MÂ ANANDA MOYÎ
(A Santa Impregnada de Alegria)

 

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Objetivo do Trabalho
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Este trabalho teve por objetivo reunir em coleção diversos fragmentos (alguns ligeiramente editados) do pensamento e dos ensinamentos místicos de Mâ Ananda Moyî – a santa encarnação projetada da alegria que veio a este mundo para transmitir, entre outros, o ensinamento que o Ser Supremo é alegria encarnada.

 

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

 

Nirmala Devi Sundari nasceu em 30 abril 1896, em Kheora, Índia, onde hoje se situa Bangladesh. Fez sua Grande Iniciação (Mahasamadhi) em 1982. Mais tarde, denominada Mâ Ananda Moyî (impregnada de alegria) por um devoto, acabou por ser considerada uma das maiores santas (um avatar, uma encarnação divina, uma projeção consciente de um ser divino à Terra) que a Índia conheceu no século XX. Mâ permanecia sempre alegre, feliz, bem-humorada e disposta a suportar as desarmonias dos demais. Nunca o seu temperamento sereno se alterou pela desconsideração e pela injustiça que observava. Sua infinita compaixão espalhava-se por tudo. Amigos, vizinhos, parentes, servos, animais e plantas eram tratados por Ela com o mesmo amor e o mesmo carinho.

 

Apesar de ter sido casada e da sua grande beleza (Mâ casou-se aos 13 anos), seu marido, Ramani Mohan Chakravarti – que se tornaria conhecido como Bholanâth, o nome que Mâ preferia chamá-lo – nunca manifestou qualquer desejo sexual para com ela, tendo se tornado seu primeiro discípulo. O marido de Mâ recebeu-A dignamente, e viveu com Ela de forma casta, até a sua morte, em 1938. Eles viveram uma vida de perfeito celibato, mesmo estando casados.

 

Em 3 agosto 1922, Mâ, que nunca teve um guru, passou por uma auto-iniciação que foi seguida por fenômenos de êxtase por até 12 horas, durante a qual seu corpo se tornou frio como gelo. Depois de deixar o samadhi, tudo à sua volta parecia estar inundado com alegria, e ela, a partir de então, praticamente, não precisou mais se alimentar e nem dormir, e não sentia mais dor. Em determinados jejuns que fazia, Mâ, em seu recolhimento espiritual, chegava a passar meses ingerindo diariamente apenas quatro colheres de água e nove grãos de arroz, que em nada afetava sua saúde, pois ela aprendera a aproveitar ao máximo a essência vital da água e do ar. A partir de então, uma luminosidade interior passou a se irradiar de seu ser, e numerosas pessoas passaram a vê-la envolta em um halo de luz projetado a uma grande distância circundando seu corpo.

 

Em 1925, a pedido de uma multidão de discípulos, Mâ aceitou celebrar publicamente o Culto à Deusa Kali (uma das Divindades mais cultuadas do Hinduísmo; no Tantrismo, Kali é considerada a Divina Mãe do Universo destruidora de toda a maldade). Foi nesta ocasião que, pela primeira vez, ela apareceu, aos olhos de todos, com os traços de Kali, depois de ter sido coroada com flores de sândalo destinados à estátua da Deusa. Em outras ocasiões, assumiu os semblantes de Krishna e de Dûrgâ, o princípio feminino de Shiva, acabando por ser, para todos, considerada a própria projeção da Mãe Divina. É interessante que a tradição desta celebração a Kali incluía, no passado, sacrifícios de animais, mas Mâ recusou estes tipos de imolações substituindo-os por um Fogo giratório simbólico, encarregando as mulheres presentes da entoação de cânticos (mantras), coisa que era reservada apenas aos homens.

 

Enfim, o que Mâ mais gostava de ensinar a seus discípulos era: Jo Ho jâye. O que acontece é desejado e bom. A própria morte, para Mâ, nada mais era do que um aspecto da vida – a Eterna Vida. Dizia: Para onde vai aquele que parte? De onde vem ele? Para este corpo não existe ida e não existe volta. O que existia antes permanece existindo agora. O que importa se morremos ou se permanecemos com vida? Mesmo depois da morte, ainda se continua a existir! Então, por que a revolta e a perturbação? Sob a aparência de separação e de união permanece sempre o Eu Supremo. Disto se infere que a encarnação e a desencarnação nada mais são do que faces distintas, mas ao mesmo tempo equivalentes, de uma mesma moeda: a Eterna e Santa Vida. Mas isto jamais poderá ser compreendido racionalmente, intelectivamente; só através da transrazão auto-iniciática o ser-no-mundo realizará a Unidade Cósmica.

