Desde
o início da vida existem relações de objeto.
Quando
as ansiedades persecutória e depressiva e a culpa diminuem, há
menos premência a repetir antigos padrões.
O
complexo
de Édipo1
pode ser claramente observado em crianças de três, quatro ou
cinco anos de idade. Este complexo existe, no entanto, muito mais cedo,
e está enraizado nas primeiras suspeitas que o bebê tem de
que o pai tira dele o amor e a atenção da mãe. Há
grandes diferenças entre o complexo de Édipo da menina e o
do menino, que eu caracterizarei dizendo apenas que enquanto o menino, em
seu desenvolvimento genital, retorna ao seu objeto original, a mãe,
e, portanto, busca objetos femininos, com conseqüentes ciúmes
em relação ao pai e aos homens em geral, a menina deve, em
alguma medida, se afastar da mãe e encontrar o objeto de seus desejos
no pai e, mais tarde, em outros homens. Fiz esta exposição,
no entanto, em uma forma demasiado simplificada, porque o menino se sente
atraído pelo pai e se identifica com ele e, portanto, um elemento
de homossexualidade faz parte do desenvolvimento normal. O mesmo se aplica
à menina, para quem a relação com a mãe e com
as mulheres em geral nunca perde a importância. O Complexo de Édipo,
assim, não é apenas uma questão de sentimentos de ódio
e rivalidade dirigidos a um dos pais e amor dirigido ao outro: sentimentos
de amor e o sentimento de culpa também entram em conexão com
o progenitor rival. Assim, muitas emoções conflitantes centram-se
no Complexo de Édipo.
A
imagem que você projetar de si no espelho é a mesma que os
outros estão vendo. Agora sorria e perceba como tudo se transforma
à sua volta.
O
que faz com que alguém se torne atraente e popular não é
a aparência, acredite. É a auto-estima.
Na
gratificação alucinatória, ocorrem dois processos interligados:
a evocação onipotente do objeto e situações
ideais e o igualmente onipotente aniquilamento do mau objeto persecutório
e da situação dolorosa. Estes processos se baseiam na divisão
do objeto e do ego.
Informação
é resistência ao choque. Informe-se.
Com
a repressão moderada, o inconsciente e o consciente têm mais
possibilidades de se manterem 'porosos' em suas relações mútuas
e, portanto, aos impulsos e seus derivativos, e é permitido, em certa
medida, emergirem repetidas vezes do inconsciente e se sujeitarem a um processo
de seleção e rejeição pelo ego. A escolha dos
impulsos, das fantasias e dos pensamentos que têm que ser reprimidos
depende da crescente capacidade do ego para aceitar os padrões dos
objetos externos.
O
segredo da vida é, acima de qualquer coisa, procurar evoluir, pois
tudo tem dois lados e um porquê!
Mesmo
que uma flor morra, outra nascerá no lugar. Embora não seja
igual, ela exalará o mesmo odor.
Os
outros vêem você como você se vê.
Meu
trabalho psicanalítico me convenceu de que quando na mente do bebê
os conflitos entre amor e ódio surgem, os medos de perder o ser amado
se tornam ativos.
A
cura da neurose infantil é a melhor profilaxia contra a neurose do
adulto.
O
jogo é uma realização de desejo.
Em
minha experiência, aparece nas crianças uma plena neurose de
transferência, de maneira análoga como surge nos adultos. Quando
analiso crianças, observo que seus sintomas mudam, que se acentuam
ou diminuem de acordo com a situação analítica. Observo
nelas a ab-reação de afetos em estreita conexão com
o progresso do trabalho em relação a mim. Observo que surge
angústia e que as reações da criança são
resolvidas no terreno analítico. Pais que observam seus filhos cuidadosamente
e com freqüência me contam que se surpreendem ao ver reaparecer
hábitos que haviam desaparecido há muito tempo. Não
encontrei crianças que expressem suas reações quando
estão em sua casa da mesma maneira que quando estão comigo:
em sua maior parte reservam a descarga para a sessão analítica.
