A
Metafísica é a ciência do Ser enquanto Ser.
A
Metafísica é a ciência da investigação
dos princípios ou das causas supremas.
A
Metafísica é a ciência que indaga acerca da 'substância'.
A
Metafísica é uma ciência divina, ou seja, uma expressão
racional do 'Theion', uma Teologia.
Assim,
se os homens filosofaram para se libertar da ignorância, é
evidente que buscaram o conhecimento só com a finalidade de saber,
e não para alcançar alguma utilidade prática. É
evidente, portanto, que nós não buscamos a Metafísica
por nenhuma vantagem que lhe seja estranha; e, antes, é evidente
que, como chamamos livre o homem que é fim para si mesmo e não
serve a outros, assim só a
Metafísica,
entre todas as outras ciências, chamamos livre. Só ela, de
fato, é fim para si mesma.
A
Metafísica,
de fato, entre todas as ciências, é a mais divina e a mais
digna de honra. Mas, uma ciência pode ser divina só nesses
dois sentidos: ou porque ela é a ciência que Deus possui em
grau supremo ou, também, porque ela tem como objeto as coisas divinas.
Ora, só a Metafísica
possui
ambas as características: com efeito, é convicção
comum a todos que Deus é uma causa e um princípio, e, também,
que Deus, ou exclusivamente ou em grau supremo, tem este tipo de ciência.
É,
pois, manifesto que a ciência a adquirir é a das causas primeiras
(pois dizemos que conhecemos cada coisa somente quando julgamos conhecer
a sua primeira causa). Na
Metafísica,
Aristóteles definiu as Quatro Causas: 1ª) Causa
Formal ('ousia, tó ti esti einai') – é a forma ou
essência das coisas (um objeto se define pela sua forma); 2ª)
Causa Material ('yle, ypokeimenon') –
é
a matéria de que é feita uma coisa (a matéria na qual
consiste o objeto); 3ª) Causa Eficiente ('arche
tes kineseos') – é
a origem das coisas (aquilo ou aquele que tornou possível o objeto);
e 4ª) Causa Final ('to
uo eneka') – é
a razão de algo existir (a finalidade do objeto).
O
belo é o esplendor da ordem.
Deve
haver uma Natureza qualquer ou mais do que uma de onde as outras naturezas
derivem, mas Ela se conservando inalterada.
É
da memória
que deriva aos homens a experiência, pois as recordações
repetidas da mesma coisa produzem o efeito de uma única experiência,
e a experiência quase se parece com a ciência e a arte. Na realidade,
porém, a ciência e a arte vêm aos homens por intermédio
da experiência, porque a experiência, como afirma Polos,1
e bem, criou a arte, e a inexperiência, o acaso.
A arte aparece quando, de um complexo
de noções experimentadas, se exprime um único juízo
universal dos [casos]
semelhantes.
A
finalidade da arte é dar corpo à essência secreta das
coisas, não copiar sua aparência.
Somos o que repetidamente fazemos.
A excelência, portanto, não é um efeito, mas um hábito.
O
amor é o sentimento dos seres imperfeitos, posto que a função
do amor é levar o ser humano à perfeição.
A
Natureza tem horror ao vácuo.
A
experiência é conhecimento dos singulares; a arte, dos universais.2
Quem
possuir a noção sem a experiência e conhecer o universal
ignorando o particular nele contido enganar-se-á muitas vezes no
tratamento, porque o objeto da cura é, de preferência, o singular.
A razão é o que melhor
nos faz conhecer.
Uns conhecem a causa; outros não.
Com efeito, os empíricos sabem o 'quê', mas não o 'porquê',
ao passo que os outros sabem o 'porquê' e a causa.3
E assim, por exemplo,
de maneira geral, sabe-se que o fogo é quente, mas só que
é quente.
Quem
conhece as causas com mais exatidão é mais capaz de as ensinar.4
O
conhecimento de todas as coisas encontra-se necessariamente naquele que,
em maior grau, possui a Ciência Universal. No entanto, é sobremaneira
difícil ao homem chegar a este Conhecimento Universal porque está
para muito
além
das sensações.
Homem livre a quem existe por si
e não por outros.
Conhecemos
cada coisa somente quando julgamos conhecer a sua primeira causa.
Não afirmamos que Sócrates
é gerado, em sentido absoluto, quando ele se torna belo ou músico,
nem que ele morre quando perde estas qualidades, porque o sujeito –
o próprio Sócrates –
permanece.
E assim, quanto às outras coisas, porque deve haver uma natureza
qualquer ou mais do que uma de onde as outras derivem, mas se conservando
ela inalterada.
'Antes
de todos os deuses, criou o amor.' (Parmênides,
apud Aristóteles).
'Antes
de tudo, foi o Caos. Depois a terra dos grandes seios e o amor que a todos
os imortais supera'. (Hesíodo,
apud Aristóteles).
