AS MERCADORIAS V

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Basta que o dinheiro exista apenas de forma simbólica num processo, que o faz passar, continuamente, de mão em mão. Sua existência funcional absorve, por assim dizer, sua existência material. Reflexo objetivado evanescente dos preços das mercadorias, o dinheiro funciona apenas como signo de si mesmo e, por isso, pode ser substituído por outros signos. [In: O Capital (em alemão: Das Kapital) – um conjunto de livros (sendo o primeiro de 1867) de autoria de Karl Marx.]

 

 

 

 

Vendem-se mercadorias não para comprar mercadorias, mas, para substituir a forma mercadoria pela forma dinheiro. De simples intermediação do metabolismo, essa mudança de forma se torna fim em si mesma. A figura alienada da mercadoria é impedida de funcionar como sua figura absolutamente alienável ou como sua forma dinheiro apenas evanescente. O dinheiro se petrifica, então, em tesouro, e o vendedor de mercadorias se torna um entesourador... O impulso para entesourar é, por natureza, sem limite. [Ibidem.]

 

 

O que adianta ter uma montanha de camisinhas,
substituí-las pela forma dinheiro e não usá-las?
Camisinhas
—› Dinheiro —› Tesouro —› !

 

 

Precisamente, no começo da circulação de mercadorias, apenas o excesso de valores de uso se converte em dinheiro. Ouro e prata se tornam, assim, por si mesmos, expressões sociais do excedente ou da riqueza. Essa forma ingênua de entesouramento se eterniza naqueles povos em que o modo de produção tradicional e orientado à auto-subsistência corresponde a um círculo de necessidades fortemente delimitado. Tal como acontece com os asiáticos, nomeadamente os indianos. Jacob Vanderlint (? † Februar 1740), que acreditava serem os preços das mercadorias determinados pela massa de ouro e de prata existente num país, perguntava-se por que as mercadorias indianas são tão baratas. Resposta: porque os indianos enterram o dinheiro. De 1602 a 1734, eles enterraram 150 milhões de libras esterlinas em prata, que vieram originariamente da América para a Europa. De 1856 a 1866, em dez anos, portanto, a Inglaterra exportou para a Índia e para a China (o metal exportado para a China reflui, em grande parte, para a Índia) 120 milhões de libras esterlinas em prata, a qual, antes, havia sido trocada por dinheiro australiano. [Ibidem.]

 

 

 

 

O ouro é uma coisa maravilhosa! Quem o possui é senhor de tudo o que deseja. Com o ouro se pode até fazer entrar almas no paraíso. [Cristóvão de Colombo (Gênova, entre 22 de agosto e 31 de outubro de 1451 Valladolid, 20 de maio de 1506), em carta da Jamaica, 1503.] [Ibidem.]

 

 

Provável Retrato de Colombo
(Por Sebastiano del Piombo, 1519. Não há retratos autenticados de Colombo.)

 

 

Tudo se torna vendável e comprável. A circulação se torna a grande retorta social, na qual se lança tudo, para que volte como cristal monetário. E não escapam dessa alquimia nem mesmo os ossos dos santos nem as res sacrosanctæ [coisas mais sagradas] extra commercium hominum [fora do contato humano]. [Ibidem.]

 

Sejamos ricos ou pareçamos ricos. [Denis Diderot (Langres, 5 de outubro de 1713 Paris, 31 de julho de 1784).] [Ibidem.]

 

 

 

 

Para que a massa de dinheiro realmente circulante corresponda, a todo momento, ao grau de saturação da esfera de circulação, é necessário que o quantum de ouro e de prata existente num país exceda o quantum absorvido pela função monetária. Essa condição é satisfeita por meio do dinheiro em forma de tesouro. As reservas de tesouro servem, ao mesmo tempo, de canais de adução e de derivação do dinheiro circulante, o qual, por isso, nunca transborda os canais de seu curso. [Ibidem.]

 

 

Fort Knox

 

 

Qualitativamente ou segundo a sua forma, o dinheiro é ilimitado, isto é, é o representante geral da riqueza material, pois, pode ser trocado diretamente por qualquer mercadoria. Entretanto, ao mesmo tempo, toda a soma efetiva de dinheiro é quantitativamente limitada, portanto, também apenas meio de compra de eficácia limitada. Essa contradição entre a limitação quantitativa e o caráter qualitativamente ilimitado do dinheiro impulsiona incessantemente o entesourador ao Trabalho de Sísifo1 da acumulação. Acontece a ele como ao conquistador do mundo, que com cada novo país somente conquista uma nova fronteira. Laboriosidade, poupança e avareza são, portanto, as virtudes cardeais do entesourador. Vender muito e comprar pouco são o resumo de sua Economia Política. [Ibidem.]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Nota:

1. Na Mitologia Grega, Sísifo, filho do rei Éolo, da Tessália, e de Enarete, era considerado o mais astuto de todos os mortais. Sísifo se tornou conhecido por executar um trabalho rotineiro e cansativo. Tratava-se de um castigo para lhe mostrar que os mortais não têm a liberdade dos Deuses. Os mortais têm a liberdade de escolha, devendo, pois, se concentrar e se comprometer com os afazeres da vida cotidiana, vivendo-a em sua plenitude, se tornando criativos na repetição e na monotonia.

 

Sísifo
(Por Tiziano, 1549)

 

 

 

Música de fundo:

Goldfinger Theme Song
Composição: John Barry (música); Leslie Bricusse & Anthony Newley (letra)
Interpretação: Shirley Bassey

Fonte:

https://www.universalexports.net/Movies/goldfinger-theme.shtml

 

 

Desse 007 nem eu tenho medo!

 

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.stickpng.com/

https://glamurama.uol.com.br/

https://www.turbosquid.com/

https://tenor.com/view/money-rich-happy-gif-13892806

https://canaltech.com.br/celebridade/elon-musk/

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Crist%C3%B3v%C3%A3o_Colombo

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