Certamente, ocorre que, às vezes, quando estão emergindo violentamente
afetos muito poderosos, algo da perturbação se torna chamativo
para os que rodeiam a criança, mas isto só é temporário
e tampouco pode ser evitado na análise de adultos.
Acredito
que o ego seja incapaz de dividir objetos – internos e externos –
sem que haja uma correspondente divisão ocorrendo dentro do ego.
Se
extinguirmos o método freudiano de respeitar o ambiente analítico
e respondermos ao material da criança com interpretações,
prescindindo de toda a medida pedagógica, a situação
analítica se estabelece igual (ou melhor) que no adulto, e a neurose
de transferência, que constitui o âmbito natural de nosso trabalho,
se desenvolve plenamente.
É
uma parte essencial do trabalho interpretativo se manter em sintonia com
flutuações entre o amor e o ódio, ou seja, entre a
felicidade e a satisfação, de um lado, e a ansiedade persecutória
e a depressão, de outro.
A identificação projetiva
se liga aos processos de desenvolvimento que surgem durante os três
ou quatro primeiros meses de vida (a posição esquizo-paranóide)
quando a divisão está no seu máximo e predomina a ansiedade
persecutória. O ego está ainda, em grande parte, não-integrado
e, por conseguinte, passível de dividir a si, a suas emoções
e a seus objetos internos e externos, embora a divisão seja também
uma das defesas fundamentais contra a ansiedade persecutória. Outras
defesas oriundas neste estágio são a idealização,
a negação e o controle onipotente dos objetos internos e externos.
A identificação pela projeção implica uma combinação
de expelir partes do eu e de projetá-las sobre outra pessoa (ou melhor)
dentro dela. Tais processos apresentam muitas ramificações
e influenciam fundamentalmente as relações de objeto.
As
variações na intensidade dos fatores constitucionais acham-se
ligadas à preponderância de um ou outro dos instintos na fusão
dos instintos de vida e de morte postulada por Freud. Acredito existir uma
vinculação entre esta preponderância de um ou outro
dos instintos e a força ou debilidade do ego.
A ameaça de aniquilamento
pelo instinto de morte dentro é a ansiedade primordial. É
o ego que, a serviço do instinto de vida – possivelmente chamado
mesmo à atividade pelo instinto de vida – desvia, até
certo ponto, esta ameaça para fora. Esta defesa fundamental contra
o instinto de morte foi atribuída por Freud ao organismo, enquanto
que eu considero tal processo como a atividade principal do ego.
Embora
em várias proporções, há sempre uma interação
dos impulsos libidinais e agressivos, correspondendo à fusão
dos instintos de vida e de morte.
O
predomínio dos sentimentos de frustração ou de gratificação
nas relações do bebê com o seio é, sem dúvida,
largamente influenciado, num sentido ou em outro, pelas circunstâncias
externas, mas também restam poucas dúvidas de que os fatores
constitucionais, influenciando desde o princípio o robustecimento
do ego, têm de ser levados na devida conta. Fiz antes a sugestão
de que a capacidade do ego para suportar a ansiedade e a tensão,
e, portanto, numa certa medida, para tolerar a frustração,
é um fator constitucional. Esta maior capacidade inata para suportar
a ansiedade parece depender, basicamente, da prevalência da libido
sobre os impulsos agressivos, quer dizer, do papel que o instinto de vida
desempenha, desde o princípio, na fusão dos dois instintos.
O
seio 'bom' que amamenta e inicia a relação amorosa com a mãe
é o representante do instinto de vida, sendo também sentido
como a primeira manifestação da criatividade.
Tudo
é possível.
A inveja contribui para as dificuldades
do bebê em construir seu objeto bom, porque ele sente que a gratificação
de que se viu privado foi guardada para si mesmo pelo seio que o frustrou.
