Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

A covardia coloca a questão: é seguro? O comodismo coloca a questão: é popular? A consciência coloca a questão: é correto? Enfim, chega um momento em que temos que tomar uma decisão que não é segura, que não é elegante e que não é popular. Temos de fazer porque a nossa consciência nos diz que essa é a atitude correta.

 

Martin Luther King, Jr. (1929 – 1968)

 

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

 

 

 

 

Martin Luther King, Jr. foi um importante pastor evangélico e ativista político norte-americano. Lutou em defesa dos direitos sociais para os negros e mulheres, combatendo o preconceito e o racismo. Defendia a luta pacífica, baseada no amor ao próximo, como forma de construir um mundo melhor, baseado na igualdade de direitos sociais e econômicos.

 

 

Linha de Tempo

 

 

– Martin Luther King, Jr. nasceu em 15 de janeiro de 1929 na Cidade de Atlanta (Estado da Geórgia).

Formou-se em sociologia em 1948 na Morehouse College.

Em 1951, formou-se no Seminário Teológico Crozer.

Em 1954, tornou-se pastor da Igreja Batista da cidade de Montgomery (Estado da Virgínia).

Em 1953, casou-se com Coretta Scott King com quem teve quatro filhos.

Em 1955, recebeu um PhD em Teologia Sistemática pela Universidade de Boston.

Em 1955, foi um dos líderes ao boicote às empresas de ônibus da cidade de Montgomery. Este boicote era para pressionar o Governo a acabar com a discriminação que havia contra os negros no transporte público dos Estados Unidos. A Suprema Corte Americana acatou as reivindicações dos ativistas e terminou com a discriminação no sistema de transportes públicos.

Em 1957, participou da fundação da Conferência de Liderança Cristã do Sul. Luther King liderou a CLCS, que lutava pelos direitos civis.

Na década de 1960, King liderou várias marchas de protesto e manifestações pacíficas em defesa dos direitos iguais entre brancos e negros e o fim do preconceito e da discriminação racial.

Em 1964: aprovação da Lei de Direitos Civis.

Em 1965: Lei de Direitos Eleitorais.

Em 1965 King passou a duvidar das intenções estadunidenses na Guerra do Vietnã.

Em 14 de outubro de 1964, King se tornou a pessoa mais jovem a receber o Nobel da Paz, que lhe foi outorgado em reconhecimento à sua liderança na resistência não-violenta e pelo fim do preconceito racial nos Estados Unidos.

Em 1967, King fez vários discursos protestando contra a participação dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã.

Em 1968, King organizou a Campanha dos Pobres pregando a justiça social e econômica.

Em função de sua atuação social e política, Luther King despertou muito ódio naqueles que defendiam a segregação racial nos Estados Unidos. Durante quase toda sua vida adulta, foi constantemente ameaçado de morte por estas pessoas e grupos.

Na manhã de 4 de abril de 1968, antes de uma marcha, Martin Luther King, Jr. foi assassinado no quarto de um hotel na cidade de Memphis.

Sua atuação política e social foi fundamental nas mudanças que ocorreram nas leis dos Estados Unidos nas décadas de 1950 e 1960. As leis segregacionistas foram caindo dando espaço para uma legislação mais justa e igualitária. Embora sua atuação tenha sido nos Estados Unidos, King é até hoje lembrado nos quatro cantos do mundo como símbolo de luta pacífica pelos direitos civis.

Em 1986, foi estabelecido um feriado nacional nos EUA para homenagear Martin Luther King – o Dia de Martin Luther King – sempre na terceira segunda-feira do mês de janeiro, data próxima ao aniversário de King. Em 1993, pela primeira vez, o feriado foi cumprido em todos os estados do País.

 

 

 

 

Objetivo Deste Estudo

 

 

 

Este estudo recorda pensamentos, sonhos e ideais de Martin Luther King, Jr. Os sonhos e os ideais de King são os sonhos e os ideais de todos os seres-no-mundo dignos, fraternos e livres. São os meus sonhos e os meus ideais. Se é isto mesmo, garimpei aqui e ali alguns fragmentos destes sonhos e desses ideais para que os que lerem este arrolamento possam recordar e refletir sobre as palavras de King. Mississippi em chamas, Ku Klux Klan, segregação racial e apartheid são (quase) coisas do passado.

 

 

 

 

 

 

 

 

Martin Luther King, Jr.
(Pensamentos, Sonhos e Ideais)

 

 

 

O que mais preocupa não é o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons.

 

O tumulto é a linguagem daqueles que ninguém entende.

 

O perdão é um catalisador que cria a ambiência necessária para uma nova partida, para um reinício.