Para
Parmênides, só existe uma única coisa: o Ser. Nada mais.
O
Ser se diz em múltiplos sentidos, mas sempre em referência
a uma unidade e a uma realidade determinada. Assim, pois, o Ser se diz em
muitos sentidos, mas todos em referência a um único princípio.
É,
na verdade, absurdo sustentar que, na origem, tudo estaria misturado, quer
porque tudo deveria ter preexistido distinto, quer porque nem tudo é
feito para se misturar com outra coisa qualquer, e, enfim, porque a modificação
e os acidentes existiriam separados das substâncias (com efeito, mistura
e separação dizem respeito às mesmas coisas).
Platão diz que as coisas e
suas causas são números, sendo, porém, as causas números
inteligíveis e as coisas números sensíveis.5
Cada
coisa tem a sua equívoca, tão fora das substâncias como
das outras entidades, cuja unidade é contida na multiplicidade, sejam
elas sensíveis ou eternas.
Pelos argumentos tirados das ciências,
deverá haver idéias de todas as coisas de que há ciência,
e, pelo [argumento]
da unidade na multiplicidade também [haverá
idéias] das negações. Enfim, pelo argumento
de que pensamos qualquer coisa, mesmo depois de corrupta, [haverá]
igualmente [idéias]
dos corruptíveis. Também destes, com efeito, temos representação.
O
relativo precede o absoluto.
Relatividade
da Simultaneidade
Se
um ser participa do duplo em si, ele participa também do eterno,
mas por acidente, por ter [simplesmente]
acontecido ao duplo ser eterno.
É
impossível que existam separadamente a substância e aquilo
de que ela é substância. Neste caso, as idéias, que
são as substâncias das coisas, como existiram separadas delas?
A causa é o princípio
da mutação.
Como
poderíamos conhecer os sensíveis sem termos
deles a sensação?6
A qüididade7
é a substância da coisa.
A
especulação acerca da verdade é, num sentido, difícil,
noutro, fácil. A prova é que ninguém a pode atingir
completamente, nem totalmente se afastar dela. Cada [filósofo]
tem algo que dizer sobre a Natureza, nada ou pouco acrescentando
cada um à verdade, embora se faça do conjunto de todos uma
boa colheita. Todavia, a origem das dificuldades, talvez, não esteja
nas coisas, mas em nós próprios. Da mesma maneira, com efeito,
que os olhos dos morcegos se comportam para a luz do dia, igualmente o lume
da nossa alma [se comporta]
para as coisas por natureza mais claras.
Nós
não conhecemos o verdadeiro sem [conhecer]
a causa.8
O
homem livre é senhor de sua vontade e somente escravo de sua consciência.
A
dúvida é o principio da sabedoria.
A
perfeição é o meio-termo entre dois vícios:
um por excesso, o outro por falta.
Quanto
cada coisa tem de ser, tanto [tem]
de verdade.9
Todas
as vezes estaremos errados acerca daquilo que não conhecemos.
É
impossível que qualquer pessoa conceba que o mesmo é e não
é.
Não
se pode exigir a definição de tudo. Ademais, definições
devem ser conseguidas mediante analogias. O ato é, para a potência,
aquilo que o edifício é para o saber edificar, o estar desperto
para o dormir, o ver para o não-ver, o objeto feito de matéria
e bem trabalhado para a matéria bruta. Ao primeiro destes binômios
aplica-se o conceito de ato; ao segundo, o de potência. Logo, o ato
é a presença de alguma coisa não em potência,
como quando dizemos que a estátua de Mercúrio está
presente na madeira ou que em uma coisa inteira está a metade que
se pode separar dela...
O
homem magnânimo deseja ocupar-se de poucas coisas, e estas têm
de ser verdadeiramente grandes aos seus próprios olhos, e não
porque outros assim pensem. Para o homem dotado de uma alma grande, a opinião
solitária de um único homem bom conta mais do que a opinião
de uma multidão. Foi o que disse Antífon, após a sua
condenação, quando Agatão o cumprimentou pelo brilho
de sua autodefesa.
O
Ser se diz em múltiplos significados.
O
Ser e o Um são a mesma coisa e uma realidade
única.
Sem amigos ninguém escolheria
viver, mesmo que possuísse todos os demais bens. Considera-se que
até os homens ricos e aqueles que ocupam altos cargos e posições
de autoridade precisam de amigos, ainda mais que todos, pois qual é
a utilidade de tal prosperidade sem a oportunidade da beneficência,
exercida principalmente, e do modo mais louvável, em relação
aos amigos? Todavia, a amizade não é apenas útil, ela
também é nobre, pois elogiamos aqueles que amam os seus amigos,
e ter muitos amigos é considerado algo valioso.