A inveja é o sentimento irado
de que outra pessoa possui e desfruta de algo desejável, sendo o
impulso invejoso tirá-lo dela ou espoliá-la.
A
inveja inconsciente se manifesta no início da infância como
inveja primária.
Conjuntamente
com as experiências felizes, ressentimentos inevitáveis reforçam
o conflito inato entre o amor e o ódio, ou na verdade, basicamente,
entre os instintos de vida e de morte, resultando na sensação
de existirem um seio bom e um seio mau. Em conseqüência disto,
a mais primitiva vida emocional se caracteriza por uma sensação
de perda e recuperação do objeto bom. Ao falar de um conflito
inato entre o amor e o ódio, estou subentendendo que a capacidade
tanto para o amor quanto para os impulsos destrutivos é, até
certo ponto, constitucional, embora variando individualmente em intensidade
e interatuando, desde o início, com as condições externas.
Além das experiências
de gratificação e frustração derivadas de fatores
externos, uma série de processos endopsíquicos – primordialmente,
a introjeção e a projeção – contribui
para a relação dupla com o primeiro objeto. O bebê projeta
os seus impulsos de amor e os atribui ao seio gratificador (bom), assim
como projeta os seus impulsos destrutivos e os atribui ao seio frustrador
(mau). Simultaneamente, pela introjeção, um bom seio e um
mau seio são estabelecidos dentro do bebê. Assim, a imagem
do objeto, externo e internalizado, é distorcida na mente infantil
pelas suas fantasias, que estão vinculadas à projeção
de seus impulsos sobre o objeto. O seio bom – externo e interno –
converte-se no protótipo de todos os objetos prestimosos e gratificadores;
o seio mau é protótipo de todos os objetos persecutórios
internos e externos.
A
projeção de sentimentos de amor – subjacente no processo
de associação da libido ao objeto – é uma precondição
para encontrar um bom objeto. A introjeção de um bom objeto
estimula a projeção de bons sentimentos, e isto, por sua vez
fortalece, pela reintrojeção, o sentimento de posse de um
bom objeto interno. À projeção do eu-mau no objeto
e no mundo externo corresponde a projeção de boas partes do
eu ou de todo o eu-bom. A reintrojeção do bom objeto e do
eu-bom reduz a ansiedade persecutória. Assim, a relação
com o mundo interno e externo melhora simultaneamente, e o ego ganha em
vigor e em integração.
No que diz respeito ao ego, o excessivo
destaque e expulsão no mundo externo de partes do eu o enfraquece
consideravelmente, pois o componente agressivo dos sentimentos e da personalidade
está intimamente associado, na mente, com o poder, a potência,
a força, o conhecimento e muitas outras qualidades desejadas.
Estes processos, presentes desde
o início da vida, podem ser considerados de acordo com as seguintes
formulações: a) um ego que tem alguns rudimentos de integração
e coesão e progride cada vez mais nesta direção. Desempenha
também, desde o começo da vida pós-natal, algumas funções
fundamentais; assim, usa os processos de divisão e de inibição
dos desejos instintivos como defesas contra a ansiedade persecutória
– que é sentida pelo ego desde o nascimento; b) relações
objetais, que são modeladas pela libido e agressão, pelo amor
e o ódio, e impregnadas, por uma parte, de ansiedade persecutória
e, por outra parte, pelo seu corolário, a reafirmação
onipotente e tranqüilizadora que deriva da idealização
do objeto; e c) introjeção e projeção, vinculadas
à vida de fantasia do bebê e a todas as suas emoções;
conseqüentemente, objetos internalizados de boa e má natureza,
que dão início ao superego.
Todos
estes desenvolvimentos estão refletidos na relação
do bebê com a mãe (e, em certa medida, com o pai e outras pessoas).
