MARCEL PROUST – REFLEXÕES

 

 

 

Marcel Proust

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo é uma coletânea de fragmentos de algumas reflexões de Marcel Proust.

 

 

 

Breve Biografia de Proust

 

 

 

Valentin Louis Georges Eugène Marcel Proust (Auteuil, 10 de julho de 1871 – Paris, 18 de novembro de 1922) foi um escritor francês, mais conhecido pela sua obra À la Recherche du Temps Perdu (Em Busca do Tempo Perdido), que foi publicada em sete partes entre 1913 e 1927. Sua infância corresponde ao período da consolidação da Terceira República Francesa. Grande parte de Em Busca do Tempo Perdido diz respeito às grandes mudanças, mais particularmente o declínio da aristocracia e a ascensão das classes médias que ocorreram na França durante a Terceira República e o fin de siècle.

 

Filho de Adrien Proust, um célebre professor de Medicina, e Jeanne Weil, alsaciana de origem judaica, Marcel Proust nasceu em uma família rica que lhe assegurou uma vida tranqüila e lhe permitiu freqüentar os salões da alta sociedade da época.

 

Após estudos no Liceu Condorcet (que tiveram de ser interrompidos por causa de sua saúde debilitada), Proust prestou serviço militar de 1889 a 1890. Devolvido à vida civil, assistiu na École Libre des Sciences Politiques aos cursos de Albert Sorel e Anatole Leroy-Beaulieu; e na Sorbonne os de Henri Bergson (1859 – 1941) cuja influência sobre a sua obra será essencial.

 

Em 1900, Proust efetuou uma viagem a Veneza e se dedicou às questões da Estética. Em 1904, publicou várias traduções do crítico de arte inglesa John Ruskin (1819 – 1900). Paralelamente a artigos que relatam a vida mundana publicados nos grandes jornais (entre os quais Le Figaro), escreveu Jean Santeuil, uma grande novela deixada incompleta, e publicou Les Plaisirs et les Jours (Os Prazeres e os Dias), uma reunião de contos e poemas.

 

Após a morte dos seus pais, a sua saúde já frágil se deteriorou ainda mais. Proust passou a viver recluso e a se entregar de corpo e alma ao trabalho.

 

A homossexualidade (sempre abordada de forma aberta e detalhada) é um tema recorrente em sua obra, principalmente em Sodoma e Gomorra e nos volumes subseqüentes. Proust trabalhou sem repouso até novembro de 1922, sendo que os últimos três anos da sua vida viveu confinado em seu quarto, dormindo durante o dia e trabalhando à noite, vindo a falecer aos 51 anos, em 18 de novembro de 1922, esgotado, de pneumonia e de um abscesso pulmonar. Foi enterrado no cemitério Père Lachaise, em Paris.

 

 

 

Reflexões Proustianas

 

 

 

A imobilidade das coisas que nos cercam talvez lhes seja imposta por nossa certeza de que essas coisas são elas mesmas e não outras, pela imobilidade de nosso pensamento perante elas.

 

 

 

 

Só se ama o que não se possui completamente.

 

A ambição embriaga mais do que a glória.

 

Uma pessoa não está... nítida e imóvel diante dos nossos olhos, com as suas qualidades, os seus defeitos, os seus projetos, as suas intenções para conosco (como um jardim que contemplamos, com todos os seus canteiros, através de um gradil), mas é uma sombra em que não poderemos jamais penetrar, para a qual não existe conhecimento direto, a cujo respeito formamos inúmeras crenças, com auxílio de palavras e até de atos, palavras e atos que só nos fornecem informações insuficientes e aliás contraditórias, uma sombra onde poderemos alternadamente imaginar, com a mesma verossimilhança, que brilham o ódio e o amor.

 

Essas evocações torvelinhantes e confusas nunca duravam mais que alguns segundos; muitas vezes, minha breve incerteza do local em que me achava não permitia tampouco distinguir uma das outras as diversas suposições que a constituíam, da mesma forma que não isolamos, ao ver um cavalo correndo, as posições sucessivas que nos mostra o cinetoscópio.1

 

sem o hábito e reduzido a seus próprios recursos, seria nosso espírito incapaz de nos tornar habitável qualquer alojamento.

 

O amor mais obcecante para alguém é sempre o amor de outra coisa.

 

No amor, a felicidade é um estado anormal.

 

Em amor, é um erro se falar de uma má escolha, uma vez que, havendo escolha, ela tem de ser sempre má.

 

O arrependimento, como o desejo, não procura se analisar, mas, sim, se satisfazer.

 

... em seu olhar, um sorriso no qual, contrariamente ao que se lê no rosto de muitos humanos, não havia ironia senão para consigo mesma, e, para nós todos, como que um beijo de seus olhos, que não podiam ver aqueles a quem queria sem os acariciar apaixonadamente com o olhar.

 

O artista que troca uma hora de trabalho por uma hora de conversa com um amigo sabe que está a sacrificar uma realidade a algo que não existe.