Visto
que esta ciência (a
Filosofia) é o objeto das nossas indagações,
examinemos de que causas e de que princípios se ocupa a Filosofia
como ciência; questão que se tornará muito mais clara
se examinarmos as diversas idéias que formamos do filósofo.
Em primeiro lugar, concebemos o filósofo principalmente como conhecedor
do conjunto das coisas, enquanto é possível, sem, contudo,
possuir a ciência de cada uma delas em particular. Em seguida, àquele
que pode alcançar o conhecimento de coisas difíceis, aquelas
a que só se chega vencendo graves dificuldades, não lhe chamaremos
filósofo? De fato, conhecer pelos sentidos é uma faculdade
comum a todos, e um conhecimento que se adquire sem esforço em nada
tem de filosófico. Finalmente, o que tem as mais rigorosas noções
das causas, e que melhor ensina estas noções, é mais
filósofo do que todos os outros em todas as ciências. E, entre
as ciências, aquela que se procura por si mesma, só pelo anseio
do saber, é mais filosófica do que a que se estuda pelos seus
resultados; assim como a que domina as mais é mais filosófica
do que a que se encontra subordinada a qualquer outra. Não, o filósofo
não deve receber leis, mas, sim, dá-las; nem é necessário
que obedeça a outrem, mas deve obedecer-lhe o que seja menos filósofo.
Pois bem: o filósofo que possuir perfeitamente a ciência do
geral tem necessariamente a ciência de todas as coisas, porque um
homem em tais circunstâncias sabe, de certo modo, tudo quanto está
compreendido sob o geral. Todavia, pode dizer-se também que se toma
muito difícil ao homem alçar-se aos conhecimentos mais gerais;
as coisas que são seus objetos como que estão mais distantes
do alcance dos sentidos. De tudo quanto dissemos sobre a própria
ciência, resulta a definição da Filosofia que procuramos.
É imprescindível que seja a ciência teórica dos
primeiros princípios e das primeiras causas, porque uma das causas
é o bem, a razão final. E que não é uma ciência
prática, prova-o o exemplo dos que primeiramente filosofaram. O que,
a princípio, levou os homens a fazer as primeiras indagações
filosóficas foi, como é hoje, a admiração. Entre
os objetos que admiravam e que não podiam explicar, aplicaram-se
primeiro aos que se encontravam ao seu alcance; depois, passo a passo, quiseram
explicar os fenômenos mais importantes; por exemplo, as diversas fases
da Lua, o trajeto do Sol e dos astros e, finalmente, a formação
do Universo. Ir à procura de uma explicação e admirar-se
é reconhecer que se ignora. Portanto, se os primeiros filósofos
filosofaram para se libertar da ignorância, é evidente que
se consagraram à ciência para saber, e não com vista
à utilidade.
Parece
que a poesia tem inteiramente a sua origem em duas causas, ambas naturais.
Porque a imitação é natural ao homem desde a infância,
e nisto difere dos outros animais, pois que ele é o mais imitador
de todos, aprende as primeiras coisas por meio da imitação
e todos se deleitam com as imitações. É prova disto
o que acontece a respeito dos artífices, porque nós contemplamos
com prazer as imagens mais exatas daqueles mesmos objetos para que olhamos
com repugnância – por exemplo, a representação
de animais ferocíssimos e de cadáveres. E a razão disto
é porque o aprender é coisa que muito apraz não só
aos filósofos, mas, também, igualmente, aos demais homens,
posto que estes sejam menos instruídos. Por isto, se alegram de ver
as imagens, pois que, olhando para elas, podem aprender e discorrer o que
uma delas é, e dizer, por exemplo: 'isto é tal'. Porque, se
suceder que alguém não tenha visto o original, não
recebe, então, prazer da imitação, mas ou da beleza
da obra, ou das cores, ou de outro algum motivo semelhante. Sendo,
pois, própria da nossa natureza a imitação, também
o é a harmonia e o ritmo (porque é claro que os metros são
parte do ritmo). Os que, a princípio, se sentiram com maior inclinação
natural para estas coisas, adiantando-se pouco a pouco, deram origem à
poesia, com obras feitas de improviso. Ora, a poesia tomou diversas formas,
segundo o diferente natural de cada um, porque os homens que tinham mais
gravidade e elevação imitavam as ações boas
e a fortuna dos bons, e os que eram de gênio humilde imitavam as ações
dos maus, escrevendo, ao principio, vitupérios, assim como os outros
compunham hinos e louvores. Falemos agora da tragédia, deduzindo
a sua verdadeira definição do que temos dito. É, pois,
a tragédia a imitação de uma ação grave
e inteira de justa grandeza em estilo suave, mas de várias espécies,
de que se serve separadamente nos seus lugares, a qual, não por meio
da narração, mas, sim, pela compaixão e pelo terror,
consegue expurgar-nos de semelhantes paixões. Chamo estilo suave
ao que tem ritmo, harmonia e melodia. Chamo servir-se separadamente de cada
uma das espécies ao executar algumas coisas somente pelo metro e
outras pela melodia. O belo (seja animal, seja outra qualquer coisa), sendo
composto de algumas partes, não só deve ter estas por boa
ordem, mas também deve ter uma certa grandeza não arbitrária,
porquanto o belo consiste na grandeza e na ordem, e, por isto, nem seria
belo um animal muito pequeno, porque a vista, quando se olha para alguma
coisa por tempo imperceptível, quase se confunde, nem também
muito grande, porque então não se vê ao mesmo tempo
aquele todo, e a unidade do ponto de vista escapa aos espectadores, como
se houvesse um animal do comprimento de dez mil estádios. Pelo que,
assim como tanto nos corpos como nos animais deve haver grandeza, e esta
deve ser capaz de se compreender bem com a vista, assim também as
fábulas devem ter extensão, e esta há-de ser fácil
de compreender com a memória.
