AS MERCADORIAS XLVI

 

 

Compro... Compro... Compro...
E ninguém tem nada com isso.
Compro... Compro... Compro...
Ora, eu lá preciso de permisso?
Compro... Compro... Compro...
Eu nunca fui e não sou remisso.
Compro... Compro... Compro...
Desde quando eu fui submisso?

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

A redução da jornada de trabalho, que, de início, cria a condição subjetiva para a condensação do trabalho, ou seja, a capacidade de o trabalhador liberar mais força em um tempo dado, se torna obrigatória por lei, e a máquina, na mão do capitalista, se transforma no meio objetivo e sistematicamente aplicado de espremer mais-trabalho, no mesmo espaço de tempo. Isso ocorre de duas maneiras: mediante aceleração das máquinas e ampliação da maquinaria a ser supervisionada pelo mesmo operário ou de seu campo de trabalho. [In: O Capital (em alemão: Das Kapital) – um conjunto de livros (sendo o primeiro de 1867) de Karl Marx.]

 

 

 

Tempos Modernos – Modern Times – Charlie Chaplin

 

 

 

Quer brincar, cara?
Ora, brinque se esfalfando.
Eu não vou aplicar e investir
o meu suado dinheirinho
para acabar no preju.

Quer brincar, cara?
Ora, brinque se empenhando.
Desde já, fique sabendo:
o que, por acaso, eu perder,
reaverei em dobro ou muito mais.
(E bota muito, muito, muito mais nisso!)

 

 

Quem já viu, em algum lugar do mundo, capitalístico ter preju?

 

 

Quer brincar, cara?
Ora, brinque se extenuando.
Para eu poder lucrar
e manter em dia a mais-valia,
você tem que mais-trabalhar.

Quer brincar, cara?
Ora, brinque se afadigando.
Se eu vier a falir,
como você comprará
o leitinho das suas crianças?

Quer brincar, cara?
Ora, brinque se esbofando.
E nunca, nunca se esqueça:
Aqui, eu sou o senhor,
e você é o meu escravo.

 

 

Escravo Sendo Conduzido à Casa de Correção
(O original pertence ao acervo da BNDigital)

 

 

Escravos Aprisionados no Tronco – Jean-Baptiste Debret
(O original pertence à Brasiliana USP)

 

 

Quer brincar, cara?
Ora, brinque se esgotando.
A lei? Lei? Que lei?
Aqui, eu sou a lei,
e você tem de cumpri-la.

 

 

L'État, c'est moi!1
Louis XIV
(Por Juste d'Egmont, 1654)

 

Quer brincar, cara?
Ora, brinque se estafando.
Direitos trabalhistas?
Você só tem um direito:
morrer mais-trabalhando.

Quer brincar, cara?
Ora, brinque se estressando.
E não resolve nada rezar
nem esperar por um 'mudagre'
2:
Deus apóia a prosperidade!
3

Quer brincar, cara?
Ora, brinque se estrompando.
E não adianta
smile,
though your heart is aching.
The Sun will never shine for you.

Quer brincar, cara?
Ora, brinque se prostrando.
E também não adianta
light up your face with joy.
The Sun will never shine for you.

Quer brincar, cara?
Ora, brinque se arasando.
E muito menos adianta
hide every trace of sadness.
The Sun will never shine for you.

Quer brincar, cara?
Ora, brinque se dissipando.
Eu já disse e vou repetir:
aqui, o seu único direito
é se esvair mais-trabalhando.

Quer brincar, cara?
Ora, brinque se arruinando.
Você é
± como os ucranianos:
lá, eles morrem bombardeados
(sem piedade, pelo Senhor Putin-genocida);
aqui, você pifa sobrecarregado
(para que eu possa champanhar e caviar).

 

 

 

Ucrânia
(Quando a Pomba da Paz4 submeterá os malditos
canhões do senhor ?)

 

 

 

 

 

 

______

Notas:

1. L'État, c'est moi (O Estado sou eu) é uma fórmula apócrifa que Luís XIV, Rei da França e Navarra, teria pronunciado em 13 de abril de 1655 perante os parlamentares parisienses. Supõe-se que lembre a primazia da autoridade real em um contexto de desconfiança com o Parlamento, que está contestando os éditos reais aprovados no leito da justiça, em 20 de março de 1655. Esta frase simboliza o absolutismo monárquico. No entanto, os historiadores contestam que esta sentença, que não consta nos registros do Parlamento, tenha sido realmente pronunciada por Luís XIV1, especialmente porque, em seu leito de morte, Luís XIV pronunciou uma sentença, atestada, embora completamente contraditória: Eu morro, mas, o Estado permanecerá sempre.

