Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Miserére mei, Deus,

secúndum misericórdiam tuam;

et secúndum multitúdinem

miseratiónum tuárum

dele iniquitátem meam.

                           (Psalmus 50)


 

Animação produzida
a partir do desenho
de Catarina Almeida
Homem de Costas
http://breathingtime.blogs.sapo.
pt/arquivo/2004_01.html

 

 

Abstract

 

Esta monografia compara o uso do conteúdo metafísico das 42 Confissões Negativas (42 Leis de Maat) com o Salmo 50 para efeito de purificação da psiquê do ser humano, e apresenta uma Litania na qual este se confessa ao Deus do Seu Coração, para se regenerar, ritualisticamente, no Ato da Transformação. Será que alguém pode pretender purificar o exterior, seu meio ambiente, a aura de seu Planeta, sem que antes tenha se purificado a si mesmo? Purificar-se significa, primeiro, renegar o pecado – que é todo ato que fere o próximo, seja ele um animal humano ou não-humano, uma árvore, o meio ambiente como um todo – e, em seguida, assumir-se como pronto para o Trabalho, que consiste em colocar em prática o contrário daquilo que se renegou, substituindo o ódio pelo amor, por exemplo.

 

Introdução

 

Os místicos ocidentais de formação católica apostólica romana provavelmente conhecem o significado secreto do Salmo 50 (Miserére mei, Deus), que é um extenso Mea Culpa, pelo qual o profano que acabou de adentrar nos Mistérios da Transubstanciação reconhece a necessidade de transmutar seu lado negro em insumo para a iluminação interior, purificando-o pela sincera confissão de suas iniqüidades ao Deus do seu Coração, que é a parcela do Espírito Santo em seu interior. A moderna Igreja de Roma praticamente expurgou o Salmo 50 de seus rituais gerais, por considerá-lo 'masoquista', cedendo, assim, às imposições da licenciosidade da implacável Sociedade de Consumo, da qual depende para se manter fisicamente. Os monges cenobitas1, contudo, que constituem a guarda do cerne espiritual da Igreja, continuam recitando esse Salmo, que faz parte do Psalterium Monasticum compilado por São Bento em uma determinada ordem: segundo essa ordem, o Salmo 50 é o segundo a ser entoado em Dominica Ad Laudes Matutinas (precedido do Salmo 66 – Omnes Gentes Domine Confiteantur). Assim começa a semana monástica, com um domingo de purificação e transformação que se consubstancia na Missa pública, com o sacrifício da Eucaristia. É nessa ocasião que o Abade exorcisa todos os que estão na nave e que serão aspergidos com Água Benta contendo sal. Quando os monges que procedem a esse ato de Alquimia Mística o executam, já foram purificados pela entoação conjunta do Salmo 50 na Laudes Matutinas. Normalmente, com poucas exceções – para algum oblato2, provavelmente – os fiéis que assistem a essa Missa dominical, em latim, com canto gregoriano, deixam-se levar pelo fervor da fé, sem se importarem com a compreensão intelectual e metafísica do evento.

Em algumas Ordens e Fraternidades Rosacrucianas de raiz Kemética, isto é, que embora embasadas no simbolismo de CRC absoveram símbolos do Panteão KMT (a Religião do Antigo Egito), os estudantes devem fazer uma purificação semelhante através das 42 Confissões Negativas, nas quais se declaram cumpridores das 42 Leis de Maat3, que durante milênios regeram a comunidade egípcia. Como vim de formação católica apostólica romana, tendo sido coroinha (e quase padre) e, posteriormente, adentrando os estudos da Ordem Rosacruz através da AMORC, elaborei uma Litania da Transformação que abarca as infrações mais comuns e contundentes da moderna sociedade em que vivemos. Essa Litania é para ser lida e meditada alquimicamente e não de modo algum como peça de masoquismo (este foi usado pela classe clerical para dominar as massas através da subserviência, o que, evidentemente, é uma deturpação do verdadeiro sentido místico do Miserére mei, Deus, que é o da purificação.)

