamente aquele que menos merecemos.

 

Os homens são poucas vezes o que parecem; eles trabalham incessantemente por parecer o que não são.

 

Sabei escusar o supérfluo, e não vos faltará o necessário.2

 

É tão fácil o prometer e tão difícil o cumprir, que há bem poucas pessoas que cumpram as suas promessas.

 

É falta de habilidade governar com tirania.3

 

A razão prevalece na velhice porque as paixões também envelhecem.4

 

Mudamos de paixões, mas, não vivemos sem elas.

 

Os bons conselhos desagradam aos apaixonados como os remédios aos que estão doentes.

 

A verdade é tão simples que não deleita. São os erros e as ficções que, pela sua variedade, nos encantam.

 

 

 

Os elogios de maior crédito são os que os nossos próprios inimigos nos tributam.

 

Os bens que a virtude não dá ou não preserva são de pouca duração.

 

Dói mais ao nosso amor-próprio sermos desprezados do que aborrecidos.

 

O luxo, assim como o fogo, tanto brilha quanto consome.

 

Saber viver com os homens é uma arte de tanta dificuldade, que muita gente morre sem a ter compreendido.

 

O erro máximo dos filósofos foi pretender sempre que os povos filosofassem.

 

Dói tanto a injúria publicada como a ferida exposta ao ar.5

 

A má educação consiste especialmente nos maus exemplos.

 

O velho se crê feliz em não sofrer; o moço, infeliz em não gozar.

 

O trabalho involuntário ou forçado é quase sempre mal concebido e pior executado.

 

Se fôssemos sinceros em dizer o que sentimos e pensamos uns dos outros, em declarar os motivos e os fins das nossas ações, seríamos reciprocamente odiosos e não poderíamos viver em sociedade.

 

Há enganos que nos deleitam, como desenganos que nos afligem.

 

Não somos sempre o que queremos, mas, o que as circunstâncias nos permitem ser.

 

Como a luz em uma masmorra faz visível todo o seu horror, assim a Sabedoria manifesta ao homem todos os defeitos e imperfeições da sua natureza.

 

Ninguém quer passar por tolo; antes, prefere parecer velhaco.

 

O espírito de intriga inculca demérito nos intrigantes.

 

Somos muitos francos em confessar e condenar os nossos pequenos defeitos, contanto que possamos salvar e deixar passar sem reparo os mais graves e menos defensáveis.

 

A paixão pela leitura é a mais inocente, aprazível e a menos dispendiosa.

 

Os velhos dão bons conselhos para se redimirem de ter dado maus exemplos.

 

A morte anula sempre mais planos e projetos do que a vida executa.

 

E um povo ignorante, a opinião pública representa a sua própria ignorância.

 

Os bens de que gozamos exercem sempre menos a nossa razão do que os males que sofremos.

 

Quem muito nos festeja alguma coisa de nós deseja.

 

Os maus não são exaltados para serem felizes, mas, para que caiam de mais alto e sejam esmagados.

 

 

 

Os homens, em geral, ganham muito em não serem perfeitamente conhecidos.

 

Quando a consciência nos acusa, o interesse ordinariamente nos defende.

 

Geralmente, os homens são tão avaros do seu dinheiro, como pródigos dos seus conselhos.

 

Somos bons consoladores, mas, muito maus sofredores.

 

É tal a falibilidade dos juízos humanos, que, muitas vezes, os caminhos por onde esperamos chegar à felicidade nos conduzem à miséria e à desgraça.

 

Um povo corrompido não pode tolerar um Governo que não seja corrupto.

 

Afetamos desprezar os bens que não podemos conseguir.

 

Ordinariamente, nos fingimos distraídos quando não nos convém parecer atentos.

 

Ninguém duvida tanto como aquele que mais sabe.

 

O que ganhamos em autoridade perdemos em liberdade.

 

Nos altos empregos, os grandes homens parecem ainda maiores; mas, os pequenos figuram de mais diminutos.