Como,
ao que parece, há muitos fins, e podemos buscar alguns em vista de
outros. Por exemplo: a riqueza, a música, a arte da flauta e, em
geral, todos aqueles fins que podem ser denominados de instrumentos, é
evidente que nenhum destes fins é perfeito e definitivo por si mesmo.
Mas, o sumo bem deve ser coisa perfeita e definitiva. Por conseguinte, se
existe uma só e única coisa que seja definitiva e perfeita,
ela é precisamente o bem que procuramos; e se há muitas coisas
deste gênero, a mais definitiva entre elas será o bem. Mas,
em nosso entender, o bem que apenas deve se buscar por si mesmo é
mais definitivo que aquele que se procura em vista de outro bem, e o bem
que não se deve buscar nunca com vista em outro bem é mais
definitivo que os bens que se buscam ao mesmo tempo por si mesmos e por
causa deste bem superior. Em uma palavra, o perfeito, o definitivo e o completo
é o que é eternamente apetecível em si, e que nunca
o é em vista de um objeto distinto dele. Eis aí precisamente
o caráter que parece ter a felicidade. Nós a buscamos por
ela e só por ela, e nunca com mira em outra coisa. Pelo contrário,
quando buscamos as honras, o prazer, a ciência, a virtude, sob qualquer
forma que seja, desejamos, indubitavelmente, todas estas vantagens por si
mesmas, pois que, independentemente de toda outra conseqüência,
desejaríamos cada uma delas. Todavia, as desejamos também
com mira na felicidade porque cremos que todas estas diversas vantagens
elas podem nos assegurar, enquanto ninguém pode desejar a felicidade,
nem com mira nestas vantagens, nem, de maneira geral, com vista em algo,
seja o que for, distinto da felicidade mesma.
Todavia, ainda convindo conosco em que a felicidade é, sem contradita,
o maior dos bens – o bem supremo – talvez haja quem deseje conhecer
melhor a sua natureza. O meio mais seguro de alcançar esta completa
noção é saber qual é a obra própria do
homem. Viver é uma função comum ao homem e às
plantas, e aqui apenas se busca o que é exclusivamente especial ao
homem. É, por isto, necessário pôr de lado a vida de
nutrição e de desenvolvimento. Em seguida, vem a vida da sensibilidade,
mas esta, por sua vez, mostra-se igualmente comum a todos os seres –
o cavalo, o boi e, em geral, a todos os animais, tal como ao homem. Resta,
portanto, a vida ativa do ser dotado de razão. Mas, neste ser, deve
se distinguir a parte que não possui diretamente a razão e
se serve dela para pensar. Além disto, como esta mesma faculdade
da razão se pode compreender em um duplo sentido, devemos não
esquecer que se trata, aqui, sobretudo, da faculdade em ação,
a qual merece mais particularmente o nome que a ambas convém. E assim,
o próprio do homem será o ato da alma em conformidade com
a razão, ou, pelo menos, o ato da alma que não pode se realizar
sem a razão. Mas o bem, a perfeição para cada coisa,
varia segundo a virtude especial desta coisa. Por conseguinte, o bem próprio
do homem é a atividade da alma dirigida pela virtude. E, como há
muitas virtudes, será a atividade dirigida pela mais alta e mais
perfeita de todas. Acrescente-se também que estas condições
devem ser realizadas durante uma vida inteira e completa, porque uma só
andorinha não faz a primavera, nem um só dia formoso; e não
pode tampouco se dizer que um só dia de felicidade, nem mesmo uma
temporada, bastam para fazer um homem ditoso e afortunado.
A
primeira união necessária é a de dois seres que são
incapazes de existir um sem o outro. É o caso do macho e da fêmea
tendo em vista a procriação (e esta união nada tem
de arbitrária, mas, como nas outras espécies animais e nas
plantas, trata-se de uma tendência natural a deixar atrás de
si um outro ser semelhante). É, ainda, a união daquele cuja
natureza é comandar com aquele cuja natureza é ser comandado,
tendo em vista a sua conservação comum.
