AS MERCADORIAS XXXVI

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

A concorrência e a coerção exercida pela pressão de interesses recíprocos, do mesmo modo que no reino animal, como registrou o matemático, teórico político e filósofo inglês Thomas Hobbes (5 de abril de 1588 4 de dezembro de 1679) na sua obra Leviathan [um dos exemplos mais antigos e mais influentes da teoria do contrato social], leva a bellum omnium contra omnes [guerra de todos contra todos], preservando, grotescamente, mais ou menos, as condições de existência de todas as espécies. A mesma consciência burguesa, que festeja a divisão manufatureira do trabalho, a anexação do trabalhador por toda a vida a uma operação parcial e a subordinação incondicional dos trabalhadores parciais ao capital, como uma organização do trabalho que aumenta a força produtiva, denuncia com igual alarido qualquer controle e regulação social consciente do processo social de produção, como uma infração dos invioláveis direitos de propriedade, da liberdade e da genialidade autodeterminante do capitalista individual. É muito característico que os mais entusiásticos apologistas do sistema fabril não saibam dizer nada pior contra toda organização geral do trabalho social além de que ela transformaria toda a sociedade em uma fábrica. [In: O Capital (em alemão: Das Kapital) – um conjunto de livros (sendo o primeiro de 1867) de autoria de Karl Marx.]

 

Na sociedade do modo de produção capitalista, a anarquia da divisão social do trabalho e o despotismo da divisão do trabalho se condicionam reciprocamente. [Ibidem.]

 

A divisão manufatureira do trabalho é uma criação totalmente específica do modo de produção capitalista. [Ibidem.]

 

A divisão do trabalho marca o trabalhador manufatureiro com ferro em brasa como propriedade do capital. A divisão do trabalho (conversão em trabalho parcial) mutila o trabalhador. [Ibidem.]

 

O que os trabalhadores parciais perdem se concentra no capital com que se confrontam. O capital se completa na grande indústria, que separa do trabalho a ciência como potência autônoma de produção e a força a servir ao capital. O enriquecimento do trabalhador coletivo e, portanto, do capital em força produtiva social, é condicionado pelo empobrecimento do trabalhador em forças produtivas individuais. Sobre isso, Adam Ferguson (1º de julho de 1723 22 de fevereiro de 1816), professor de Adam Smith (Kirkcaldy, 5 de junho de 1723 Edimburgo, 17 de julho de 1790) escreveu: A ignorância é a mãe da indústria, como da superstição. A reflexão e a imaginação estão sujeitas ao erro, mas, o hábito de movimentar o pé ou a mão não depende nem de uma nem da outra. As manufaturas prosperam, portanto, mais onde mais se dispensa o espírito, de modo que a oficina pode ser considerada uma máquina cujas partes são seres humanos. [Ibidem.]

 

 

 

 

Um manda,

o outro se acocora.

Um quer,

o outro supre com sangue.

Um se exalta,

o outro se humilha.

Um se dá bem,

o outro se dá mal.

Um é felizardo,

o outro é malfadado.

Um tem bons e caríssimos advogados,

o outro tem advogados de porta de xadrez.

 

 

 

 

Um ganha sempre,

o outro perde sistematicamente.

Um se locupleta,

o outro é carente.

Um tem sonhos,

o outro só tem pesadelos.

Um é sucesso,

o outro é fracasso.

Um é realização,

o outro é esperança.

Um é efetivação,

o outro é malogro.

Um papa everybody macacada,

o outro não papa nem Musca domestica.

Um enriquece à vontade,

o outro empobrece dia-a-dia.

Um só tem lucro,

outro só tem sobretrabalho.

Um ri à-toa e às pampas,

o outro chora de montão.

Um se diverte,

o outro se desagrada.

Um come do bom e do melhor,

o outro passa fome.

Um come caviar,

o outro come farofa com farofa.

Um bebe do melhor e do bom,

o outro tem sede.

Um bebe champanhota importada,

o outro bebe água salobra.

Um vive saciado,

o outro vive de caganeira.

Um tem o fiofó que é uma verdadeira pintura,

o outro tem o brioco cheio de hemorróidas.

Um tem plano de saúde ,

o outro vai de .

Um se cuida e vai ao dentista,

o outro... .

Um é elegante e pintoso,

o outro... .

Um tem uma ,

o outro anda de carro de boi.

Um tira férias em Abu Dhabi,

o outro se esconde na Cidade de Deus.

 

 

Abu Dhabi & Cidade de Deus

 

 

Um cresce (pra cima),

o outro encolhe (pra baixo).

Um vive numa ,

o outro numa .

Um vive dias de Sol,

o outro noites de chuva.

Um é aconchego e verão,

o outro é inverno e frio.

Um tem ar-condicionado,

o tem outro ventarola rota.

Um só tem rendimentos,

o outro está cheio dívidas.

Um navega num ,

o outro se afoga no .

Um tem casa de campo,

o outro tem casa brejada.

Um tem um avião supersônico,

o outro tem um papagaio de papel.

Um tem um iate gigante,

o outro tem uma jangada de piúba.

Um tem uma piscina de mármore,

o outro tem um penico de barro.

Um tem limusine com motorista de uniforme,

o outro anda em pé de taioba.

 

 

 

 

Um tem um camarote na ópera,

o outro fica em pé no sambódromo.

Um tem um relógio ,

o outro vê as horas no relógio da Central.

Um tem tudo-de-tudo,

o outro não tem xongas-de-xongas.

Tudo isto só significa uma coisa:

que todos nós somos irmãos.

 

 

 

 

 

Música de fundo:

Who Wants to Be a Millionaire
Composição: Cole Porter
Interpretação: Frank Sinatra & Celeste Holm

Fonte:

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Páginas da Internet consultadas:

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no-rio-eles-ja-dominaram-nossas-ruas/bonde-taioba/

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