2.'Mudagre' = Mudança por milagre.

3. Eu conheci um empresário-tubarão do ensino que justificava todos os absurdos, contradições e incoerências que praticava dizendo que conversava com Nossa Senhora. Incrível? Sim, mas, é verdade, e eu testemunhei este delírio. A única coisa que, até hoje, não sei, é com qual Nossa Senhora ele conversava!

4. A alegoria da pomba branca como mensageira da paz está em passagens da Bíblia. Um desses episódios é narrado no capítulo VIII, do Gênesis, primeiro livro do Velho Testamento. Noé, que esperava na arca o fim do dilúvio, mandou um animal mensageiro, para ver se as águas haviam baixado. O primeiro escolhido foi um corvo, que ficou indo e voltando. Então, Noé enviou uma pomba. Na primeira viagem, ela não encontrou nenhum lugar para pousar. Sete dias depois, novamente, foi solta, e retornou com uma folha de oliveira no bico. Isso, de acordo com a narrativa bíblica, simbolizava que a face da Terra estava enxuta, e que havia sido estabelecida a paz entre Deus e os homens. Além disso, o ramo de oliveira significava também garantia de alimento, de remédio e da bênção divina, diz o teólogo Tércio Machado Siqueira, da Universidade Metodista de São Paulo. Há também outras citações à pomba nos Evangelhos. Assim que Jesus foi batizado, o Espírito de Deus desceu sobre Ele em forma de uma pomba. Desde então, a pomba é associada ao Espírito Santo. Apesar de não haver menção da cor dessas pombas na Bíblia, os costumes da época explicam que, nas representações, elas sempre são brancas. A pomba era muito usada por judeus pobres em sacrifícios. O animal não poderia ser pintado ou doente, deveria ser branco, afirma o teólogo Siqueira. Mais recentemente, o pintor, escultor, ceramista, cenógrafo, poeta e dramaturgo espanhol Pablo Ruiz Picasso (Málaga, 25 de outubro de 1881 – Mougins, 8 de abril de 1973) representou-a, tornando o símbolo mundialmente conhecido. A Pomba da Paz é uma série de desenhos criados por Picasso, para simbolizar a paz tão esperada depois de terminada a Segunda Guerra Mundial. Picasso foi considerado um símbolo pela defesa da paz e da liberdade depois de pintar Guernica, em 1937, uma declaração de guerra contra a guerra e um manifesto contra a violência, em resposta aos bombardeios alemães na Guerra Civil Espanhola. Para o geólogo canadense-americano Charles Frederick Hartt (Fredericton, 23 de agosto de 1840 – Rio de Janeiro, 8 de março de 1878), Guernica é um memorial de todos os crimes perpetrados contra a Humanidade no século XX. Guernica foi bombardeada pela Legião Condor, a força de bombardeiros da Luftwaffe nazista, em 26 de abril de 1937, durante a Guerra Civil Espanhola, o que inspirou Pablo Picasso a pintar sua famosa obra Guernica.

 

Estandarte da Legião Condor

 

Picasso pintou esse quadro para retratar o estado de Guernica após o bombardeio: a Cidade havia sido destruída e havia restos de pessoas espalhados por todos os lugares. Diz-se que, durante uma exposição, um oficial nazista indagou a Picasso: «Foi você quem fez isso?», ao que ele respondeu: «Não, foram vocês que fizeram». Atualmente, a obra está exposta no Centro de Arte Rainha Sofia, em Madrid.

 

Pomba da Paz
(Pablo Ruiz Picasso)

 

 

Guernica
(Pablo Ruiz Picasso)

 

Música de fundo:

Smile
Composição: Charlie Chaplin (que se inspirou na Tosca, de Giacomo Puccini)
Interpretação: Tony Bennett & Barbra Streisand

Fonte:

https://ia801008.us.archive.org/

 

Páginas da Internet consultadas:

https://fr.wikipedia.org/wiki/L%27%C3%89tat,_c%27est_moi

https://martaiansen.blogspot.com/

https://dribbble.com/

https://ww2gravestone.com/the-
condor-legion-in-the-spanish-civil-war/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Guernica_(quadro)

https://arteeartistas.com.br/pomba-da-paz-pablo-picasso/

https://www.music-online.org.uk/

https://www.behance.net/

https://gifgifmagazine.com/working-hard-gif

https://giphy.com/

https://gifer.com/en/IhuA

 

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