MEDO DO CÉU

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

Hoje, todos nós vivemos com medo do céu.

Geleiras esquentando... Oceanos engordando...

Chuvas precipitando... Cidades encharcando...

Qual será o próximo inesperado que virá do céu?

Ao ignorarmos o factível, parimos o inexeqüível.

Tudo se torna tarde, se se tornar tarde demais!

 

Hoje, todos nós vivemos com medo do céu.

Entrementes, insistimos em sujar e em ferver,

imundando nosso Planeta Azul a mais não poder!

E, cagarolinhas, ficamos todos com medo do céu!

Tudo se torna tarde, se se tornar tarde demais!

Ao ignorarmos o factível, parimos o inexeqüível.

 

Hoje, não há quem viva sem medo do céu,

mas muitos só buscam primeiroeu e comodidades,

Quando atinaremos que são um a Terra e o céu?

Ao ignorarmos o factível, parimos o inexeqüível.

Tudo se torna tarde, se se tornar tarde demais!

 

Hoje, sem acanhação, uns olham para o céu,

e praguejam: que se fodam todos os ecossistemas,

que se foda a retroterra, que se fodam os saquaremas.

Depois, se lamuriam, e põem toda a culpa no céu!

Tudo se torna tarde, se se tornar tarde demais!

Ao ignorarmos o factível, parimos o inexeqüível.

 

Hoje, todos nós vivemos com medo do céu.

Desmatei. Perdão Sumidouro. Perdão Petrópolis.

Ferventei. Perdão Friburgo. Perdão Teresópolis.

A culpa é exclusivamente minha; não é do céu.

Ao ignorarmos o factível, parimos o inexeqüível.

Tudo se torna tarde, se se tornar tarde demais!

 

Mas, hoje, uns ainda chiam: — Inferno de céu!

O clima está a se tornar cada vez mais feroz,

e pode ser que, um dia, se rache a casca da noz.

Aí, então, não teremos mais que ofender o céu!

Tudo se tornou muito tarde; tardíssimo demais!

Ignoramos o factível e parimos o inexeqüível.

 

 

 

Eu não quero tornar isto inexeqüível. Você quer?

 

 

 

Fundo musical:

Samba do Crioulo Doido
Composição: Stanislaw Ponte Preta
Interpretação: Quarteto em Cy

Fonte:

http://www.belasmidis.com/Nacional/Quarteto_Em_Cy/

 

Observação:

Stanislaw Ponte Preta era o pseudônimo do cronista, escritor, radialista e compositor brasileiro Sérgio Marcus Rangel Porto (Rio de Janeiro, 11 de janeiro de 1923 – Rio de Janeiro, 30 de setembro de 1968). Conhecedor de Música Popular Brasileira e jazz, definia a verdadeira MPB pela sigla MPBB – Música Popular Bem Brasileira. Boêmio – Stanislaw, o Carioca Número 1 – possuía um admirável senso de humor. Sua aparência de homem sisudo escondia um intelectual peculiar capaz de fazer piadas corrosivas contra a ditadura militar e o moralismo social vigente, que fazem parte do FEBEAPÁ – Festival de Besteiras que Assola o País, uma de suas maiores criações. Se estivesse vivo, Stanislaw talvez se inspirasse para escrever FEBEACLI – Festival de Besteiras que Assola o Clima. Uma de suas tiradinhas curtinhas mais interessantes é: O Capitalismo é a exploração do homem pelo homem. O Socialismo é o contrário. Sobre o tema deste trabalho, plagiando Stanislaw, concluo: no Brasil, o que os políticos vêm fazendo, há muitos anos, é cruzar cabra com periscópio. Resultado: o povo é o bode expiatório. E não há James Bond que possa botar defeito neste fudelhufas de cagahouse tropical-tupiniquim. A coisa é mesmo meio que como dizia o deputado Justo Veríssimo de Santo Cristo, personagem criado por Chico Anísio: Eu quero que o povo se exploda. Eu tenho horror a pobre. Horror!

 

Páginas da Internet consultadas:

http://mariliaescobar.wordpress.com/

http://downloads.open4group.com/wallpapers/
1024x768/peixinho-entre-os-corais-7402.html