 

O braço do universo moral é longo, mas se dobra para a justiça.

 

A greve, no fundo, é a linguagem dos que não são ouvidos.

 

Pouca coisa é necessária para transformar inteiramente uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios.

 

Todo o progresso é precário; a solução para um problema coloca-nos diante de outro problema.

 

O bom vizinho olha além das circunstâncias externas e distingue aquelas qualidades intrínsecas que fazem de todos os homens seres humanos e, portanto, irmãos.

 

É errôneo servir-se de meios imorais para alcançar [presumidos] objetivos morais.

 

Quase sempre minorias criativas e dedicadas tornam o mundo melhor.

 

Se eu soubesse que o mundo se desintegraria amanhã, ainda assim plantaria a minha macieira. O que me assusta não é a violência de poucos, mas a omissão de muitos. Temos aprendido a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas não aprendemos a sensível arte de viver como irmãos.

 

Nossa eterna mensagem de esperança é que a aurora chegará.

 

O que vale não é o quanto se vive, mas como se vive.

 

Se um homem não descobriu algo por que morrer, ele não está preparado para viver.

 

Nós não podemos nos concentrar somente na negatividade da guerra, mas, também, na positividade da paz.

 

Sonho com o dia em que a justiça correrá como água e a retidão como um caudaloso rio.

 

Nós não somos o que gostaríamos de ser. Nós não somos o que ainda iremos ser. Mas, graças a Deus, não somos mais quem nós éramos.

 

O ser humano deve desenvolver, para todos os seus conflitos, um método que rejeite a vingança, a agressão e a retaliação. A base para este tipo de método é o amor.

 

Não permita que ninguém o faça descer tão baixo a ponto de você sentir ódio.

 

Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas dê o primeiro passo.

 

Através da violência você pode matar um assassino, mas não pode matar o assassinato. Através da violência você pode matar um mentiroso, mas não pode estabelecer a verdade. Através da violência você pode matar uma pessoa odienta, mas não pode matar o ódio. A escuridão não pode extinguir a escuridão. Só a luz pode.

 

Seu destino é traçado pelos seus próprios pensamentos, e não por alguma força que venha de fora. O seu pensamento é a planta concebida por um arquiteto para construir um edifício denominado prosperidade. Você deve tornar o seu pensamento mais elevado, mais belo e mais próspero.

 

Não fiz o melhor, mas fiz tudo para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas não sou mais o que era antes.

 

Não se esquece nada mais devagar do que uma ofensa; e nada mais rápido do que um favor.

 

Mesmo as noites completamente sem estrelas podem anunciar a aurora de uma grande realização.

 

Enfrentaremos a força física com a nossa força moral.

 

A verdadeira paz não é somente a ausência de tensão; é a presença de justiça.

 

Nunca estarei satisfeito até que a segregação racial desapareça da América.

 

Nada no mundo é mais perigoso do que a ignorância sincera e a estupidez conscienciosa.

 

O que afeta diretamente uma pessoa afeta a todos indiretamente.

 

O amor é a única força capaz de transformar um inimigo em um amigo.

 

Tenho visto demasiado ódio para querer odiar.

 

O desespero de hoje é um pobre formão para fincar a justiça de amanhã. O movimento 'Black Power' é uma crença implícita e muitas vezes explícita no separatismo dos negros. Todavia, atrás da preocupação legítima e necessária do 'Black Power' de uma unidade de grupo e identidade negra, jaz numa crença que pode ser para o negro uma estrada separada para o poder e a realização. São idéias curtas e irreais. Não há nenhuma salvação para o negro através do isolamento.

 

Como uma idéia cujo tempo chegou, nem mesmo a marcha de exércitos poderosos poderá nos parar. Estamos nos mudando para a terra da liberdade. Vamos marchar para a realização do Sonho Americano. Vamos marchar sobre o alojamento segregado. Vamos marchar sobre escolas segregadas. Vamos marchar sobre a pobreza. Vamos marchar sobre as urnas eleitorais; marchar sobre as urnas até que os molestadores de raças desaparecerem da arena política, até que os Wallaces da nossa nação estremeçam longe, em silêncio.

 

Nossas vidas começam a terminar no dia em que permanecemos em silêncio sobre as coisas que importam.

 

Devemos construir diques de coragem para conter a correnteza do medo.

 

Uma das coisas importantes da não-violência é que não busca destruir a pessoa, mas transformá-la.

 

Devemos aceitar a decepção finita, mas nunca perder a esperança infinita.