Não
se deve escutar as pessoas que nos aconselham, sob o pretexto de que somos
homens, de só pensar nas coisas humanas e, sob a alegação
de que somos mortais, de renunciar às coisas imortais. Mas, na medida
do possível, devemos nos tornar imortais e tudo fazer para viver
conforme a parte mais excelente de nós mesmos, pois o princípio
divino, por mais fraco que seja pelas suas dimensões, prevalece,
e muito, sobre qualquer outra coisa, pelo seu poder e pelo seu valor.
Quanto
mais se desenvolve a nossa faculdade de contemplar, mais se desenvolvem
as nossas possibilidades de felicidade, e não por acidente, mas justamente
em virtude da natureza da contemplação. Esta é preciosa
por ela mesma, de modo que a felicidade, poderíamos dizer, é
uma espécie de contemplação.
Os
homens não se associam tendo em vista apenas a existência material,
mas, antes, a vida feliz, pois, se fosse de outra forma, uma coletividade
de escravos ou de animais seria um Estado, quando, na realidade, isto é
uma coisa impossível, porque estes seres não têm qualquer
participação na felicidade nem na vida fundamentada em uma
vontade livre.10
Foi
para o ser capaz de adquirir o maior número de artes que a Natureza
deu a ferramenta que é, de longe, a mais útil: a mão.
E os que pretendem que o homem, longe de ser bem constituído, é
o mais mal munido dos animais – dizem, na verdade, que ele nada tem
nos pés, que é nu e não possui armas para a luta –
estão errados. Ou outros, de fato, dispõem de um único
recurso que não podem trocar por um outro, e precisam, por assim
dizer, de permanecer calçados para dormir ou para fazer tudo, jamais
podem tirar a armadura que têm ao redor do corpo, e jamais conseguem
trocar a arma de que foram dotados pelo destino. O homem, pelo contrário,
dispõe de múltiplos meios de defesa e tem sempre a possibilidade
de trocá-los, assim como pode possuir a arma que deseja e no momento
que deseja. A mão, de fato, torna-se garras, presas ou chifres, e
também pega na lança, na espada ou em qualquer outra arma
ou ferramenta, e ela é tudo isto porque pode pegar e segurar tudo.
Que
vantagem tem o mentiroso? A de não ser acreditado quando diz a verdade.
Na
realidade, viver como um homem significa escolher um objetivo e se dirigir
para ele com pertinácia, pois, não ordenar a vida a um fim
é sinal de grande estupidez.
A função de um citarista
é tocar cítara, e a de um bom citarista é tocá-la
bem.
O rei que possuir a justiça
não precisa de coragem.
A característica de uma alma
educada é saber acolher um pensamento sem aceitá-lo.
O
melhor é sair da vida como de uma festa: nem sedento nem bêbado.
Nenhum
obstáculo é grande demais quando confiamos em Deus.
A
grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las.
Todos
os homens aspiram à vida feliz e à felicidade, esta é
uma coisa manifesta. Mas, se muitos têm a possibilidade de alcançá-la,
outros não a têm em virtude de algum azar ou vício de
natureza (pois a vida feliz requer um certo acompanhamento de bens externos,
em quantidade menor para os indivíduos dotados de melhores disposições
e em quantidade maior para aqueles cujas disposições são
piores), e outros, finalmente, tendo a possibilidade de ser felizes, imprimem
desde o início uma direção errada na sua busca da felicidade.
O
começo de todas as ciências é o espanto de as coisas
serem o que são.
Haverá
flagelo mais terrível do que a injustiça de armas na mão?
O
ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete.
A inteligência é a insolência
educada.
Sócrates é meu amigo,
mas sou mais amigo da verdade.
O
historiador e o poeta não se distinguem um do outro pelo fato de
o primeiro escrever em prosa e o segundo em verso. Diferem entre si, porque
um escreveu o que aconteceu e o outro o que poderia ter acontecido.
A amizade perfeita apenas pode existir
entre os bons.
Há
cinco espécies de coragem, assim denominadas segundo a semelhança:
suportam as mesmas coisas, mas não pelos mesmos motivos. Uma é
a coragem política: provém da vergonha. A segunda é
a coragem dos soldados: nasce da experiência e do fato de conhecer,
não – como dizia Sócrates – os perigos, mas os
recursos contra eles; a terceira é coragem da falta de experiência
e da ignorância, e por ela são induzidas as crianças
e os loucos, estes quando enfrentam a fúria dos elementos, aquelas
quando pegam em serpentes. Outra espécie é a coragem da
esperança: graças a ela, arrostam os perigos aqueles que,
muitas vezes, tiveram sorte... e os ébrios; o vinho, de fato, excita
a confiança. Outra, ainda, é a coragem que dimana da paixão
irracional, por exemplo, do amor e da ira.
