A Porfia de Dona Maria Mignotta
(O que é que há, o que é que houve?)

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Shylock1 Após o Julgamento
(John Gilbert, final do século XIX)

 

 

 

Dona Maria Mignotta:

o que é que há, o que é que houve?

Nunca fui mulher que se louve;

 

 

Dona Maria Mignotta:

está na hora de a senhoira desteimar.

Sou tinhosa; agora, quero enricar.

De hoje em diante, virarei agiota!

 

 

Dona Maria Mignotta:

não se esqueça do avarento Shylock!

Shylock era Shylock; usarei outro enfoque.

 

 

Dona Maria Mignotta:

Quem irá lamentar o meu indecoro?

 

 

 

 

 

_____

Nota:

1. O Mercador de Veneza (obra escrita em alguma época entre 1594 e 1597) é uma peça que se passa entre Veneza e a fictícia Belmonte, na qual William Shakespeare apresenta uma crítica feroz e incontestável contra a prática da usura insensível, encarnada na figura de Shylock – o ícone do financista forreta, incompadecido e insensível. O contraste são as palavras de Portia (encarnação do Princípio do Amor-solidariedade), disfarçada de magistrado: a misericórdia é uma virtude que não se pode fazer passar à força por uma peneira, mas pinga como a chuva mansa que cai dos céus na Terra. É duplamente abençoada: abençoa quem tem compaixão para dar e quem [por mérito] a recebe.

2. Em termos Alquímicos, esta pergunta deveria ter sido formulada da seguinte forma: quem pode, na Noite, ver o Rubedo? Em Alquimia, os quatro estágios seqüentes da Illuminação são: Nigredo (Escuro, Noite Negra, Morte Espiritual), Albedo (Esbranquiçado, Purificação), Citrinitas (Amarelado, Despertar) e Rubedo (Avermelhado, Illuminação).

 

Música de fundo:

Couve é Nome de Maria
Composição e interpretação: Teresa Cristina

Fonte:

http://www.teresacristina.com.br/musicas/
2010-dvd_melhorassim/couve-e-nome-de-maria/

 

Página da Internet consultada:

http://blogespetaculosas.blogspot.com/
2010_03_28_archive.html