O
Estado
é uma entidade que reivindica o monopólio do uso legítimo
da força física.
Regra
é, em primeiro
lugar, gestão da vida quotidiana.
A burocracia é o único
modo de organizar eficientemente um grande número de pessoas, que,
assim, expande-se inevitavelmente com o crescimento econômico e político.
Há duas maneiras de fazer
política. Ou se vive 'para' a política ou se vive 'da' política.
Nesta oposição não há nada de exclusivo. Muito
ao contrário; em geral se fazem uma e outra coisa ao mesmo tempo,
tanto idealmente quanto na prática.
A
vida, enquanto encerra em si mesma um sentido e enquanto se compreende por
si mesma, só conhece o combate eterno que os deuses travam entre
si ou – evitando a metáfora –
só conhece a
incompatibilidade das atitudes últimas possíveis, a impossibilidade
de dirimir seus conflitos e, conseqüentemente, a necessidade de se
decidir em prol de um ou de outro.
Somente quem tem vocação
para a política terá certeza de não desmoronar quando
o mundo, do seu ponto de vista, for demasiado estúpido ou demasiado
mesquinho para o que ele deseja oferecer. Somente quem, frente a todas as
dificuldades, pode dizer ‘Apesar de tudo!’ tem a vocação
para a política.
A
intrusão do dever-ser nas questões científicas é
devida ao diabo.
Há
atos humanos que, considerados isoladamente, são impregnados pela
nossa sensibilidade valorativa com as cores mais deslumbrantes, mas que,
pelas conseqüências a que dão origem, acabam se fundindo
na cinzenta infinidade do historicamente indiferente, ou que, antes, como
geralmente sucede, entrecruzando-se com outros eventos do destino histórico,
e acabam mudando tanto na dimensão como na natureza do seu 'sentido',
até se tornarem irreconhecíveis.
Neutro
é quem já se decidiu pelo mais forte.
Poder é toda chance, seja
ela qual for, de impor a própria vontade em uma relação
social, mesmo contra a relutância dos outros.
A
idade não é decisiva. O que é decisivo é a inflexibilidade
em ver as realidades da vida, e a capacidade de enfrentar essas realidades
e corresponder a elas interiormente.
A
palavra política significa elevação para a participação
no poder ou para a influência na sua repartição, seja
entre os Estados, seja no interior de um Estado, seja entre os grupos humanos
que nele existem.
A
Sociologia é compreensiva.
Faço
ciência para saber até onde posso suportar.
Pode-se
dizer que três qualidades proeminentes são decisivas para o
político: paixão, sentimento de responsabilidade e senso de
proporção.
A
experiência de irracionalidade do mundo tem sido a força motora
de todas as revoluções religiosas.
O
destino de nossos tempos está caracterizado pela racionalização
e pela intelectualização e, acima de tudo, pelo desencantamento
do mundo.
Nenhum sociólogo deveria se
achar bom demais, mesmo em uma idade mais avançada, para fazer dezenas
de milhares de computações totalmente triviais em sua cabeça
e, talvez, por meses a um só tempo.
A
crença no valor da verdade científica não procede da
Natureza, mas, sim, é produto de determinadas culturas.
O
político deve ter paixão por sua causa, ética em sua
responsabilidade e mesura em suas atuações.
É
possível, ao mesmo tempo,
ser eminente
cientista e péssimo professor.
No
campo das ciências, a intuição do diletante pode ter
significado tão grande quanto o do especialista e, por vezes, maior.
Aliás, devemos a diletantes muitas
das hipóteses mais frutíferas e muitos dos conhecimentos de
maior alcance.
As
idéias não ocorreriam se, anteriormente, não houvéssemos
refletido longamente em nossa mesa de estudos e não houvéssemos,
com devoção apaixonada, buscado uma resposta.
A intelectualização
e a racionalização crescentes não equivalem a um conhecimento
geral crescente acerca das condições em que vivemos.
Libertando-nos
do intelectualismo da ciência é que poderemos apreender nossa
própria natureza e, por esta via, a Natureza em geral.
Sempre
que um homem de ciência permite que se manifestem seus próprios
juízos de valor, ele perde a compreensão integral dos fatos.