 

Para quem ama, não será a ausência a mais certa, a mais eficaz, a mais intensa, a mais indestrutível, a mais fiel das presenças?

 

Mas, nem mesmo com referência às mais insignificantes coisas da vida, somos nós um todo materialmente constituído, idêntico para toda a gente, e de que cada qual não tem mais do que tomar conhecimento, como se se tratasse de um livro de contas ou de um testamento; nossa personalidade social é uma criação do pensamento alheio.

 

Para tornar a realidade suportável, todos temos de cultivar em nós certas pequenas loucuras.

 

 

Anthony Hopkins – Hannibal Lecter

 

 

A calma que resultava de minhas angústias findas dava-me uma alegria extraordinária, não menos que a espera, a sede e o medo do perigo.

 

As informações que a memória voluntária, a memória da inteligência, nos dá sobre o passado não conserva nada deste.

 

É assim com nosso passado. Trabalho perdido procurar evocá-lo, todos os esforços de nossa inteligência permanecem inúteis. Está ele oculto, fora de seu domínio e de seu alcance, em algum objeto material (na sensação que nos daria esse objeto material) que nós nem suspeitamos. Só do acaso depende que encontremos esse objeto antes de morrer ou que não o encontremos nunca.

 

Invadira-me um prazer delicioso, isolado, sem noção de sua causa. Esse prazer logo me tornaria indiferente às vicissitudes da vida, inofensivos seus desastres, ilusória sua brevidade, tal como o faz o amor, enchendo-me de uma preciosa essência: ou antes, essa essência não estava em mim, era eu mesmo. Cessava de me sentir medíocre, contingente, mortal. De onde me teria vindo aquela poderosa alegria? Senti que estava ligada ao gosto do chá e do bolo, mas que ultrapassava infinitamente e não devia ser da mesma natureza. De onde vinha? Que significava? Onde apreendê-la? Bebo um segundo gole que me traz um pouco menos que o segundo. É tempo de parar, parece que está diminuindo a virtude da bebida. É claro que a verdade que procuro não está nela, mas em mim. A bebida a despertou, mas não a conhece, e só o que pode fazer é repetir indefinidamente, cada vez com menos força, esse mesmo testemunho que não sei interpretar e que quero tornar a lhe solicitar daqui a um instante e encontrar intato à minha disposição, para um esclarecimento decisivo. Deponho a taça e volto-me para meu espírito. É a ele que compete achar a verdade. Mas como? Grave incerteza, todas as vezes que o espírito se sente ultrapassado por si mesmo, quando ele, o explorador, é ao mesmo tempo o país obscuro a explorar e onde toso o seu equipamento de nada lhe servirá. Explorar? Não apenas explorar: criar. Está diante de qualquer coisa que ainda não existe e a que só ele pode dar realidade e fazer entrar em sua luz.

 

Mas quando mais nada subsiste de um passado remoto, após a morte das criaturas e a destruição das coisas, sozinhos, mais frágeis, porém mais vivos, mais imateriais, mais persistentes, mais fiéis, o odor e o sabor permanecem ainda por muito tempo, como almas, lembrando, guardando, esperando, sobre as ruínas de tudo o mais, e suportando sem ceder, em sua gotícula impalpável, o edifício imenso da recordação.

 

O amor é o espaço e o tempo tornados sensíveis ao Coração.

 

Os verdadeiros paraísos são os paraísos que se perderam.

 

Os paraísos perdidos estão somente em nós mesmos.

 

A viagem da descoberta consiste não em achar novas paisagens, mas em ver com novos olhos.

 

Tudo o que é grande no mundo em que vivemos provém dos neuróticos.

 

As pessoas dizem sempre aquilo que precisam dizer, o que não será entendido pelos outros. Falar é uma coisa destinada a si mesmo.

 

Por vezes, estamos demasiado dispostos a crer que o presente é o único estado possível das coisas.

 

A constância de um hábito está em relação com o seu absurdo.

 

É verdade que lá em casa há toda sorte de coisas inúteis. Só lhe falta o necessário, um grande pedaço de céu como aqui. 'Trate de conservar um pedaço de céu acima de sua vida, meu menino' — acrescentava, voltando-se para mim. — 'Tem uma bela alma, de qualidade rara, uma natureza de artista, não a deixe em falta do que lhe é preciso.'

 

Tudo o que foi um desejo torna-se um fato, mas quando não o desejamos mais.

 

A pessoa amada é sucessivamente o mal e o remédio que suspende ou agrava o mal.

 

Em qualquer momento em que a consideremos, a nossa alma total tem sempre um valor quase fictício, apesar do numeroso balanço das suas riquezas, pois ora umas, ora outras, são indisponíveis, quer se trate de riquezas efetivas como de riquezas da imaginação... Pois as perturbações da memória estão ligadas às intermitências do Coração. É sem dúvida a existência do nosso corpo, semelhante para nós a um vaso em que estaria encerrada a nossa espiritualidade, que nos induz a supor que todos os nossos bens interiores, as alegrias passadas e todas as nossas dores estão perpetuamente em nossa possessão.

