LIBERDADE DE IMPRENSA

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

A imprensa é uma grande potência, mas, como uma torrente em fúria submerge a planície e devasta as colheitas, da mesma forma uma pena sem controle serve para destruir. Se o controle vem do exterior, o efeito é ainda mais nocivo do que a falta de controle; só pode ser aproveitável se for exercido interiormente.

Mohandas Gandhi

 

A censura e a liberdade de imprensa hão de continuar sempre a sua luta. O poderoso exige e exerce a censura; o homem sem poderes reclama a liberdade de imprensa. O primeiro quer ser obedecido, em vez de ser limitado nos seus planos ou na sua atividade por uma contradição insolente. O segundo quer dar voz às razões que lhe legitimam a desobediência. Por toda a parte se encontrará uma tal oposição. Notar-se-á, contudo, também, que, à sua maneira, o mais fraco, o que sofre a dominação, procura igualmente limitar a liberdade de imprensa, nomeadamente quando conspira e procura não ser traído. Ninguém clama tanto por liberdade de imprensa como aquele que a quer perverter.

Johann Wolfgang von Goethe

 

 

 

 

O Zíper da Tirania

 

 

 

Nossa liberdade só será louvável

se houver liberdade de imprensa.

Caso contrário, será abochornável

e a todos os seres-aí uma ofensa.

 

Exemplar exercício de cidadania,

precisa, por todos, ser defendida,

para que – aqui e ali – a ademonia

não a transforme em aberta ferida.

 

Protegê-la e com ela não desavir1

são obrigações do digno cidadão.

Somos co-responsáveis pelo devir

e pelo mal-de-bicho da contramão.

 

Eu vivi o tempo plúmbico de 1964

– tempo de lugubríssima memória:

a noite era baça e o dia era atro –

a aguardar que mudasse a História.

 

Mas, por que estou tocando nisto?

Para que nenhum de nós esqueça

daquele ciclo fedorento e malquisto,

em que apitavam mulas-sem-cabeça.

 

 

 

Mulas-sem-cabeça
(1964 a 1985)

 

 

_____

Nota:

1. Aqui, é oportuno lembrar e assinalar que são inteiramente diferentes a Imprensa responsável, inatacável e impecável e a tal imprensa marrom (em língua inglesa, yellow journalism) – expressão pejorativa utilizada para se referir a veículos de comunicação (principalmente jornais, mas, também, revistas e emissoras de rádio e TV) considerados sensacionalistas (capazes de causar impacto e de chocar a opinião pública sem que haja qualquer preocupação com a veracidade), ou seja, que buscam elevadas audiências e vendagem através da divulgação de fatos e acontecimentos incomprovados e fraudulosos, bem como intriga política e chantagem, sem qualquer compromisso com a autenticidade, em que são registradas transgressões flagrantes da ética jornalística. Seja como for, leia neste verso, por favor, o verbo desavir como sinônimo de malquistar ou inimizar. A imprensa responsável, inatacável e impecável não merece isto, isto é, ser malquistada ou inimizada. Agora, a imprensa marrom deveria ser implodida.

 

Música de fundo:

Vinheta do Repórter Esso

Fonte:

http://mp3skull.com/mp3/reporter_esso.html

 

Observação:

Repórter Esso (também conhecido como O Seu Repórter Esso) foi um noticiário histórico do rádio e da televisão brasileira, que seguia a versão americana do programa chamada de Your Esso Reporter. Foi o primeiro noticiário de radiojornalismo do Brasil que não se limitava a ler as notícias recortadas dos jornais, pois, as matérias eram enviadas por uma agência internacional de notícias sob o controle dos Estados Unidos. O Repórter Esso era patrocinado por uma empresa estadunidense chamada Standard Oil Company of Brazil, conhecida como Esso do Brasil. Os locutores que fizeram maior sucesso no noticioso foram: Gontijo Teodoro, Luiz Jatobá e Heron Domingues. Os slogans mais famosos eram: O Primeiro a dar as Últimas e Testemunha Ocular da História. O programa trouxe para o radiojornalismo brasileiro a informação por ele divulgada não apenas como notícia, mas, constituída, também, em texto dirigido e propaganda político-ideológica, produzindo e construindo sentido e com alvo certo: o Governo e determinados segmentos da sociedade brasileira. A Segunda Guerra acabou depois que o Repórter Esso noticiou, esta foi célebre frase de um jornal da época, que exprime a importância e a credibilidade que o Repórter Esso conquistou. A primeira transmissão ocorreu na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, em 28 de agosto de 1941, iniciando a cobertura do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Antes da estréia oficial, o programa havia ido ao ar experimentalmente na Rádio Farroupilha de Porto Alegre. Na televisão, o noticiário, inicialmente com o nome de O Seu Repórter Esso, foi apresentado de 10 de abril de 1952 até 31 de dezembro de 1970, na TV Tupi. Não havia uma só pessoa, no Brasil, que tivesse televisão, que não assistisse ao Repórter Esso. Depois, todo mundo ficava esperando O Direito de Nascer, uma telenovela brasileira que foi produzida e exibida pelas extintas emissoras TV Tupi (São Paulo) e TV Rio, às 21 horas e 30 minutos, entre 7 de dezembro de 1964 e 13 de agosto de 1965.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.geekologie.com/2009/07/
printing-press-gets-tronified.php

http://br.hellokids.com/

http://soundjax.com/whistle-4.html

http://lendasfolcloricas.blogspot.com.br/
p/mula-sem-cabeca.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Imprensa_marrom

http://pt.wikipedia.org/wiki/Rep%C3%B3rter_Esso

http://www.citador.pt/textos/a-liberdade-de
-imprensa-johann-wolfgang-von-goethe

http://www.citador.pt/textos/liberdade-de-
imprensa-mohandas-karamchand-gandhi

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.