Se alguém está enamorado, é mais temerário que
covarde e enfrenta muitos perigos, como aquele que no Metaponto matou o
tirano ou o cretense de que fala a lenda. O mesmo se passa com a cólera
e com a ira, pois a ira é capaz de nos pôr fora de nós.
Por isto, se afiguram também corajosos os javalis, embora não
sejam; quando fora de si, têm uma qualidade semelhante, de outro modo,
são inconstantes como os temerários. Todavia, a coragem que
nasce da ira é a mais natural: a ira é, efetivamente, algo
de invencível, e é por isto que os jovens lutam melhor. A
coragem cívica, pelo contrário, brota da lei. Nenhuma destas
espécies é, na realidade, coragem, mas todas são úteis
para encorajar nas situações de perigo.
A
Beleza é um dom de Deus.
O impossível verossímil
é preferível ao possível não acreditável.
Nada
do que está em potência passa ao ato senão por outra
coisa que está já em ato.
Tendo
em conta as condições de que dispõe e na medida do
possível, é a Natureza que faz sempre as coisas mais belas
e melhores.
O
homem é Deus ou fera.
A felicidade consiste em ações
perfeitamente conformes à virtude; e entendemos por virtude não
a virtude relativa, mas a virtude absoluta. Entendemos por virtude relativa
a que diz respeito às coisas necessárias, e por virtude absoluta
a que tem por finalidade a beleza e a honestidade.
Deus
é demasiado perfeito para poder pensar noutra coisa senão
em si próprio.
É
possível que os maus sejam entre si prazenteiros, não enquanto
maus ou nem bons nem maus, mas enquanto, por exemplo, ambos são músicos,
ou um é musicomaníaco e o outro cantor; e enquanto todos têm
algo de bom, e nisto se harmonizam entre si, poderão, ademais, ser
reciprocamente úteis e prestáveis, não em sentido absoluto,
mas em vista da sua escolha ou enquanto não são nem bons nem
maus. É igualmente possível a um homem de bem ter um amigo
medíocre; cada qual pode, de fato, ser útil ao outro em vista
da escolha – o medíocre pode apoiar utilmente o projeto do
bom, e este último pode secundar com utilidade o projeto do incontinente
e do mau em conformidade com a sua natureza. E, desta forma, desejará
para o outro coisas boas: em sentido absoluto, as coisas absolutamente boas
e, de modo condicional, os bens que são tais para aquele, enquanto
o ajudam na pobreza ou nas enfermidades, e estes em vista dos bens absolutos,
como, por exemplo, tomar um remédio; não o quer, de fato,
por si mesmo, mas em vista deste fim determinado. Além
disto, [o bom pode ser amigo
do medíocre] naqueles modos em que também os não-bons
seriam entre si amigos. Pode um, de fato, ser aprazível, não
enquanto mau, mas, enquanto partilha uma das propriedades comuns, por exemplo,
se é músico. Em todos há algo de bom, por isto, alguns
se associam, inclusive, ao homem bom ou enquanto se acomodam a cada qual.
Todos têm, de fato, algo de bom.
No
fundo de um buraco ou de um poço acontece descobrir-se as estrelas.
A
Democracia surgiu quando, devido ao fato de que todos são iguais
em certo sentido, acreditou-se que todos fossem absolutamente iguais entre
si.
A
lei é ordem; e uma boa lei é uma boa ordem.
Realizando coisas justas, tornamo-nos
justos; realizando coisas moderadas, tornamo-nos moderados; fazendo coisas
corajosas, tornamo-nos corajosos.
Quando
foi interrogado sobre a diferença existente entre os homens cultos
e os homens
incultos, Aristóteles
disse: A mesma diferença que existe
entre os vivos e os mortos.
O ato de entender é vida.
A
amizade é menos freqüente entre pessoas azedas e entre os mais
velhos, porque quanto pior for o feitio das pessoas, menor é o prazer
que têm no convívio. Ora, o bom feitio e o convívio
social são marcas de amizade e motivos criadores de amizade. Por
este motivo, os jovens depressa se tornam amigos; os velhos, não.
É que não podem se tornar amigos daqueles na presença
dos quais não sentem prazer; de modo semelhante se passa com os que
estão sempre mal dispostos. Estes também podem ser benevolentes
entre si porque desejam o bem ao outro e vão ao encontro das necessidades
do outro. Contudo, não são completamente amigos, uma vez que
não passam juntos o dia nem sentem prazer na companhia um do outro,
coisas que parecem ser marcas distintivas de amizade. Agora, parece que
não é possível se ser amigo de muitas pessoas, pelo
menos no sentido pleno da amizade, do mesmo modo que não é
possível amar ao mesmo tempo muitas pessoas (tal parece que, na realidade,
seria excessivo; e o amor costuma nascer naturalmente em relação
a uma única pessoa), porque não é fácil de agradar
de modo totalmente satisfatório a muitos ao mesmo tempo.