 

 

1. A Litania da Transformação

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, escarafunchei e malbaratei vorazmente a litosfera em busca de ilusórias riquezas materiais.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, cruentamente devastei e calcinei as florestas indiferente aos prantos inaudíveis dos meus irmãos vegetais.

   

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, impiedosamente, tirei a vida dos meus irmãos animais e me alimentei da sua carne, ensurdecido e insensibilizado com o desespero e o sofrimento deles. Criminosamente apoiei, inclusive, caçadas de animais para que deles fossem retiradas suas peles ou para que simplesmente servissem de adorno ou troféu.

  

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, incendiei com radicalismo inaudito as consciências incitando-as à revanche, à revolta e à guerra.

  

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, trafiquei e vendi drogas e armas, e participei, sempre que me interessavam, de todos os negócios clandestinos possíveis e imagináveis.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, fui alucinadamente obcecado por adquirir e acumular dinheiro e bens materiais.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, fui egoísta e gargalhei das situações aflitivas alheias. Os problemas não eram meus.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, fui exclusivista e não me comovi com as mazelas e as dores dos homens. Os problemas também não eram meus.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, especulei com os bens alheios levando as pessoas à miséria.

   

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, assediei, subjuguei, estuprei e pedofilizei para satisfazer minha voluptuosidade.

   

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, abusei da ignorância e da debilidade alheias.

  

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, me prevaleci torpemente da confiança dos meus eleitores e me locupletei de todos os cargos públicos que exerci.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, fui desleixado e covarde e não cumpri com as minhas obrigações.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, desfiz lares e traí a confiança dos meus amigos.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, assassinei por Ti e em Teu Nome, Deus de minha consentida e alimentada necedade, um incontável número de seres humanos.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, fui preconceituoso e um juiz implacabilíssimo. Porém, sempre que me convinha, julgava um processo ilicitamente para obter algum proveito.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, tratei a coisa pública como coisa privada. Minha regra de ouro era: Sempre levar algum tipo de vantagem.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, ridicularizei as crenças e as religiões dos outros por acreditar que apenas Tu, Deus de meu complacente obscurantismo, eras o único e verdadeiro Deus.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, menti impudentemente e forjei documentos para obter vantagens ilícitas.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, abusei da ingenuidade dos inexperientes e dos crédulos.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, maisquis os prazeres e as comemorações às inadiáveis obrigações fraternas de responsabilidade social, de solidariedade e de voluntariado.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, retaliei desproporcionalmente a qualquer mal sofrido. O talionato, para mim, era de cem olhos por um olho e de cem dentes por um dente.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, permutei justiça por dinheiro e bens materiais.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, apoiei ditaduras de direita e de esquerda e regimes despóticos e discricionários como forma de solução para as desordens sociais. No fundo, esse amparo sempre interessou mais a mim do que à própria manutenção da ordem social em si (que jamais poderá ser mantida – hoje compreendo isso – por autoritarismos ou totalitarismos de qualquer natureza).

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, apoiei o laissez-faire, o laissez-passer e todas as formas inescrupulosas de mais-valias.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, estimulei a exploração de mão-de-obra escrava como recurso para a produção de qualquer forma de riqueza. Sempre tive um interesse pessoal na manutenção da escravidão.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, jamais apoiei leis eqüitativas. Minha única lei era: para mim e para meus amigos, tudo; para os outros, o mínimo (in)suficiente para que pudessem apenas sobreviver para nos servir como lacaios.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, sangrei e fiz sangrar. Por eras e mais eras, devorei e fiz devorar. Por eras e mais eras, não me importei, e obriguei os que estavam à minha volta que também não se importassem.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, covardemente, evitei me envolver com a dor e as privações do meu próximo. Acima de tudo, eu sempre estive em primeiro lugar.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, apoiei absurdos e indignidades.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, corrompi e alegremente me deixei corromper.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, forcei diversas mulheres a cometer adultério.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, horrorizei e terrorizei, despedacei e bombardeei, demoli e afligi, explodi e fiz correr rios de sangue.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, acusei falsamente e apoiei diversas falsas acusações.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, me encolerizei e provoquei discórdia entre as pessoas.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, fui ardiloso e falei de modo enganoso para prejudicar meu semelhante.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, negociei de forma fraudulenta e atestei fraudes que causaram numerosos danos.

