LÓGICA E METAFÍSICA
(só a transrazão cordial liberta)

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

 

Um particular, para um realista,1

é uma instância de um gênero universal;2

já para um nominalista,3

não existe um tal gênero universal.

 

 

Como querem os conceptualistas,4

serão os universais ante rem,5

ou como admitem os realistas,

os universais serão post rem?6

 

 

Estes são exemplos de como a razão,

dianóica ou noética7, é incapaz de esclarecer.8

Tão-somente a Voz Insonora do Coração9

 

 

 

 

 

 

______

Notas:

1. O Realismo é uma doutrina medieval que afirma a realidade dos universais – as idéias ou conceitos gerais – considerando que possuem uma natureza autônoma, desligada dos objetos particulares e concretos, sendo preexistente à consciência humana.

2. Em Metafísica, como explica John C. Bigelow, da Universidade de Monash, o termo universais aplica-se a dois tipos de coisas: propriedades (como a vermelhidão ou a redondez) e relações (como as relações de parentesco ou relações espaciais e temporais). Os universais devem ser entendidos em contraste com os particulares. Poucos universais (ou nenhum) são verdadeiramente universais no sentido de serem partilhados por todos os indivíduos. Um universal é caracteristicamente algo que alguns indivíduos podem ter em comum e outros não, como, por exemplo, a magnanimidade em alguns e a perversidade em outros.

3. O Nominalismo é uma doutrina medieval que afirma a irrealidade e o caráter meramente abstrato dos universais (conceitos, idéias gerais, termos abrangentes), que são caracterizados como nomes, entidades lingüísticas sem existência autônoma, ou simples meios convencionais para a compreensão dos objetos singulares.

4. O Conceptualismo é uma doutrina medieval formulada por Abelardo (1079 – 1142), que atribui aos conceitos ou idéias gerais – os universais – uma concretude específica que os distingue das meras abstrações ou sinais lingüísticos, apresentando uma forma real e existente, mas somente no interior da mente humana.

5. Segundo a solução do Realismo Transcendente, o universal – a idéia de uma realidade em si – não existe apenas fora da mente, mas também fora do objeto (universal ante rem). Esta é a solução platônica, geralmente adotada pela Escolástica incipiente.

6. Segundo a solução do Realismo Moderado, o universal tem em si uma realidade objetiva, fora da mente, mas é imanente nos objetos singulares de que é essência, forma e princípio ativo (universal in re). Corresponde à posição aristotélica, com a doutrina da forma que determina a matéria. A solução conceptualista-nominalista sustenta que o universal não tem nenhuma existência objetiva, mas apenas mental (universal post rem) ou até puramente nominal (Nominalismo). No mundo clássico, esta posição é defendida pelos sofistas, estóicos, epicuristas e céticos, isto é, pelas gnosiologias empirista e sensitista.

7. O mundo inteligível (noeta) – conforme explica Maria Helena da Rocha Pereira na Introdução à República, de Platão – tem dois setores: o inferior e o superior. O mundo inteligível inferior é apreendido através da dianoia (entendimento ou razão discursiva – Ciência); o mundo inteligível superior só pode ser assimilado pela noesis (inteligência ou razão intuitiva – Filosofia).

 

 

 

 

8. Não esqueçamos que foi a razão de Estado (motivo de ordem superior invocado por um Estado para colocar seu interesse particular acima dos interesses coletivos) que, por exemplo, maquinou e pariu a Primeira e a Segunda Guerras Mundias, Hiroshima (Little Boy) e Nagazaki (Fat Man). Foi também a mesma razão de Estado que impediu os Estados Unidos de ratificarem o Protocolo de Kyoto (sob a alegação de que os compromissos acarretados por tal Protocolo interfeririam negativamente na Economia); e é esta mesma razão de Estado que ameaça, hoje, que a Conferência de Copenhague (COP-15) – a mais importante da história recente dos acordos multilaterais ambientais – dê em água de barrela.

 

 

 

 

9. Tenho dito e vou insistir: razão e fé são equivalentes. Só a transrazão cordial ilustra efetivamente e liberta.

 

Bibliografia:

PLATÃO. A república. Introdução, tradução e notas de Maria Helena da Rocha Pereira. 5ª edição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1987.

Páginas da Internet consultadas:

http://www.lanl.gov/history/atomicbomb/
littleboyandfatman.shtml

http://pt.wikipedia.org/wiki/Fat_Man

http://pt.wikipedia.org/wiki/Protocolo_de_Quioto#
Estados_Unidos_e_o_Protocolo_de_Quioto

http://www.mundodosfilosofos.com.br/
escolastica.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Nominalismo

http://criticanarede.com/met_universais.html

 

Música de fundo:

Até Quarta-Feira (Paulo Sette e Humberto Silva)

Fonte:

http://www.umnovoencontromusical.com/carnaval.htm