Se
não víssemos a Deus de alguma maneira, não veríamos
nenhuma coisa.
Deus
transforma, por assim dizer, o ar em palavras, em sons diferentes. Ele faz
você entender esses vários sons através de modificações
pelas quais você é afetado.
É
realmente preciso distinguir a força e a beleza das palavras da força
e da evidência das razões.
O
enfraquecimento das relações da alma com Deus foi conseqüência
do pecado original, que fortaleceu a relação alma-corpo.
O erro é a causa da miséria
dos homens.
As criaturas não estão
imediatamente unidas a nada mais que a Deus e não dependem, essencial
e diretamente, senão Dele.
A Vontade Deus é eficaz e
imutável.
A
proposição 'existe um Deus' é tão certa quanto
esta outra proposição: 'Penso, logo existo. Se pensamos Deus,
então Ele deve existir.
É
necessário denunciar os erros e suas causas através de uma
análise das percepções da alma, que deve se realizar
por três modos distintos: os sentidos, a imaginação
e o entendimento.
Todos
os movimentos que se efetuam entre os corpos e entre a alma e o corpo, além
dos movimentos internos da alma, têm Deus sua Causa Eficiente.
Os
seres particulares não são propriamente causas eficientes
de nada que ocorre, mas, apenas, ocasiões para o exercício
da Causa Única – que é Deus.
Só
Deus pode criar.
Deus
é Aquele que é, o Ser em si mesmo.
Deus
contém em si mesmo todas as idéias como arquétipo das
coisas.
A
imaginação é a louca da casa.
Há
muitas pessoas a quem a vaidade faz falar grego, e, até, por vezes,
uma língua que não entendem.
Todas as criaturas estão unidas
a Deus através de uma união imediata. Essencialmente e diretamente,
todas dependem Dele.
Não receie de falar de Deus
de uma forma indigna, desde que você seja conduzido pela fé.
Não receie alimentar falsas opiniões sobre Deus, desde que
elas estejam em conformidade com a noção de Ser infinitamente
perfeito.
Em
conseqüência das leis da comunicação dos movimentos,
Deus nos une por meio do corpo. Em conseqüência das leis da conjunção
de corpo e alma, Ele nos afeta com os mesmos sentimentos.
Incessantemente,
Deus quer que as modificações
da mente e do corpo sejam recíprocas. Esta é a conjunção
e a dependência natural das duas partes da qual somos constituídos.
Eu amo o bem e a alegria. Eu odeio
o mal e a dor. Eu quero ser feliz. E não estou enganado em crer que
as pessoas, os anjos e até mesmo os demônios tenham estas mesmas
inclinações.
Assim
como nossos olhos precisam de luz para ver, nossa mente precisa de idéias
para poder conceber.
Nossa alma não está
unida ao nosso corpo, no sentido comum destes termos. Imediata e diretamente,
está unida a Deus.
Não
nos livramos facilmente dos preconceitos como nos livramos de um casaco
velho que já não é mais usado.
Você
não desonrará as Perfeições Divinas por julgamentos
indignos Delas, desde que você nunca julgue Deus por você, e
desde que, também, você não atribua ao Criador as imperfeições
e as limitações dos seres criados.
Eu
não sou a minha própria LLuz para mim.
Eu
sou incapaz de reconhecer qualquer uma das minhas faculdades ou capacidades.
A sensação interior que tenho de mim mesmo me informa que
eu sou, que eu penso, que eu tenho consciência sensorial, que eu sofro
e assim por diante; mas não me dá qualquer conhecimento de
quem eu sou, da natureza do meu pensamento, das minhas sensações,
das minhas paixões, da minha dor ou das mútuas relações
que existem entre todas estas coisas... Eu não tenho idéia
do que possa ser a minha alma.
Tudo
o que nos proporciona uma certa elevação em relação
aos outros – porque nos torna mais perfeitos, como, por exemplo, a
ciência e a virtude, ou porque nos confere uma certa autoridade sobre
eles tornando-nos mais poderosos, como as honras e as riquezas – parece
fazer-nos independentes em certa medida. Todos os que estão abaixo
de nós nos temem e reverenciam; estão sempre prontos a fazer
o que nos agrada para a nossa preservação, e não ousam
nos prejudicar ou resistir aos nossos desejos. A reputação
de ser rico, culto e virtuoso produz na imaginação daqueles
que nos cercam ou dos que nos são mais íntimos disposições
de espírito que são muito vantajosas para nós. Ela
deixa-os prostrados aos nossos pés; instiga-os a nos agradar; inspira
neles todos os impulsos que tendem à preservação da
nossa pessoa e ao aumento da nossa grandeza. Assim, os homens preservam
a sua reputação tanto quanto necessário a fim de viver
confortavelmente neste mundo.
Toda idéia e todo pensamento
devem levar ao conhecimento de Deus, constituindo a vida racional apenas
uma parte e preparação para a verdadeira Vida – a Vida
Religiosa.