A relação com a mãe como pessoa, que se desenvolveu
gradualmente enquanto o seio ainda figurava como o principal objeto, torna-se,
agora, mais completamente estabelecida, e a identificação
com ela ganha em vigor quando a criança pode perceber e introjetar
a mãe como uma pessoa (ou, por outras palavras, como um 'objeto completo').
A formação de símbolo
começa tão cedo quanto as relações objetais,
e distúrbios na relação com objeto se refletem em distúrbios
na formação de símbolo.
O
impulso para realizar reparações pode ser considerado uma
conseqüência da mais profunda percepção da realidade
psíquica e de uma síntese crescente, pois revela uma reação
mais realista aos sentimentos de pesar, culpa e medo de perda resultantes
da agressão contra o objeto amado. Como o impulso para reparar ou
proteger o objeto danificado abre o caminho para relações
objetais e sublimações mais satisfatórias, incrementa,
por sua vez, a síntese e contribui para a integração
do ego.
A
ansiedade relacionada com a mãe internalizada que se sente ter sido
danificada, estar sofrendo, em perigo de aniquilamento ou já aniquilada
e perdida para sempre, leva a uma identificação mais forte
com o objeto lesado. Esta identificação reforça, ao
mesmo tempo, o impulso reparador e as tentativas do ego para inibir os impulsos
agressivos. Contudo, se o ego for incapaz de enfrentar as múltiplas
e severas situações de ansiedade que surgem neste estágio
– um fracasso determinado por fatores internos, assim como por experiências
externas – poderá, então, ocorrer uma forte regressão
da posição depressiva para a anterior posição
esquizo-paranóide.
Cheguei
à conclusão de que o amor e o ódio para com a mãe
estão vinculados à capacidade da criança, em idade
muito tenra, de projetar todas as suas emoções sobre ela,
tornando-a, assim, tanto um objeto bom como perigoso. A introjeção
e a projeção, no entanto, embora tenham raízes na infância,
não são apenas processos infantis. Constituem parte das fantasias
da criança, que segundo me parece também operam desde o começo
e ajudam a plasmar sua impressão do ambiente; e pela introjeção
este quadro modificado do mundo externo influencia o que se passa em sua
mente. Deste modo, estrutura-se um mundo interno que é, em parte,
reflexo do externo, isto é: o duplo processo de introjeção
e de projeção para a interação entre os fatores
externos e internos. Esta interação continua através
de cada estágio da vida. Da mesma forma, a introjeção
e a projeção prosseguem pela vida afora, e se modificam no
curso da maturação; mas nunca perdem sua importância
na relação do indivíduo para com o mundo que o cerca.
Mesmo no adulto, portanto, o julgamento de realidade jamais está
inteiramente isento da influência de seu mundo interno.
Uma
das características das relações esquizóides
é um acentuado artificialismo e falta de espontaneidade, a par de
um grave distúrbio do sentimento do eu ou da relação
com o eu. Por outras palavras: a realidade psíquica e a relação
com a realidade externa estão extremamente perturbadas.
Uma
das muitas experiências interessantes e surpreendentes na análise
de crianças é encontrar em crianças muito jovens a
capacidade de percepção que, muitas vezes, é muito
maior do que a dos adultos.
Sentimentos
de amor e gratidão surgem direta e espontaneamente no bebê
em resposta ao amor e cuidado de sua mãe.
A
própria experiência de sentimentos depressivos tem, por seu
turno, o efeito de provocar a integração do ego, visto facilitar
uma crescente compreensão da realidade psíquica e a melhor
percepção do mundo externo, assim como a síntese cada
vez maior entre as situações internas e externas.
À medida que o ego vai evoluindo,
se estabelece, gradualmente, a partir desta realidade irreal, uma verdadeira
relação com a realidade. Por conseguinte, o desenvolvimento
do ego e a relação com a realidade dependerão do grau
de capacidade do ego, numa etapa muito recuada, para tolerar a pressão
das primeiras situações de ansiedade.
