MECADORIAS VIII

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

É só no mercado mundial que o dinheiro funciona plenamente como mercadoria, cuja forma natural é, ao mesmo tempo, forma diretamente social de realização do trabalho humano em abstrato. Seu modo de existir se ajusta ao seu conceito. Na esfera interna de circulação, pode servir como medida de valor e, portanto como dinheiro, somente uma mercadoria. No mercado mundial domina dupla medida de valor: o ouro e a prata. O dinheiro mundial funciona como meio geral de pagamento, meio geral de compra e materialização social absoluta da riqueza em geral ('universal wealth'). A função, como meio de pagamento, para a compensação de saldos internacionais, é predominante. Daí a palavra de ordem dos mercantilistas balança comercial! O ouro e a prata funcionam como meio internacional de compra, sobretudo, cada vez que se perturba bruscamente o equilíbrio tradicional do metabolismo entre nações diferentes. Finalmente, como materialização social absoluta da riqueza, na qual não se trata nem de compras nem de pagamentos, mas, sim, de transferência de riqueza de um país a outro e onde essa transferência não é permitida sob a forma de mercadoria, seja pelas conjunturas do mercado, seja pelo fim que se busca alcançar. Do mesmo modo como para sua circulação interna, todo país necessita contar com um fundo de reserva para a circulação do mercado mundial. As funções dos tesouros surgem, assim, em parte da função do dinheiro como meio interno de pagamento ou de circulação, em parte de sua função como dinheiro mundial. Neste último papel, sempre é exigida a mercadoria monetária efetiva, o ouro e a prata em pessoa; daí ter James Steuart (21 de outubro de 1712 26 de novembro de 1780) expressamente caracterizado o ouro e a prata, em contraste com suas representações puramente locais, como 'money of the world'. [In: O Capital (em alemão: Das Kapital) – um conjunto de livros (sendo o primeiro de 1867) de Karl Marx.]

 

O crescimento extraordinário da reserva do tesouro, acima de seu nível médio, indica estancamento da circulação das mercadorias ou interrupção do fluxo de metamorfose das mercadorias. [Ibidem.]

 

 

 

 

 

 

Toma lá the money of the world,
dá cá um tratamentozinho precoce.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá uma Cloroquinazinha.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá uma Azitromicinazinha.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá uma Ivermectinazinha.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá um Remdesivirzinho.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá um chazinho de boldo.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá um vinagrezinho.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá um chazinho de abacate com hortelã.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá um uisquinho com mel.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá uma infusãozinha de dentes de alho.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá uma beterrabazinha.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá um gengibrezinho.

 

 

 

 

Toma lá the money of the world,
dá cá imunidade de rebanho por contaminação.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá propaganda contra a vacinação.

 

 

 

 

Toma lá the money of the world,
dá cá um jacaré-de-papo-amarelo.

 

 

 

 

Toma lá the money of the world,
dá cá apoio para retornar o voto impresso.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá o seu voto na minha eleição.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá o seu apoio na votação.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá uma falcatrua na apuração.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá anulação do processo contra mim.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá desrespeito ao meio ambiente.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá autorização para devastar a Amazônia.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá autorização para assolar o Pantanal.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá cumplicidade, silêncio e omissão.

 

 

 

 

Toma lá the money of the world,
dá cá uma nomeação para um cargo público.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá um orçamento ultra-secreto.

 

 

 

 

Toma lá the money of the world,
dá cá uma rachadinha simpática.

 

          

 

Toma lá the money of the world,
dá cá a aprovação do meu projeto.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá uma porteira aberta.

 

 

 

 

Toma lá the money of the world,
dá cá a escritura da butique dela.

 

 

 

 

Toma lá the money of the world,
dá cá uma perereca sem gaiola.

 

 

                        

 

 

Toma lá the money of the world,
dá cá meia dúzia de cuecas.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá uma dúzia de sutiãs.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá um .

 

Toma lá the money of the world,
dá cá uma informação privilegiada.

 

 

 

 

Toma lá the money of the world,
dá cá uma participação nessa negociata.

 

 

 

 

Toma lá the money of the world,
dá cá um litro de H2O consagrada.

 

 

 

 

Toma lá the money of the world,
dá cá um saco de feijões mágicos.