 


non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, falei com ilimitado escárnio e sempre que pude me manifestei para criticar as fraquezas dos outros.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, fechei meus olhos e tampei meus ouvidos para o significado da justiça e da dignidade.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, fiz julgamentos apressados e impiedosos.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, meus principais ídolos foram Sun Tzu, Maquiavel e todos os déspotas.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, me enfureci sem motivo.

 


non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, detive o fluxo do bem e da beleza.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, nunca me conformei em ver a balança equilibrada ou seu prato direito descair para baixo. Sempre empenhei meus mais espetaculares esforços para fazer pender para baixo o prato esquerdo da balança.

 

 


non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, destruí o leito dos rios, conspurquei as águas e poluí a terra.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, vivi em meio à mais absurda indignidade e muito desonrei meus pais e minhas mães.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, blasfemei por tudo e por nada.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, testemunhei em falso causando a desgraça de muitos seres humanos.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, apoiei massacres étnicos e guerras fratricidas. Sempre fui um entusiasmado defensor da guerra infinita.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, ordenei assassinatos de destacados homens públicos e de diversos seres humanos.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, vivisseccionei, fui favorável à vivissecção e nunca me importei com a crueldade que sempre foi praticada contra os animais.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, latrocinei, seqüestrei e desrespeitei todos os direitos básicos dos seres humanos.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, considerei a mulher como um ser humano inferior ao homem e, por isso, sempre fui um ferrenho defensor da excisão clitoriana.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, considerei os homossexuais, os bissexuais e as prostitutas seres desgraçados e indignos. Sequer lhes dirigia a palavra.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, fui tremendamente autoritário obrigando as pessoas a adotarem o meu pensamento.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, menoscabei e critiquei convicções e comportamentos que fossem diferentes dos meus.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, fui supersticioso e preconceituoso.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, cobicei imoderadamente o que não me pertencia.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, apoiei nepotismos, tráfico e abuso de influência, negócios escusos, manobras ilícitas, fraudes, falcatruas, roubalheiras, peculatos, concussões etc. sempre com o objetivo de obter alguma vantagem.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, fui um ser humano medíocre, covarde e omisso. Mesmo quando sabia que algo negativo ou prejudicial iria ser praticado contra outrem preferi o silêncio e nada fiz para impedir, embora pudesse tê-lo feito.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, senti aversão, abominei e amaldiçoei negros, mulatos, ciganos, aborígines, índios, cafuzos, sarassarás e mestiços em geral.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, considerei todos os que não professavam a minha fé e que divergiam da minha religião como seres desprezíveis e incapazes de obterem a salvação de suas almas.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, agi com perfídia e com insolência.

 


non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, fui orgulhoso e me comportei com arrogância.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, exagerei minhas condições além do limite do que era adequado e conveniente.

 


non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, ridicularizei os pouco favorecidos, os maldotados e os deficientes físicos.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, fui um jogador compulsivo e desonesto.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, me casei e me divorciei centenas de vezes e fui infiel a todas as minhas esposas.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, fui um pai irresponsável e sempre abandonei meus filhos à própria sorte.

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras, me embriaguei em bacanais alucinantes praticando todas as formas factíveis de relações incestuosas e de suingue. Nessa matéria, meu maior ídolo sempre foi Calígula.

