MITOS DA CRIAÇÃO ou MITOS FUNDADORES
(We n' de ya ho, we n' de ya ho, we n' de ya ho)

 

 

 

Índio Cherokee

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Simbolicamente

 

 

 

Um mito de criação é uma narrativa simbólica pertencente a uma cultura, tradição ou povo, que descreve os seus mais remotos inícios, como o mundo, tal como conhecem, se iniciou e como eles primeiro surgiram nele. Comumente, embora não sempre, são considerados mitos cosmogônicos, isto é, descrevem a ordenação do Unimultiverso a partir de um estado de caos ou amorfia. Freqüentemente, são considerados relatos sagrados, e, de maneira geral, mitos de criação são encontrados em todas as religiões conhecidas.

 

 

Mito de Criação do Unimultiverso

 

O Mito da Criação na Cultura Maia está descrito no Popol Vuh – livro sagrado sobre o surgimento do homem – sendo comumente traduzido do idioma quiché (que faz parte da família das línguas maias) como Livro da Comunidade, e é um registro documental da cultura maia, produzido no século XVI, e que tem como tema a concepção de criação do mundo deste povo. Segundo os antigos maias, antes de tudo ser criado, existiam dois deuses: Tepeu e Gucumatz. Segundo o Popol Vuh, esses deuses criaram a Terra, o céu e depois os animais pesados e os mais leves. Os primeiros seres humanos foram feitos de barro, mas, ficaram moles demais e desmoronaram. Os segundos seres humanos foram feitos de madeira, mas, ficaram duros demais e sem sentimentos. Então, os deuses mandaram um dilúvio para destruir aquela espécie de gente. Na terceira tentativa, os seres humanos foram feitos de milho, e passaram a ser inteligentes e ter bons sentimentos.

 

 

Gucumatz

 

 

No Mito da Criação na Grécia Antiga, de um vazio cósmico se manifestaram os Deuses Gaia e Eros, cabendo à Gaia, a Terra, o destino de virar um lar divino. Com isso, Gaia deu à luz e formou a criação.

 

Na Cultura Iorubá (África), Olodumare é a suprema divindade criadora, e enviou Obatala para criar a Terra e os seres humanos.

 

No Mito Judaico-cristão da Criação, a criação do mundo se deu pelas mãos de Deus em uma semana. Foi Ele quem deu lugar a um vazio na existência para o mundo com as Leis Naturais que conhecemos agora. Quando o Senhor Deus fez a Terra e o céu, não havia ainda nenhum arbusto no campo nem havia ainda germinado qualquer erva, pois, o Senhor Deus não havia feito chover sobre a Terra nem havia ninguém para a cultivar. Só havia uma espécie de fonte, que regava a superfície da Terra. O Senhor Deus tomou, então, pó da terra e fez daí um homem: insuflou-lhe nas narinas o sopro de vida e o homem começou a viver. Depois, o Senhor deus criou um jardim, no Éden, a oriente, e lá colocou o homem que havia formado. Fez brotar da Terra toda a espécie de árvores, de aspecto agradável e, ainda, a Árvore da Ciência do Bem e do Mal. O Senhor Deus levou o homem e o colocou no Jardim do Éden, para o cultivar e guardar. E lhe fez esta recomendação: Podes comer os frutos de todas as árvores do Jardim, menos da Árvore da Ciência do Bem e do Mal. No dia em que comeres, morrerás. E o Senhor Deus disse: Não é bom que o homem esteja só; vou fazer uma companheira semelhante a ele. O homem deu o nome aos animais domésticos, aos animais selvagens e às aves. Mas, não encontrou para si a auxiliar adequada. Então, o Senhor fez cair o homem em um sono profundo. Tirou-lhe uma costela e preencheu o lugar com carne. Com esta costela, o Senhor Deus fez uma mulher e a conduziu ao homem. Quando ele a viu, exclamou: Ah!, agora sim! Esta é osso dos meus ossos e carne da minha carne. Há de se chamar mulher, porque foi tirada do homem.

 

Na Mitologia Aborígene (atual Austrália), o Tempo do Sonho descreve criação e a ancestralidade. Seres ancestrais moldaram a Terra e criaram a vida. Nesta tradição, tudo está conectado: pessoas, animais, Terra e ancestrais.

