AS MERCADORIAS XXXVII

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Quanto a essa questão da divisão social do trabalho (trabalhadores parciais envolvidos apenas em operações simples), o filósofo e economista britânico nascido na Escócia Adam Smith (Kirkcaldy, 5 de junho de 1723 – Edimburgo, 17 de julho de 1790) assim se pronunciou: A inteligência da maior parte dos homens, necessariamente, se desenvolve a partir e por meio de suas ocupações diárias. Um homem que despende toda a sua vida na execução de algumas operações simples não tem nenhuma oportunidade de exercitar sua inteligência. Ele se torna, geralmente, tão estúpido e ignorante quanto é possível a uma criatura humana... A uniformidade de sua vida estacionária corrompe naturalmente também a coragem de sua mente. Ela destrói mesmo a energia de seu corpo e o incapacita a empregar suas forças com vigor e perseverança, a não ser na operação parcial para a qual foi adestrado. Sua habilidade em seu ofício particular parece assim ter sido adquirida à custa de suas virtudes intelectuais, sociais e guerreiras. Mas, em toda sociedade industrial e civilizada, esse é o estado no qual, necessariamente, tem de cair o pobre que trabalha (the labouring poor), isto é, a grande massa do povo. [In: O Capital (em alemão: Das Kapital) – um conjunto de livros (sendo o primeiro de 1867) de autoria de Karl Marx.]

 

 

 

Panela nova é bem melhor do que panela velha!

 

 

 

'Para mim, o que importa é a pessoa.
Não me interessa se ela é coroa,
panela velha é que faz comida boa.'

Não me importo se é novo ou velho.
Não me importo se é coroa ou anelho.
Se não produzir, eu meto o relho.

Se ele exercita sua inteligência,
é problema só da sua ambiência.
Só me interessa a sua adimplência.

Aqui, é mais-trabalho e mais-valia,
lucro diário, para me trazer alegria,
todas as horas, entra dia, sai dia.

Quem é pobre tem que trabalhar.
O zé-povinho que se escravizar.
E eu, é claro, tenho que enricar.

 

 

 

Desde o tempo do 'botinhas',1 a realeza
soube explorar direitinho a alheia destreza.
Essa sempre foi a magna lei da esperteza.

Quem prega exclusivamente prega.
Quem fumega unicamente fumega.
Quem carrega somente carrega.

Quem enrenda apenas enrenda.
Quem legenda apenas legenda.
Quem remenda apenas remenda.

Galinha nasceu pra botar ovo.
Caranguejo é pescado com covo.
Eu oprimo. O que nisso há de novo?

Oprimir é parte do meu DNA.
'La Vita Ultraterrena?' 'Al di là?'
Ora bolas, eu vivo no lado de cá!

 

 


 

 

O outro? Ele não é meu amigo.
Até que eu seja enfiado no jazigo,
só cuidarei do meu próprio umbigo.

A tal da Lei da Causa e do Efeito?
Que faz entrar nos eixos o malfeito?
O bom Pedroca é meu amigo do peito!

 

 

 

 

Essa chaleira apita mais do que o trombone do ACM!

 

 

E assim, numa boa, eu vou levando.
Cada vez mais, só vou me locupletando.
Quem quiser que me chame de infando.

 

Georg Wilhelm Friedrich Hegel (Stuttgart, 27 de agosto de 1770 – Berlim, 14 de novembro de 1831) foi mais longe, e sentenciou: Subdividir um homem significa executá-lo... A subdivisão do trabalho é o assassinato de um povo. [Ibidem.]

 

Por exemplo, a divisão manufatureira do trabalho cria, por meio da análise da atividade artesanal, da especificação dos instrumentos de trabalho, da formação dos trabalhadores especiais, de sua agrupação e combinação em um mecanismo global, a graduação qualitativa e a proporcionalidade quantitativa de processos sociais de produção, portanto, determinada organização do trabalho social, e desenvolve, com isso, ao mesmo tempo, nova força produtiva social do trabalho. Como forma especificamente capitalista do processo de produção social e sob as bases preexistentes ela não poderia se desenvolver de outra forma, a não ser na capitalista é apenas um método especial de produzir mais-valia relativa ou aumentar a autovalorização do capital, o que se denomina riqueza social, wealth of nations [riqueza das nações] etc., à custa dos trabalhadores. Ela desenvolve a força produtiva social do trabalho não só para o capitalista, em vez de para o trabalhador, mas, também, por meio da mutilação do trabalhador individual. Produz novas condições de dominação do capital sobre o trabalho. Ainda que apareça, de um lado, como progresso histórico e momento necessário de desenvolvimento do processo de formação econômica da sociedade, por outro, ela surge como um meio de exploração civilizada e refinada. [Ibidem.]

 

Eu só penso nos pedaços
dos infaustos trabalhadores
– servos tácitos dos alarifaços –
tristes, chorando suas dores.

Mas, um dia haverá de chegar,
e todo mundo haverá de saber:
somos – em qualquer lugar –
e a sobrevalia irá se dissolver!

Quem não mudar, virará chaleira,
a apitar delirante no Plano Astral.
É nisso que acaba dando a besteira
de ter sido um instrumento do mal.

Milênios e milênios irão passar,
até surgir uma nova oportunidade,
para o don chaleira poder continuar,
e, talvez, se livrar da sua maldade.

Mas, por que estou dizendo talvez?
Ora, basta somente fazer as contas:
de 26, esta Raça Ária é mais uma vez
que tolos engam em andar às tontas.

O que nós não devemos esquecer
é que 26 > 24,5, e já lá se foi o meio!
Por que ficar
expectativando o vir-a-ser
para transmutar em belo o que é feio?

 

 

 

Deambulação do Don Chaleira
(Simbolicamente)

 

 

 

 

 

 

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Nota:

1. Caio Júlio César Augusto Germânico (em latim, Gaius Julius Caesar Augustus Germanicus, 31 de agosto de 12 d.C. – 24 de janeiro de 41), também conhecido como Caio César ou Calígula (Caligula), foi imperador romano de 16 de março do ano 37 d.C., até ao seu assassinato, em 24 de janeiro de 41. Foi o terceiro imperador romano e membro da dinastia júlio-claudiana, instituída por Augusto. Ficou conhecido pela sua natureza extravagante, cruel e pervertida. Foi assassinado pela guarda pretoriana, em 41 d.C., aos 28 anos. A sua alcunha Calígula, a qual significa "botinhas" em português, foi posta pelos soldados das legiões comandadas pelo pai, que achavam graça em vê-lo mascarado de legionário, com pequenas cáligas (sandálias militares) nos pés.

 

 

Calígula

 

 

Música de fundo:

Al Di Là
Composição: Carlo Donida (música) & Mogol (letra)
Interpretação: Betty Curtis

Fonte:

https://3mp3.buzz/mp3-download/betty-curtis-al-di-la.html

 

Páginas da Internet consultadas:

https://imagensemoldes.com.br/skull-png/

https://pt.vecteezy.com/

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https://www.behance.net/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cal%C3%ADgula

https://dribbble.com/

 

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