Os
processos de síntese operam em toda a extensão das relações
objetais internas e externas. Compreendem os aspectos contrastantes dos
objetos internalizados (início do superego), por uma parte, e dos
objetos externos, por outra; mas o ego também é impelido a
diminuir a discrepância entre as figuras internas e externas. Em conjunto
com estes processos sintéticos, registram-se novos passos na integração
do ego, o que resulta em uma coerência maior entre as partes destacadas
do ego. Todos estes processos de integração e síntese
fazem que o conflito entre amor e ódio atinja sua plena força.
A conseqüente ansiedade depressiva e os sentimentos de culpa alteram-se
não só em quantidade, mas, também, em qualidade. A
ambivalência é agora experimentada, de modo predominante, em
relação a um objeto completo. Os
passos de integração e síntese descritos resultam em
uma capacidade maior do ego em reconhecer a realidade psíquica cada
vez mais pungente.
Como,
fundamentalmente, a tendência reparadora deriva do instinto de vida,
traz consigo fantasias e desejos libidinais. Esta tendência participa
em todas as sublimações e, deste estágio em diante,
constituirá sempre o grande meio pelo qual a depressão é
mantida sob controle e diminuída. Além disso, essa atitude
mais realista em face da frustração – o que implica
que o medo persecutório respeitante aos objetos internos e externos
diminuiu – acarreta uma capacidade maior de restabelecimento, quando
a experiência de frustração já não se
faz sentir. Por outras palavras, a crescente adaptação à
realidade – associada às mudanças na ação
da introjeção e projeção – resulta em
uma relação mais segura com os mundos interno e externo, o
que acarreta uma diminuição da ambivalência e e da agressão,
possibilitando aos impulsos reparadores que desempenhem seu papel.
A
natureza das fantasias inconscientes e o modo como elas estão relacionadas
com a realidade externa determinam o funcionamento psíquico do indivíduo.
No funcionamento psíquico, as relações com os objetos
externos são mediadas pelas fantasias inconscientes, que dão
origem aos objetos internos. Portanto, relações e objetos
(ou situações externas) não devem ser simplesmente
traduzidas em relações internas.
A
introjeção e a projeção funcionam desde o começo
da vida pós-natal como uma das atividades mais primitivas do ego,
que, a meu, ver opera a partir do nascimento. Considerada sob este ângulo,
a introjeção significa que o mundo externo, seu impacto, as
situações que a criancinha vive e os objetos que ela encontra
são experimentados não só como externos, mas são
recebidos dentro do eu e se tornam parte da vida interna dela. A vida interna
não pode ser avaliada mesmo no adulto sem estes acréscimos
à personalidade que se originam da introjeção contínua.
O
ego existe e opera desde o nascimento, e tem a importante tarefa de se defender
contra a ansiedade suscitada pela luta interna.
A projeção consiste
na capacidade de a criança atribuir a outras pessoas à sua
volta sentimentos de diversos tipos, predominantemente o amor e o ódio,
sentimentos que, na realidade, são dela, pois derivam da projeção
de suas emoções nos outros, principalmente na mãe.
Tais processos fazem parte das fantasias do bebê, e levam à
formação de um mundo interno, que é parcialmente um
reflexo do mundo externo. Neste sentido, os processos de introjeção
e projeção contribuem para a interação entre
fatores internos e externos, e devem ser considerados como fantasias inconscientes.
Os
precursores do superego – camadas mais profundas do inconsciente –
se organizam desde o nascimento. O objeto não seria sentido como
parte da mente, no sentido que aprendemos do superego, como a voz dos pais
dentro da mente da pessoa. Este conceito de superego só seria encontrado
nas camadas mais superficiais do inconsciente. No entanto, em camadas mais
profundas, o objeto interno é sentido como um ser físico,
ou, ainda, como uma multidão de seres, que, com todas suas atividades
amistosas e hostis, têm abrigo dentro do corpo da pessoa.