 

Os homens de bem perdem e empobrecem nos mesmos empregos em que os velhacos ganham e enriquecem.

 

Os erros de uns são lições para outros; estes acertam porque aqueles erraram.6

 

É mais fácil refutar erros do que descobrir verdades.

 

Instruir e divertir os povos deve ser o empenho dos escritores; os mais hábeis são os que instruem divertindo.

 

 

 

A beneficência é sempre feliz e oportuna quando a prudência a dirige e recomenda.

 

O interesse explica os fenômenos mais difíceis e complicados da vida social.

 

Enganamo-nos ordinariamente sobre a intensidade dos bens que esperamos, como sobre a violência dos males que tememos.

 

A pobreza e a preguiça andam sempre em companhia.7

 

Há muitos homens que se queixam da ingratidão humana para se inculcarem benfeitores infelizes ou se dispensarem de ser benfazentes e caridosos.8

 

O insignificante presume se dar importância maldizendo de tudo e de todos.

 

A atividade sem juízo é mais ruinosa do que a preguiça.

 

Muita luz deslumbra a vista; muita ciência confunde o entendimento.

 

A religião supre o juízo e a razão que faltam em muita gente.

 

A religião amansa os bravos e alenta os fracos.

 

É judiciosa a economia de palavras, de tempo e de dinheiro.

 

Os homens se enganam miseravelmente quando esperam encontrar a sua felicidade mais na forma dos seus Governos do que na reforma dos seus costumes.

 

Há homens para nada, muitos para pouco, alguns para muito, nenhum para tudo.

 

A dialética do interesse é quase sempre mais poderosa do que a da razão e a da consciência.

 

 

 

 

Os maldizentes, como os mentirosos, acabam por não merecer crédito, ainda que digam verdades.

 

Os soberbos são ordinariamente ingratos: consideram os benefícios como tributos que se lhes devem.

 

Não é menos funesto aos homens um superlativo engenho, do que às mulheres uma extraordinária beleza: a mediocridade em tudo é uma garantia e penhor de segurança e tranqüilidade.

 

A intemperança da língua não é menos funesta para os homens do que a da gula.

 

Nobre e ilustrada é a ambição que tem por objeto a sabedoria e a virtude.

 

A maledicência é uma ocupação e lenitivo para os descontentes.

 

A velhice reflexiva é um grande armazém de desenganos.

 

O remorso é na moral o que a dor é no físico da nossa individualidade: advertência de desordens que se devem reparar.

 

É nas grandes assembléias deliberantes que melhor se conhece a disparidade das opiniões dos homens e o jogo das paixões e dos interesses individuais.

 

Há duas coisas que não se perdoam entre os partidos políticos: a neutralidade e a apostasia.

 

Como o espaço compreende todos os corpos, a ambição abrange todas as paixões.

 

 

 

 

A mocidade viciosa faz provisão de achaques para a velhice.

 

A vitória de uma facção política é ordinariamente o princípio da sua decadência pelos abusos que a acompanham.

 

Os sábios que são respeitados pelos seus escritos são algumas vezes desprezíveis pelas suas ações.9

 

A razão dos filósofos é muitas vezes tão extravagante como a imaginação dos poetas.

 

Os nossos maiores inimigos existem dentro de nós mesmos: são os nossos erros, vícios e paixões.

 

Todos reclamam reformas, mas, ninguém se quer reformar.

 

Não é dado ao saber humano conhecer toda a extensão da sua ignorância.

 

Quando a cólera ou o amor nos visitam, a razão se despede.

 

Deve-se julgar a opinião e o caráter dos povos pelo dos seus eleitos e prediletos.

 

O mal ou bem que fazemos aos outros reverte sobre nós acrescentado.10

 

Em certas circunstâncias, o silêncio de poucos é a culpa ou o delito de muitos.

 

Desesperar na desgraça é desconhecer que os males confinam com os bens, e que se alternam ou se transformam.

 

 

 

 

A falsa ciência não aumenta o nosso saber; agrava a nossa ignorância.