Cada
indivíduo deverá compreender, de seu próprio ponto
de vista, o que, para ele, é deus e o que é o diabo.
Os indivíduos, que a si mesmos
se julgam líderes, são, freqüentemente, os menos qualificados
para tal função.
É,
com efeito, demasiado cômodo exibir coragem em um local em que os
assistentes e, talvez, os oponentes estão condenados ao silêncio.
A
ciência nos fornece algo que o comércio de legumes não
nos pode, por certo, proporcionar, ou seja, métodos de pensamento,
isto é, os instrumentos e uma disciplina.
A
ciência contribui para a clareza, com a condição de
que nós, os cientistas, de antemão a possuamos.
Benzeno
(O Sonho de Kekulé)1
Uma
tomada de posição pode derivar de uma visão única
do mundo ou de várias diferentes entre si.
Todo homem sério que vive
para uma causa vive também dela.
Os
partidos se irritam muito mais com os arranhões ao direito de distribuição
de empregos do que com desvios de programas.
Na
prática, os cidadãos com direito a voto se dividem em elementos
politicamente ativos e em elementos politicamente passivos.
Em
verdade e em última análise, existem apenas duas espécies
de pecado mortal em política: não defender causa alguma e
não ter sentimento de responsabilidade – duas coisas que, repetidamente,
embora não necessariamente, são idênticas.
O
resultado final da atividade política raramente corresponde à
intenção original do agente.
Uma nação sempre perdoa
os prejuízos materiais que lhe são impostos, mas não
perdoa uma afronta à sua honra.
Pessoalmente, jamais admiti, ao longo
de uma discussão,
que se
procurasse garantir vantagem exibindo a certidão de nascimento.
Não
importa a idade, mas, sim, a soberana competência do olhar, que sabe
ver as realidades da vida, e a força de alma que é capaz de
suportá-las e de se elevar à altura delas.
É
perfeitamente exato dizer – e toda experiência histórica
o confirma – que não se teria jamais alcançado o possível,
se não se houvesse tentado o impossível.
Ação
social significa uma ação que, quanto ao sentido visado pelo
agente ou pelos agentes, se refere ao comportamento de outros, orientando-se
por este em seu curso.
Apenas
no Ocidente existe uma ciência em um estágio de desenvolvimento
que reconhecemos, hoje, como válido. O conhecimento empírico,
as reflexões sobre o Universo e a vida, a sabedoria filosófica
e teológica das mais profundas não estão aqui confinadas,
embora no caso desta última o pleno desenvolvimento da Teologia Sistemática
deva ser creditado ao Cristianismo sob a influência do Helenismo,
uma vez que dela houve apenas fragmentos no Islamismo e em umas poucas seitas
hindus. Em poucas palavras, conhecimento e observação de grande
finura sempre existiram em toda parte, principalmente na Índia, na
China, na Babilônia e no Egito. Mas à Astronomia da Babilônia
e às demais faltavam – o que torna seu desenvolvimento mais
assombroso – as bases matemáticas recebidas primeiramente dos
gregos. A Geometria hindu não tinha provas racionais, que foram outro
produto do intelecto grego, criador também da Mecânica e da
Física. As ciências naturais da Índia, embora de todo
desenvolvidas sobre a observação, careciam de método
de experimentação, o que foi, longe de seus alvores na Antigüidade,
um produto essencialmente do Renascimento, assim como o moderno laboratório.
A Medicina, especialmente na Índia, embora altamente desenvolvida
quanto às técnicas empíricas, carecia de fundamentos
biológicos e particularmente bioquímicos. Uma Química
racional tem estado ausente de todas as áreas da cultura que não
a ocidental.
A emancipação do tradicionalismo
econômico parece, sem dúvida, ser um fator que apóia
grandemente o surgimento da dúvida quanto à santidade das
tradições religiosas e de todas as autoridades tradicionais.