A
criança, muito antes dos quatro ou cinco anos de idade, sofre de
fobias. A criança, desde os primeiros meses de vida, demonstra estar
à mercê de ansiedades persecutórias, que encontram expressão
nas fobias arcaicas.
O ambiente tem efeitos extremamente
importantes na tenra infância e na infância posterior; mas daí
não se pode concluir que, sem um ambiente mau, não existiriam
fantasias e ansiedades agressivas e persecutórias.
Os
processos mentais nascem do inconsciente, a partir das necessidades instintuais.
As fantasias são, portanto, expressões mentais dos instintos
– uma representação psíquica dos instintos libidinais
e destrutivos. Neste sentido, a atividade do fantasiar tem suas raízes
nas pulsões, da qual é um corolário.
Se
encaramos nosso mundo adulto do ponto de vista de suas raízes na
infância, ganhamos uma compreensão interna ('insight') da maneira
pela qual nossa mente, nossos hábitos e nossos conceitos se estruturaram
a partir das fantasias e emoções da mais tenra infância
até as manifestações adultas mais complexas e elaboradas.
Há mais uma conclusão a ser inferida, ou seja, de que nada
que alguma vez existiu no inconsciente perde inteiramente sua influência
sobre a personalidade.2
(Grifo
meu).
As
experiências externas são de suprema importância durante
a vida. Contudo, muito depende, mesmo na criancinha, das maneiras pelas
quais ela vai interpretar e assimilar as influências externas; e isto
depende em grande parte da intensidade com que atuam os impulsos destrutivos
e as ansiedades persecutórias e depressivas.
Ao
considerar, do ponto de vista psicanalítico, o comportamento das
pessoas no seu ambiente social, é necessário investigar como
o indivíduo se desenvolveu desde a infância até a maturidade.
Um grupo – seja pequeno, seja grande – consta de indivíduos
em um relacionamento recíproco; e, portanto, a compreensão
da personalidade é o fundamental para compreender a vida social.
(Grifo
meu).
Na
medida que a idealização deriva da necessidade de ser protegido
contra os objetos perseguidores, a idealização é um
método de defesa contra a ansiedade.
É
em fantasia que o bebê divide o objeto e o eu, mas o efeito desta
fantasia é bastante real, pois conduz a sentimentos e relações
(e, mais tarde, a processos de pensamentos) que estão, de fato, desligados
uns dos outros.
A
solidão, como toda estrutura do inconsciente formada no psiquismo,
é um resultado freqüente de estruturas vividas nas socializações
primária e secundária do indivíduo. O que está
na origem da solidão são os seis primeiros meses de vida da
criança.
Esquizofrenia
= divisão.
Um
fator de desenvolvimento de importância básica é a capacidade
do ego prematuro de tolerar a ansiedade.
A ansiedade se origina da agressão.
O ego tem ainda um outro meio de
controlar aqueles impulsos destrutivos que ainda permanecem no organismo.
Pode mobilizar uma parte deles como uma defesa contra a outra parte. Deste
modo, o id sofrerá uma cisão que é o primeiro passo
na formação das inibições pulsionais e do superego.
Se
uma pessoa normal for posta sob uma grave pressão interna ou externa,
ou se ela adoece ou falha de algum modo, podemos observar nela a operação
plena e direta das suas situações de ansiedade mais profundas.
Introjeções simultâneas
de objetos que, de fato, têm uma boa disposição operam
em direção oposta e diminuem a força do medo das imagos
aterrorizadoras.
As tendências destrutivas,
cujo objeto é o útero, também são dirigidas
com toda a sua intensidade sádico-oral e sádico-anal contra
o pênis do pai que estaria localizado lá dentro.
A
pulsão epistemofílica e o desejo de se apossar do objeto estão
intimamente ligados desde muito cedo.