 

Mais cedo ou mais tarde, todos os povos do mundo terão de descobrir um modo de viver juntos, em paz, e por meio disso transformar esta elegia cósmica inacabada em um salmo criativo de fraternidade. Eu me recuso em aceitar a visão de que a Humanidade é tão tragicamente atada à uma meia-noite sem estrelas de racismo e de guerras que a aurora brilhante da paz e da fraternidade nunca possa tornar-se uma realidade. É por isto que o direito, temporariamente derrotado, é mais forte do que a maldade triunfante.

 

Pessoas oprimidas não podem permanecer oprimidas para sempre.

 

A nossa geração não lamenta tanto os crimes dos perversos quanto o estarrecedor silêncio dos bondosos.

 

Em seu comunicado – [falando a um jornalista] você afirmou que as nossas ações, apesar de pacíficas, devem ser condenadas porque elas precipitam a violência. Isto não seria como condenar Jesus porque a sua consciência de um único Deus e a devoção incessante à vontade de Deus precipitou o mau ato da Crucificação?

 

Antes que os peregrinos aportassem em Plymouth, estávamos aqui. Antes que a caneta de Jefferson grafasse, com tinta indelével através das páginas da História as palavras majestosas da Declaração da Independência, estávamos aqui. Se as crueldades inexprimíveis da escravidão não nos puderam parar, a oposição que agora enfrentamos seguramente falhará. Ganharemos nossa liberdade porque a herança sagrada da nossa nação e a vontade eterna de Deus é personificada nos ecos de nossas exigências.

 

A violência cria mais problemas sociais do que os que resolve.

 

A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar.

 

Devemos aprender a viver juntos como irmãos ou perecer juntos como tolos.

 

Ao final, não nos lembraremos tanto das palavras de nossos inimigos, senão dos silêncios de nossos amigos.

 

Se eu puder ajudar alguém a seguir a diante, alegrar alguém com uma canção, mostrar o caminho certo, cumprir meu dever como cristão – que é divulgar a mensagem que Cristo deixou então, minha vida não terá sido em vão.

 

A covardia coloca a questão: é seguro? O comodismo coloca a questão: é popular? A consciência coloca a questão: é correto? Enfim, chega um momento em que temos que tomar uma decisão que não é segura, que não é elegante e que não é popular. Temos de fazer porque a nossa consciência nos diz que essa é a atitude correta.

 

Nada que um homem faça o envelhece mais do que permitir se tomar de ódio por alguém.

 

Ajudar uma só pessoa a ter esperança é não ter vivido em vão.

 

A verdadeira medida de um homem não é como ele se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas como ele se mantém em tempos de controvérsia e desafio.

 

Nesta hora da História é preciso um círculo dedicado de não-conformistas transformados. As paixões perigosas de orgulho, de ódio e de egoísmo estão entronizadas em nossas vidas; a verdade está prostrada nas colinas ásperas de Calvários sem nome. A salvação do nosso mundo do juízo virá não pela complacente acomodação da maioria dos conformados, mas pelo desajuste criativo de uma minoria não-conformada.

 

É melhor tentar e falhar do que ver a vida passar... É melhor tentar, ainda que em vão, do que sentar e nada fazer até o final.

 

Eu tive muitas coisas que guardei em minhas mãos, e as perdi. Mas tudo o que eu guardei nas mãos de Deus, eu ainda possuo.

 

Uma nação que gasta mais dinheiro em armamento militar do que em programas sociais se acerca à morte espiritual.

 

Quando os nossos dias se tornarem obscurecidos por nuvens negras e baixas, quando as nossas noites forem mais negras do que mil noites, lembremo-nos de que no Universo há um grande e benigno poder que é capaz de abrir caminho onde não há caminho e é capaz de transformar o ontem sombrio em um luminoso amanhã.

 

De minha formação cristã obtive meus ideais e de Gandhi a técnica da ação.

 

Talvez o sofrimento e o amor tenham uma capacidade de redenção que os homens esqueceram ou, ao menos, descuidado.

 

Ninguém montará em cima de nós se não nos curvarmos.

 

A discriminação dos negros está presente em cada momento de suas vidas para recordar-lhes que a inferioridade é uma mentira que só aceita como verdadeira a sociedade que os domina.

 

Eu prefiro caminhar na chuva do que em dias tristes em casa me esconder.

 

O Comunismo existe hoje por que o Cristianismo não está sendo suficientemente cristão.

 

O homem nasceu na barbárie quando matar seu semelhante era uma condição normal da existência. E agora chegou o dia em que a violência para com outro ser humano deve ser tão abominável como comer a carne de outro.

 

Eu prefiro ser feliz, embora louco, do que em conformidade viver.