A
felicidade e a saúde são incompatíveis com a ociosidade.
Quanto à virtude, não
basta conhecê-la. Devemos tentar também possuí-la e
colocá-la em prática.
A
alma é a causa eficiente e o princípio organizador do corpo
vivente.
O
menor desvio inicial da verdade multiplica-se ao infinito à medida
que avança.
Os inferiores rebelam-se para serem
iguais, e os iguais rebelam-se para serem superiores. Este é o estado
de espírito que gera as revoluções... Sendo assim,
as revoluções não concernem a pequenas questões,
mas, nascem de pequenas questões e põem em jogo grandes questões.
A
felicidade não se encontra nos bens exteriores.
Uma
vez que alguns prazeres são necessários e outros não
são, e são necessários apenas até certo ponto,
sem admitir excesso nem defeito, e uma vez que o mesmo se passa com os desejos
e os sofrimentos necessários – devasso é quem persegue
o excesso no prazer ou prazeres excessivos, e, na verdade, quando os persegue
por decisão própria em vista do excesso e não de qualquer
outra conseqüência daí resultante. É forçoso
que alguém deste gênero não tenha nenhuma disposição
natural para se arrepender do que faz, de tal sorte que é incurável.
Pois, na verdade, quem for capaz de se arrepender pode ser curado. Quem
não sente falta nenhuma [destes
prazeres]
é o oposto do devasso. Mas quem se encontrava na disposição
intermédia é temperado. De modo semelhante [devasso]
é também quem foge aos sofrimentos do corpo [causados
pela insatisfação do desejo], não por lhes
sucumbir, mas por uma decisão tomada pelo próprio. Há
também os que não chegam a tomar nenhuma decisão. Estes
são obrigados a perseguir o prazer e a procurar escapar ao sofrimento
causado pelo desejo insatisfeito. Há, assim, diferenças entre
estes dois modos de ceder ao prazer, ora por uma decisão tomada ou
sem decisão prévia. Parece, assim, a toda a gente ser pior
alguém que pratica uma certa ação vergonhosa, não
sentindo desejo ou sentindo-o levemente, do que alguém que pratica
uma ação vergonhosa tomado por um desejo violento. Assim também
parece pior que alguém bata em outrem sem estar irado, do que alguém
que o faz em um acesso de ira. Pois, o que não seria capaz de fazer
quando estivesse sob o domínio do acesso de ira? Por este motivo,
ser devasso é pior do que não ter domínio de si.
A
primeira qualidade do estilo é a clareza.
Se está a nosso alcance fazer,
também está não fazer.
A
pior forma de desigualdade é tentar fazer duas coisas diferentes
iguais.
Um
Estado só
poderá ser feliz se for
edificado sobre a honestidade.
Quem
age em vista do prazer e o persegue, por convicção e decisão,
parece ser melhor do que quem não age por cálculo, mas por
falta de domínio. Ou seja, o primeiro parece poder ser mais facilmente
corrigido, porque pode ser convencido a alterar as suas convicções.
Na verdade, o provérbio «se a água é capaz de
sufocar, porque a bebemos?» parece poder se aplicar a quem não
se domina. Se alguém age por ter sido convencido a fazer o que faz,
deixará de o fazer se for convencido de outro modo. Contudo, estando
ele agora convencido de que deve fazer uma coisa, ainda assim fará
uma coisa diferente. Ainda, se perda de domínio e o autodomínio
podem ser ditos a respeito de tudo na existência, quem é que
existe com uma absoluta falta de domínio? Porque ninguém perde
o domínio a respeito de tudo. Contudo, dizemos de alguns que têm
uma falta de domínio absoluta.
O
que se irrita justificadamente nas situações em que deve se
irritar ou com as pessoas com as quais se deve irritar, e ainda da maneira
como deve ser, quando deve ser e durante o tempo em que deve ser é
geralmente louvado. Quem assim for é gentil, se é que a gentileza
é uma disposição louvada. Porque o gentil quer permanecer
imperturbável e não quer ser levado pela emoção,
e apenas o sentido orientador lhe poderá prescrever as situações
em que deverá se irritar e durante quanto tempo. Ou seja, o gentil
parece pecar mais por defeito porque não é do tipo vingativo,
mas mais do gênero que perdoa. O defeito, seja uma certa fleuma seja
o que for, é repreendido. Os que não se irritam quando têm
motivo parecem parvos, o mesmo quando não se irritam de modo correto,
nem quando devem, nem com aqueles que devem. Parece até que não
sentem a injúria ou não sofrem com ela. Mas se não
se irritarem não conseguem se defender, e agüentar um insulto
ou tolerar os insultos feitos a terceiros é uma característica
de subserviência. Há excessos a respeito de todos os elementos
circunstanciais envolvidos em um acesso de ira (seja por se dirigir contra
as pessoas indevidas, seja por motivos falsos, seja por ser demais, ou por
surgir rapidamente ou por durar tempo de mais), mas, certamente, que nem
todos os elementos circunstanciais estão feridos de um caráter
indevido ao mesmo tempo e na mesma pessoa. Não parece que tal possa
acontecer. Na verdade, o mal se destrói a si próprio, e se
for integral, torna-se insuportável. Os
irascíveis depressa se irritam com aqueles que não devem e
pelos motivos indevidos, ou então mais do que devem, mas, por outro
lado, também, depressa deixam de se comportar assim. E é o
melhor que têm na sua disposição de caráter.