 

 

non sum dignus ut intres sub tectum meum. Por eras e mais eras sim, por muitas eras permiti que o demônio que criei em meu interior fosse o senhor absoluto e presidisse todos os meus atos. Orava para que Tu, Deus de minha consentida ignorância, iluminasses meus pensamentos, minhas palavras e minhas ações, mas sempre preferi e permiti que quem desse as ordens fosse meu amimado demônio pessoal. E cumpri todas elas com desmedido prazer. Por eras e mais eras sim, por muitas e muitas eras fui um agente servil e estupidificado do summum malum e um lídimo representante Governo Tenebroso do Mundo. Confiteor in Sanctum Cordis: mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa.

 

 


enfim, acordei para o Sumo Bem e para a Vida Eterna. Depois desta confissão – algumas vezes repetida, sacrificial, dolorosa e incompleta, mas inteiramente sincera – humildemente, rogo, do fundo do meu Coração, para que meu nome seja, ad æternum, retirado do Barco do Príncipe. Deus do meu Coração: Sed tantum dic Verbo et sanabitur anima mea. AMeN. AMeN. AMeN.

 

præsens, ego dignus sum! 

 

de todos os Corações: Sed tantum dic Verbo et sanabitur anima hominis.

 

 

 

 

 

 

 

2. As Confissões Negativas

 

 

1. cometi assassinato, nem contratei ninguém para matar por mim.

2. cometi estupro, nem forcei nenhuma mulher a cometer adultério.

3. me vinguei de ninguém, nem ardi em cólera.

4. causei terror, nem jamais provoquei aflição.

5. fiz com que ninguém sentisse dor, nem provoquei tristeza.

6. fiz mal algum. Não prejudiquei ninguém e nem causei sofrimento.

7. causei dano a nenhuma pessoa, nem maltratei animais.

8. fiz ninguém chorar.

9. tomei conhecimento do mal e não agi nem com crueldade nem com injustiça.

10. roubei. Não me apropriei de coisas que não me pertencem e nem daquelas que pertencem a outrem. Não roubei nada dos pomares, nem tirei o alimento das crianças.

11. cometi fraude, não acrescentei nada ao peso da balança, nem tornei os pratos da balança mais leves.

12. devastei a terra lavrada, nem causei a destruição dos campos.

13. expulsei o gado de seus pastos, nem privei ninguém daquilo que lhes pertencia de direito.

14. acusei ninguém falsamente, nem jamais apoiei nenhuma falsa acusação.

15. menti, nem disse coisas falsas que prejudicassem alguém.

16. esbravejei, nem provoquei discórdia.

17. agi com perfídia, não fui ardiloso, nem falei de modo enganoso que prejudicasse ninguém. Não negociei com qualquer pessoa de forma fraudulenta, nem atestei uma fraude que causasse dano a alguém.

18. falei com escárnio, nem me manifestei para falar contra homem algum.

19. tentei escutar o que não era dirigido aos meus ouvidos.

20. fechei meus ouvidos para as palavras de Retidão e de Verdade.

21. fiz julgamentos apressados, nem fiz julgamentos impiedosos. Em meus julgamentos jamais fui apressado e sob nenhuma condição fui impiedoso.

22. cometi nenhum crime no lugar da Retidão e da Verdade.

23. fiz com que o senhor cometesse qualquer injustiça contra seu servo.

24. me enfureci sem motivo.

25. fiz a água voltar na época da maré alta, nem detive o fluxo das correntes.

26. destruí o leito dos rios.

27. conspurquei as águas, nem poluí a terra.

 


Pecados

 


28. blasfemei contra Deus, não desdenhei de Deus, nem fiz aquilo que Deus abomina.

29. aborreci ou enfureci Deus.

30. roubei nada de Deus, nem furtei as oferendas dos templos.

31. acrescentei nem reduzi as oferendas que Lhe são devidas.

32. furtei os alimentos ofertados a Deus.

33. retirei as oferendas feitas aos mortos abençoados.

