DONO
DE XIBIU OU DE PILA...
(Ode à Compreensão)
Rodolfo Domenico
Pizzinga
omo é possível alguém
tirar a pele por um vintém,
enricar com a dolor alheia
Como
é possível alguém
bodocar um joão-teneném,
ou migalhar um ortóptero?
João-teneném
Como
é possível alguém
vender seu voto e amém,
apoiar político
impudente
Como
é possível alguém
cagar mole para o Barém,
aplaudir a Coréia
do Norte
ou dissonar só
por esporte?
Como
é possível alguém
desconceituar um moslém,
pôr em ridículo
o Budismo
ou transtornar o Judaísmo?
Como
é possível alguém
prosperar com agiotagem,
lesar, mentirar e dissimular,
emagrar, descarnar e obrar?
Al Pacino (Shylock)
The Merchant of Venice
(O Mercador de Veneza)
Como
é possível alguém
apostrofar um zé-ninguém,
assarapolhar um ceguinho
ou rasteirar um aleijadinho?
Como
é possível alguém
tratar sem-teto com desdém,
um sem-ventura desprezar
ou um zé-quitolas
tiranizar?
Como
é possível alguém
servir ao mal e não
ao Bem,
ser assecla do coisa-à-toa
e curtir a crueza numa
boa?
Como
é possível alguém
ficar só no nhenhenhém,
sem alumiar nem libertar
ou sem atar nem desatar?
Própria
de u'a alma-mirim,
a canalhocratice é
sem-fim.
Então, o que a
seguir direi
em nada desacorda da Lei.
Lady Justice
(Justitia)
Dono de xibiu ou de pila,
everycada1
espera na fila.
Abra os zoio, ó
tremelica!
Quem
o riscado infringe,
doidamente, a si impinge
um depois fedorentérrimo,
nigérrimo e insalubérrimo.
Depois
(que é já, agora)
sentirá no bundão
a espora
Para ir além do
Quadrado,
É
caro? Dói? É proporcional.
Quem mandou ser abnormal?
Solariza o Sol... Neva
a neve...
O formigueiro nunca é
breve!
Há
quem renasça e remorra,
e não se liberte
da gangorra.
Já há aqueles
que aprendem,
comutam e, então,
ascendem.
De
repente... Compreensão!
— Oh!,
Deus de meu Coração!
Oh!,
Cegonha! Que vergonha!
Como
pude ser tão pamonha?
— Juro
que, daqui pra frente,
tudo
haverá de ser diferente.
Agora
que compreendi e sei,
nunca
mais afrontarei
a Lei.
— Isto
não é voto; é certeza,
pois,
pude desfrutar a Beleza.
Persuasão
de quem se libertou!
Vera
convicção: agora, Eu-sou!
—
Aportamos
para de pé ficar
e
para o páramo contemplar.
Como
poderão ser alforriados
—
Como
serão
bem-aventurados
os enfermiços
e amaldiçoados?
Como
poderão alcançar a LLuz
os que repintam
a negra Cruz?
—
Ocê,
que tá no desvio,
coragem:
atravesse seu rio.
Não
espere vir a pororoca,
que
arruína a alma e a oca.
A
Pororoca Arruinadora