MAHAVIRA
(O
Tirthankara Fundador do Jainismo)

 

 

Tirthankaras
Estátuas de dois Tirthankaras,
o Mahavira (à direita) e
Rishabhadeva (à esquerda)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Regra Áurea do Jainismo

Os seres humanos deveriam ser indiferentes às coisas mundanas e tratar todas as criaturas do mundo como eles mesmos desejariam ser tratados.1

 

 

Introdução

 

Vardhamana – mais conhecido como Mahavira (em sânscrito, Maha, Grande e Vira, Herói) – foi o último dos vinte e quatro Tirthankaras2 do sistema religioso denominado Jainismo (ou Jinismo), do qual é considerado o fundador ou reformador. Nasceu perto de Patna, local que é hoje o Estado do Bihar (localizado na Índia às margens do Rio Ganges), existindo duas propostas apresentadas para o período em que se manifestou neste Plano: 599 a. C. - 527 a. C (data tradicional aceita e indicada pelos jainistas) e 540 a. C - 470 a. C. (segundo os historiadores). Faleceu em Pavapuri, aos 72 anos, no Bihar, que se tornou, desde então, um dos principais locais de peregrinação jainista.

Sua vida apresenta profundas semelhanças com a vida do Buddha, do qual alguns julgam ter sido contemporâneo, pois Mahavira pertencia à casta uma guerreira (kshatriya) e vivia em um ambiente de luxo e regalia que mais tarde abandonou. Aos trinta anos, Mahavira renunciou a todas as suas riquezas, propriedades, mulher, família, parentes e prazeres. No jardim da Cidade de Kundapura, aos pés de uma árvore, sem mais ninguém estar presente e depois de permanecer dois dias sem beber água, tirou todas as roupas, cortou o seu cabelo e colocou uma simples peça de roupa sobre o seu ombro. Tanto quanto Buddha, Mahavira rejeitou o sacrifício de animais e o sistema de castas, que em sua época eram comumente aceitos e praticados pelo povo e pelas religiões tradicionais. Cultivou o hábito de caminhar lentamente, mantendo cuidadosamente os olhos no chão, para evitar pisar em qualquer inseto, pois considerava que a vida é uma e a mesma. Inconformado com a situação reinante em seu País e com as suas próprias deficiências, abandonou a vida confortável que desfrutava para se entregar ao ascetismo místico, na esperança de poder alcançar a Iluminação para, depois, divulgá-la e orientar a Humanidade nessa mesma direção. Passou definitivamente a andar nu, deixou que insetos o atacassem, sofreu ataques físicos e injúrias verbais, dormiu em locais inóspitos e praticou jejuns extremos por um período de aproximadamente doze anos. Tendo alcançado a Iluminação, a partir de então, dedicou o resto de sua vida a ensinar às pessoas as suas doutrinas místicas na mesma região geográfica em que Buddha atuou. Foi no décimo terceiro ano de uma vida completamente ascética, enquanto meditava e após um severo jejum, que Mahavira obteve a mais alta consciência (kevala ou sabedoria absoluta). A primeira mensagem de Mahavira, após a sua iluminação, está registrada no texto Budista Majjhima Nikaya:

Eu sou toda a sabedoria e todo o visível, possuidor de um conhecimento infinito. Tanto esteja caminhando ou quieto, tanto esteja dormindo ou acordado, o supremo conhecimento e a intuição estão presentes em mim, constante e continuamente. Existem – ó 'Nirgranthas' – alguns atos pecaminosos vividos no vosso passado os quais devem, agora, ser abandonados por uma forma de austeridade extrema. Agora e aqui, deverão viver reduzidos a observar os vossos atos, os vossos discursos e os vossos pensamentos. Isso irá proporcionar a não-produção de 'karma' para o futuro. Então, pela exaustão da força dos atos passados através da penitência e da não-acumulação de novos atos, podem estar confiantes da paragem da maldição futura, do renascer a partir de tal parar e da destruição dos efeitos 'kármicos'. Daí, a destruição da dor; daí, a destruição dos sentimentos mentais; e daí, a completa libertação de todos os tipos de dor.

Gostaria, fazendo um rápido parêntese, de comentar o fato de que a vida de muitos místicos, alguns pouco conhecidos e outros até desconhecidos, parece seguir a mesma trajetória espiritual básica, qual seja: 1º) nascimento em uma família poderosa e rica; 2º) renúncia a essa vida de fausto, luxo e ostentação; e 3º) Iluminação. Nesse sentido, recordo a tríade metafísica apresentada pelo pensador português Leonardo Coimbra (1883-1936), na obra A Alegria, a Dor e a Graça, na qual o trinitarismo leonardino, neste particular, se apresenta como equivalente à infância, à hominalidade e à eternidade. A Alegria é simbolizada por Leonardo como representativa da criação e da ordenação do caos; a Dor reflete o caminho da redenção; e a Graça é a vitória da individualidade sobre a multiplicidade. Nas palavras de Leonardo: A Alegria canta, a Dor procura e atende, a Graça é. A Graça é, antes da Dor, o sorriso da Alegria; é, depois da Dor, a unidade reconquistada. Ainda no âmbito da Filosofia e da Mística lusíada, o exemplo que me ocorre para citar é o de Fernando Martini Bulhões (séclo XII - século XIII), conhecido como Santo António de Pádua – o Martelo dos Hereges – (porque viveu seus últimos anos em Pádua e lá se dizia que operava prodígios), mas que nasceu efetivamente em Lisboa, Portugal, no final do século XII. A bajulação, a mentira, a pompa e a politicagem que cercavam sua família, pelo fato de seu pai ser Governador de Lisboa, o enfastiaram da vida aparatosa que levava e o conduziram, primeiro, a vestir o hábito branco dos Cônegos de Santo Agostinho, para depois, definitivamente, cobrir seu corpo com o hábito marrom dos franciscanos. Em 16 de Janeiro de 1946, pelo Breve Exulta Portugal, o Papa Pio XII proclamou Santo António Doutor da Igreja (Doutor Evangélico).

Mas, para concluir este desvio momentâneo do tema principal, quanto à tríade metafísica leonardina, prefiro uma outra estruturação – Dor, Alegria e Graça – para a qual, rapidamente, apresento o seguinte entendimento: Dor (compulsoriedade ou não do nascimento), Alegria (libertação das ilusões) e Graça (Illuminação). E também não posso deixar de comentar que o filósofo, o místico e o teólogo António de Lisboa, pela ignorância do povo com a conivência dos franciscanos e da Igreja, acabou sendo transformado em um santo casamenteiro. Fabricaram ridiculamente orações para os namorados, orações para obtenção de graças e quetais, nas quais são pedidas coisas do tipo: Meu grande amigo Santo Antônio, tu que és o protetor dos enamorados, olha para mim, para a minha vida, para os meus anseios... Que eu encontre um amor que me agrade, que seja trabalhador, virtuoso e responsável... Que meu amor seja feliz e sem medidas... Fazei valer o vosso grande prestígio junto a Deus para atender o meu insistente pedido. Até música já foi gravada espalhando essa besteirada: Ai, ai, Santo Antônio tenha dó./Ai, ai, Santo Antônio tenha dó./Já estou ficando velha,/Já estou ficando só./Eu vivo só/E sem ninguém./E quem eu quero/Não me quer bem./Ai, ai, Santo Antônio tenha dó./Ai, ai, Santo Antônio tenha dó./Já estou ficando velha,/Já estou ficando só./Eu quero um moço/Rico e formoso,/Não peço mais/Porque sei qu’isto é custoso. Infelizmente, há quem creia nessas baboseiras e faça esses insistentes, mas inúteis, pedidos! Agora, como essas asneiras indiretamente vendem pãezinhos e geram óbolos... deixa o povão acreditar!