 

 

 

 

 

O Pensamento Místico
de Mâ Ananda Moyî

(Fragmentos)

 

 

 

Mâ Ananda Moyî costumava contar esta história:

Um rei quis que os dois pintores mais famosos do reino competissem entre si. Pediu-lhes:

— 'Quero que cada um de vós pinte o quadro mais belo que exista ou que possa vir a existir'.

Colocou-os na mesma sala, dividindo-os por intermédio de uma cortina.

Um deles pintou um quadro fantástico, maravilha nunca antes vista; as cores e formas não pareciam pertencer a este mundo, a atmosfera sublime era celestial. O outro pintor dedicou todo o tempo para polir com um esmero impensável a parede.

O rei quis ver os trabalhos, e ordenou que abrissem a cortina. Em um dos lados da sala, um quadro fantástico. No outro, o seu reflexo espelhado na parede polida, parecendo ter uma beleza muito superior.

 

Um episódio real:

Em 1955, quando o juiz distrital de Vindhyachal soube que Mâ Ananda Moyî estava visitando a sua área, correu para ter o seu 'darshan' (a bênção de ver um santo em pessoa).

Mâ parecia estar esperando por ele, e levou-o para a varanda. Apontando para o jardim embaixo, ela instruiu:

— 'Deuses e deusas estão por aí, debaixo da terra. Eles me disseram que é muito cansativo ficar enterrado e que gostariam de ser retirados. Você pode ajudá-los?'

O juiz, imediatamente, reuniu um grupo de trabalho e começaram a cavar. Penetrar na rocha sólida era um trabalho árduo.

No segundo dia, o grupo estava cheio de irritação, questionando se o juiz tinha perdido a razão. No terceiro dia, eles descobriram duzentas primorosas estátuas antigas enterradas na lama.

 

O homem não é senão o Ser Eterno; mas, erroneamente, ele se vê como uma individualidade separada, centrada em seu corpo, e identificada por um determinado nome.

 

Encontro um vasto jardim espalhado por todo o Universo. Todas as plantas, todos os seres humanos, cada ser único com sua beleza única; todos os corpos iluminados estão neste jardim em várias maneiras.

 

O Nome de Deus é Ele-mesmo; o Nome e o Nomeado são idênticos.

 

Existe um estado do ser onde não importa que ele assuma uma forma ou outra, pois seja o que for, ele é.

 

Eu sou tudo aquilo que você achar que sou.

 

É quando se tenta limpar um charco que ele exala seus mais fétidos odores.

 

Assim como na vida cotidiana, no campo espiritual o que conta mais é a paciência.

 

Incontáveis são as sadhanas [realizações] pelas quais o homem pode trabalhar para obter a auto-realização; e todas estas variedades se revelaram a mim como parte de mim mesma.

 

Não há nada neste mundo; todavia, todos perseguem alucinadamente esse nada – alguns mais, outros menos.

 

Todo sofrimento é devido ao fato de que muitos são vistos onde há apenas Um.

 

 

 

 

Enquanto o homem não despertar para a sua identidade com o Uno, ele continuará preso à roda de nascimentos e de mortes.

 

A satisfação dos sentidos atua como um veneno lento. Por ela, o homem se encaminha para a morte. Por isto, é dever do homem, como ser humano, entrar na corrente que leva à imortalidade.

 

Quaisquer que sejam tuas imperfeições, não te aborreças, não percas a esperança. Procura aperfeiçoar-te.

 

Tudo é possível ao homem.

 

O Peregrino espiritual deve perseguir sua meta com determinação sem nunca deixar sua mente se distrair por nada.

 

A felicidade relativa – isto é, a felicidade que depende da realização de um desejo mundano – sempre termina em aflição.

 

Só terás paz se te elevares acima dos desejos mundanos.

 

Quem sou eu? O objetivo da vida humana é compreender isto.

 

 

 

 

Não encontrarás a paz no mundo exterior. Mergulha no mais profundo de ti mesmo e encontrarás a pérola inestimável.

 

É recomendado lembrar-se de Deus em todas as instâncias e de acolher tudo o que nos acontece como vindo de Deus. É necessário manter constantemente em vós o Seu pensamento e sentir a Sua presença.

 

Não é necessário alimento algum para preservar o corpo. Eu me alimento para manter uma aparência e um comportamento normal, de forma que você não se sinta desconfortável comigo.