Devemos, porém, notar, fato muitas vezes esquecido, que a Reforma2
não implicou na eliminação do controle da Igreja sobre
a vida quotidiana, mas na substituição por uma nova forma
de controle. Significou, de fato, o repúdio de um controle que era
muito frouxo e, na época praticamente imperceptível, pouco
mais que formal, em favor de uma regulamentação da conduta
como um todo, que penetrando em todos os setores da vida pública
e privada, era infinitamente mais opressiva e severamente imposta.
Segundo os católicos, o materialismo
resulta da secularização e de todos os ideais admitidos pelo
Protestantismo. Um escritor contemporâneo tentou definir a diferença
de atitudes diante da vida econômica da seguinte maneira: “O
católico é mais quieto, tem menor impulso aquisitivo; prefere
uma vida mais segura, mesmo tendo menores rendimentos, a uma vida mais excitante
e cheia de riscos, mesmo que esta possa lhe propiciar a oportunidade de
ganhar honrarias e riquezas. Diz o provérbio, jocosamente: 'Coma
ou durma bem'. Neste caso, o protestante prefere comer bem, e o católico,
dormir sossegado."
A
filosofia de avareza parece ser o ideal dos homens honestos e de crédito
reconhecido e, acima de tudo, que têm a idéia de dever, mas
dever no sentido de aumentar o próprio Capital – assumido como
um fim em si mesmo.
—
Oba!
O
homem, geralmente, é dominado pela geração de dinheiro,
pela aquisição como propósito final da vida.3
Os
princípios do Capitalismo soam estranhamente para todas as pessoas
que não estão sob a influência capitalista.
O
ganho de dinheiro na moderna ordem econômica é, desde que feito
legalmente, o resultado e a expressão da virtude e da eficiência
em certo caminho; e essas eficiência e virtude são o alfa e
o ômega da verdadeira ética de Benjamin Franklin,4
como foi expressa em todos os seus escritos, sem exceção.
A
Economia Capitalista moderna é um imenso cosmos no qual o indivíduo
nasce, e que se lhe afigura, ao menos como indivíduo, como uma ordem
de coisas inalterável, na qual ele tem de viver. Ela força
o indivíduo, na medida que ele esteja envolvido no sistema de relações
de mercado, a se conformar às regras capitalistas de comportamento.5
O
Capitalismo atual, que veio para dominar a vida econômica, educa e
seleciona os sujeitos de quem precisa, mediante o processo de sobrevivência
econômica do mais apto.6
O
predomínio universal da absoluta falta de escrúpulos na ocupação
de interesses egoístas na obtenção do dinheiro tem
sido uma característica daqueles países cujo desenvolvimento
burguês capitalista, medido pelos padrões ocidentais, permaneceu
atrasado.
Para
o verdadeiro místico, este princípio continua verdadeiro:
a criatura precisa estar em silêncio para que Deus possa falar.
A
Sociologia é uma ciência que se preocupa com a compreensão
interpretativa da ação social e, assim, com uma explicação
causal de seu curso e de suas conseqüências.
No Protestantismo, a falta de autoconfiança
é o resultado de fé insuficiente, portanto, de graça
imperfeita.
O reino da ciência e o que
conseguimos estarão obsoletos em dez, vinte ou cinqüenta anos.
Este é o destino, e, de fato, é o próprio significado
do trabalho científico. Cada alcançamento científico
suscita novas perguntas, e acaba por se tornar obsoleto e de necessitar
ser superado. Todo aquele que desejar servir à ciência terá
de se resignar a isto.
Tipos
de ação social: a) Ação social racional com
relação a fins: o agente imprime uma ação
para alcançar um objetivo previamente definido e lança mão
dos meios necessários e adequados para realizá-la; b) Ação
social racional com relação a valores: o agente imprime
uma ação de acordo com suas próprias convicções
e leva em conta somente a sua fidelidade a certos valores, isto é,
desconsidera os efeitos que poderiam advir de sua conduta, e, por isto,
às vezes, age com certa irracionalidade; c) Ação
social afetiva: o agente imprime uma ação inspirada em
suas emoções imediatas sem consideração aos
meios ou aos fins a atingir; e d) Ação social tradicional:
o agente imprime uma ação em função de hábitos
e costumes arraigados.