 

Na Mitologia Nórdica, os mundos surgiram do vazio entre Niflheim (gelo) e Muspelheim (fogo). Ymir, o gigante primordial, nasceu do encontro do gelo com o fogo. Odin e seus irmãos mataram Ymir e criaram o mundo com seu corpo. Os seres humanos foram criados a partir de troncos de árvores por Odin.

 

Na Mitologia Hindu, o Deus Brahma nasceu do Lótus Cósmico, criou Vishnu e Shiva. Vishnu mantém o Unimultiverso; Shiva o destrói e recria.

 

No Mito de Criação do Egito Antigo, Atum, a divindade primordial, gerou Shu (ar) e Tefnut (umidade). Shu e Tefnut criaram Geb (Terra) e Nut (céu). Geb e Nut geraram Osíris, Ísis, Set e Néftis. Osíris governou Egito, trazendo civilização e prosperidade. Nesta tradição egípcia, certos indivíduos humanos eram considerados divindades; isto é a base da cultura dos faraós.

 

Por sua vez, os índios Maori, da Nova Zelândia, descrevem a criação em forma de verso:

Do nada, a procriação.
Do nada, o crescimento.
Do nada, a abundância.
O poder de aumentar o sopro vital.
Ele organizou o espaço vazio,
e produziu a atmosfera acima
a atmosfera que flutua sobre a Terra.
O grande firmamento organizou a madrugada.
E a Lua apareceu.
A atmosfera acima organizou o calor,
e o Sol apareceu.
Eles foram jogados para cima,
para serem os olhos principais do Céu.
E, então, o firmamento se transformou em luz:
a madrugada, o nascer do dia, o meio-dia.
O brilho do dia vindo dos céus.

 

O Ovo Cósmico Chinês: segundo esse mito, o primeiro ser vivo foi P’an Ku, que cresceu durante 18 mil anos dentro de um ovo cósmico. Quando se chocou, a casca acima dele se tornou o céu, enquanto a casca debaixo se tornou a Terra. Os opostos, em a Natureza, foram separados, como masculino e feminino, úmido e seco, claro e escuro, yin e yang etc. Depois de todo esse esforço, P’an Ku, literalmente, se despedaçou, e suas feições se tornaram o mundo natural. Seus membros se transformaram em montanhas, seu sangue em rios, sua respiração no vento, sua voz nos trovões, seu cabelo na grama, seu suor na chuva, e assim por diante. Seu olho esquerdo se tornou o Sol e seu olho direito se tornou a Lua. Algumas pessoas dizem que os parasitas no corpo de P’an Ku se tornaram a Humanidade. Outros dizem que, muitos séculos depois da morte de P’an Ku, uma deusa solitária chamada Nu Wa viu seu reflexo em um lago, e criou alguns seres como ela, a partir da lama. Estes se tornaram os aristocratas. A criação desses seres foi um trabalho árduo, e quando Nu Wa agitou uma videira enlameada através do ar, suas gotas se tornaram os plebeus. Anos mais tarde, o céu desabou, criando buracos na Terra, através do qual as águas subiram para formar um grande dilúvio. Nu Wa remendou a Terra, mas, ficou esgotada por seu trabalho e morreu. Seu corpo, como o de P’an Ku, produziu ainda mais recursos naturais no mundo.

 

Na criação sangrenta do Povo Sanema, que faz parte do Grupo Ianomâmi de tribos que vivem na Floresta Amazônica, todas as coisas vivas descenderam de ancestrais originais, cujos espíritos ainda habitam a Floresta.

 

