Trabalhador Coletivo = Trabalhadores Detalhistas. Sendo o produto parcial de cada trabalhador parcial apenas um degrau particular no desenvolvimento do mesmo artigo, cada trabalhador ou grupo de trabalhadores fornece ao outro sua matéria-prima. O resultado do trabalho de um constitui o ponto de partida para o trabalho do outro.
Charlie Chaplin
(Modern Times – Tempos Modernos)
Um trabalhador ocupa, portanto, diretamente o outro. O tempo de trabalho necessário para alcançar o efeito útil ambicionado em cada processo parcial é fixado de acordo com a experiência, e o mecanismo global da manufatura se baseia no pressuposto de que em dado tempo de trabalho um resultado dado é obtido. Somente sob esse pressuposto os diferentes processos de trabalho, que se complementam mutuamente, podem prosseguir espacialmente lado a lado, simultaneamente e sem interrupção. É claro que essa dependência direta dos trabalhos e, portanto, dos trabalhadores entre si, obriga cada indivíduo a empregar só o tempo necessário à sua função, produzindo-se, assim, continuidade, uniformidade, regularidade, ordenamento e nomeadamente também intensidade de trabalho totalmente diferentes das vigentes no ofício independente ou mesmo na cooperação simples. [E isto se traduz em mais-valia.] Que se aplique a uma mercadoria apenas o tempo de trabalho socialmente necessário à sua produção, aparece na produção mercantil em geral como compulsão externa da concorrência, porque, expresso superficialmente, cada produtor individual tem de vender a mercadoria pelo seu preço de mercado. O fornecimento de dado 'quantum' de produtos num tempo de trabalho determinado se torna, por exemplo, na manufatura, lei técnica do próprio processo de produção. [O que tudo isto significa? Significa que, à medida que são melhorados os métodos e os mecanismos de produção, maior é a mais-valia e maior é o lucro dos capitalistas. Esta é simples explicação das fortunas concentradas nas mãos de poucos indivíduos na contemporaneidade.] [In: O Capital (em alemão: Das Kapital) – um conjunto de livros (sendo o primeiro de 1867) de Karl Marx.]
— Eu sou o dono da fábrica de relógios Uhr Quarz Brüder.
— Eu sou o fazedor das peças em bruto,
eu sou o fazedor das molas,
eu sou o fazedor dos mostradores,
eu sou o fazedor da mola espiral,
eu sou o fazedor dos furos para as pedras,
eu sou o fazedor das alavancas com rubis,
o fazedor o fazedor dos ponteiros,
eu sou o fazedor da caixa,
eu sou o fazedor dos parafusos,
eu sou o dourador,
eu sou o fazedor de rodas
eu sou o fazedor dos carretes,
eu sou o fixador rodas nos carretes,
eu sou o fazedor da engrenagem dos ponteiros,
eu sou o fazedor do pivô,
eu sou o colocador das rodas e dos carretes,
eu sou o entalhador dos dentes nas rodas,
eu sou o fazedor da tranqueta de âncora,
eu sou o fazedor do cilindro para a tranqueta,
eu sou o fazedor da roda catarina,
eu sou o fazedor do volante,
eu sou o fazedor do balancim,
eu sou o fazedor da raquete,
eu sou o fazedor do escapo,
eu sou o completador da caixa da mola,
eu sou o polidor do aço,
eu sou o polidor das rodas,
eu sou o polidor dos parafusos,
eu sou o pintor dos números,
eu sou o esmaltador do mostrador,
eu sou o fazedor das argolas do relógio,
eu sou o colocador do eixo de latão no centro da caixa,
eu sou o colocador das molas que fazem pular a tampa,
eu sou o gravador,
eu sou o escultor,
eu sou o polidor de caixa,
e eu monto todos os relógios
e os entrego funcionando direitinho,
para que o meu patrão querido,
campeão mundial da mais-valia
– que me escraviza e me aprisiona,
me abarrota de sobretrabalho
e me faz mourejar sem trégua,
faz de mim gato-sapato,
e, muitas vezes, o que é pior, de sapato-gato,
e, quando dá na veneta, de gato-de-botas,
O Montador de Relógios de Botas
porque acha que eu sou um gato-pingado –
fique cada vez mais opulento e mais endinheirado,
e eu continue na mesma e na mesma continue,
entrando ano e saindo ano,
saindo ano e entrando ano,
ancorado sempre no mesmo lugar,
no mesmo lugar sempre ancorado,
permanecendo a viver mal,
sempre com mil dificuldades,
não melhorando de situação e não progredindo,
não progredindo e não melhorando de situação,
sem passar da cepa torta,
da cepa torta sem passar.
— Mas, uma coisa é certa, eu sei muito bem,
e Quincas Berro D’água
– segundo Quitéria do Olho Arregalado,
mulher de uma só palavra,
que estava ao lado de Berrito
na sua morte-morte – tinha toda razão:
Cada qual cuide de seu enterro,
impossível não há.1
Então, preste bem atenção neste conselho,
que me deu a própria Quitéria,
'toda de negro, mantilha na cabeça, inconsolável viúva,'
quando ainda estava viva e chorosa,
pois, acabou se estuporando de berraçada crônica:
ainda respirando, contrate os serviços de um bom coveiro
– de preferência que tenha PhD em cemitério
e que seja 'expert' em cavar buracos.
Adispois de batermos a caçoleta,
poderá dar o maior fudelhufas de cagahouse
embrulhado com fudehouse de cagalhufas,
que nem o Putin – que é 'machochídio'2 – agüentaria!
O meu Berrito foi testemunha cadavérica disso,
e, até hoje, eu sofro e choro, e vou pifar disso.
O senhor conhece alguém que se amarre em cadáver?
O senhor conhece alguém que goste de múmia paralítica?
Eu até ouvi dizer que, no Antigo Egito,
os embalsamadores vomitavam as tripas,
sempre que embalsamavam um fulano-dos-anzóis.
Não escapavam nem os soberanos faraós!
Assim vós, ó pecadores,
engendrais os pecados,
porém, neste caso,
os engendrais para vós.
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Notas:
1. In: AMADO, Jorge. Os Velhos Marinheiros.
2. Falso machochô metido a fazer genocídio.
Música de fundo:
Moon River
Composição: Henry Mancini (música) & Johnny Mercer (letra)Fonte:
https://www.angelfire.com/ga4/joydoctor/RomanticMusic.html
Páginas da Internet consultadas:
https://gfycat.com/gifs/search/montaggio
https://www.ibm.com/analytics/br/pt/industry/
https://www.ilikesticker.com/FreeSticker
Animation/F003393-Shrek---Free-Pack/enhttps://www.gratispng.com/baixar/gato-de-botas,3.html
https://professorjailton.com.br/novo/biblioteca/a_
morte_e_a_morte_de_quincas_berro_d_agua.pdfhttps://www.pensador.com/mais_valia/
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Clock.gif
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