Diferença
entre classe social e estamento:
As classes sociais são formadas quando as ações sociais
são orientadas para o mercado. Já os estamentos se formam
quando as ações sociais são orientadas com base em
regras de grupos de 'status'.
Não
há relação social sem poder e dominação.
A
dominação política pode ser de três tipos: 1º)
Dominação Legal: dominação que se caracteriza
por meio de convenções, isto é, quando normas, elaboradas
em comum acordo, regulamentam o exercício da dominação
política. Nesta perspectiva, o Estado liberal moderno – cujas
constituições são definidas por meio de assembléias
nacionais constituintes de representação indireta, de deputados
eleitos por sufrágio universal de representação direta,
de delegados da sociedade civil organizada ou de representação
mista de deputados e de delegados da sociedade civil – são
exemplos desta forma de dominação. Assim, direitos e deveres
são claramente definidos em face do poderes constituídos (Executivo,
Legislativo e Judiciário), da burocracia do Estado etc.; 2º)
Dominação Tradicional: dominação que
se caracteriza por meio de crenças, isto é, de concepções
sedimentadas e reproduzidas de geração para geração,
e que configura uma manifestação cultural tradicional. A tradição
representa, portanto, uma manifestação de arcaísmo
político; e 3º) Dominação Carismática:
dominação que se caracteriza por meio do carisma de um líder,
isto é, a vontade e o poder de comando do líder refletem os
anseios dos seus seguidores. A Dominação Carismática
pode assumir a forma dos demagogos (construída sobre a capacidade
de oratória e de convencimento do líder político),
dos heróis-guerreiros (construída sobre a capacidade de luta
e das expectativas da guerra) e dos profetas (construída sobre a
capacidade de motivar espiritualmente e de assegurar a coerência dos
fiéis aos mandamentos).
Como os homens construíram
a sociedade a partir de uma ação social consciente e racional,
e estão motivados por vontade própria, a sociedade se encontra
em constante transformação. Esta transformação
tende para a racionalização, para a modernização
e para a organização progressiva (burocracia).
A
História é um livro aberto. O seu curso depende da vontade
e da atuação política dos indivíduos e dos grupos
de 'status'.
Elementos
das burocracias que lhes conferem força: hierarquia da
autoridade, divisão do trabalho, regras escritas, comunicações
escritas e impessoalidade.
Política é o conjunto
de esforços para participar do poder ou influenciar em sua divisão.
Qualquer homem que se entrega à política aspira chegar ao
poder.
Racionalismo
ocidental racionalismo de dominação
do mundo.
Capitalismo
desenvolvido no ocidente busca
de lucro.
Modernidade
avanço do racionalismo de dominação do mundo.
Espírito
do Capitalismo racionalização
técnica + predomínio da atitude instrumental.
Ethos
puritano calvinista racionalização
—› efetivação da sociedade capitalista
—› racionalismo de dominação do mundo.
A dominação do Calvinismo
seria, para nós, a forma simplesmente mais insuportável que
poderia haver de controle eclesiástico do indivíduo.
Ideologia
capitalista: tempo é dinheiro; crédito é dinheiro;
dinheiro é procriador por natureza e fértil.
A
raiz religiosa
do espírito do Capitalismo no Puritanismo Ascético inculcou
em seus fiéis uma visão de mundo e uma ética favoráveis
ao acúmulo de Capital. Quanto a isto, disse Max Weber:
A valorização religiosa do trabalho profissional mundano,
sem descanso, continuado, sistemático, como o meio ascético
simplesmente supremo e, a um só tempo, comprovação
segura e visível da regeneração de um ser humano e
da autenticidade de sua fé, tinha que ser, no fim das contas, a alavanca
mais poderosa que se pode imaginar da expansão dessa concepção
de vida que aqui temos chamado de Espírito do Capitalismo. E, agora,
confrontando aquele estrangulamento do consumo com essa desobstrução
da ambição de lucro, o resultado externo é evidente:
acumulação de Capital mediante coerção ascética
à poupança.
Com
o aumento da riqueza, aumentam, também, o orgulho, a cólera
e o amor ao mundo, sentimentos que vão contra a religião.