Quer dizer, ficam neste estado porque não conseguem conter a fúria
e por precipitação dão logo, às claras, uma
resposta de retaliação. Mas depois sossegam. Os que são
extremamente suscetíveis depressa afinam. Irritam-se por tudo e por
nada. E daí também que vem o seu nome. Os que são amargos
por natureza dificilmente chegam a reconciliações; ficam zangados
durante muito tempo e guardam ressentimento. Só ficam descansados
quando tiverem retaliado. A vingança faz cessar a ira, pois faz nascer
dentro deles um doce prazer, ao expulsar a amargura do sofrimento. Pois,
se não conseguirem se vingar, vivem como que a carregar um fardo
pesado. Na verdade, é porque esta maneira de ser não se manifesta
facilmente, que ninguém os consegue demover dos seus intentos vingativos,
e é preciso muito tempo para se conseguir digerir a ira dentro de
si. É assim, pois, que pessoas deste gênero são as mais
inoportunas que há, tanto para os seus melhores amigos quanto para
os próprios. Dizemos, então, que têm um feitio difícil
aqueles que se zangam com as coisas que não devem, ou mais do que
devem, ou ainda durante mais tempo do que devem; estes não chegam
a nenhuma reconciliação, sem terem tido, primeiro, uma oportunidade
de se vingar ou de terem aplicado um castigo.
Os
avarentos amealham como se fossem viver para sempre; os pródigos
dissipam como se fossem morrer.
Deus é o pensamento do pensamento.
O
pensamento, tal como o descrevemos, é aquilo que é em virtude
de poder se tornar todas as coisas, ao passo que existe algo que é
o que é em virtude de poder fazer todas as coisas: trata-se de uma
espécie de estado positivo como a luz; pois, em um certo sentido,
a luz transforma as cores em potência em cores em ato. Neste sentido,
o pensamento é separável, não-passivo e puro, sendo
essencialmente ato. E quando separado é exatamente aquilo que é,
e só ele é imortal e eterno.
Um
homem que se curva não endireita os outros.
As palavras sem combinação
umas com as outras significam por si mesmas uma das seguintes coisas: o
quê (substância), o quanto (quantidade), o como (qualidade),
com o que se relaciona (relação), onde está (lugar),
quando (tempo), como está (estado), em que circunstância (hábito),
atividade (ação) e passividade (paixão). Dizendo de
modo elementar, são exemplos de substância, homem, cavalo;
de quantidade, de dois côvados de largura ou de três côvados
de largura; de qualidade, branco, gramatical; de relação,
dobro, metade, maior; de lugar, no Liceu, no Mercado; de tempo, ontem, o
ano passado; de estado, deitado, sentado; de hábito, calçado,
armado; de ação, corta, queima; de paixão, é
cortado, é queimado.11
A
decisão é, na verdade, o que de mais próprio concerne
à excelência, e é melhor do que as próprias ações
no que respeita à avaliação dos caráteres humanos.
A decisão parece, pois, ser voluntária. Decidir e agir voluntariamente
não são, contudo, a mesma coisa, pois, a ação
voluntária é um fenômeno mais abrangente. É por
esta razão que ainda que tanto as crianças como os outros
seres vivos possam participar na ação voluntária, não
podem, contudo, participar na decisão. Também dizemos que
as ações voluntárias se dão subitamente, mas
não assim de acordo com uma decisão. Os que dizem que a decisão
é um desejo, ou uma afecção, ou anseio, ou uma certa
opinião, não parecem estar realmente corretos, porque os animais
irracionais não tomam parte nela. Por outro lado, quem não
tem autodomínio age cedendo ao desejo, e, deste modo, não
age de acordo com uma decisão. Finalmente, quem tem autodomínio
age, ao tomar uma decisão, mas não age, ao sentir um desejo.
Um desejo se pode opor a uma decisão, mas já não poderá
se opor a um outro desejo. O desejo tem em vista o que é agradável
e o que é desagradável. A decisão, contudo, não
é feita em vista do desagradável nem do agradável.