O Mito Cherokee da Criação descreve a Terra como uma grande ilha flutuante rodeada por um oceano. Ela pende do céu por cordas presas nos quatro pontos cardeais. A história conta que a primeira Terra veio a ser quando Dâyuni sï, o pequeno besouro d'água, desceu do mundo do céu (Gälûñ'lätï) para ver o que estava debaixo da água. Ele remou sobre a superfície da água, mas, não encontrou lugar para descansar. Ele mergulhou até o fundo da água e trouxe lama macia para cima. Esta lama se expandiu em todas as direções e se tornou a Terra. Os outros espíritos de Gälûñ'lätï estavam ansiosos para descer à nova Terra. Primeiro, os pássaros foram enviados para ver se a lama estava seca. O abutre foi enviado na frente para fazer os preparativos para os outros, mas, a Terra ainda estava mole. Quando ele se cansou, suas asas mergulharam muito baixo e escovaram a lama macia, formando montanhas e vales no solo plano. Quando a Terra estava finalmente seca, todos os animais desceram do céu. Estava escuro, e, então, eles pegaram o Sol e o colocaram em uma trilha para viajar de leste a oeste. No início, eles o colocaram muito baixo e o lagostim foi queimado. Então, eles elevaram o Sol várias vezes para reduzir seu calor. A história conta como várias outras plantas e animais adquiriram certas características. Todas elas foram instruídas a permanecer acordadas por sete noites, mas, apenas alguns animais, como a coruja e a pantera, puderam fazê-lo; e assim, a estas duas foi dado o poder de ver e caçar durante a noite. Apenas algumas árvores também conseguiram – o cedro, o pinheiro, o abeto e o louro – e assim o resto foi forçado a perder suas folhas no inverno. As primeiras pessoas foram um irmão e uma irmã. O irmão bateu em sua irmã com um peixe, e disse a ela para se multiplicar. Depois disso, ela deu à luz uma criança a cada sete dias. Logo, havia muita gente, e, então, as mulheres eram forçadas a ter apenas um filho a cada ano. Os Cherokees acreditam, tradicionalmente, que todas as doenças e sofrimentos são causados pelos espíritos ou pela feitiçaria. Acreditam, também, que as plantas fabricavam remédios para curar cada doença que entra no mundo. Quando o curandeiro não sabe que remédio usar. os espíritos das plantas lhe dizem.

 

 

 

 

Os quatro mundos do povo Navajo: a criação do mundo começou no primeiro mundo, chamado Mundo Negro. Esse mundo continha quatro nuvens, incluindo uma negra, que representava a substância do sexo feminino, e uma branca, que representava o sexo masculino. Juntas, elas criaram o primeiro homem, que representava o amanhecer e a vida, e a primeira mulher, que representa a escuridão e a morte. Outros seres, no Mundo Negro, incluem o Grande Coiote (idealizado a partir de um ovo), o Primeiro Bravo, e vários insetos. O Mundo Negro se tornou lotado, e, então, todos subiram para o Mundo Azul, dos pássaros. Lá, eles viveram em harmonia por 23 dias, até que alguém tentou dormir com a esposa do chefe Andorinha. Banidos para o Mundo Amarelo dos mamíferos, eles encontraram seis montanhas, nas quais as pessoas santas viviam. As pessoas santas eram imortais e viajavam seguindo o arco-íris. Lá, a primeira mulher deu à luz a duas crianças hermafroditas. Quatro dias depois, ela deu à luz a um outro par de gêmeos, um homem e uma mulher. No final de 20 dias, cinco pares de gêmeos haviam nascido. Um dia, o Grande Coiote tomou para si o bebê do Monstro da Água. O Monstro ficou tão irritado que fez a chuva, até que as águas da inundação subiram mais alto do que as montanhas. No que deve ter sido o dilúvio mais lento de todos os tempos, o primeiro homem plantou várias árvores e um canavial em seqüência, nenhum dos quais cresceu acima do nível das águas. Finalmente, um canavial cresceu para o céu. Todo mundo o escalou, onde encontraram o quarto mundo, o Mundo Branco, que é onde todos nós vivemos hoje.

 

No Novo Testamento, no Quarto Evangelho, o Evangelho Segundo João, I: 1, está escrito: In principio erat Verbum, et Verbum erat apud Deum, et Deus erat Verbum. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

 

 

 

 

E, enfim, o tal do Big Bang ou a Grande Expansão, que teria supostamente acontecido há ± 13,8 bilhões de anos, é, na atualidade, a teoria cosmológica dominante sobre o desenvolvimento inicial do Unimultiverso, que, em algum tempo finito no passado, originariamente, tudo estava muito quente e denso. Desde então, tem se resfriado pela expansão ao estado diluído atual, e continua em expansão atualmente. Este entendimento deriva da Hipótese [teológica delirante] do Átomo Primordial, formulada pelo padre católico, astrônomo, cosmólogo, matemático e físico belga Georges Henri Joseph Édouard Lemaître (Charleroi, 17 de julho de 1894 – Louvain, 20 de junho de 1966).