Os
súditos se submetem à dominação em função
do medo e da esperança. Temem ser punidos ao contrariarem as forças
dominantes, e esperam ser recompensados, de algum modo, pelo poder vigente.
Políticos
profissionais categoria
que inicialmente se coloca a serviço dos príncipes, não
apresentando ambição de se transformar em senhores, mas, se
empenham na luta política para garantir a legitimidade dos príncipes
no poder estatal e a realização de suas ordens. Isto só
ocorreu no Ocidente, onde a categoria encontrou remuneração
e conteúdo moral para sua ação, oferecendo dedicação
exclusiva à atividade política.
Os
partidos vivem sob o signo do poder. Os políticos profissionais buscam
ascender ao poder com o apoio e a influência de um partido, através
do qual disputam votos no eleitorado, que, neste caso, é encarado
como um mercado. O partido, então, é uma máquina que
atua no mercado eleitoral, no qual busca legitimidade para ocupar o aparato
dirigente do Estado, o que se traduz no controle da distribuição
de cargos. Neste caso, a política não visa mais o bem comum,
mas, sim, interesses particulares.
A vaidade pessoal é uma inimiga
fatal.
Agir
com responsabilidade consiste em ponderar meios, fins e conseqüências.
Juízos
de valor não podem ser extraídos de análises científicas,
pois a ciência apenas elucida a eficácia de cada meio para
obtenção dos fins colocados pela vontade humana. E, além
disso, toda ação implica em uma tomada de posição
a favor de determinados valores em detrimento de outros.
O
que caracteriza o caráter político social de um problema consiste
no fato de não se poder resolver a questão com base em meras
considerações técnicas.
Apesar
de a ciência não estabelecer juízo de valor, seu fundamento
é necessariamente fruto de uma escolha subjetiva do agente. A ciência
consiste, antes de tudo, em ordenar a realidade através de categorias
objetivas, porém, quando um cientista elege um tema, em detrimento
de outros, para análise, o faz em função de sua própria
vontade, ou seja, subjetivamente. A ciência não impõe
decisões à ação, mas, apenas, indica o ajuste
mais eficaz entre meios, fins e conseqüências.
O
cientista é o homem que faz ciência pela ciência, ou
seja, que busca o conhecimento, apenas, em função da sua vontade
de conhecer, sem se preocupar em servir a outros fins. Comparada à
religião e à política, a ciência é a esfera
menos permeada e menos determinada por valores, pois estes só pautam
a ação na escolha dos objetos e na concepção
da verdade como fim inalienável. A ação na ciência
é mais neutra do que na religião e na política, pois
o cientista se dispõe a descrever a realidade independente de dogmas
e de ideologias. No entanto, a ciência não é suficiente
para tomada de decisões, pois isto exige a consideração
a valores situados em contextos sociais específicos. Neste caso,
a subjetividade do agente, que é dotado de valores, é indispensável,
como elemento que o auxilia nas decisões e, portanto, determina seu
agir.
Os mais amplos progressos na área
das ciências sociais são objetivamente tecidos junto ao deslocamento
dos problemas práticos da cultura, e usam como forma a crítica
da formação de conceitos.
Para o homem, enquanto homem, nada
tem valor, a não ser que tudo que ele faça seja feito com
paixão.
A
experiência da irracionalidade do mundo tem sido a força motriz
de todas as revoluções religiosas.
Diariamente
e a cada hora, um político sincero deve se esforçar interiormente
para superar um inimigo bastante trivial e todo-demasiado-humano: a vaidade
vulgar.
Quem
tem sede de vingança não se preocupa com o motivo subjetivo,
mas, apenas, com o resultado objetivo que domina seus sentimentos, da ação
alheia que provocou sua necessidade de vingança.
'Somente
a divisão de poderes torna possível a concepção
de um Direito Público'. (Montesquieu,1689
– 1755, apud Max Weber).