 

 

Enfim, este despretensioso ensaio pretende examinar de forma panorâmica, mas sem um aprofundamento teológico ou doutrinário, alguns pontos fundamentais da doutrina jaina divulgada meio milênio antes do nascimento de Jesus por Mahavira, e que, em alguns aspectos, será misticamente comentada segundo meu entendimento, tendo por base meus estudos e minha vivência como Rosa+Cruz membro da AMORC. Não é, nem poderia ser, sob nenhum aspecto, um trabalho original. O texto foi elaborado, no que concerne às informações da doutrina, de maneira basicamente reprodutiva, pois não sou jainista e, até esta data, não conhecia aprofundadamente o Jainismo. As fontes de consulta bibliográfica e os Websites consultados estão listados ao final. Nesse sentido, o trabalho foi metodologicamente subdivido nos seguintes capítulos: capítulo I - Visão Panorâmica do Jainismo; capítulo II - Somos Todos Um; e Conclusões.

 

CAPÍTULO I

VISÃO PANORÂMICA DO JAINISMO

O Jainismo

O Jainismo ou Jinismo é, em um sentido, uma das religiões mais antigas da Índia, juntamente com o Hinduísmo e o Budismo, compartilhando com este último a ausência da necessidade de um Deus criador ou de um Deus-figura-central; em outro, é um sistema heterodoxo, pois contraria frontalmente os padrões, as normas e os dogmas estabelecidos pelas demais religiões, mesmo as que dele se aproximam. É, certamente, um caminho de libertação pessoal, mas, curiosamente, nunca se propagou além da Índia. Considera-se que a sua origem antecede o Bramanismo, embora seja mais provável que tenha surgido na sua forma atual no século V a. C. como resultado da ação religiosa e sistematizadora do Mahavira. Os textos sagrados do Jainismo são: os Culikasutras, que se dirigem à natureza da mente e do conhecimento; os Chedra-sutras, que contêm regras de ascetismo para os monges jainistas; e o Ágama (termo sânscrito que significa revelação), texto especificamente seguido pela vertente Svetambara, considerando-o como uma coleção de diálogos do próprio Mahavira. No Jainismo, toda vida é sagrada e toda entidade vivente, desde o mais insignificante inseto, tem em si uma alma indestrutível e imortal. Então, o que é insignificante? De qualquer forma, no Jainismo, o corpo é considerado uma prisão, e o objetivo da existência é a libertação de mâyâ (ilusão).

Segundo os jainistas [que são em torno de quatro milhões de crentes e se encontram divididos em dois grupos principais com diversos subgrupos com diversos subgrupos – os Digambara, vestidos de espaço (ou nudez total), e os Svetambara ou Shvetambara, vestidos de branco], o Jainismo é eterno, tendo esta doutrina sido revelada pelos Tirthankaras. Os Tirthankaras foram almas nascidas como seres humanos e que, por esforço e mérito pessoal, acabaram alcançando a Libertação (Moksha) da roda ou ciclo das encarnações e da morte através da renúncia, e que, depois de (re)alcançada essa Libertação-Iluminação, transmitiram seus ensinamentos aos homens. Na presente Era são conhecidos 24 Tirthankaras, que são: Rishabha (Adinâtha), Ajitnâtha, Sambhavanâtha, Abhinandana, Sumatinâtha, Padmabrabha, Suparshvanâtha, Chandraprabha, Pushpadanta (Suvidhinâtha), Shitalanâtha, Shreyâmshanâtha, Vâsupujya, Vimalanâtha, Anantanâtha, Dharmanâtha, Shântinâtha, Kunthanâtha, Aranâtha, Mallinâtha, Munisuvrata, Naminâtha, Neminâthaa, Parshvanâtha e Vardhamâna, o Mahavira. O último Tirthankara foi o Mahavira, que os jainistas não consideram propriamente como o fundador do Jainismo, mas, antes, aquele que lhe deu a sua estrutura atual. O 23º Tirthankara foi Parshvanâtha (ou Parshva), que os historiadores consideram ter sido, provavelmente, uma figura histórica que viveu cerca de três séculos antes do Mahavira. Os jainistas (jainas ou jains) acreditam que Parshva revelou os 4 grandes princípios do Jainismo, a saber: 1º) não lesar, de qualquer modo, os seres vivos e sensíveis, ou seja, viver pela não-violência (ahimsa); 2º) evitar a mentira (Satya); 3º) não se apropriar do que não foi conquistado honestamente (Asteya); e 4º) não se apegar aos bens materiais (Aparigraha). O Mahavira acrescentou o quinto Princípio: o Princípio da Castidade ou do Celibato (Brahmacharya).

Historicamente é divulgado no âmbito do Jainismo que Parshva alcançou a Iluminação aos 70 anos, enquanto que o Mahavira obteve a sua aos 30 anos, Iluminações essas que não provieram de Deus, mas de esforços pessoais empenhados e intensificados em existências sucessivas. É por exemplos notórios como esses que, possivelmente, a evolução darwiniana tenha sido mais bem aceita entre os reencarnacionistas do que entre os unicistas. Como raciocina Leonardo Arantes Marques, para aqueles que acreditam na palingenesia, o pensamento de Darwin nada mais fez do que explicar os primeiros estágios da alma do homem em um corpo mais rude. A palingenesia, pelo menos, oferece uma explicação palatável para justificar a inconciliável diferença entre um Elias Maluco e uma Madre Teresa ou entre um serial killer e um Illuminatus, como também para o porquê de Parshva ter alcançado a Iluminação aos setenta anos e Mahavira aos trinta. Ainda que a Iluminação possa ser conquistada em uma vida, uma vida não é suficiente para que se possa conquistá-La. Daí a fácil aceitação do darwinismo – teoria evolucionista fundamentada nas idéias do naturalista inglês Charles Robert Darwin (1809-1882) entre os que admitem e acreditam na reencarnação. O que a Lei da Reencarnação não pode é ser motivo e dar ensejo a teorias fraudulentas e a explicações torturantes. Em princípio, o homem pode tudo, inclusive se livrar da reencarnação compulsória.