 

A mulher que amamos só poucas vezes satisfaz as nossas necessidades, pelo que lhe somos infiéis com a mulher que não amamos.

 

A Natureza parece quase incapaz de produzir doenças que não sejam curtas. Mas a Medicina se encarrega da arte de as prolongar.

 

O homem é a criatura que não pode sair de si, que só conhece os outros em si, e, dizendo o contrário, mente.

 

O que censuro nos jornais é, todos os dias, nos fazerem prestar atenção em coisas insignificantes, ao passo que nós lemos três ou quatro vezes na vida livros em que há coisas essenciais.

 

 

 

 

Mas todos os sentimentos que nos fazem experimentar a alegria ou o infortúnio de um personagem real só se produzem em nós por intermédio de uma imagem dessa alegria ou desse infortúnio; todo o engenho do primeiro romancista consistiu em compreender que, sendo a imagem o único elemento essencial na estrutura de nossas emoções, a simplificação que consistisse em suprimir pura e simplesmente os personagens reais seria um aperfeiçoamento decisivo.

 

Há males de que não se deve buscar a cura porque só eles nos protegem contra males mais graves.

 

Não é apenas a arte que põe encanto e mistério nas coisas mais insignificantes. Este mesmo poder de as relacionar intimamente conosco é reservado também à dor.

 

E uma vez que o romancista nos pôs nesse estado, no qual, como em todos os estados puramente interiores, cada emoção é duplicada, e em que seu livro vai nos agitar como um sonho, mas um sonho mais claro do que aqueles que sonhamos a dormir e cuja lembrança vai durar mais tempo, eis que então ele desencadeia em nós, durante uma hora, todas as venturas e todas as desgraças possíveis, algumas das quais levaríamos anos para conhecer na vida, e outras, as mais intensas dentre elas, jamais nos seriam reveladas, pois a lentidão com que se processam nos impede de as perceber (assim muda nosso coração, na vida, e esta é a mais amarga das dores; mas é uma dor que só conhecemos pela leitura, pela imaginação; porque na realidade o coração se nos transforma do mesmo modo por que se produzem certos fenômenos da Natureza, isto é, com tamanho vagar que, embora possamos ver cada um de seus diferentes estados sucessivos, por outro lado nos escapa a própria sensação da mudança).

 

Ele não podia saber, pelo menos por si mesmo, que era esnobe, pois nós só conhecemos as paixões dos outros, e o que chegamos a saber das nossas apenas são eles que nos dirão.

 

À meia altura de uma árvore indeterminada, um pássaro invisível se empenhava em que fosse breve o dia, explorando com uma nota prolongada a solidão circundante, mas recebia desta uma réplica tão unânime, um contragolpe tão reduplicado de silêncio e imobilidade, que se poderia dizer que ele acabava de parar para sempre o instante que procurava fazer passar mais depressa.

 

Não era o mal, que lhe dava idéia do prazer, que lhe parecia agradável; era o prazer que lhe parecia maligno.

 

 

 

 

Não teria acaso pensado que o mal fosse um estado tão raro, tão extraordinário, tão isolante e para onde era tão grato emigrar, se soubesse discernir em si mesma, como em todos os outros, essa indiferença pelos sofrimentos que nós mesmos causamos e que, por mais diversos nomes que lhe dêem, é a forma terrível e permanente da crueldade.

 

É sempre devido a um estado de espírito não destinado a durar que se tomam resoluções definitivas.

 

Habitualmente, detestamos o que nos é semelhante, e os nossos próprios defeitos vistos de fora nos exasperam.

 

Sentimos em um mundo, pensamos e nomeamos em um outro mundo; podemos estabelecer uma concordância entre ambos, mas não preencher o intervalo.

 

Ou porque a fé que cria se haja estancado em mim ou porque a realidade só se forme na memória, as flores que hoje me mostram pela primeira vez não me parecem flores de verdade.

 

... isso lhe pareceria uma abdicação tão covarde diante da vida e uma renúncia tão estúpida a uma nova felicidade, como se em vez de visitar a terra onde se achava, se metesse em seu quarto, a olhar ‘vistas’ de Paris.

 

De todos os modos de produção do amor, de todos os agentes de disseminação do mal sagrado, um dos mais eficazes é esse grande torvelinho de agitação que às vezes sopra sobre nós. Então a sorte está lançada, e a criatura com quem nesse momento nos comprazemos será a criatura amada. Nem mesmo é necessário que até então nos tenha agradado mais que as outras ou tanto como as outras. O que era preciso é que nossa inclinação por ela se tornasse explosiva. E essa condição se realiza quando — no instante em que ela nos faltou — sentimos em nós não o desejo de buscar prazeres que o seu convívio nos proporciona, mas uma necessidade angustiosa que tem por objeto essa mesma criatura, uma necessidade absurda que as leis deste mundo tornam impossível de satisfazer e difícil de curar — a necessidade insensata e dolorosa de possuí-la.