O
trabalho jurídico atual, pelo menos naquilo em que alcançou
o mais alto grau de racionalidade lógico-metódica, isto é,
a forma criada pela jurisprudência do Direito Comum, parte dos seguintes
postulados: 1º) que toda decisão jurídica concreta seja
a "aplicação" de uma disposição jurídica
abstrata a uma "constelação de fatos" concreta;
2º) que para toda constelação de fatos concreta deva
ser possível encontrar, com os meios da lógica jurídica,
uma decisão a partir das vigentes disposições jurídicas
abstratas; 3º) que, portanto, o Direito objetivo vigente deva constituir
um sistema "sem lacunas" de disposições jurídicas,
ou conter tal sistema em estado latente, ou, pelo menos, ser tratado como
tal para os fins da aplicação do Direito; 4º) que aquilo
que, do ponto de vista jurídico, não pode ser "construído"
de modo racional também não seja relevante para o Direito;
5º) que a ação social das pessoas seja sempre interpretada
como "aplicação" ou "execução"
ou, ao contrário, como "infração" de disposições
jurídicas (esta posição é defendida, sobretudo,
por Stammler,7
ainda que não 'expressis verbis' – de maneira expressa), isto
porque, de modo correspondente à ausência de lacunas no sistema
jurídico, também a "situação jurídica
ordenada" seria uma categoria básica de todo acontecer social.
Do ponto de vista jurídico,
um Direito moderno é composto de disposições jurídicas,
isto é, de normas abstratas com o conteúdo de que determinada
situação, de fato, deva ter determinadas conseqüências
jurídicas. A divisão mais corrente das disposições
jurídicas, como em todas as ordens, é: normas "imperativas",
normas "proibitivas" e normas "permissivas" –
das quais nascem os direitos subjetivos dos indivíduos de ordenar,
proibir ou permitir aos outros determinadas ações. A este
poder juridicamente garantido e limitado sobre as ações dos
outros correspondem sociologicamente as seguintes expectativas: 1ª)
que outras pessoas façam determinada coisa; ou 2ª) que deixem
de fazer determinada coisa – as duas formas de "pretensões";
ou 3ª) que uma pessoa pode fazer ou, se quiser, deixar de fazer determinada
coisa sem intervenção de terceiros: "autorizações".
Todo Direito subjetivo é uma fonte de poder que, no caso concreto,
devido à existência da respectiva disposição
jurídica, pode também ser concedida a alguém, que sem
esta disposição seria totalmente impotente. Já, por
isto, a disposição jurídica é uma fonte de situações
inteiramente novas no interior da ação social.
O
hierarca, o déspota (precisamente o esclarecido8)
e o demagogo não querem estar comprometidos por nenhum limite nem
mesmo pelas regras por eles mesmos estabelecidas, com exceção
daquelas normas que são obrigados a reconhecer como religiosamente
sagradas e, por isto, absolutamente compromissivas.
O
Déspota (Des)esclarecido
Quando
desaparece a autoridade dos poderes irracionais ou a crença neles,
e no lugar deles aparecem meios de prova racionais e uma fundamentação
lógica, resta para a justiça formal somente o caráter
de uma luta de interesses das partes, regulamentada no sentido de uma probabilidade,
pelo menos relativa, de averiguar a verdade.
No
âmbito do Cristianismo, o interesse fiscal da Igreja na validade dos
testamentos sempre atuou no sentido da conservação do controle
do direito de sucessão.
No
Catolicismo, a introdução do celibato foi uma adoção
de formas de vida monacais, e aconteceu devido à insistência
do monacato cluniacense, sobretudo com a finalidade de impedir a feudalização
da Igreja, combatida na disputa da investidura, e de garantir o "caráter
de cargo" das posições eclesiásticas.9
A
Confissão do Politicastro
—
Sou
moralmente raquítico;
daí,
só me restou ser político.
Mas,
contrafazer, isto eu sei,
e,
outro tanto, sei fraudar a lei.
—
Topo tudo o que não presta;
perfídia,
para mim, é festa.
Se
eu não, farão aqueloutros.
Então,
açambarco dos outros...
—
Vergonhar? Nem franzo o cenho.
Vantajar?
Ora, não me abstenho.
Medo
de cair duro? Isso eu tenho.
—
O povão? Quero que imploda.
A
República? Quero
que eroda.
A
probidade? Quero que 'descloda'.10