Rodolfo
Domenico Pizzinga
Minha
alma já procedeu muito mal.
Aceitou
a humilhação – por fraqueza –
e atribuiu
sua resignação à fortaleza.
Minh'alma,
algumas vezes, foi abnormal.
Hipoteticamente,
consolou-se com o fato
de que
muitos transigem com a perversidade.
E, de
iniqüidade em iniqüidade,
desonrou
e pediu para ficar em anonimato.
Considerou
virtudes louvar e celebrar,
agir dissimuladamente
e mentir,
apoderar-se
injustamente e ferir,
adulterar,
desfigurar e, até, assassinar.
Menosprezou
a fealdade de uma face
que não
era, senão, uma de suas máscaras.
Hipoteticamente
e nunca às claras,
foi ávida
por vantagens espúrias e rapace.
Na
presença de coxos, minha alma claudicava.
Em meio
a corruptos, corrompia.
Ao
reconhecer os bem-intencionados, iludia.
E sempre
que podia, se locupletava.
Sempre
optou pelo caminho mais fácil.
E pensava:
por que não enricar e levar vantagem
se
só estamos aqui meio que de passagem?
Preferiu
ser rude e detestável a ser vera e grácil.
Mas,
um dia, minha alma tremeu e relampejou!
Em meio
à Noite Negra, brilhou uma certa
Minha
Rosa, então, enfloresceu em sua Cruz.
Hoje minha
alma sabe e pode dizer: — Agora Sou.