 

O futuro é como o papel em branco em que poderemos escrever e desenhar o que quisermos.

 

Os erros circulam entre os homens como as moedas de cobre, as verdades como os dobrões de ouro.

 

Os males da vida são os nossos melhores preceptores; os bens, os nossos maiores aduladores.

 

A paciência dispensa a resistência e a reação.11

 

O prazer do crime passa, o arrependimento sobrevém e o remorso se perpetua.

 

A imaginação exagera, a razão desconta, o juízo regula.

 

Ordinariamente, fazemos mais festa às pessoas que tememos do que àquelas a quem amamos.

 

Pela dieta e pela abstinência, a avareza contribui muito para a longevidade.

 

Os velhacos têm por admiradores todos os tolos, cujo número é infinito.

 

A memória dos velhos é menos pronta porque o seu arquivo é muito extenso.

 

A Democracia é como a tesoura do jardineiro, que decota para igualar; a mediocridade é o seu elemento.

 

Os homens de pouca inteligência não sabem encarecer a própria capacidade sem rebaixar a dos outros.

 

O invejoso é tirano e verdugo de si próprio: ele sofre porque os outros gozam.

 

As paixões são como os vidros de grau, que alteram para mais ou para menos a grandeza e o volume dos objetos.

 

 

 

 

A ambição sujeita os homens a maior servilismo do que a fome e a pobreza.

 

Mais por inveja do que por virtude, há certos passatempos e prazeres ilícitos que censuramos nos outros.

 

Há povos que são felizes em não ter mais do que um só tirano.

 

As virtudes se harmonizam, os vícios discordam sempre entre si.

 

Todos se queixam. Uns dos males que padecem; outros da insuficiência, da incerteza ou da limitação dos bens de que gozam.

 

A vida humana é uma intriga perene, e os homens são recíproca e simultaneamente intrigados e intrigantes.

 

O arrependimento é ineficaz quando as reincidências são consecutivas.

 

Para bem conhecer os homens, é necessário, primeiramente, vê-los e praticá-los de perto, e, depois, estudá-los e meditá-los de longe.

 

Não se apaga o fogo com resinas nem a cólera com más palavras.

 

Os pobres se divertem com pouco dinheiro; os ricos se enojam com muita despesa.

 

O mundo floresce pela vida e se renova pela morte.

 

Os povos, como as pessoas, variam de opiniões e de gostos, e, na sua inconstância, passam freqüentes vezes de um a outro extremo.

 

O sábio que não fala nem escreve é pior do que o avarento que não despende.12

 

O silêncio, ainda que mudo, é freqüentes vezes tão venal como a palavra.

 

Um grande crime glorificado ocasiona e justifica todos os outros crimes e atentados subseqüentes.

 

As crenças religiosas fixam as opiniões dos homens; as teorias filosóficas perturbam-nas e confundem-nas.

 

Muito juízo é um grande tirano pessoal.

 

A prudência é uma arma defensiva que supre ou desarma todas as outras.

 

Os arrufos entre amantes podem ser renovações de amor, mas, entre os amigos são deteriorações da amizade.

 

Como os sábios não adulam os povos, estes também não os promovem.

 

Quando a cumplicidade é geral, a impunidade é segura.

 

A vida humana parece de algum modo tríplice, quando refletimos que vivemos e sentimos em três tempos: no pretérito, no presente e no futuro.

 

Querendo parecer originais, tornamo-nos ridículos ou extravagantes.

 

 

 

Alguns Princípios Básicos

 

 

 

Universo = Sistema + Ordem.

Moca = Dessistema + Desordem.

Harmonia = Paz + Beleza + Bem.

O Iniciado Morre e Nasce também.

 

Ignorância = Divisão + Desamor.

Samsara = Teimosia + Desprimor.

Alforria = Labuta + Compreensão.

Tudo repousa em nosso Coração.

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Filáucia, segundo Aristóteles (384 – 322 a.C.), é a virtude que consiste em amar a si mesmo na medida certa, sem excesso nem carência, integrando no afeto a busca ideal do Bem e do Belo.