 

E o prazer que lhe dava a música e que em breve ia criar nele uma verdadeira necessidade, assemelhava-se, com efeito, em tais momentos, ao prazer que sentiria ao experimentar perfumes, ao entrar em contato com um mundo para o qual não fomos feitos, que nos parece sem forma porque nossos olhos não o percebem, sem significado porque escapa à nossa inteligência, e nós só o atingimos por um único sentido.

 

Nós só conhecemos as paixões dos outros, e o que chegamos a saber das nossas é deles que podemos aprender.

 

Pois bem — acrescentava ele com essa leve emoção que experimentamos quando, mesmo sem o notar, dizemos uma coisa não porque seja verdadeira, mas porque sentimos prazer em dizê-la e a escutamos através de nossa própria voz como se não viesse de nós mesmos — a sorte está lançada, resolvi amar apenas os corações magnânimos e só viver na magnanimidade.

 

Há autores originais em quem a menor ousadia causa revolta porque não lisonjearam de início os gostos do público e não lhe serviram os lugares-comuns a que estava habituado; era da mesma forma que Swann indignava ao sr. Verdurin. No caso de Swann, como no daqueles autores, era a novidade da linguagem que fazia acreditar na perversidade das suas intenções.

 

Mas nesse estranho período do amor, o individual assume algo de tão profundo, que aquela curiosidade que sentia despertar em si relativamente às menores ocupações de uma mulher era a mesma que tivera outrora pela História.

 

Há no violino — quando não se vê o instrumento e não se pode ligar o que se ouve à sua imagem, coisa que modifica a sonoridade — acentos que lhe são tão comuns com certas vozes de contralto, que se tem a ilusão de que uma cantora veio se juntar ao concerto. Erguemos os olhos e só vemos as caixas dos violinos, preciosas como estojos chineses, mas, por um momento, ainda nos iludimos com o enganoso apelo da sereia; às vezes também se julga ouvir um gênio cativo que se debate no fundo da sábia caixa, enfeitiçada e fremente, como um diabo em uma pia d’água benta; ou então é no ar que o sentimos como um ser sobrenatural e puro que passasse desenrolando a sua invisível mensagem.

 

A realidade é, pois, alguma coisa que não tem nenhuma relação com as possibilidade, da mesma forma que uma facada que recebemos nada tem a ver com o leve movimento das nuvens acima da nossa cabeça ...

 

Coisa estranha que tais palavras, ‘umas duas ou três vezes’, nada mais que palavras, palavras pronunciadas no ar, a distância, possam assim dilacerar o coração como se o tocassem de verdade, possam fazer adoecer, como um veneno que se ingerisse.

 

Como os diferentes acasos que nos põem em presença de certas pessoas não coincidem com o tempo em que nós as amamos, mas, ultrapassando-o, podem suceder antes que ele comece e repetir-se depois que findou, as primeiras aparições que faz em nossa vida um ser destinado a nos agradar mais tarde, assumem, retrospectivamente, para nós, um valor de advertência, de presságio.

 

Tão múltiplos são os interesses de nossa vida que não é raro que, numa mesma circunstância, os marcos de uma felicidade que ainda não existe estejam pousados ao lado da agravação de um mal de que sofremos.

 

O que as palavras nos apresentam das coisas é uma imagem clara e usual como essas que se dependuram nas paredes das escolas para dar às crianças o exemplo do que é um banco, um pássaro, um formigueiro, coisas tidas como semelhantes a todas as do mesmo gênero.

 

... aquilo a que minha imaginação aspirava e que meus sentidos só percebiam no presente de modo incompleto e sem prazer nenhum, eu o havia encerrado no refúgio dos nomes; e como eu ali acumulara sonho, esses nomes imantavam agora os meus desejos.

 

As terras que desejamos ocupam a cada momento muito mais espaço em nossa vida verdadeira do que a terra onde efetivamente nos achamos.

 

O desinteresse de seu pensamento era tal, quanto a tudo o que, de perto ou de longe, parecesse estar relacionado com a vida mundana, que o seu senso auditivo tendo por fim compreendido sua inutilidade momentânea desde que, ao jantar, a conversa assumia um tom frívolo ou unicamente terra-a-terra, sem que elas pudessem fazê-la retornar aos assuntos que lhes eram caros, deixava, portanto, em repouso os seus órgãos receptores, fazendo-os sofrer um verdadeiro princípio de atrofia.

 

Existem autores originais em quem a menor ousadia causa revolta. Eles antes não tiveram o cuidado de lisonjear os gostos do público e não serviram os lugares-comuns a que ele está habituado.

