Basta que o dinheiro exista apenas de forma simbólica num processo, que o faz passar, continuamente, de mão em mão. Sua existência funcional absorve, por assim dizer, sua existência material. Reflexo objetivado evanescente dos preços das mercadorias, o dinheiro funciona apenas como signo de si mesmo e, por isso, pode ser substituído por outros signos. [In: O Capital (em alemão: Das Kapital) – um conjunto de livros (sendo o primeiro de 1867) de autoria de Karl Marx.]
Vendem-se mercadorias não para comprar mercadorias, mas, para substituir a forma mercadoria pela forma dinheiro. De simples intermediação do metabolismo, essa mudança de forma se torna fim em si mesma. A figura alienada da mercadoria é impedida de funcionar como sua figura absolutamente alienável ou como sua forma dinheiro apenas evanescente. O dinheiro se petrifica, então, em tesouro, e o vendedor de mercadorias se torna um entesourador... O impulso para entesourar é, por natureza, sem limite. [Ibidem.]
O que adianta ter uma montanha de camisinhas,
substituí-las pela forma dinheiro e não usá-las?
Camisinhas —› Dinheiro —› Tesouro —› !
Precisamente, no começo da circulação de mercadorias, apenas o excesso de valores de uso se converte em dinheiro. Ouro e prata se tornam, assim, por si mesmos, expressões sociais do excedente ou da riqueza. Essa forma ingênua de entesouramento se eterniza naqueles povos em que o modo de produção tradicional e orientado à auto-subsistência corresponde a um círculo de necessidades fortemente delimitado. Tal como acontece com os asiáticos, nomeadamente os indianos. Jacob Vanderlint (? –† Februar 1740), que acreditava serem os preços das mercadorias determinados pela massa de ouro e de prata existente num país, perguntava-se por que as mercadorias indianas são tão baratas. Resposta: porque os indianos enterram o dinheiro. De 1602 a 1734, eles enterraram 150 milhões de libras esterlinas em prata, que vieram originariamente da América para a Europa. De 1856 a 1866, em dez anos, portanto, a Inglaterra exportou para a Índia e para a China (o metal exportado para a China reflui, em grande parte, para a Índia) 120 milhões de libras esterlinas em prata, a qual, antes, havia sido trocada por dinheiro australiano. [Ibidem.]
O ouro é uma coisa maravilhosa! Quem o possui é senhor de tudo o que deseja. Com o ouro se pode até fazer entrar almas no paraíso. [Cristóvão de Colombo (Gênova, entre 22 de agosto e 31 de outubro de 1451 – Valladolid, 20 de maio de 1506), em carta da Jamaica, 1503.] [Ibidem.]
Provável Retrato de Colombo
(Por Sebastiano del Piombo, 1519. Não há retratos autenticados de Colombo.)
Tudo se torna vendável e comprável. A circulação se torna a grande retorta social, na qual se lança tudo, para que volte como cristal monetário. E não escapam dessa alquimia nem mesmo os ossos dos santos nem as res sacrosanctæ [coisas mais sagradas] extra commercium hominum [fora do contato humano]. [Ibidem.]
Sejamos ricos ou pareçamos ricos. [Denis Diderot (Langres, 5 de outubro de 1713 – Paris, 31 de julho de 1784).] [Ibidem.]
Para que a massa de dinheiro realmente circulante corresponda, a todo momento, ao grau de saturação da esfera de circulação, é necessário que o quantum de ouro e de prata existente num país exceda o quantum absorvido pela função monetária. Essa condição é satisfeita por meio do dinheiro em forma de tesouro. As reservas de tesouro servem, ao mesmo tempo, de canais de adução e de derivação do dinheiro circulante, o qual, por isso, nunca transborda os canais de seu curso. [Ibidem.]
Fort Knox
Qualitativamente ou segundo a sua forma, o dinheiro é ilimitado, isto é, é o representante geral da riqueza material, pois, pode ser trocado diretamente por qualquer mercadoria. Entretanto, ao mesmo tempo, toda a soma efetiva de dinheiro é quantitativamente limitada, portanto, também apenas meio de compra de eficácia limitada. Essa contradição entre a limitação quantitativa e o caráter qualitativamente ilimitado do dinheiro impulsiona incessantemente o entesourador ao Trabalho de Sísifo1 da acumulação. Acontece a ele como ao conquistador do mundo, que com cada novo país somente conquista uma nova fronteira. Laboriosidade, poupança e avareza são, portanto, as virtudes cardeais do entesourador. Vender muito e comprar pouco são o resumo de sua Economia Política. [Ibidem.]
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Nota:
1. Na Mitologia Grega, Sísifo, filho do rei Éolo, da Tessália, e de Enarete, era considerado o mais astuto de todos os mortais. Sísifo se tornou conhecido por executar um trabalho rotineiro e cansativo. Tratava-se de um castigo para lhe mostrar que os mortais não têm a liberdade dos Deuses. Os mortais têm a liberdade de escolha, devendo, pois, se concentrar e se comprometer com os afazeres da vida cotidiana, vivendo-a em sua plenitude, se tornando criativos na repetição e na monotonia.
Sísifo
(Por Tiziano, 1549)
Música de fundo:
Goldfinger Theme Song
Composição: John Barry (música); Leslie Bricusse & Anthony Newley (letra)
Interpretação: Shirley BasseyFonte:
https://www.universalexports.net/Movies/goldfinger-theme.shtml
Desse 007 nem eu tenho medo!
Páginas da Internet consultadas:
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Crist%C3%B3v%C3%A3o_Colombo
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