 

O Tempo

 

Os jainistas consideram que o tempo é infinito e cíclico. Eu me arrepio sempre que é usado o vocábulo infinito para explicar alguma coisa que não se conhece ou que não se compreende concertadamente. É mais ou menos como alguém que qualifica alguém de inteligente (ou de estulto). O conceito de infinito dá a falsa idéia de que algo está sendo continuamente gerado (do nada) e aumentando (para não se sabe onde). Ora, o Universo não diminui e nem aumenta. O tempo também não pode ser cíclico, porque isso dá a impressão de dilatação e contração, ainda que a própria Relatividade fale em dilatação (objetiva) do tempo. O fato é que o Universo é o que sempre foi, e o tempo não é tempo porque nunca foi tempo e jamais poderá vir a ser tempo. Virando essa página metafísica, no Jainismo, o tempo é entendido como uma grande roda dividida em duas partes idênticas ou equivalentes: uma realiza um movimento ascendente (Utsarpini), enquanto que a outra apresenta um movimento descendente (Avasarpini). Cada uma destas partes se divide em seis eras, a saber: Sukham Sukham Kal, muito feliz; Sukham Kal, feliz; Sukham Dukham Kal, feliz com alguma infelicidade; Dukham Sukham Kal, infeliz com alguma felicidade; Dukham Kal, infeliz; e Dukham Dukham Kal, muito infeliz. Durante o período ascendente, os seres humanos progridem em direção ao nível do saber e da plena felicidade, enquanto que o período descendente é caracterizado pela degradação do mundo, pelo esquecimento da religião e pela perda de qualidade de vida. Segundo os jainistas, vivemos atualmente em um período de movimento descendente, em uma Era de infelicidade (Dukham Kal), que começou há 2.500 anos e que durará 21.000 anos. Depois virá a Era Dukham Dukham Kal, um tempo de absoluta miséria e de infelicidade, não havendo nenhum traço de religiosidade. Os dias serão muito quentes e as noites serão muito frias; o tecido social será completamente destruído. Passado este tempo, o movimento ascendente (Utsarpini) recomeçará, e a absoluta felicidade será reconquistada.

Ora, tenho que ponderar: penso sinceramente que esse sombrio e catastrófico entendimento não se coadune com outras expectativas, como a que eu mesmo, salvo melhor juízo, agasalho. Como disse Albert Einstein (1879-1955), e com quem concordo, se as pessoas só são boas porque temem punições e esperam recompensas, então nós estamos realmente perdidos. E quando se justificam os infortúnios da vida por causa de ciclos desfavoráveis ou por outros motivos rocambolescos, então, esses infortúnios vão ficar exatamente onde estão e certamente aumentarão para muito pior. Para se ser bom e praticar o bem, para se realizar a Obra e para se conquistar a Santa Liberdade não se pode ou não se deve esperar ciclos favoráveis, não se pode ou não se deve temer ciclos desfavoráveis, não se pode ou não se deve esperar tempo bom e não se pode ou não se deve desejar (ou exigir) prêmios divinos. Isso fede a podre. Como fede a podre também, e é o máximo da arrogância, como pilheriou seriamente Dan Barker, pensar que aquele que supostamente manda no Universo virá correndo em nossa ajuda e irá excepcionar e dobrar as leis da Natureza por nós. Um Místico verdadeiro não está preocupado com o Dukham Kal e nem vai ficar sentado esperando a banda passar; vai continuar seu trabalho, sem parar e sem esmorecer, esteja vigorando o ciclo que estiver, faça frio ou faça calor. Em suas especulações, Barker ainda afirmou: Quanto mais aprendemos, de menos deuses precisamos. A crença em Deus é somente a resposta de um mistério por outro mistério, dessa forma não respondendo nada. O fato de um bilhão ou dois bilhões de pessoas acreditarem em uma tolice não transforma essa tolice em verdade incontestável, até porque não existe verdade que não possa ser contestada. Mas, o fato de alguns milhões de pessoas divulgarem que viveremos 21.000 anos de infelicidade, isso sim, poderá gerar infelicidade. Pelo menos para quem acredita nisso, porque aquele que alcançou algum grau de Illuminação está, de certa forma, imune a essas prognosticadas produções catastrofistas. Assim, se considerarmos o Grande Ciclo de 25.920 anos3, este Grande Ciclo pode ser subdividido em 12 Ciclos menores de 2.160 anos. Se considerarmos, ainda, que a era de Pisces tenha terminado em 5 de fevereiro de 1962, e que essa Era se caracterizou por uma inconsciência placentária, ou seja, que foi estruturalmente negativa e aquática, a partir dessa data ocorreu o surgimento da Era de Aquarius, positiva, ascendente e iluminante. Mas, no mínimo, duas coisas precisam ser levadas em conta: primeiro, não há unanimidade quanto a essas datas; e, segundo, não existe um ciclo que seja exclusivamente descendente ou ascendente, trevoso ou iluminante, apocalíptico ou disciplinado e entrópico ou neguentrópico. Há, sim, mais ou menos claridade e maior ou menor dificuldade para que seja encontrada a Senda, mas isso depende também do maior ou do menor esforço que cada um empenha nessa busca. De qualquer forma, considero uma desproporção admitir que demorarão 21.000 anos para que um novo tempo de Graça e de Luz possa se manifestar, até porque a Graça e a Luz independem do próprio inexistente tempo, por existirem, desde sempre, em nosso interior. Pior do que isso é que ainda virá um ciclo ainda mais dantesco: o Dukham Dukham Kal, caracterizado por muita ou completa infelicidade. Então há um erro de cálculo aí: são muito mais do que 21.000 anos para que um novo tempo de Graça e de Luz possa se manifestar, pois o ciclo Dukham Dukham Kal ainda nem sequer começou. Enfim, que importa também o Grande Ciclo ou Grande Ano de 25.920 anos terrestres? Definitivamente, não devemos nos preocupar tanto com ciclos, datas, avatares, Dukham Kal, Dukham Dukham Kal etc. Temos, sim, que operar a Obra em nosso interior e divulgá-La para o mundo. Um Místico verdadeiro não espera nada, e para Ele não existe tempo nublado nem ciclo infeliz; todo dia é dia e toda hora é hora para aprender e para ensinar, para se comover e para se compadecer, para se Libertar e para auxiliar na Libertação de seus irmãos. Um místico sabe que as mãos que ajudam valem mais que os lábios de rezam, como disse Robert G. Ingersoll (1833-1899) orador e líder político estadunidense, notável por sua cultura e defesa do agnosticismo. Não devemos, então, ficar presos a dias especiais, a doutrinas, a rituais, ao que já foi dito, ao que passou, ao que foi recomendado, ao que poderá acontecer etc., pois tudo isso (e mais um monte disso) tem mais um valor histórico e, quando muito, tem função catalisadora para uma dialética pessoal ou para, na pior hipótese, se acabar deitado no divã de um psicanalista, caso a pessoa tenha um pezinho na esquizofrenia. Porém, se o Reino está dentro, é justamente esse Reino que precisa ser conquistado. O hábito de embasar as convicções nas evidências, e em dar a elas somente o grau de certeza o qual a evidência garante, iria, caso se tornasse geral, curar a maioria das doenças das quais o mundo padece, ensinou o matemático, filósofo, ativista, político liberal e popularizador da filosofia Bertrand Russel (1872-1970). Contudo, só existe uma evidência garantida que não garante nada para ninguém, a não ser para quem a realiza: a Illuminação Interior. Parafraseando Carl Sagan e Ann Druyan em Sombras de Antepassados Esquecidos, as diversas culturas, ao longo dos milênios, necessitam inventar e reinventar os mitos para tentar descobrir o propósito da vida e o que ela realmente é. Isso não resolve absolutamente nada; na maioria das vezes só retrograda. No mito de criação descrito na Bíblia judaico-cristã [profundamente influenciado pelo Zoroastrianismo], por exemplo, a divindade é masculina, e a figura feminina ocupa um papel secundário, se não marginalizado. O mito hebreu da criação estabelece claramente o poder masculino sobre o feminino, refletindo o que deveria ser comum na história dos povos nômades da eurásia de 5.000 anos atrás. Também no 'Genesis' hebreu, a criação estabelece os seres humanos como superiores aos demais seres vivos, destinados a controlar (e explorar) o resto da Natureza. Desta forma, o comportamento do homem matando, torturando e escravizando os animais é justificado, facilitando a divulgação das estruturas pastoris, como está afirmado em uma Página Web na qual o autor não se identificou. Isso é sabido, e por extensão pode ser dito que quem tem o poder e os canhões tende a querer controlar e explorar os que não têm nem uma coisa nem a outra. E quando os que não têm nem uma coisa nem a outra ameaçam passar a ter alguma coisa, os que têm as duas coisas, se puderem, dizimam-nos. Isso é incontestável; a telinha mostra isso todos os dias. Ficam as perguntas: 1ª) Em que ciclo vivia quem inventou que a divindade é masculina? 2ª) Em que ciclo vivia quem inventou que o homem é mais importante ou que vale mais do que a mulher? 3ª) Em que ciclo vivia quem inventou o sacrifício de animais? 4ª) Em que ciclo vivia quem inventou as castas? 5ª) Em que ciclo vivia quem inventou a empalação? 6ª) Em que ciclo vivia quem inventou a excisão? 7ª) Em que ciclo vivia quem inventou que os seres humanos são superiores aos demais seres vivos? Em que ciclo vivia quem... Ora, transpondo o Jainismo para o Catolicismo, Adão e Eva passaram do Ciclo Sukham Sukham Kal para o ciclo Dukham Dukham Kal em um piscar de olhos. Foi só comer a maçã. Logo, precisamos ter muito cuidado com o que aconteceu em um passado muito remoto, porque as distorções que são feitas ao longo do tempo podem chegar a virar pelo avesso o que aconteceu realmente e o que foi ensinado. E, por outro lado, temos que ter em mente que muito do que é dado como concreto e objetivo é meramente alegórico ou simbólico. Ou se consegue rasgar o véu ou se continuará cego pensando que se está enxergando. O suplício eterno de que fala a Bíblia, por exemplo, é algo tão medonho, que de tão medonho que é não pode ser levado a sério por alguém que pare trinta segundos para raciocinar. No início deste item eu disse que me arrepio sempre que é usado o vocábulo infinito para explicar alguma coisa que não se conhece ou que não se compreende concertadamente. O mesmo arrepio eu sinto quando penso que alguém possa acreditar em suplício eterno. Mas, para quem acredita nisso, o suplício eterno começa exatamente em acreditar que possa existir um suplício eterno. E para quem acredita no Dukham Kal e no Dukham Dukham Kal eles também existem. O primeiro passo para se alcançar a Santa Liberdade é ter confiança e acreditar (com humildade) em si próprio.

