AS MERCADORIAS XLIV

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Com a generalização da maquinaria em um mesmo ramo de produção, cai o valor social do produto da máquina para seu valor individual e se impõe a lei de que a mais-valia não se origina das forças de trabalho que o capitalista substituir pela máquina, mas, pelo contrário, das forças de trabalho que ocupa com ela. A mais-valia só se origina da parte variável do capital, e a massa da mais-valia é determinada por dois fatores: a taxa de mais-valia e o número de trabalhadores simultaneamente ocupados. Dada a duração da jornada de trabalho, a taxa de mais-valia é determinada pela proporção em que a jornada se divide em trabalho necessário e mais-trabalho. O número de trabalhadores simultaneamente ocupados depende, por sua vez, da proporção entre a parte variável do capital e a constante. Agora, é claro que a produção mecanizada, como quer que expanda, mediante o aumento da força produtiva do trabalho, o mais-trabalho à custa do trabalho necessário, só alcança esse resultado ao diminuir o número de operários ocupados por dado capital. Ela transforma parte do capital, que antes era variável, isto é, que se convertia em força de trabalho viva, em maquinaria, portanto em capital constante, que não produz mais-valia. É impossível, por exemplo, espremer tanta mais-valia de 2 empregados quanto de 24. Se cada um dos 24 trabalhadores fornecer de cada 12 horas apenas 1 hora de mais-trabalho, juntos eles fornecem 24 horas de mais-trabalho, enquanto o trabalho global dos 2 trabalhadores só compreende 24 horas. Há, portanto, na aplicação da maquinaria à produção de mais-valia, uma contradição imanente, já que dos dois fatores da mais-valia que um capital de dada grandeza fornece ela só aumenta um, a taxa de mais-valia, porque reduz o outro fator, o número de trabalhadores. Essa contradição imanente se evidencia assim que, com a generalização da maquinaria em um ramo da indústria, o valor da mercadoria produzida mecanicamente se torna o valor social que regula todas as mercadorias da mesma espécie, e é essa contradição que, por sua vez, impele o capital, sem que ele tenha consciência disso, ao prolongamento mais violento da jornada de trabalho, para compensar a redução do número relativo de trabalhadores explorados por meio do aumento do mais-trabalho não só relativo, mas também absoluto. [In: O Capital (em alemão: Das Kapital) – um conjunto de livros (sendo o primeiro de 1867) de autoria de Karl Marx.]

 

Se a aplicação capitalista da maquinaria produz, por um lado, novos e poderosos motivos para o prolongamento desmedido da jornada de trabalho e revoluciona o próprio modo de trabalho, bem como o caráter do corpo social de trabalho, de tal maneira que quebra a oposição contra essa tendência, ela produz, por outro lado, em parte mediante a incorporação do capital de camadas da classe trabalhadora antes inacessíveis, em parte mediante a liberação dos trabalhadores deslocados pela máquina, uma população operária excedente, compelida a aceitar a lei ditada pelo capital. Daí o notável fenômeno na história da indústria moderna de que a máquina joga por terra todos os limites morais e naturais da jornada de trabalho. Daí o paradoxo econômico de que o meio mais poderoso para encurtar a jornada de trabalho se torna o meio infalível de transformar todo o tempo de vida do trabalhador e de sua família em tempo de trabalho disponível para a valorização do capital. Se, sonhava Aristóteles, cada ferramenta, obedecendo às ordens, ou mesmo pressentindo-as, pudesse realizar a obra que lhe coubesse, como os engenhos de Dédalo, que se movimentavam por si mesmos, ou as trípodes de Hefaísto, que iam por si mesmas ao trabalho sagrado, se as lançadeiras tecessem por si mesmas, não seriam, então, necessários auxiliares para o mestre-artesão nem escravos para o senhor.[Ibidem.]

 

 

 

 

 

 

Por que, , escravizamos?

Escravizamos porque consideramos o outro uma mercadoria.

Escravizamos porque somos ignorantões.

(Ignorantão = Muito ignorante, porém, pretensioso.)

Escravizamos porque somos genocidas.

Escravizamos porque somos fominhas.

Escravizamos porque somos mesquinhos.

Escravizamos porque somos unhas-de-fome.

Escravizamos porque somos delirantes egoístas.

Escravizamos porque somos reles e ordinários.

Escravizamos porque somos desfraternos.

Escravizamos porque somos campeões

da Grande Heresia da Separatividade.

Escravizamos porque, por dentro, estamos mortos.

Escravizamos porque, mortos, vivemos

surdos para a Voz do nosso Deus Interior.

Escravizamos porque, mortos, vivemos

cegos para a LLuz do nosso Sol Interior.

Escravizamos, enfim, porque somos fiéis

não a nobres imperativos categóricos,

não à Unimultiplicidade Cósmica,

não ao Summum Bonum e à Beleza,

não ao Amor, à Justiça e à Eqüidade,

não à Misericórdia, ao Altruísmo e à Solidariedade,

não ao FIAT VOLUNTAS TUA,

não a 1 + 1 = 1 nem a 1 – 1 = 1,

não a 666 – que não é 666

não ao ESPAÇO-TEMPO – que não é espaço-tempo

não ao HOJE – que não é hoje

não ao QUERER – que não é querer

não ao SABER – que não é saber

não ao OUVIR – que não é ouvir

não ao CALAR – que não é calar

não à VIDA – que não é vida

não ao O-QUE-É – que não é o-que-é

mas, sim, sempre, só às nossas torpes miralusões,

sob o comando do nosso Manipura

– porque, primeiro, ainda somos escravos de nós mesmos,

O que precisamos ter em mente é que,

em nossa peregrinação, já passamos do meio da Estrada!

 

 

 

O Escravo-Prisioneiro

 

 

 

Música de fundo:

Prisoner of Love
Composição e interpretação: Sunny Neji

Fonte:

https://gospeldayz.com/sunny-nneji-prisoner-of-love/

 

Páginas da Internet consultadas:

https://cutewallpaper.org/

https://dribbble.com/

https://tenor.com/search/slave-gifs

 

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