 

Veja, só há duas classes de pessoas: os magnânimos e os outros. Cheguei a uma idade em que é preciso tomar partido, decidir de uma vez por todas a quem amar, e a quem desdenhar; juntar-se àqueles a quem amamos e, para recuperar o tempo perdido com os outros, não mais deixá-los até a morte. Eu escolhi gostar dos únicos seres magnânimos e viver na magnanimidade.

 

Ainda assim, mesmo do ponto de vista da simples quantidade, os dias, em nossa vida, não são iguais. Os dias, os temperamentos um pouco nervosos, como era o meu, dispõem de automóveis, de velocidades diferentes. Há dias acidentados e a gente leva um tempo infinito a transpor, e dias em declive que se deixa a toda velocidade cantando.

 

Até as mulheres que pretendem avaliar um homem só pelo físico, vêem neste físico a emanação de uma vida especial. É por isto que amam os militares, os bombeiros... O uniforme as faz menos exigentes para o rosto; julgam beijar, por baixo da couraça, um coração diferente, aventuroso e suave. E um jovem soberano, um príncipe herdeiro, para efetuar as conquistas mais lisonjeiras nos países estranhos que visita, não precisa ter o perfil regular que talvez fosse indispensável a um corretor da bolsa.

 

... e chorei de alegria e confiança sobre as páginas do escritor como nos braços de um pai reencontrado.

 

A música pode ser o exemplo único do que poderia ter sido – se não tivesse havido a invenção da linguagem, a formação das palavras e a análise das idéias – a comunicação das almas.

 

Deixemos as mulheres bonitas aos homens sem imaginação.

 

São as paixões que esboçam os nossos livros, e o intervalo de repouso entre elas que as escreve.

 

O amor causa verdadeiros levantamentos geológicos do pensamento.

 

Somente pela arte podemos sair de nós mesmos, saber o que um outro vê desse universo que não é o mesmo que o nosso e cujas paisagens permaneceriam tão desconhecidas para nós quanto as que podem existir na Lua. Graças à arte, em vez de ver um único mundo, o nosso, nós o vemos se multiplicar, e quantos artistas originais existirem tantos mundos teremos à nossa disposição, mais diferentes uns dos outros do que aqueles que rolam no infinito e, muitos séculos após se ter extinguido o foco do qual emanavam, chamasse ele Rembrandt ou Johannes Vermeer, ainda nos enviam o seu raio especial.

 

Os homens podem ter várias espécies de prazer. O verdadeiro é aquele pelo qual eles deixam outro.

 

É impossível encontrar prazer quando nos contentamos em procurá-lo.

 

A Sabedoria não se transmite. É preciso que nós a descubramos fazendo uma caminhada que ninguém pode fazer em nosso lugar e que ninguém nos pode evitar. A Sabedoria é uma maneira de ver as coisas.

 

Se um tanto de sonho é perigoso, não é menos sonho que há de curá-lo, e, sim, mais sonho, todo o sonho. É preciso conhecer totalmente os nossos sonhos para não sofrermos mais com eles.

 

Eu a olhava, primeiro com o olhar que é apenas o porta-voz dos olhos, mal à janela do qual se debruçam todos os sentidos, ansiosos e petrificados, o olhar que desejaria tocar, capturar, levar consigo o corpo que está olhando e com ele a alma…

 

Uma verdade claramente compreendida não pode ser escrita com sinceridade.

 

As obras escritas para a posteridade só a posteridade as deveria ler, tal como sucede com certas pinturas, mal apreciadas quando vistas de muito perto.

 

E é por uma mulher dessas que todas as manhãs faço tantos quilômetros!

 

 

 

 

Eram puras palavras de conversação, como as dizemos nesses momentos em que, muito agitados para ficar a sós conosco mesmos, sentimos necessidade, na falta de outro interlocutor, de conversar conosco, sem sinceridade, como um estranho.

 

Uma obra em que há teorias é como um objeto no qual se deixa a etiqueta do preço.

 

Acontece com a velhice o mesmo que com a morte. Alguns as enfrentam com indiferença, não porque tenham mais coragem do que os outros, mas porque têm menos imaginação.

 

O desejo de agradar os amigos é, por assim dizer, uma desforra da ambição.

 

A verdadeira beleza é tão particular, tão nova, que não se reconhece como beleza.

 

O ciúme é, muitas vezes, uma inquieta necessidade de tirania aplicada às coisas do amor.

 

Uma vez descoberto, o ciúme passa a ser considerado por quem dele é objeto como uma desconfiança que autoriza a enganar.

 

É espantoso como o ciúme, que passa o tempo a fazer pequenas suposições em falso, tem pouca imaginação quando se trata de descobrir a verdade.

 

Ser grande dama é representar de grande dama, o que quer dizer, representar simplicidade. É um papel que sai extremamente caro, tanto mais, que a simplicidade só encanta sob a condição de que os outros saibam que poderíamos não ser simples, isto é, que somos riquíssimos.

 

Doente? Não é ao menos uma doença diplomática?

 

Desse amontoado de erros se desvencilharam com o tempo algumas verdades.