 

 

 

 

 

O Universo e os Cinco Mundos

 


Segundo o Jainismo, o Universo, que é eterno e não foi criado por nenhum ser superior, divide-se em cinco mundos, sendo cada um deles habitado por determinados tipos de seres. No topo do Universo está a Morada Suprema (Siddhashila), que é o local onde habitam as almas daqueles que alcançaram a libertação (estas almas são denominadas Siddhas). Abaixo se encontram os trinta céus habitados por seres celestiais, alguns dos quais caminham para a Morada Suprema.

O mundo médio (Madhyaloka) inclui vários continentes separados por mares. No centro deste mundo encontra-se o continente Jambudvipa, considerado o único continente no qual as almas podem alcançar a libertação. Os seres humanos habitam este continente, bem como um segundo continente ao lado deste e parte do terceiro continente.

O mundo inferior (Adholoka) consiste em sete infernos, onde os seres são atormentados por demônios e onde se atormentam uns aos outros. Abaixo do sétimo inferno encontra-se a base do Universo (Nigoda), habitada por inúmeras formas inferiores de vida.

Vou deixar uma pergunta para reflexão. Como se ensina a uma criança de dois anos que não deve enfiar um prego em uma tomada? Bem, qualquer que seja a resposta, dizer a essa criança que se ela enfiar o prego na tomada ela irá parar no inferno, é...

 

O Karma


À semelhança do Hinduísmo e do Budismo, o Jainismo partilha da crença no karma, embora de uma forma diferente. O karma no Jainismo não é apenas um processo em que determinadas ações produzam reações, mas também uma substância física que se agrega a uma alma. As partículas de karma existem no Universo e associam-se a uma alma devido às ações dessa alma (por exemplo, quando uma alma mente, rouba ou mata esta provoca a agregação de karma na sua alma). A quantidade e qualidade destas partículas determinam a existência que a alma terá, a sua felicidade ou infelicidade. Só é possível a uma alma alcançar a libertação quando desta se retirarem todas as partículas de karma. O processo que permite a libertação das partículas de karma de uma alma denomina-se nirjara e inclui práticas como o jejum, o retiro para locais isolados, a mortificação do corpo e a meditação.

Essa questão do karma (ou carma) é muito mal compreendida. Penso que não existam partículas físicas de carma que se grudem ou que possam se agregar a uma alma, e nem que ações produzam reações do tipo lex talionis (lei da retaliação) ou qualquer outra. Admito, por outro ângulo, que tudo e todos estejam imersos em um oceano vibratório ilimitado com causas e efeitos em perpétua interação. Da Biologia, por exemplo, sabe-se que existem, quanto à termotolerância e à cinética de crescimento, microorganismos criófilos ou criofílicos (temperatura ótima de crescimento em torno de 10 ºC), microorganismos mesófilos ou mesofílicos (temperatura ótima de crescimento entre 20 ºC e 40 ºC) e microorganismos termófilos ou termofílicos (temperatura ótima de crescimento superior a 60 ºC). Isto significa que o metabolismo desses microorganismos é função da temperatura. Da mesma forma, a Lei de Boyle-Mariotte (enunciada por Robert Boyle e Edmé Mariotte) diz que: Sob temperatura constante (condições isotérmicas), o produto da pressão e do volume de uma massa gasosa é constante, sendo, portanto, inversamente proporcionais. Qualquer aumento de pressão produz uma diminuição de volume e qualquer aumento de volume produz uma diminuição de pressão. Por analogia, pode-se, talvez, depreender que tudo depende da faixa vibratória na qual a coisa ou o indivíduo estejam se manifestando. Em trabalho que escrevi recentemente afirmei que o útero que gera um Santo não pode ser igual ao útero que gera um macabro. Isto significa que não existem aderências corpusculares cármicas e que não há talionatos cósmicos; mas que, por outro lado, há compatibilidades ou incompatibilidades. Um outro exemplo: se alguém ingere um alimento fermentado ou contaminado poderá ficar seriamente doente e até poderá morrer. Um terceiro exemplo: se alguém resolve fazer turismo às duas horas da madrugada em uma favela do Rio de Janeiro, não poderá culpar seu presumido carma pessoal se vier a levar um tiro. O que ocorre é que as condições vibratórias por afinidade, por atração, por imantação, por correspondência, por compatibilidade, por incompatibilidade etc., se consorciam (ou não) no sentido de que determinados eventos possam suceder (ou não suceder). Elevado o padrão vibratório, outras serão as experiências do ser-no-mundo. Isso considerado, o carma como carma irredutível (punitivo) é uma das excrescências de certos entendimentos teológicos. O próprio Dharma, quando iniciado pela letra D letra maiúscula, simplesmente quer dizer ensinamentos. O segundo significado está normalmente associado com o uso da letra d minúscula, dharma, usado para designar a forma como as coisas são. A palavra dharma, derivada da raiz sânscrita dhr, tem certo número de significados, sendo os principais: existir, viver, continuar, segurar, suportar, sustentar. A própria palavra dharma, ensina Swami Dayananda Saraswati, acabou sendo usada em uma larga variedade de sentidos, a maioria relacionada com as traduções mais comuns: retidão, virtude, dever.