 

Por que vocês se sentem tão contrariados em relação às doenças? Assim como vocês, elas também têm acesso a este corpo! Alguma vez eu disse para vocês irem embora?

 

Este corpo não tem doença alguma paizinho, ele está apenas sendo chamado de volta ao Imanifesto. Tudo que você vê acontecendo agora está conduzindo a este evento.

 

Vocês lamentam e choram quando uma pessoa vai para uma outra sala da casa? A morte está inevitavelmente conectada à vida. Na esfera da imortalidade, que significado tem a perda e a morte? Ninguém está perdido para mim.

 

Certa vez, Paramahansa Yogananda pediu que Mâ Ananda Moyî lhe contasse alguma coisa de sua vida. Ela respondeu: Minha consciência nunca se relacionou com este corpo efêmero. Antes de eu vir à esta Terra, eu era a mesma. Em criança, eu era a mesma. Transformei-me em mulher, e ainda era a mesma. Quando a família em que nasci fez os arranjos para casar este corpo, eu era a mesma, e, diante de vós, agora, eu sou a mesma. Mesmo depois, embora a dança da criação mude ao meu redor no salão da eternidade, eu serei a mesma.

 

Devemos desejar Deus com tanta intensidade quanto um náufrago anseia por chegar à praia.

 

Tudo está nas mãos de Deus. Você é instrumento d'Ele para ser usado por Ele como Ele quiser.

 

Permaneça sempre calmo e não se esqueça de que tudo o que Deus faz, a qualquer tempo, é benéfico. Por que se inquietar se, no curso dos eventos, as circunstâncias se modificam? Tudo o que acontece, a todo instante, ocorre de acordo com a Sua vontade.

 

Deus é tudo em tudo.

 

 

 

 

O homem nasce a fim de esgotar seu 'karma' e de escapar do ciclo de nascimentos e de renascimentos. Mas, o homem que possui um poder supranormal – quer dizer, aquele no qual despertou o poder divino – pode modificar seu 'karma'. O guru se manifesta a partir do interior. Quando surge uma busca verdadeira, autêntica, a iluminação se produz forçosamente. Não pode ser de outra forma. Aquele que surge sob os traços do guru é revelado ou então Se revela Ele-mesmo. (Grifo meu).

 

Sorria o mais que puder. Fazendo isto, todos os nós rígidos no seu corpo serão afrouxados. Tornando seus os interesses das outras pessoas, busque refúgio a seus pés com total entrega. Então, você verá o quanto o riso que flui do seu Coração irá iluminar o mundo.

 

Por que existem religiões diferentes e tanto conflito entre elas? A controvérsia faz parte da trajetória, mas, na verdade, todos estão em sua própria casa. O mesmo caminho não é para todo mundo. Mesmo dentro de uma família, cada filho tem inclinações diferentes. Cada pessoa, em busca espiritual, é moldada em um caminho único, mas todas precisarão passar pelo portão da verdade.

 

 

Religiões

 

 

O tempo devora incessantemente. Tão logo a infância acaba, a juventude assume o seu lugar – uma engolindo a outra. Mas, na realidade, o surgimento, a continuidade e o desaparecimento ocorrem simultaneamente em um só lugar. Tudo é infinito; infinito e finito são, de fato, a mesma coisa. Em uma grinalda, há um único fio, embora haja lacunas entre as flores. São as lacunas que causam a carência e o sofrimento. Preenchê-las é se libertar.

 

A origem do sofrimento está na separação da pessoa do seu próprio Ser Interior, na dualidade de percepção; quando só a Unidade é percebida, a dor e o sofrimento desaparecem.

 

Todas as pessoas são, de fato, renunciantes; mas a maioria renunciou a Deus em vez de ter renunciado aos prazeres mundanos.

 

O critério último para qualquer decisão deve ser: Essa ação me levará ou não à realização de Deus?

 

Para este corpo, a questão do ir e do vir absolutamente não procede. Este corpo não vem nem vai a lugar algum. O Universo, como um todo, é o lar deste corpo. Para onde este corpo pode ir? Em todos os lugares, só existe uma única Consciência Onipresente. Não há nenhum espaço para o corpo se mover ou até mesmo para se virar. Mesmo se for empurrado, ainda estará lá.

 

 

 

O maior obstáculo à auto-realização é o ego negativo.

 

Lembre-se de que o sofrimento que você experimenta é o início de um despertar da consciência.