 

Dizem hoje as pessoas de bom gosto que Renoir foi um grande pintor do século XIX. Mas ao dizer isto, esquecem o tempo, e que foi preciso muito, mesmo em pleno século XIX, para que Renoir fosse considerado grande artista.

 

Só nos curamos de um sofrimento depois de o haver suportado até ao fim.

 

O sono é como uma outra casa que poderíamos ter, e onde, deixando a nossa, iríamos dormir.

 

Os dias talvez sejam iguais para um relógio, mas não para um homem.

 

Os que vêm a conhecer algum detalhe exato da vida alheia tiram logo conseqüências que não o são, e vêem no fato recém-descoberto a explicação de coisas que precisamente não têm nenhuma relação com ele.

 

Certas recordações são como os amigos comuns: sabem fazer reconciliações.

 

Assim, os que produzem obras geniais não são aqueles que vivem no meio mais delicado, que têm a conversação mais brilhante, a cultura mais extensa, mas os que tiveram o poder, deixando subitamente de viver para si mesmos, de tornar a sua personalidade igual a um espelho, de tal modo que a sua vida aí se reflete, por mais medíocre que aliás pudesse ser mundanamente, e até, em certo sentido, intelectualmente falando, pois o gênio consiste no poder refletor e não na qualidade intrínseca do espaço refletido.

 

Aquilo que se aproxima, não é a comunhão das opiniões, mas a consangüinidade dos espíritos.

 

Aquilo que para nós faz a felicidade ou a infelicidade da nossa vida constitui para qualquer outro um fato quase imperceptível.

 

Há uma coisa ainda mais difícil do que seguir um regime: é não o impor aos outros.

 

Sei dos ciumentos que só o são das mulheres com quem a amante tem relações longe deles, mas permitem que elas se entreguem a outro homem que não eles, se for com autorização deles, junto deles e, senão à vista, pelo menos sob o mesmo teto. Este caso é freqüente nos homens idosos apaixonados por mulher moça. Sentem a dificuldade de lhe agradar, às vezes a impotência de contentá-la e, para não serem enganados, preferem admitir em casa, num quarto vizinho, alguém que julgam incapazes de dar a ela maus conselhos, mas não o prazer.

 

Passamos a vida a mentir, até, sobretudo, talvez apenas, àqueles que amamos. Com efeito, somente estes podem pôr em perigo os nossos prazeres e nos fazer desejar a sua estima.

 

Às vezes, sem o sabermos, o futuro está em nós, e as nossas palavras, supostamente mentirosas, descrevem uma realidade que está próxima.

 

Menosprezamos facilmente um objetivo que não conseguimos alcançar ou que alcançamos definitivamente.

 

 

 

 

A posse do que se ama é uma alegria ainda maior do que o amor. Muitas vezes os que escondem de todos essa posse, só o fazem pelo medo de que o objeto amado lhes seja roubado. E a felicidade deles fica diminuída por aquela prudência de calar.

 

A felicidade é salutar para os corpos, mas é o desgosto que desenvolve as forças do espírito.

 

No solitário, a reclusão, ainda que absoluta e até o fim da vida, tem muitas vezes por princípio um amor desregrado da multidão e tanto mais forte do que qualquer outro sentimento, que ele, não podendo obter, quando sai, a admiração da porteira, dos transeuntes, do cocheiro ali estacionado, prefere jamais ser visto, e renunciar, por isso, a toda e qualquer atividade que o obrigue a sair para a rua.

 

A maioria dos homens gasta a melhor parte da vida para tornar a outra miserável.

 

Muitas vezes, não prestamos bastante atenção em coisas que poderiam ser importantes: não ouvimos bem uma frase, não notamos um gesto, e os esquecemos. E quando, mais tarde, ávidos por descobrir a verdade, remontamos em dedução, folheando nossa memória como uma coleção de testemunhos, chegamos a esta frase, a este gesto, mas é impossível nos lembrarmos. Recomeçamos vinte vezes o mesmo trajeto, mas inutilmente: o caminho não vai mais adiante.

 

O desejo floresce; a posse faz murchar todas as coisas.

 

Os paradoxos de hoje serão os preconceitos de amanhã.

 

A felicidade é salutar para o corpo, mas só a dor robustece o espírito.

 

A mentira é essencial à Humanidade. Ela desempenha um papel tão importante como a procura do prazer, e, de resto, é comandada por esta mesma procura. Mentimos para proteger o nosso prazer ou a nossa honra, se a divulgação do prazer for contrária à honra. Mentimos ao longo de toda a nossa vida, até, sobretudo e, talvez, apenas àqueles que nos amam. Só estes, com efeito, nos fazem temer pelo nosso prazer e desejar a sua estima.