Voltando à Biologia, não se pode esperar que um microorganismo criófilo atue em uma temperatura de 70º Celsius! Nem por milagre. Da mesma forma, não se pode esperar que um vegetariano possa passar pelas complicações alimentares de alguém que almoce uma feijoada completa regada a cachaça e que, de quebra, coma uma jaca manteiga de sobremesa com sorvete de açaí. Só se indivíduo tiver estômago de tubarão, e mesmo assim tenho minhas dúvidas. Por isso, recomendou o saudoso cronista, escritor, radialista e compositor brasileiro Stanislaw Ponte Preta (pseudônimo de Sérgio Marcus Rangel Porto,1923-1968): Uma feijoada só é realmente completa quando tem uma ambulância de plantão. Eu, como sou vegetariano, não preciso de ambulância. Pelo menos por causa de feijoada.

 

Leigos


Os jainistas que não são monges devem observar oito regras de comportamento e devem tomar (ou fazer) doze votos. As oitos regras de comportamento variam, mas em geral incluem não comer durante a noite, não comer carne, não beber vinho e não comer certos vegetais (como a batata e a cebola) nos quais eles acreditam que vivam determinados seres microscópicos. Quanto aos doze votos, eles podem ser divididos em três classes: 1ª) Anuvratas - são os cinco votos principais: não cometer atos violentos, não mentir, não roubar, não cobiçar o parceiro de outra pessoa e limitar as possessões pessoais; 2ª) Gunavratas - são os três votos que reforçam os cincos votos principais: limitar as atividades pessoais a uma área concreta (digvrata), restringir práticas que proporcionam prazer (bhogopabhogavrata) e evitar atos que causem sofrimento (anarthadandavrata); e 3ª) Siksavratas - são os quatro votos de disciplina espiritual: meditar, limitar determinadas atividades a certos momentos, adotar a vida de um monge por um dia e fazer donativos aos monges ou aos pobres.

 

Formas de Culto

 

Uma das principais formas de culto dos jainistas leigos é prestar homenagem às estátuas dos Tirthankaras. Os jainistas lavam as estátuas e dedicam-lhes oferendas como mel, flores, arroz etc. Alguns grupos jainistas, como os Sthanakavasis e os Terapanthis, são contra o culto de imagens. De qualquer forma, o crente não adora a estátua em si, mas, antes, as qualidades associadas a ela, de modo a receber inspiração para seguir o mesmo caminho. As estátuas podem ser adoradas nos templos ou, então, em pequenos oratórios existentes nas residências. As estátuas são representadas em posição de meditação, sentadas ou em pé. Não é possível estabelecer qualquer forma de contato com os Tirthankaras através desta forma de culto, uma vez que estes, tendo alcançado a libertação, ficam fora do contato humano. Contudo, durante a Idade Média cada Tirthankara foi associado a uma deusa protetora, em relação às quais se desenvolveram formas particulares de devoção. As deusas mais importantes são Ambika (associada ao 22º Tirthankara, Arishtanemi), Padmavati (associada a Parshva), Lakshmi e Sarasvati. As orações jainistas fazem referência aos grandes atos dos Tirthankaras e aos ensinamentos do Mahavira, sendo ditas em um antigo dialeto do Bihar, o Ardha Magadhi. A principal oração é o Namaskara Sutra, através do qual o jainista presta homenagem às qualidades dos cinco grandes seres do Jainismo. O ato de fazer doações para a construção de templos é também considerado uma forma de culto, assim como a prática de peregrinações.

 

Festivais

 

Os principais festivais do Jainismo são: 1º) Mahavira Jayanti - acontece em março ou abril e celebra a data do nascimento do Mahavira. Neste dia, estátuas do Mahavira são levadas em procissões pelas ruas e os jainistas reúnem-se nos templos para ouvir a leitura dos seus ensinamentos; 2º) Paryushana - durante o mês de Bhadrapada (agosto-setembro) os membros do ramo Svetambara do Jainismo celebram um dos seus festivais mais importantes: Paryushana. Este festival está dedicado ao perdão e consiste na prática do jejum durante oito dias. No último dia do festival (Samvatsari) os jainistas pedem perdão uns aos outros por ofensas que possam ter causado; aqueles que conseguiram jejuar durante os oito dias seguidos são levados para os templos em procissão. O festival equivalente na tradição Digambara denomina-se Dashalakshanaparvan, e, para além da prática do jejum, é lido nos templos um importante texto, o Tattvartha-sutra; 3º) Divali (festa da luzes) - esta celebração comum em toda a Índia é para os jainistas a comemoração do tempo em que o Mahavira deu os seus últimos ensinamentos e alcançou a libertação. Ocorre no mês de Kaartika, que corresponde no calendário gregoriano a outubro-novembro; 4º) Kartik Purnima - ocorre no dia de lua cheia do mês de Kaartika. Após terem permanecido em uma determinada localidade durante os meses da monção, os monges e freiras jainistas regressam à vida errante. Neste dia, muitos jainistas realizam a peregrinação aos templos de Palitana, no estado indiano do Gujarate; e 5º) Mastakabhisheka - a cada doze anos os jainistas (principalmente os do ramo Digambara) reúnem-se no santuário de Shravana Belgola no estado de Karnataka, onde se encontra uma estátua de dezessete metros de Bahubali, que é alvo de libações com água, mel, leite, flores, preparados de ervas e especiarias.

 

Jainismo, Uma Religião Ateísta

 

Sendo uma religião ateísta, o Jainismo não prega a existência de um deus, de um criador e regulador do mundo, de um ser que sempre foi perfeito. A perfeição, em outro sentido, é a meta a que todos devem se esforçar para alcançar. Aliás, assim como outras religiões orientais, os jainistas acreditam que o homem ao conseguir se livrar das paixões pode atingir um estado de libertação (Moksha) que o torna uma divindade (Tirthankara), e são estas divindades que eles veneram. Este caminho para a divinização passa por cinco níveis:

· ArhatsArhat é o primeiro ser supremo, também conhecido como Tirthankara ou Jina (Grande Mestre) – um Mestre que lança os fundamentos para a libertação de outros;

· Siddhas – Ele é o segundo ser supremo, uma espécie de santo. Um Siddha é uma alma que alcançou a libertação sob a orientação de um Mestre, vivendo em estado de êxtase no topo do cosmo;

· Acharyas – São guias espirituais e formam o terceiro nível dos seres supremos. Cada Acharya conduz uma ordem de monges ou monjas;

· Upadhyayas – Este é o quarto nível dos seres supremos que são monges instrutores que transmitem seu conhecimento das escrituras a outros monges e monjas; e

· Monges – O restante dos monges jainistas ocupa o quinto nível dos seres supremos.

Outra crença que os jainistas consideram inconcebível é a de um mundo criado a partir do nada. Para eles o mundo é eterno e composto por seis substâncias reais. Estas seis substâncias são: espaço, tempo, matéria, almas, Dharmastikaya (sustentáculo do movimento) e Adharmastikaya (sustentáculo da estabilidade ou repouso). O espaço serve como um receptáculo para as outras substâncias. Ele é infinito. O tempo é real, mas sem começo e sem fim. Os objetos materiais são constituídos de átomos.