 

Todo mundo é um guru. Cada pessoa, através da qual alguém aprendeu algo, não importa o quão insignificante seja, é um guru. Porém, o verdadeiro guru é aquele cujos ensinamentos guiam você em direção à compreensão do Eu. Implore continuamente a Deus para que Ele possa Se revelar a você como o seu Mestre Espiritual, e a menos que você descubra seu Guru Interior, nada pode ser alcançado.

 

A única realidade é a Realidade Divina. A nossa percepção de nós mesmos – como separados de Deus – é apenas um sonho, uma imposição da ignorância. Só as pessoas que se libertam dos seus apegos a desejos mesquinhos e a motivações egoístas, voltando-se sinceramente para o divino – não no céu, mas em si mesmas – podem viver cada momento em perfeita alegria. (Grifo meu).

 

Como 'Athma'1, eu sempre estarei com você.

 

A vocação da Humanidade é encontrar Deus.

 

 

A Título de Conclusão

 

 

Por que tanta vaidade? Por que tanta desfraternidade? Por que tanto preconceito? Por que tanto desejo imoderado de bens, de riquezas e de honras? Por quê? Porque, simplesmente, o demônio interior (por nós fabricado) ainda prevalece sobre o Deus Interior – que ainda dorme!

 

 

 

 

 

 

 

 

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Nota:

1. Em sua conhecida obra, L’Archéomètre, Saint-Yves D’Alveydre explicou: MATRA é a medida-mãe por excelência, expressando a unidade em todas as coisas. MAeTRA é, também, o sinal métrico do Dom Divino, o da Substância em todos os graus proporcionais de suas equivalências. No grau psíquico universal – AMaTh do AThMa e AThMa do AMaTh e sua MaThA – simbolizam a bondade maternal e o amor Ahebah (AHBH) feminino de Deus para com toda a criação. E um ciclo total de vida é, em média, regido pelo número 144, que lembra 1440 (AThMa), que gera 144000. Livro da Revelação! 144000 eleitos! Todavia, todos são eleitos, pois, como afirmou Mâ, o Universo, como um todo, é o lar deste corpo!

É interessante, rapidamente, examinar a Gematria de AHBH, método hermenêutico de análise de palavras que atribui um valor numérico definido a cada letra hebraico-arqueométrica. Achad (AChD), que significa Unidade, e Ahebah (AHBH), que significa Amor, têm o mesmo Valor Numérico Externo 13, que por adição teosófica se reduz a 4, e que tem como Valor Secreto 10 (1 + 2 + 3 + 4), que se reduz teosoficamente a 1.

AChD: A = 1, Ch = 8, D = 4 = 1 + 8 + 4 = 13 —› 1

AHBH: A = 1, H = 5, B = 2, H = 5 = 1 + 5 + 2 + 5 = 13 —› 1

Disto, se pode concluir que AChD AHBH.

 

 

 

 

Bibliografia:

Mâ Ananda Moyî. In: As grandes Iniciadas (ou o misticismo no feminino). Hélène Bernard. Coordenação e supervisão de Charles Vega Parucker. Biblioteca Rosacruz. 3ª edição. Curitiba: Ordem Rosacruz, AMORC, 1995, pp. 97 - 105.

SAINT-YVES D’ALVEYDRE. El Arqueómetro/L’Archéomètre. 2ª ed. Traduzido por Manuel Algora Corbí. España: Editorial Humanitas, S.L., 1997.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.loveofpoetry.com/visualarts.htm

http://www.hermanubis.com.br/
LivrosVirtuais/LVGematria.htm

http://www.ocultura.org.br/
index.php/Gematria

http://pt.wikipedia.org/wiki/Kali

http://fr.wikipedia.org/wiki/
M%C3%A2_Ananda_Moy%C3%AE

http://www.anandamayi.org/12.htm

http://www.anandamayi.org/1.htm

http://www.almasdivinas.com.br/
filhas_deusa/anandamayima_3.htm

http://www.almasdivinas.com.br/
filhas_deusa/anandamayima_2.htm

http://www.almasdivinas.com.br/
filhas_deusa/anandamayima.htm

http://www.almasdivinas.com.br/
filhas_deusa/anandamayima_ensinamentos.htm

http://books.google.pt

http://www.anandamayi.org/
ashram/portuguese/a1_ptbr.html

http://books.google.com.br/

http://www.namasmarana.org/lecentre-pt.htm

http://josemariaalves.blogspot.com/
2008/12/uma-histria-de-ma-ananda-moyi.html