 

A mentira, a mentira perfeita, acerca das pessoas que conhecemos, sobre as relações que com elas tivemos, sobre o nosso móbil em determinada ação formulado por nós de uma forma completamente diferente, a mentira acerca do que somos, acerca do que amamos, acerca do que sentimos pela criatura que nos ama e que julga nos ter tornado semelhante a ela porque passa o dia a nos beijar, esta mentira é das únicas coisas no mundo que nos pode abrir perspectivas sobre algo de novo, de desconhecido, que pode abrir em nós sentidos adormecidos para a contemplação do Universo que nunca teríamos conhecido.

 

O nosso Eu é edificado pela superposição de estados sucessivos. Mas esta superposição não é imutável, como a estratificação de uma montanha. Levantamentos contínuos fazem aflorar à superfície camadas antigas.

 

Os seres não cessam de mudar de lugar em relação a nós. Na marcha insensível mas eterna do mundo, nós os consideramos como imóveis num instante de visão, demasiado breve para que seja percebido o movimento que os arrasta. Mas basta escolher na nossa memória duas imagens suas, tomadas em instantes diferentes, bastante próximos no entanto para que eles não tenham mudado em si mesmo, pelo menos sensivelmente, e a diferença das duas imagens mede a deslocação que eles operavam em relação a nós.

 

Não é certo que para a criação de uma obra literária a imaginação e a sensibilidade sejam qualidades equivalentes, e que a segunda possa, sem grande inconveniente, substituir a primeira, do mesmo modo que há pessoas cujo estômago é incapaz de digerir e que encarregam os intestinos desta função. Um homem que nasceu sensível e que não tenha imaginação poderá, apesar disto, escrever romances admiráveis. O sofrimento que os outros lhe causarão, os esforços para o evitar, os conflitos que este sofrimento e a outra pessoa cruel irão criar, tudo isto, interpretado pela inteligência, poderá constituir matéria para um livro, não apenas tão belo como se tivesse sido imaginado, inventado, mas também tão exterior aos sonhos, do autor, se este, feliz, se tivesse deixado arrastar por si mesmo, tão surpreendente para ele próprio, tão acidental como um capricho fortuito da imaginação.

 

O soldado está convencido de que tem diante de si um espaço de tempo infinitamente adiável antes que o matem; o ladrão, antes que o prendam; o homem, em geral, antes que o arrebate a morte. Este é o amuleto que preserva os indivíduos – e, às vezes, os povos – não do perigo, mas do medo ao perigo. Na verdade, da crença no perigo, motivo pelo qual o desafiam em certos casos, sem que sejam necessariamente bravos.

 

É em geral com o nosso ser reduzido ao mínimo que nós vivemos, a maioria das nossas faculdades adormecidas, porque repousam no hábito, que sabe o que cumpre fazer e não necessita delas.

 

Como o perigo de desagradar provém principalmente da dificuldade em avaliar quais as coisas que se notam e quais as que não são notadas, pelo menos, por prudência, as pessoas nunca deveriam falar de si mesmas, pois este é um tema em que seguramente a nossa visão e a alheia não coincidem nunca. Ao mau costume de falar de si mesmo e dos próprios defeitos, cumpre acrescentar, como formando bloco com o mesmo, esse outro hábito de denunciar no caráter alheio defeitos análogos aos nossos. E constantemente estamos a falar nos referidos defeitos, como se fora uma espécie de rodeio para falar de nós mesmos, em que se juntam os prazeres de confessar e o de nos absolvermos.

 

As pessoas querem aprender a nadar e ter um pé no chão ao mesmo tempo.

 

Se sonhar um pouco é perigoso, a solução não é sonhar menos é sonhar mais.

 

A Sabedoria não se transmite. É preciso que nós a descubramos fazendo uma caminhada que ninguém pode fazer em nosso lugar, e que ninguém nos pode evitar, porque a Sabedoria é uma maneira de ver as coisas.

 