As fantasias da menina, em que tenta
destruir ambos os pais por inveja e ódio, são a origem do
seu mais profundo sentimento de culpa, e, ao mesmo tempo, formam a base
das suas mais esmagadoras situações de perigo.3
No estágio mais arcaico do
desenvolvimento do indivíduo, seu ego não está suficientemente
apto a tolerar sua ansiedade pulsional e o medo que sente dos objetos internalizados,
e tenta se proteger em parte por meio da escotomização e da
negação da realidade psíquica.
As
angústias mais arcaicas são as angústias de aniquilamento.
Nenhum sofrimento infligido por fontes
externas pode ser tão grande quanto aquele infligido em fantasia
por um medo contínuo e avassalador de danos e perigos internos.
O medo mais profundo da menina é
o de ter o interior do seu corpo assaltado e destruído.
O
instinto de destruição, sendo dirigido contra o organismo,
é um perigo para o ego. A meu ver, é este perigo que o indivíduo
sente sob a forma de angústia. Portanto, a angústia nasce
da agressividade.
A ansiedade evocada na criança
pelas suas moções pulsionais destrutivas faz-se sentir no
ego em duas direções. Em primeiro lugar, implica o aniquilamento
de seu próprio corpo por seus impulsos destrutivos, o que constitui
um medo de seu perigo pulsional interno. Em segundo lugar, focaliza seus
medos quanto a seu objeto externo, contra quem são dirigidos seus
sentimentos sádicos, como uma fonte de perigo. A este respeito, pareceria
que a criança reage ao intolerável medo dos perigos pulsionais
transferindo o impacto maciço dos perigos pulsionais para o seu objeto,
transformando, deste modo, perigos internos em perigos externos.
A
formação do sentimento de culpa é uma conseqüência
direta das pulsões sádico-destrutivas acompanhada das fantasias
inconscientes de ter atacado e danificado objetos de que se necessita. O
que permite sentir a culpa depressiva é o reconhecimento da diferença
entre o sujeito e o objeto.
À medida que a integração
dos objetos progride, sentimentos tanto de natureza destrutiva quanto amorosa
são experimentados por um mesmo objeto, e isto dá origem a
profundos e perturbadores conflitos na mente da criança.
A
posição esquizo-paranóide, na evolução
emocional, tende a predominar nos primeiros três a cinco meses, e
a posição depressiva posteriormente.
A ansiedade mais profunda sentida
pelas meninas é o desejo sádico, originário dos primeiros
estágios do conflito Edipiano, de roubar o conteúdo do corpo
da mãe, ou seja, o pênis do pai.
O desenho e a pintura são
meios usados para restaurar as pessoas.
A
ansiedade, que é proeminentemente uma agência inibidora no
desenvolvimento do indivíduo, é, ao mesmo tempo, um fator
de importância fundamental na promoção do crescimento
de ego e da vida sexual.
À medida que a relação
com a realidade avança, a criança faz uso crescente das relações
com seus objetos, e suas várias atividades e sublimações
são um auxílio contra o medo do superego e dos impulsos destrutivos.
Meu ponto de partida foi que a ansiedade estimula o desenvolvimento do ego.
O
Rir e o Chorar
O
que faz chorar pode fazer rir;
o
que faz rir pode fazer chorar.
O
que não podemos é sucumbir
por
haver o alegrar e o entristar.
É
tanto o rir quanto o chorar
que,
a todos, faz andar e subir.
Logo,
choramingar e praguejar
são
duas bostas;
a saída é rir.
que
necessita ser restaurada.
jamais
descortinará a Estrada.
______
Notas:
1.
Segundo Sigmund Freud (1856 – 1939), o Complexo de Édipo verifica-se
quando a criança atinge o período sexual fálico na
segunda infância, quando se dá, então, conta da diferença
de sexos, tendendo a fixar a sua atenção libidinosa nas pessoas
do sexo oposto no ambiente familiar. O conceito foi descrito por Freud e
recebeu a designação de complexo por Carl Jung (1875
– 1961), que desenvolveu semelhantemente
o conceito de Complexo de Electra (atitude que implica uma identificação
tão completa com a mãe que a filha deseja, inconscientemente,
eliminá-la e possuir o pai).