Não existe objeto das nossas
paixões, não importa quão vil ou desprezível
possa parecer, que deixemos de julgar como bom quando sentimos prazer em
possuí-lo. Todas as coisas são merecedoras de amor ou aversão,
seja em si mesmas, seja por meio de algo a que estejam associadas; e, quando
somos movidos por alguma paixão, nós rapidamente descobrimos
no objeto o bem ou o mal que o alimenta. Isto é suficiente para fazer
a razão, comumente um instrumento do prazer, funcionar de modo a
defender a causa desse prazer.
Todo movimento e toda interação
entre corpo e alma devem provir do impulso dado por Deus.
Existem
dois modos distintos de ler os autores: um deles é muito bom e útil;
o outro, inútil e até mesmo perigoso. É muito
útil ler quando se medita sobre o que é lido; quando se procura,
pelo esforço da mente, resolver as questões que os títulos
dos capítulos propõem, mesmo antes de se começar a
lê-los; quando se ordenam e comparam as idéias umas com as
outras; em suma, quando se usa a razão. Pelo contrário, é
inútil ler quando não entendemos o que lemos, e perigoso ler
e formar conceitos daquilo que lemos quando não examinamos suficientemente
o que foi lido para julgar com cuidado, sobretudo se temos memória
bastante para reter os conceitos firmados e imprudência bastante para
concordar com eles. O primeiro modo de ler ilumina e fortifica a mente,
aumentando o entendimento. O segundo diminui o entendimento e gradualmente
o torna fraco, obscuro e confuso. Ocorre que a maior parte daqueles que
se vangloriam de conhecer as opiniões dos outros estuda apenas do
segundo modo. Quando mais lêem, portanto, mais fracas e mais confusas
se tornam as suas mentes.
A
Deus pertence a ação primeira – única
verdadeiramente eficaz – capaz de imprimir modificações
na realidade.
Da
mesma forma que os ramos de uma árvore que permaneceram por algum
tempo curvados de uma determinada forma conservam uma certa facilidade para
serem curvados novamente da mesma maneira, as fibras do cérebro,
uma vez tendo recebido certas impressões por intermédio dos
espíritos animais e pela ação dos objetos, conservam
por bastante tempo alguma facilidade para receber essas mesmas disposições.
Ora, a memória consiste apenas nessa facilidade, já que se
pensa nas mesmas coisas quando o cérebro recebe as mesmas impressões.
Nós
vemos todas as coisas em Deus.
De
um modo geral, tudo aquilo que designamos por 'causa', apenas merece este
título em segundo grau e por delegação da Causalidade
Divina. No primeiro grau, rigorosamente, a única Causa Universal
á a Ação Divina.
É
através da luz e através de uma idéia que a mente vê
a essência das coisas, dos números e das extensões.
É através de uma idéia ou de um sentimento que a mente
percebe a existência das criaturas e conhece a sua própria
existência.
Eu
imploro que você se convença da necessidade de uma compreensão
profunda dos princípios de todas as coisas, a fim de que cesse a
agitação da mente.
Contraditando para
Epilogar
(Nós não
Somos Incapazes)
Não
somos incapazes de reconhecer
nossos talentos e nossas capacidades.
Se
assim fosse, sem jamais poder ser,
Desde
que logramos a autoconsciência,
por
tudo, passamos a ser responsáveis.
Mesmo
ainda sendo fraca a nossa Ciência,
Depende
de nós maladia ou conformidade,
realizarmos
a Coisa ou apenas sonharmos,
traduzirmos
o Harmonium
ou a insanidade...
Depende
de nós entropia ou Illuminação,
perdurarmos
nas trevas ou nos libertarmos,
irmos
em frente ou nos babujarmos no chão...
Bibliografia:
LOGOS
– ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE FILOSOFIA. Lisboa/São
Paulo: Editorial Verbo, 1991.
REALE,
Giovanni & ANTISERI, Dario. História
da Filosofia: do Humanismo a Kant. Vol. II. São Paulo:
Paulinas, 1990.
Páginas
da Internet consultadas:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Congrega%C3%
A7%C3%A3o_do_Orat%C3%B3rio
http://strangewondrous.net/browse/
author/m/malebranche+nicolas
http://webcache.googleusercontent.com/
http://urs.bira.nom.br/autor/franca/
nicolas_malebranche.htm
http://citador.pt/pensar.php?pensamentos=
Nicolas_Malebranche&op=7&author=689
http://en.wikiquote.org/wiki/Nicolas_Malebranche
http://www.brainyquote.com/quotes/authors/
n/nicolas_malebranche.html
http://www.homeoesp.org/meditacao_espiritualidade
/069%20-%20MALEBRANCHE.pdf
http://www.citador.pt/
http://cubano.ws/info-atual/nicolas-malebranche
http://pt.wikilingue.com/es/Nicolas_Malebranche
Canto
gregoriano de fundo: Da Pacem
Interpretação:
Schola Cantorum do Pontifício Col. Intern. dos Beneditinos de S.
Anselmo, em Roma