A amizade, a amizade que diz respeito aos indivíduos, é sem dúvida uma coisa frívola, e a leitura é uma amizade. Mas, pelo menos, é uma amizade sincera, e o fato de ela se dirigir a um morto, a uma pessoa ausente, confere-lhe algo de desinteressado, de quase tocante. E, além disto, uma amizade liberta de tudo quanto constitui a fealdade dos outros. Como não passamos todos, nós os vivos, de mortos que ainda não entraram em funções, todas essas delicadezas, todos esses cumprimentos no vestíbulo a que chamamos deferência, gratidão, dedicação e a que misturamos tantas mentiras, são estéreis e cansativas. Além disso – desde as primeiras relações de simpatia, de admiração, de reconhecimento – as primeiras palavras que escrevemos tecem à nossa volta os primeiros fios de uma teia de hábitos, de uma verdadeira maneira de ser, da qual já não conseguimos nos desembaraçar nas amizades seguintes; sem contar que durante este tempo as palavras excessivas que pronunciamos ficam como letras de câmbio que temos que pagar ou que pagaremos mais caro ainda toda a nossa vida com os remorsos de as termos deixado protestar. Na leitura, a amizade é subitamente reduzida à sua primeira pureza. Com os livros, não há amabilidade. Estes amigos, se passarmos o serão com eles, é porque realmente temos vontade disto. A eles, pelo menos, muitas vezes só os deixamos a contragosto. E quando os deixamos, não temos nenhum desses pensamentos que estragam a amizade — 'Que terão eles pensado de nós?' 'Não tivemos falta de tato?' 'Teremos agradado?' — nem o medo de sermos esquecidos por um deles. Todas estas agitações da amizade expiram no limiar desta amizade pura e calma que é a leitura. Também não há deferência; só rimos com o que diz Molière na exata medida em que lhe achamos graça; quando ele nos aborrece, não temos medo de mostrar um ar aborrecido, e quando estamos decididamente fartos de estar com ele, o pomos no seu lugar tão bruscamente como se ele não tivesse nem gênio nem celebridade. A atmosfera desta pura amizade é o silêncio, mais do que a palavra. Porque nós falamos para os outros, mas nos calamos para conosco mesmos. É por isto que o silêncio não traz consigo, como a palavra, a marca dos nossos defeitos, das nossas caretas. Ele é puro, é verdadeiramente uma atmosfera. Entre o pensamento do autor e o nosso não se interpõem elementos irredutíveis refratários ao pensamento, os nossos egoísmos diferentes. A própria linguagem do livro é pura (se o livro for digno desta palavra), tornada transparente pelo pensamento do autor, que dele retirou tudo quanto não fosse ele próprio, até o transformar na sua imagem fiel; cada uma das frases, no fundo, semelhante às outras, dado que todas são ditas através da inflexão única de uma personalidade. Daí, uma espécie de continuidade, que as relações da vida e o que estas associam ao pensamento como elementos que lhe são estranhos excluem, e que permite muito rapidamente seguir o próprio fio do pensamento do autor, os traços da sua fisionomia que se refletem neste espelho tranqüilo. Sabemos apreciar os traços de cada um deles sem termos necessidade de que sejam admiráveis, pois é um grande prazer para o espírito distinguir estas pinturas profundas e amar com uma amizade sem egoísmo, sem frases, como dentro de nós mesmos.

 

Que barreira existe mais intransponível do que o silêncio?

 

 

 

 

 

 

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Nota:

1. O cinetoscópio é um instrumento de projeção interna de filmes inventado por William Kennedy Laurie Dickson, Engenheiro-chefe da Edison Laboratories de Thomas Edison, em 1891.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.qdivertido.com.br/
verconto.php?codigo=20

http://www.justfunonly.com/tag/gif/page/3/

http://pensador.uol.com.br/autor/marcel_proust/

http://www.citador.pt/textos/a/marcel-proust

http://pt.wikipedia.org/wiki/Marcel_Proust

http://moovl.wordpress.com/
category/animation/

http://www.myspacepimper.com/
images/229490/Peoples.htm

http://community.imaginefx.com/
forums/thread/110485.aspx

http://netanimations.net/

http://media.photobucket.com/

http://favim.com/image/368020/

http://www.tombraiderforums.com/
showthread.php?t=110154

http://www.magicmurals.com/immobility.html

http://www.citador.pt/pensar.php?op=
10&refid=200807191400&author=20

http://www.citador.pt/textos/imaginacao
-ou-sensibilidade-marcel-proust

http://www.citador.pt/textos/instantaneos
-diferentes-do-ser-marcel-proust

http://www.citador.pt/textos/somente-pela-arte-
podemos-sair-de-nos-mesmos-marcel-proust

http://www.citador.pt/textos/alma-e-corpo-a-
ilusao-da-integridade-marcel-proust

http://www.citador.pt/textos/mentimos-para-
proteger-o-nosso-prazer-marcel-proust

http://www.citador.pt/textos/o-genio-do-escritor-
consiste-no-seu-poder-reflector-marcel-proust

http://www.citador.pt/textos/
os-solitarios-marcel-proust

http://www.citador.pt/textos/
a-sombra-da-pessoa-marcel-proust

http://www.citador.pt/frases/citacoes/a/marcel-proust/70

http://www.citador.pt/frases/citacoes/a/marcel-proust/60

http://www.citador.pt/frases/citacoes/a/marcel-proust/50

http://www.citador.pt/frases/citacoes/a/marcel-proust/40

http://www.citador.pt/frases/citacoes/a/marcel-proust/30

http://www.citador.pt/frases/citacoes/a/marcel-proust/20

http://www.citador.pt/frases/citacoes/a/marcel-proust/10

http://www.citador.pt/frases/citacoes/a/marcel-proust

http://pt.wikiquote.org/wiki/Marcel_Proust

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cinetosc%C3%B3pio

 

Música de fundo:

Let's Do It (Let's Fall in Love)
Composição: Cole Porter
Interpretação: Ella Fitzgerald

Fonte:

http://www.4shared.com/mp3/ujCDEJb0/
Ella_Fitzgerald_-_Lets_Do_It__.html

 

Direitos autorais:

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