No Jainismo, o Universo está dividido em duas categorias:

· Jiva – que representa todas as coisas animadas e que possuem alma. Nele estão incluídos todos os seres vivos que são uma combinação da alma com a matéria; e

· Ajiva – que representa todas as coisas inanimadas, materiais e sem alma. Esta categoria tem quatro sub-divisões: matéria, movimento, repouso e tempo.

O principal objetivo dos jainistas é a dominação e a conseqüente libertação das coisas mundanas para que possa ser alcançada a verdade. Isto, segundo a Doutrina, só é possível através da razão e da adoção de uma fé reta, de uma conduta reta, do conhecimento reto e da moderação com misericórdia. Além disso, é preciso seguir com rigor o princípio do ahimsa (não fazer mal a nenhuma criatura). Este princípio é muito mais amplo do que se possa imaginar, visto que também são consideradas criaturas os seres inanimados, como as pedras, a água, o vento etc.

O Jainismo, como ficou evidenciado na Visão Panorâmica do Jainismo, admite também a reencarnação, sendo este o mecanismo pelo qual o homem vive através de várias existências na carne. Podendo vir como homem, animal ou planta, vai gradativamente e ascensionalmente se depurando, libertando-se do seu karma (ação), que atrai sua alma para baixo impossibilitando a libertação e enredando esta alma no ciclo das reencarnações. Somente quando está livre das ações mundanas é que a alma recupera sua leveza natural, flutuando para o topo do Universo e vivendo em êxtase (nirvana).

Esta é, sem dúvida a grande diferença entre as religiões ocidentais e as indianas no que concerne ao (conceito de) sofrimento. Para as primeiras, que se fundamentam no Cristianismo primitivo (que, nessa matéria, entre outros, buscou aportes no Judaísmo), a existência humana é devida à queda e ao pecado de um único homem no início dos tempos. Os 'religiosismos' pioraram as coisas para poderem vender suas graças, seus pãezinhos e suas indulgências. À mítica queda, juntaram a Teoria Essencialista do teólogo cristão romano e patrístico do período pré-nissênico Tertuliano4 – advogado que acabou se tornando um dos maiores polemistas, apologetas e catequistas do Cristianismo e que cunhou Credo quia absurdum (Creio, mesmo que seja absurdo) – do Pecado Original, pois o ato sexual (mesmo que seja apenas procriador) é, particularmente no 'religiosismo' católico (entendimento patrístico e medieval particularmente agasalhado por Santo Agostinho e por Santo Tomás), considerado pecaminoso e uma mácula. Na teologia unicista catolicizada através dos séculos e no Judaísmo autoritário e racionalmente insustentável, o ser-no-mundo possui uma única oportunidade para redimir esse estigma (do qual não tem qualquer responsabilidade). Tanto a queda do homem (Judaísmo) quanto o Pecado Original (Catolicismo) só servem para três coisas: abichornar o homem, fartar os psicanalistas e enriquecer as religiões. Eu gostaria de saber quando as pessoas darão um basta a tudo isso.

Nas filosofias indianas, que admitem o samsara (veja nota 2), a vida é uma sucessão de experiências de aprendizagem, fato que os unicistas ocidentais não conseguem compreender e muito menos aceitar. Leonardo Arantes Marques, em sua obra História das Religiões e a Dialética do Sagrado, relata o seguinte fato (ligeiramente editado por mim): Um jovem americano, em viagem à Índia, passeando por um bairro e em visita a algumas casas, percebeu que a casa de um senhor já de idade avançada não possuía nada, a não ser um trapo velho no chão estendido como forma de cama. Curioso com o fato, perguntou a este senhor onde estavam os seus móveis. O homem, olhando para o visitante americano, disse: — Onde estão os seus? O jovem americano respondeu: — Mas eu estou apenas de passagem pela Índia. Seria ilógico carregar minha mobília; ela apenas atrapalharia minha excursão. O indiano, olhando-o fixamente, disse: — Pois é. Estamos todos apenas de passagem pela Terra. Que estamos todos de passagem pela Terra penso que ninguém discorde; mas é exatamente por causa dos exageros, dos ultramontanismos e dos fanatismos que o mundo se encontra na situação em que se encontra. E também, como não comentei a questão do celibato, vou, rapidamente, comentar agora. Celibato por medo ou por imposição religiosa enlouquece. Celibato por medo ou por imposição religiosa provoca desvios sexuais. Os comentários são esses.

Para concluir este capítulo, listarei alguns pontos básicos do Jainismo.

CAPÍTULO II

SOMOS TODOS UM

 

Por tudo que foi examinado, talvez a primeira coisa que se possa assinalar no Jainismo é que esta religião não é compatível com a crítica. Se estamos todos em processo de evolução (que eu sempre preferi chamar de reintegração), e se essa evolução não faz escolhas, a crítica é uma demonstração de ignorância e de impiedade. Os jainistas sabem que criticar o outro é criticar, primeiro, a si mesmo. O outro merece compaixão e solidariedade, não críticas, calúnias, injúrias e difamações. Muitos pseudo-esoteristas deveriam observar e analisar a própria consciência antes de se porem a criticar, particular e principalmente, o que não conhecem, pensando conhecer. Muitos pseudo-esoteristas gostam de ser chamados de mestres e de ser respeitados e reconhecidos como tal, mas agem como neófitos. Pior são aqueles que se utilizam da Web para postar mensagens difamatórias contra pessoas que já partiram deste Plano, e nem sequer têm a dignidade de assinar o próprio nome escondendo-se atrás de nicknames estapafúrdios. Eu me chamo Rodolfo Domenico Pizzinga e assino o que escrevo. Mas, dito isto, eu sei que esses pseudo-esoteristas estão em processo de compreensão e de aprendizado tanto quanto eu, e se, hoje, tenho uma compreensão mais concertada das coisas, não sou melhor do que eles; apenas, presumo, estou um pouquinho mais à frente de uma estrada que não tem começo nem fim, nem verso nem anverso. Apenas isso.

Em segundo lugar, os jainistas não percebem e não admitem qualquer diferença entre uma pedra e um elefante. Qualquer diferença, bem entendido, como necessidades cósmicas. Logo, no Jainismo não existe o conceito de contingência, no sentido de que algo possa ocorrer ou existir de maneira eventual, circunstancial, desnecessária, ou que possa ter acontecido de maneira diferente ou simplesmente não se ter efetuado. Tudo é necessário, tudo é parte da Vida Cósmica. Isso posto, uma pedra é uma pedra porque é uma pedra, e um elefante é um elefante porque é um elefante. Nada é superior a nada, e nada é inferior a nada. E o que hoje é pedra amanhã será planta, da mesma forma que o que hoje é homem amanhã será Tirthankara.