2. O
que esta informação pode interessar particularmente aos místicos
e espiritualistas? Simplesmente que não podemos nos desligar do nosso
passado (próximo ou remoto) nem apagar nossos
pecados. Que nos envergonhemos, tudo bem; mas que nos deixemos
dominar e abater por um sentimento misto de nulidade e culpa pelo que fizemos
de desconcertado não auxiliará em nada nossa reintegração
universal. Os sentimentos de nulidade e de culpa produzem apenas uma espécie
de inibição ou impedimento para seguirmos em frente. De uma
forma ou de outra, devemos compreender isto:
pecamos e transgredimos porque éramos ignorantes;
continuamos a pecar
e a não cumprir porque somos ignorantes; e continuaremos a pecar
e a infringir até que deixemos de ser ignorantes. O que não
podemos é desistir de melhorar e de tentar compreender para nos libertarmos.
Enfim, eventuais lembranças dolorosas de violações
cometidas são ótimas; humildam-nos e nos alertam para não
as repetir. Agora, reflita comigo: já pensou se nos lembrássemos
de todas as barbaridades que fizemos em encarnações passadas?
Por isto, ninguém deve se meter a revisitar o passado longínquo,
se não estiver perfeitamente estruturado para fazê-lo. Isto
é tão temerário quanto bulir com Kundalini
– o Poder Espiritual primordial que jaz adormecido no Múládhára
Chakra, o centro de força situado próximo à
base da coluna e aos órgãos genitais – sem saber o que
está fazendo. E, quanto a isto, como 99,99% das pessoas não
sabem o que estão fazendo, o melhor é deixar Kundalini
quietinha. Quando (e se) chegar a Hora, Ela certamente subirá!
3. Neste
mundo, nunca o ódio dissipará o ódio. Só o amor
dissipa o ódio. (o Senhor Buddha).
Páginas
da Internet consultadas:
http://lyricsdog.eu/s/happy
%20face%20animated
http://www.amazing-animations.com/
animated-babies.php
http://leomachadot.blogspot.com/
2010/04/o-feto-nao-e-uma-coisa.html
http://books.google.com.br/
http://www.fepal.org/nuevo/
images/stories/Ferreira-Abrao.pdf
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0
103-58352007000200011&script=sci_arttext
http://rgirola.sites.uol.com.br/
Fantasia.htm#_ftnref4
http://www.hcnet.usp.br/ipq/
revista/vol29/n5/256.html
http://psy.dmu.ac.uk/drhiles/
ENVYpaper.htm
http://thinkexist.com/quotes/melanie_klein/
http://www.brainyquote.com/
quotes/authors/m/melanie_klein.html
http://psicanalisekleiniana.vilabol.uol.com.br/
cronologia.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Melanie_Klein
http://www.sedes.org.br/Departamentos/
Formacao_Psicanalise/angustia_superego.htm
http://www.eca.usp.br/nucleos/filocom/ae9.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Kundalini
http://www.verarita.psc.br/
portugues.php?id=autocita4
http://www.psiqweb.med.br/site/?area
=NO/LerNoticia&idNoticia=238
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S
1413-072002000100002&script=sci_arttext
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http://litinerance.com/2011/09/28/complexo
-de-dipo-menino-e-menina-melanie-klein/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Complexo_de_%C3%89dipo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Complexo_de_Electra
Música
de fundo:
Canto
Chorado
Composição: Billy Blanco
Interpretação: Os Originais Do Samba
Fonte:
http://www.4shared.com/get/YN1MPuBi/
Os_Originais_Do_Samba_-_Canto_.html