 

 

 

 

Sobre tudo isto, eu entendo que seja e, ininterruptamente, aconteça assim: para nada, sem exceção, nunca houve um começo (criação) nem poderá haver um fim (destruição definitiva irreversível). Não há in principio nem haverá in fine. Nunca houve nascimento de bulhufas nem haverá morte de xongas. Nunca houve uma primordialidade excepcional para a existência, nem haverá um sumiço macabro, nem um juízo final, nem um apocalipse devastador e destrutor. Tudo existiu, existe e existirá, correlacionadamente, desde, para , no . Tudo sempre foi, é e sempre será , em conformidade com a .

 

 

sempre foi, é e sempre será ,
em conformidade com a .
(Simbolicamente)

 

 

Para que houvesse um hipotético teológico começo – qualquer que seja a Teologia – as coisas teriam que ter principiado de uma espécie mirabolante de não-existência, e terminariam na mesma ou em outra espécie de mirabolante não-existência – o que é um absurdo inexplicável, ilógico e irracional. Como o nada não existe, por este simples, mas, efetivo e irrefutável fundamento, o inexistente nada não pode ser pai nem mãe de coisa nenhuma. Então, esotérica e iniciaticamente, in principio erat Verbum, et Verbum erat apud Deum, et Deus erat Verbum, quer dizer: de mais um cíclico Maha Prâlâya por intermédio do Verbum Dimissum, Æternum, Inenarrabile et Universalis surge mais um cíclico Maha Mânvântâra; da cíclica inatividade surge a cíclica atividade; da cíclica inobjetividade surge a cíclica objetividade; de cíclicos 311.040.000.000.000 anos de imperceptibilidade e, digamos assim, de dormência repousante, surgem cíclicos 311.040.000.000.000 anos de experiência sensível, independente e incondicionada; da cíclica Grande Noite Cósmica surge o cíclico Grande Dia Cósmico. 7 —› 49 —› 343. 343 3 + 4 + 3 = 10 1 + 0 = . Do irredutível e inaumentável —› sempre ilimitados 1. Do Todo-Desde-Sempre- —› miniaturas do Todo-Desde-Sempre- . Quando compreendermos que, no Unimultiverso, nunca houve, não há e jamais poderá haver morte, que sempre existiu, existe e sempre existirá , que não há passado nem futuro, que só existe o , que a maior de todas as heresias é a Grande Heresia da Separatividade, pois, tudo + todos = Desde-Sempre-, então, estaremos já trilhando o Caminho que nos transmutará de Deuses Inconscientes em . Não há glossolalia, nem feijão mágico, nem H2O (des)consagrada que alterem isto. Não há promessa, nem dízimo, nem (des)milagre que alterem isto. Não há dogma, nem infalibilidade, nem lei canônica inventada que alterem isto. Não há mandinga, nem quebranto, nem magia negra que alterem isto. Não há deus nem demônio que altere isto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Música de fundo:

Cherokee Morning Song – Circle of Life (Native American Music)

Fonte:

https://archive.org/details/circle-of-life-native-american-music/

 

Páginas da Internet consultadas:

https://gifer.com/pt/ZYm1

https://br.pinterest.com/pin/115334440444649476/

https://br.pinterest.com/pin/334321972309937089/

https://arkana-rpg.com.br/o-mito-da-criacao-do-universo/

https://www.freepik.com/

https://slate.com/

https://hotcore.info/babki/female-native-american-cherokee-indian.html

https://pt.alegsaonline.com/art/19288

https://www.youtube.com/watch?v=fxdAqv5SnCg

https://br.pinterest.com/pin/413838653251165588/

https://www.taubate.sp.gov.br/wp-content/uploads/2020/05/6-
%C2%A6-ano-HIST%C3%B4RIA-ativ.-05-Mitos-fundadores.pdf

https://www.freepik.com/free-photos-vectors/universe

https://hypescience.com/10-mitos-sobre-a-criacao-da-humanidade/

https://www.sab-astro.org.br/wp-content/uploads/2017/03/SNEA2012_TCO20.pdf

https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/13654/1/V00801-035-053.pdf

https://seara.ufc.br/wp-content/uploads/2019/03/folclore375.pdf

https://pt.wikipedia.org/wiki/Mito_de_cria%C3%A7%C3%A3o

https://www.psicanaliseclinica.com/mito-da-criacao/

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.