Dessas lucubrações surge o entendimento de que tudo é um e que somos todos um. Ainda que, certamente, as coisas e as criaturas vibrem em freqüências distintas, o teclado-mãe dessas vibrações é um e o mesmo. Matar um mosquito ou assassinar um boi para comer são incompreensões que precisam ser corrigidas, e não faz a menor diferença se se tem ou não presente de que tudo é um no Universo. Haverá um momento em que a ponte será cruzada. A partir desse instante, tomaremos cuidado com o que pensamos, com o que falamos, com o que fazemos, com os alimentos que ingerimos e onde pisamos. Compreenderemos e sentiremos que a morte de um mosquito afeta todo o Universo. Portanto, Aulo Gélio, em Noctes Atticæ, Præfatio 19, não acertou quando escreveu: O gralho nada tem com a lira, nem o porco com a manjerona. Da mesma forma que nihil novum super Terram, nihil novi sub luna et nihil novum sub sole. Se assim é, o gralho, a lira, o porco e a manjerona só diferem pelo movimento vibratório que cada um tem em relação ao seu próprio centro dinâmico de equilíbrio.

Tudo isso remete para a questão mais importante da vida: a morte. Em princípio, a morte é como tempo. Se o tempo não é tempo porque nunca foi tempo e jamais poderá vir a ser tempo, a morte não é morte porque o Universo é tão-somente vida e é inconciliável com a morte. A morte não é o nada e nem é um retorno ao nada, porque o nada não existe, nada pode se transformar em nada e o nada não produz nada e nem é o jazigo de nada, exatamente porque não existe; se existisse, seria alguma coisa e já não seria mais o nada em si. Então, o que é a morte e porque tanto perturba as pessoas? Ora, morrer é não saber Viver ou não querer Viver. Não sabe ou não quer Viver quem ouve com os ouvidos e olha com os olhos, ou seja, não ouve e não vê com o Coração. Esse é o ponto-chave da existência. De uma maneira geral, tudo o que ouvimos, vemos e aprendemos são catabólitos derivados da razão ou da fé, geralmente de terceiros. Essas imposições, que nos são impingidas desde que nascemos, têm a capacidade e a função retrocessiva de nos afastar da Voz Insonora que fala ininterruptamente em nosso Coração. Quanto mais damos crédito ao que vem de fora, quanto mais engolimos informação alheia, mais morremos internamente e mais nos afastamos da percepção do Todo. É isso que tenho definido como morte em vida. Então, o fato inelutável é que morremos porque repetimos os erros, os equívocos e as ilusões que nos oferecem como verdades insubstituíveis. Mas, o que é a verdade e o que é insubstituível? Os brinquedos da nossa infância e os valentes da nossa adolescência foram todos substituídos. Por que, então, não damos um passo à frente? Simplesmente porque tudo que envolve medo e castigo é muito difícil de ser substituído. E, na realidade, substituição por substituição não existe e não funciona; uma coisa só poderá ser substituída por outra quando se compreende que a coisa anterior era menos completa, menos coerente ou menos adequada. Isso se denomina dialética. Quando se percebe e se torna patente uma contradição entre princípios teóricos ou fenômenos empíricos nos quais púnhamos todas as nossas fichas, então este é o primeiro passo para a mudança, desde que tenhamos nos libertado dos argumentos de autoridade. A morte, assim, é a permanência na ilusão, na qual não há um esforço dialético que conduza da prisão à liberdade. O Jainismo oferece, em meio ao simbolismo e às alegorias inerentes à todas as religiões, a explicação e a oportunidade honesta de libertação pela via do esforço pessoal. Esse ponto é indiscutível em sua doutrina, mas a libertação só poderá ser efetivada se e quando for realizado internamente que não existem seres privilegiados no Universo, e que um grão de areia é tão importante quanto uma galáxia. O conceito místico de que somos mesmo uma unidade cósmica não admite exceções. Portanto, os casos mais escabrosos que possamos ter notícia devem ser entendidos como patologias passíveis de solução. Dez vidas? Cem vidas? Mil vidas? Dez entropias? Cem entropias? Mil entropias? Não sei responder a isso. O tempo não é tempo porque nunca foi tempo. Logo, dure o inexistente tempo que durar, todas as patologias serão resolvidas, todos os medos serão vencidos e todas as ilusões serão ultrapassadas.

 

 

 

 

CONCLUSÕES

 

Não me estenderei nestas conclusões porque o que tinha que ser dito já foi dito. Quero apenas reforçar um ponto do qual tenho absoluta certeza e que resume todo o meu pensamento místico e todos os ensaios e poemas que já escrevi. Nada adiantará se não mergulharmos em nosso interior. Só no Silêncio poderemos ouvir a Voz Que Não Se Cala. Dito isso, não desqualifico as Igrejas, os Templos e as Lojas; apenas sei que todos têm função acessória, adjetiva, no processo de Illuminação, que jamais poderá ser alcançado em uma Igreja, em um Templo ou em uma Loja. Só no Santo Silêncio poderá ser alcançada a Santa Liberdade. Então, mergulhemos no Santo Silêncio Interior e que se faça a Santa liberdade!

 

 

Rio de Janeiro, 18 de junho de 2006.

 

 

 

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Notas:

1. Esta Primeira Regra do Jainismo, muito semelhante a outras regras de outras religiões, é, em sua essência, um involuntário e bem-intencionado imperativo hipotético. Esta afirmação, talvez, possa causar um certo mal-estar, ou, até mesmo, escandalizar muitos religiosos. Não explicarei detalhadamente o porquê da própria afirmação que estou fazendo nesta nota, porque já explanei em diversos ensaios anteriores as diferenças entre um imperativo (ordem ou norma) hipotético e um imperativo (mandamento ou dever) categórico. Proporei abaixo, isto sim, uma modificação para a Regra Áurea do Jainismo, e o leitor, por comparação, dialeticamente, poderá chegar às suas próprias conclusões, obviamente concordando ou discordando desta especulação filosófica. Mas, rapidamente, darei uma deixa: não se deve (apesar de se poder) fazer nada na vida, no âmbito daquilo que fundamenta a moral, porque ou para que, isto é: uma ação moralmente concertada não pode ser praticada relativamente a uma finalidade possível ou real. Poderemos nos enganar, mas isso é outra coisa. A ação deve sempre ser boa em si mesma; deve ser, portanto, por si mesma e em si mesma, objetivamente necessária e apodicticamente evidente, indubitável e universal – o fim último e único de qualquer ação. Para que uma ação possa ser considerada moralmente boa, necessariamente ela deve estar ancorada apenas no dever, ou naquilo que seja compreendido como dever. Em resumo: devemos agir de maneira tal que a máxima de nossa vontade possa, em qualquer ocasião, simultaneamente valer como princípio de uma legislação universal. (Immanuel Kant).

Regra Áurea do Jainismo: : Os seres humanos deveriam ser indiferentes às coisas mundanas e tratar todas as criaturas do mundo como eles mesmos desejariam ser tratados.

Regra Áurea do Jainismo (modificada e proposta por mim): Os seres humanos devem se esforçar para se tornar progressivamente indiferentes às ilusões mundanas, e tratar todas as criaturas do mundo como admitem que todos devem (ou deveriam) tratar tudo e todos.