2. Aqui, gostaria de recordar uma sentença do filósofo e poeta francês Gaston Bachelard (27 de junho de 1884 – 16 de outubro de 1962): A conquista do supérfluo provoca uma excitação espiritual superior à conquista do necessário.

3. Acho que o sábio Marquês, aqui, foi muito suave e generoso. Governar com tirania não é falta de habilidade; é mistura de canalhocratice com filhadaputice mesmo. Talvez, até, coisa bem pior.

4. A coisa não é bem assim. Há indivíduos (homens e mulheres) que quanto mais envelhecem mais filhos-da-puta ficam.

5. Não, não, não. A injúria é mil vezes pior.

6. Isto não é bem assim. Tivemos Adolf Hitler, Benito Mussolini e Josef Stalin. Depois, por exemplo, tivemos François 'Papa Doc' Duvalier, Slobodan Miloševic e Muammar al-Gaddafi. Hoje, temos Bashar Hafez al-Assad, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo e Omar Hassan Ahmad al-Bashir. E falta muita gente!

7. Isto não é regra. Nas tiranias absurdas, como, por exemplo, em alguns países da África, a pobreza não advém da preguiça, mas, da existência da própria tirania.

8. Muitíssimo pior são aqueles que dizem: — Se eu não roubar, os outros roubam. Eu conheci alguns assim.

9. Ora, como isto pode ser possível? Quem é Sábio (com letra S maiúscula) não comete más ações. Agora, quem é sábio-de-merda até pode ser.

10. Não sei se acrescentado, mas, fazer o bem para cair nas boas graças de alguma entidade todo-poderosa, mais do que uma atitude hipotética, é falsidade + inutilidade. Não há um banco cósmico que pague dividendos por boas ações. O Cósmico não tem acionistas. As boas ações devem ser feitas porque devem ser feitas. Aliás, qualquer bem deve ser feito porque é um bem. E ponto final.

11. Isto não é bem assim, Às vezes, precisamos reagir, protestar. Mas, não devemos nos esquecer do Mahatma Gandhi (2 de outubro de 1869 – 30 de janeiro de 1948), fundador do moderno Estado Indiano e o maior defensor do satyagraha (princípio da não-agressão, forma não-violenta de protesto) como um meio de revolução. O princípio do satyagraha, freqüentemente traduzido como caminho da verdade ou busca da verdade, também inspirou gerações de ativistas democráticos e anti-racistas, incluindo Martin Luther King Jr. (15 de janeiro de 1929 – 4 de abril de 1968) e Nelson Mandela (18 de julho de 1918). Freqüentemente Gandhi afirmava a simplicidade de seus valores, derivados da crença tradicional hindu: verdade (satya) e não-violência (ahimsa). Bem, o próprio Marquês, em outro momento, escreveu: A paciência, em muitos casos, não é senão medo, preguiça ou impotência.

12. Maldito é aquele que pode dizer e não diz, que pode fazer e não faz, que pode mudar e não muda, que pode auxiliar e não auxilia.

 

Música de fundo:

Cubanita
Composição: Chiquinha Gonzaga

Fonte:

http://www.beakauffmann.com/mpb_c.html

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.hcgallery.com.br/genea3.htm

http://www.math.pitt.edu/~bard/xpp/ss/screen.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mahatma_Gandhi

http://www.citador.pt/frases/
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http://siteseblogs.com/

http://www.generalcomics.com/cartoons- pictures
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http://gifsoup.com/view/31995/hitler.html

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http://blogs.diariodepernambuco.com.br/
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http://pensador.uol.com.br/autor/marques_de_marica/5/

http://pensador.uol.com.br/autor/marques_de_marica/4/

http://pensador.uol.com.br/autor/marques_de_marica/3/

http://pensador.uol.com.br/autor/marques_de_marica/2/

http://pensador.uol.com.br/autor/marques_de_marica/

 


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