 

 

Pastor Evangélico Valdemiro Santiago

 

 

Toma lá the money of the world,
dá cá uma bênção especial.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá um passe espiritual.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá o perdão dos meus pecados.

 

 

 

 

Toma lá the money of the world,
dá cá um milagrinho particular.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá um passaporte para o céu.

 

 

 

 

Toma lá the money of the world,
dá cá uma cadeira cativa no céu.

 

 

 

 

Toma lá the money of the world,
dá cá um michê de serviço completo.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá uma virgenzinha de 12 anos.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá um garotinho de 10 anos.

 

 

 

 

Toma lá the money of the world,
dá cá apoio para fechar o Congresso.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá apoio para fechar o Supremo.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá apoio para reinstalar a ditadura.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá apoio para reeditar o AI-5.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá apoio para reinaugurar a censura.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá apoio para restabelecer a tortura.

 

 

 

 

Toma lá the money of the world,
dá cá apoio para privatizar a .

 

Toma lá the money of the world,
dá cá apoio para privatizar a .

 

Toma lá the money of the world,
dá cá apoio para privatizar o .

 

Toma lá the money of the world,
dá cá apoio para privatizar a .

 

Toma lá the money of the world,
dá cá apoio para estatizar a Vila Mimosa.

 

 

Vila Mimosa1

 

 

Toma lá the money of the world,
dá cá um quilo de farinha.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá um quilo de marijuana.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá uma licença pessoal para portar uma arma.

 

 

 

 

Toma lá the money of the world,
dá cá apoio para invadir a Ucrânia.

 

Toma lá the money of the world,
dá cá apoio para matar todos os ucranianos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Nota:

1. A Vila Mimosa é uma das mais famosas áreas de prostituição da Cidade do Rio de Janeiro. Nasceu com o desembarque de mulheres do leste europeu em fuga da Primeira Guerra Mundial, pobres e sem os maridos. O primeiro local foi a Zona Sul, nas Laranjeiras. As polacas, como eram conhecidas, se misturaram às nativas ao longo dos anos, até desaparecerem. Foram perseguidas e mudaram quase uma dezena de vezes de logradouro, à medida que a Cidade se modernizava. A Prefeitura do Rio precisou de uma das instalações, e acabou removendo todas as prostitutas para a Rua Sotero dos Reis, na Praça da Bandeira. Inicialmente, escrita com 'z' em decorrência do português da época, teve como primeiro endereço a Rua Pinto de Azevedo, localizada no Mangue, bairro do Estácio, no Rio de Janeiro. Mas, o local foi demolido, porque a Prefeitura pensava na construção do centro administrativo (hoje local onde trabalha o Prefeito da Cidade). A transferência foi para rua Miguel de Frias, próximo ao antigo lugar, também no Mangue. A movimentação era muito grande, principalmente na década de 1920, pois, havia muitos militares combatendo revoltas e rebeliões em todo Brasil, que tinha como presidente Arthur Bernardes. O Rio de Janeiro passava por momentos difíceis, os militares não queriam a posse do Presidente, e fizeram no Rio de Janeiro a revolta do Forte de Copacabana. Um dos freqüentadores mais assíduos da Mimosa foi o poeta, crítico literário e de arte, professor de Literatura e tradutor brasileiro Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (Recife, 19 de abril de 1886 – Rio de Janeiro, 13 de outubro de 1968) – o arquiteto de Pasárgada, mas, que não era lá um grande fã do lesco-lesco. A localização da zona se manteve até aproximadamente 94/95. A Vila Mimosa, hoje, se constitui de uma construção social e comercial, em que há uma configuração de estabelecimentos comerciais dos mais variados, que vai além da venda de relações sexuais. Trata-se de um agrupamento de estabelecimentos localizados em um mesmo espaço (ruas) e ligados pela atividade da prostituição. Apesar de ter o nome de vila, seu começo se deu em um grande galpão, com cerca de 2500 metros quadrados, um prédio construído em forma de um quadrado, onde a parte frontal era aberta e de frente para a rua principal (Sotero dos Reis). Nas outras três linhas do quadrado e na sua parte central havia estabelecimentos de prostituição. A passagem entre os dois lados desse quadrado era calçada, estreita e coberta. As duas entradas do galpão eram identificadas pelos toldos amarelos e azuis colocados em cima das varandas dos estabelecimentos junto à rua principal. Os bares localizavam-se na parte de baixo e os quartos, para a realização dos programas, no segundo andar. Parecia uma galeria comercial, em que uma loja estaria ao lado da outra, contudo, tratava-se de bares. Nesta espécie de corredor, o comércio era intenso. Havia vendedores informais que expunham suas mercadorias no chão, na janela de um estabelecimento, outros perambulavam pelas ruas. Os vendedores informais vendiam diferentes produtos: sucos, doces, salgados (coxinhas, esfihas, sanduíches), roupas (lingeries, biquínis, tops), cosméticos (batom, sombra, desodorante, perfume, cremes), incensos, bijuterias, entre outros. A Vila Mimosa foi o celeiro de diversas atrizes cariocas de filmes adultos. A mais famosa foi Natasha Lima, que chegou a participar de um dos episódios da série Mike in Brazil. São exatamente 70 casas na Vila, em cada uma se encontram-se, no mínimo, 10 quartos. Na Vila quase todos os estabelecimentos funcionam 24 horas (apenas as barracas, as tendas e os trailers que vendem refeições e bebidas funcionam a partir das 15/16 horas). Segundo a Associação dos Moradores do Condomínio e Amigos da Vila Mimosa (AMOCAVIM), nas noites de sexta-feira e de sábado, há cerca de 4.500 pessoas (em torno de 3.000 homens e 1.500 mulheres) transitando no complexo da Vila Mimosa. Para a segurança da Rua Sotero dos Reis e interna, uma equipe de segurança (à paisana) é paga pelos proprietários das casas. Não é permitido que travestis ou garotos de programa trabalhem no local, poi, para preservar a tradição, somente mulheres são aceitas. Para a legislação brasileira, manter um estabelecimento de prostituição é considerado crime, portanto, a Vila Mimosa é um negócio ilícito. No contrato legal da Vila está especificado que o galpão era um empreendimento comercial sem explicitar seu uso. As casas de prostituição localizadas em frente ao galpão são antigas moradias que foram transformadas em empreendimentos comerciais. Cada um desses bares funciona com seu registro legal de comércio. O itinerário original do projeto do trem-bala, que ligará o Rio de Janeiro a São Paulo, passa pela Vila Mimosa. Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres, o trajeto só será oficializado após análise do Tribunal de Contas da União. Moradores, pequenos empresários, garotas de programa da Vila Mimosa e 150 comerciantes das ruas Sotero dos Reis, Ceará, Hilário Ribeiro e Lopes de Souza, onde restaurantes, lojas e empresas geram mil empregos diretos e movimentam R$ 1 milhão por mês, ficariam desalojados com a construção da ferrovia. O projeto da nova Vila Mimosa, já batizado de Cidade das Meninas pelas prostitutas, é dividido em dois complexos com cinco módulos, num total de 1.825 metros quadrados. Há espaços para anfiteatro, desfiles de moda, salas para cursos profissionalizantes, creche para 50 crianças, estacionamento para 70 carros, posto de saúde e escritórios. Foi desenhado pelo arquiteto Guilherme Rodrigues Ripardo, que se inspirou em obras de Oscar Niemeyer. A parte estrutural, sem contar com o terreno, está orçada, no mínimo, em R$ 3 milhões. Particularmente, eu lamento, pois, nunca tive a oportunidade de conhecer a Mimosa. Mas, um dia, ainda irei lá, para tomar um cafezinho e comer um salgadinho.

 

Música de fundo:

La Cucaracha
Interpretação: Mário Báez

Fonte:

https://www.youtube.com/watch?v=jp9vFhyhNd8

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.portedearmas.com/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Vila_Mimosa

https://escolapt.wordpress.com/

https://www.afgh.com.br/?cat=18

https://bemblogado.com.br/site/bocalidade-mal/

https://tenor.com/view/ukraine-peace-stand-
with-ukraine-flag-dove-gif-25153420

https://www.twinkl.com.br/

https://www.onlygfx.com/

https://pixabay.com/

https://formacao.cancaonova.com/

https://twitter.com/bohngass/status/1401538356677382146

https://www.youtube.com/watch?v=oyLagXgpYAA

https://www.pensador.com/frase/MTcyNw/

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https://www.suno.com.br/

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