Para que fique absolutamente claro o que quero dizer com ilusão do juízo ou do raciocínio, a ilusão pode ser entendida como uma percepção errônea ou equivocada devido à má interpretação dos dados dos sentidos ou dos elementos de uma experiência vital, resultante muitas vezes de um estímulo ambíguo ou enganador que leva o observador a atribuir significado falso ao sinal ou sinais [ou impressões] recebidos. Mas, muitas vezes, não é necessário a recepção de qualquer sinal ou impressão; basta, simplesmente, aceitar como verdade um fato ou uma lei inverificável, quer pela razão, quer pela transrazão (que, na realidade, não deixam de ser, em si, ilusórios sinais). Logo, por tudo isso, tratar o outro como gostaríamos de ser tratados não é nada mais nada menos do que um imperativo hipotético egoísta e mesquinho, ainda que o conceito, em si, seja muito melhor do que tratar mal ou prejudicar. Esses comentários remetem para a questão dos direitos e dos privilégios que também já comentei em outros ensaios. Direitos e privilégios são ilusões criadas pela sociedade para lhes assegurar algum tipo de ilusória e abastardada estabilidade, na maioria dos casos. A nacionalidade é um simples exemplo. Cosmicamente, não existe qualquer direito e não existe nenhum privilégio; só pode haver PRIVILÉGIO(S) conquistado(s) pelo mérito e tão-só pelo mérito, PRIVILÉGIO(S) esse(s) do qual somos única e diretamente responsáveis. Este entendimento me foi muito bem explicado pessoalmente, há mais de trinta anos, em um forum Rosacruz, em uma convenção da AMORC, em Curitiba, Paraná, por Sar Validivar (Ralph Maxwell Lewis, 2º Imperator da Ordem Rosacruz, AMORC, para este Segundo Ciclo Iniciático). Vou deixar um último comentário para reflexão de autoria do pensador Rosacruz René Descartes: Dubito ergo sum, vel quod item est, cogito ergo sum (duvido logo existo ou, o que é o mesmo, penso logo existo). Pensar é a mesma coisa que duvidar. Não pensar é viver deitado, dormindo.

2. No Jainismo, um Tirthankara (vocábulo derivado do sânscrito que sigifica fazedor de Vau e sinônimo de Jina) é um ser que conseguiu escapar à roda dos (re)nascimentos, e que nasceu por amor à Humanidade e viveu para ensinar aos outros como também poderiam se libertar desse ciclo, ou seja, como atravessar o rio. Um Tirthankara, enfim, é alguém que ensinou o Caminho para que os seres possam se livrar do Samsara (perambulação), isto é, do fluxo incessante de renascimentos através dos mundos. Na maioria das tradições filosóficas da Índia, incluindo o Hinduísmo, o Budismo e o Jainismo, o ciclo de morte/renascimento é encarado como um fato natural. A maioria das tradições vê o Samsara de forma negativa, uma condição a ser superada. O Mahatma Gandhi, seguidor de um Jainismo mesclado de Hinduísmo, certa vez afirmou: — Amo o vosso Cristo, contudo desprezo o vosso Cristianismo. Bem, Gandhi não me explicou porque disse isso, mas eu deduzo que tenha sido, entre outros motivos, porque no Cristianismo a criatura só possa 'samsarizar' uma vez, só possa dar uma voltinha. A criatura só tem uma chance: acertou, vai para o céu; errou, dançou, vai queimar no quinto dos infernos. Concordo com o Mahatma Gandhi.

3. Este Grande Ciclo de 25.920 anos (também conhecido como Grande Ano de Platão) decorre do movimento de precessão da Terra durante o qual, nos equinócios, o Sol passa a nascer sob constelações sucessivas, até que, decorridos 25.920 anos, o eixo da Terra volta à sua posição primitiva recomeçando um novo Grande Ciclo. Ou, em outros termos: se o Zodíaco tem 360 graus são necessários 72 anos para que seja percorrido 1 grau em uma dada constelação. Então: 72 x 360 = 12 x 2.160 = 25.920 anos. Tendo o Sol passado por todos os signos zodiacais está concluído mais um Grande Ano ou Ciclo Zodiacal e cumpridos os 12 Grandes Meses. Estes números estão associados também aos ciclos da respiração humana que ocorre em um dia, se considerarmos um ser humano que esteja gozando de boa saúde e em relativo equilíbrio. Em 24 horas terá feito 25.920 respirações, isto é, 18 x 60 x 24.

4. Quinto Setímio Florêncio Tertuliano, ao se defrontar com a filosofia dos pagãos, dos idólatras, dos judeus e dos heréticos arremetia sobre todos eles violentamente para impugnar o que considerava que contrariava a doutrina estabelecida pelo Cristianismo: Miserável Aristóteles! Foi ele quem ensinou aos pagãos a dialética, arte de construir e de demolir, mutável nas opiniões, forçada nas conjecturas, obtusa nas argumentações... Estejam atentos aqueles que puseram em circulação um Cristianismo estóico, platônico ou dialético! Não devemos ser movidos pela curiosidade, depois que veio Jesus Cristo, nem pelo desejo de novas investigações, depois que recebemos o Evangelho. A partir do momento em que cremos, não desejemos senão crer. Este é, de fato, o primeiro artigo do nosso credo: [fora de Jesus Cristo] nada há mais que devamos crer. (De Præscriptione 7, 12). Tertuliano tampouco poupa a Platão, que qualifica como omnium hæreticorum condimentarium (o provedor de todos os hereges). (De Anima 23, 5). Tertuliano, no final da vida, acabou abandonando o Cristianismo para se afiliar à uma seita montanista ascetista. Posteriormente, criou seu próprio movimento religioso – o tertulianismo – que permaneceu independente até o século V. É de Tertuliano também certas máximas inteiramente descabidas do tipo: Certum est quia impossibile (É certo precisamente porque é impossível) e Credibile quia ineptum est (É crível precisamente porque é inepto). Para uma leitura mais ampla sobre esse controvertido tema (razão versus fé) consulte:

http://www.lepanto.com.br/DCFeeRazao.html

 

Bibliografia

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 2ª ed. São Paulo: Mestre Jou, 1982.

LOGOS – Enciclopédia Luso-Brasileira. Vol. III. Lisboa/São Paulo: Editorial Verbo, 1991.

MARQUES, Leonardo Arantes. História das religiões e a dialética do sagrado. São Paulo: Madras, 2005.

MORA, José Ferrater. Diccionario de filosofia. Vol. II. 1ª ed. 7ª reimp. Barcelona: Alianza Editorial, S.A., 1990.

 

Páginas Web e Websites consultados:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mahavira

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jainismo

http://www.geocities.com/mgstenz/livro19032002.html

http://www.soa.edu/articulos07.htm

http://uk.encarta.msn.com/
encyclopedia_761579000/Jainism.html

http://www.bbc.co.uk/religion/religions/jainism/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Samsara

http://www.uni.pt/lib/homepages/
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http://enciclopedia.tiosam.com/enciclopedia
/enciclopedia.asp?title=jainismo

http://enciclopedia.tiosam.com/enciclopedia
/enciclopedia.asp?title=Mahavira

http://astrologia.sapo.pt/X865/445032.html

http://www.terraespiritual.locaweb.com.br
/religioes/jainismo.html

http://www.orepelaindia.com/
situacao_religiosa/jainismo/index.php

http://www.religiaodedeus.org.br/interna
/interno.php?sp=19217&ci=1&cs=30

http://www.gigabusca.com.br/wiki/Mahavira&.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_G._Ingersoll

http://www.umich.edu/~umjains/jainismsimplified/chapter06.html

http://www.dd-b.net/raphael/jain-list/msg02833.html

http://www.amorcosmico.com.br/hinduismo/conceitos/dharma.asp

http://www.vidyamandir.org.br/swami1.htm

Música de fundo:

Indian Music

Fonte:

http://www.netrover.com/~kingskid/cards/adventure.html