34. negligenciei as épocas designadas para as oferendas.

35. maltratei o gado destinado ao sacrifício.

36. impedi as procissões em honra a Deus.

37. abati com intenção maldosa o gado de Deus.

 


Transgressões Pessoais

 


38. agi com perfídia, nem agi com insolência.

39. fui excessivamente orgulhoso, nem me comportei com arrogância.

40. exagerei minhas condições além do limite do que era adequado e conveniente.

41. cada dia trabalhei mais do que me era exigido.

42. nome não apareceu e jamais aparecerá no Barco do Príncipe.

 

 

Psalmus 50

 

 

iserére mei, Deus,*

secúndum misericórdiam tuam;

et secúndum multitúdinem miseratiónum tuárum*

dele iniquitátem meam.

Amplius lava me ab iniquitáte mea*

et a peccáto meo munda me.

Quóniam iniquitátem mea ego cognósco,*

et peccátum meum contra me est semper.

Tibi, tibi soli peccávi*

et malum coram te feci,

ut iustus inveniáris sententia tua*

et æquus in iudicio tuo.

Ecci enim in iniquitáte generátus sum,*

et in peccáto concépit me mater mea.

Ecci enim veritátem in corde dilexísti*

et in occúlto sapiéntiam manifestásti mihi.

Aspérges me hyssopo, et mundábor;*

lavábis me, et super nivem dealbábor.

Audíre me fácies gáudium et lætítiam,*

et exsultábo ossa quæ contrivísti.

Avérte fáciem tuam a peccátis meis*

et omnes iniquitátes meas dele.

Cor mundum crea in me, Deus,*

et spíritum firmum ínnova in viscéribus meis.

Ne proícias me a fácie tua*

et spíritum sanctum tuum ne áuferas a me.

Redde mihi lætítiam salutáris tui*

et spíritu promptíssimo confírma me.

Docébo iníquos vias tuas,*

et ímpii ad te converténtur.

Líbera me de sanguínibus, Deus, Deus salútis meæ,*

et exsultábit lingua mea iustítiam tuam.

Dómine, lábia mea apéries,*

et os meum annuntiábit laudem tuam.

Non enim sacrifício delectáris;*

holocáustum, si ófferam, non placébit.

Sacrifícium Deo spíritus contribulátus;*

cor contrítum et humiliátum. Deus, non despícies.

Benígne fac, Dómine, in bona voluntáte tua Sion,*

ut ædificéntur muri Ierúsalem.

Tunc acceptábis sacrifícium iustitiæ,

oblatiónes et holocáusta;*

tunc impónent super altáre tuum vítulos.

Glória Patri

 

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Notas:

1. Cenobita - Monge que vive em comunidade monástica (cenóbio) isolado da vida profana, como os Beneditinos propriamente ditos, os Cistercienses e os Cartuxos.

2. Oblato - Iniciado que fica agregado a um mosteiro e procura levar vida santa, mesmo no âmbito de sua residência.

3. As 42 Leis de Maat estão disponíveis para leitura on-line e para download na Ordo Svmmvm Bonvm nas Divisões:

Biblioteca Digital OS+B

http://svmmvmbonvm.org/livrariaos+b/

Site dos Discursos dos Iluminados de Khem

http://svmmvmbonvm.org/aum_muh.html

Edição em inglês no Site Oficial da Ordem de Maat (contendo a Câmara de Meditação de Maat).

http://maat-order.org/

Bibliografia:

1. Psalterium Monasticum - Solesmis MCMLXXXI - Abbaye Saint-Pierre de Solesmes, 1981.

2. As 42 Leis de Maat - The Order of Maat, Inc., 2004.

Música de fundo:

Adoramus Te Domine

Fonte:

http://cinellips.interfree.it/MID%20Cattolici.htm

Páginas da Internet consultadas:

http://www.geocities.com/exorcistae/psalm50.htm