AS MERCADORIAS XXII

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Se supusermos que a jornada de trabalho possa ser representada por , então, o prolongamento representará a duração do mais-trabalho. [In: O Capital (em alemão: Das Kapital) – um conjunto de livros (sendo o primeiro de 1867) de Karl Marx.]

 

 

A jornada de trabalho esbarra em limites morais. O trabalhador precisa de tempo para satisfazer suas necessidades espirituais e sociais, cuja extensão e número são determinados pelo nível geral de sua cultura. A variação da jornada de trabalho se move, portanto, dentro de barreiras físicas e sociais. Ambas as barreiras são de natureza muito elástica, e permitem as maiores variações. Dessa forma, encontramos jornadas de trabalho de 8, 10, 12, 14, 16, 18 horas, portanto, com as mais variadas durações. [Fica evidente que quanto maior for jornada de trabalho maior será a mais-valia.] [Ibidem.]

 

 

 

 

O capital tem um único impulso vital: o impulso de se valorizar, de criar mais-valia, de absorver, com sua parte constante, os meios de produção, ou seja, a maior massa possível de mais-trabalho. O capital, em si, é trabalho morto, que apenas se reanima, à maneira dos vampiros, chupando trabalho vivo, e que vive tanto mais quanto mais trabalho vivo chupa. O tempo durante o qual o trabalhador trabalha é o tempo durante o qual o capitalista consome a força de trabalho que comprou. Se o trabalhador consome seu tempo disponível para si, então rouba ao capitalista. O capitalista se apóia, pois, sobre a lei do intercâmbio de mercadorias. Ele, como todo comprador, procura tirar o maior proveito do valor de uso de sua mercadoria. [Ibidem.]

 

Trabalhei 8 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 10% mais rico.

Trabalhei 9 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 20% mais rico.

Trabalhei 10 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 30% mais rico.

Trabalhei 11 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 40% mais rico.

Trabalhei 12 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 50% mais rico.

Trabalhei 13 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 60% mais rico.

Trabalhei 14 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 70% mais rico.

Trabalhei 15 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 80% mais rico.

Trabalhei 16 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 90% mais rico.

Trabalhei 17 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 100% mais rico.

Trabalhei 18 horas,
e o meu patrão-capitalista
ficou 110% mais rico.

Pifei esgotado e doente,
e o meu patrão-capitalista
nem foi ao meu enterro!

 

 

 

 

De repente, porém, a voz do trabalhador se levanta, que estava emudecida pelo estrondo do processo de produção: a mercadoria que te vendi se distingue da multidão das outras mercadorias, pelo fato de que seu consumo cria valor e valor maior do que ela mesma custa. Essa foi a razão por que a compraste. O que, do teu lado, aparece como valorização do capital é da minha parte dispêndio excedente de força de trabalho. Tu e eu só conhecemos, no mercado, uma lei: a lei do intercâmbio de mercadorias. E o consumo da mercadoria não pertence ao vendedor, que a aliena, mas, ao comprador, que a adquire. A ti pertence, portanto, o uso de minha força de trabalho diária. Mas, por meio de seu preço diário de venda, tenho de reproduzi-la diariamente, para poder vendê-la de novo. Sem considerar o meu desgaste natural pela idade etc., preciso ser capaz, amanhã, de trabalhar com o mesmo nível normal de força, de saúde e de disposição que hoje. Tu me predicas constantemente o evangelho da parcimônia e da abstinência. Pois bem! Quero gerir meu único patrimônio, a força de trabalho, como um administrador racional, parcimonioso, me abstendo de qualquer desperdício tolo da mesma. Eu quero, diariamente, fazer fluir, converter em movimento, em trabalho, somente tanto dela quanto seja compatível com a sua duração normal e o seu desenvolvimento sadio. Mediante prolongamento desmesurado da jornada de trabalho, podes em 1 dia fazer fluir um quantum de minha força de trabalho que é maior do que o que posso repor em 3 dias. O que tu assim ganhas em trabalho, eu perco em substância de trabalho. A utilização de minha força de trabalho e a espoliação dela são duas coisas totalmente diferentes... Eu exijo, portanto, uma jornada de trabalho de duração normal, e a exijo sem apelo a teu coração, pois, em assuntos de dinheiro cessa a boa vontade. Poderás ser um cidadão modelar, talvez, até sejas membro da sociedade protetora dos animais. Podes até estar em odor de santidade, mas, a coisa que representas diante de mim é algo em cujo peito não bate nenhum coração. O que parece bater aí é a batida de meu próprio coração. A partir de hoje, eu exijo uma jornada normal e condigna de trabalho. [Ibidem.]

 

A velhice chegou...
A geringonça enferrujou...
Então, fiquei cansado.

A doença sombreou...
A minha hora pintou...

Parti. Tudo acabado.

Pifei esgotado e doente,
e o meu patrão-capitalista
nem foi ao meu enterro!

Um dia, ele também pifou.
Do lado de lá, eu o vi chegar,
e o recebi como um irmão querido!

Renasci na 6ª Raça-raiz.
Outro tempo! Já não havia
mais-valia nem mais-trabalho!

Já não havia escravização,
exploração e injustiça.
Todos sabiam que somos

 

 

 

Raças-raízes
(Animação Simbólica)

 

 

 

Música de fundo:

Terra Seca
Composição: Ary Barroso
Interpretação: Virgínia Rodrigues

Fonte:

https://www.letras.mus.br/virginia-rodrigues/1187214/

 

Páginas da Internet consultadas:

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