 

Cada dia é o dia do julgamento. Nós, com nossos atos e com nossas palavras, com nosso silêncio e com nossa voz, vamos escrevendo continuamente o livro da vida. A luz veio ao mundo, e cada um de nós deve decidir se quer caminhar na luz do altruísmo construtivo ou nas trevas do egoísmo. Portanto, a mais urgente pergunta a ser feita nesta vida é: 'O que fiz hoje pelo outro?'

 

 

 

 

 

 

 

 

 

I Have a Dream
(Eu Tenho um Sonho)

(Discurso realizado em 28 de agosto de 1963, em Washington, EUA, no Lincoln Memorial)

 

 

Eu estou contente em unir-me com vocês no dia que entrará para a História como a maior demonstração pela liberdade na História de nossa nação.

Cem anos atrás, um grande estadunidense, na qual estamos sob sua simbólica sombra, assinou a Proclamação de Emancipação. Este importante Decreto veio como um grande farol de esperança para milhões de escravos negros que tinham murchado nas chamas da injustiça. Ele veio como uma alvorada para terminar a longa noite de seus cativeiros. Mas, cem anos depois, o negro ainda não é livre. Cem anos depois, a vida do negro ainda é tristemente inválida pelas algemas da segregação e pelas cadeias de discriminação. Cem anos depois, o negro vive em uma ilha só de pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o negro ainda adoece nos cantos da sociedade estadunidense e se encontra exilado em sua própria Terra. Assim, nós viemos aqui, hoje, para dramatizar sua vergonhosa condição.

De certo modo, nós viemos à Capital de nossa Nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa República escreveram as magníficas palavras da Constituição e a Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória para a qual todo estadunidense seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens – sim, os homens negros como também os homens brancos – teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida, liberdade e a busca da felicidade. Hoje, é óbvio que aquela América não apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação sagrada, a América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque que voltou marcado com 'fundos insuficientes'.

Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta Nação. Assim, nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça.

Nós também viemos para recordar à América dessa cruel urgência. Este não é o momento para descansar no luxo refrescante ou tomar o remédio tranqüilizador do gradualismo. Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas de Democracia. Agora é o tempo para subir do vale das trevas da segregação ao caminho iluminado pelo Sol da Justiça racial. Agora é o tempo para erguer nossa Nação das areias movediças da injustiça racial para a pedra sólida da fraternidade. Agora é o tempo para fazer da Justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.

Seria fatal para a Nação negligenciar a urgência deste momento. Este verão sufocante do legítimo descontentamento dos negros não passará até termos um renovador outono de liberdade e de igualdade. Este ano de 1963 não é um fim, mas um começo. Esses que esperam que o negro agora estará contente, terão um violento despertar se a Nação voltar aos negócios de sempre.

Mas há algo que eu tenho que dizer ao meu povo que se dirige ao portal que conduz ao palácio da Justiça. No processo de conquistar nosso legítimo direito, nós não devemos ser culpados de ações de injustiças. Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa luta em um alto nível de dignidade e de disciplina. Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com a força de alma. Nossa nova e maravilhosa combatividade mostraram à comunidade negra que não devemos ter uma desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, que vieram entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram perceber que a liberdade deles está ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar sozinhos.

E como nós caminhamos, nós temos que fazer a promessa que nós sempre marcharemos à frente. Nós não podemos retroceder. Há esses que estão perguntando para os devotos dos direitos civis: 'Quando vocês estarão satisfeitos?'

Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o negro for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade policial. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados com a fadiga da viagem, não puderem ter hospedagem nos motéis das estradas e os hotéis das cidades. Nós não estaremos satisfeitos enquanto um negro não puder votar no Mississippi e um negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar. Não! Não! Nós não estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a Justiça e a retidão rolem abaixo como águas de uma poderosa correnteza.

Eu não esqueci que alguns de vocês vieram até aqui após grandes testes e sofrimentos. Alguns de vocês vieram recentemente de celas estreitas das prisões. Alguns de vocês vieram de áreas onde a busca pela liberdade deixou marcas pelas tempestades das perseguições e pelos ventos da brutalidade policial. Vocês são os veteranos do sofrimento. Continuem trabalhando com a fé que sofrimento imerecido é redentor. Voltem para o Mississippi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para Louisiana, voltem para as ruas sujas e guetos de nossas cidades do norte, sabendo que, de alguma maneira, esta situação pode e será mudada. Não se deixem caiar no vale de desespero.

Eu digo a vocês hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã, eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.

Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença. Nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos que os homens são criados iguais.

Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos descendentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.

Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo o Estado do Mississippi – um Estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão – será transformado em um oásis de liberdade e justiça.

Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma Nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação, que nesse justo dia, no Alabama, meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado e todas as colinas e montanhas virão abaixo; os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados; e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta.

Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa Nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos e, quem sabe, nós sejamos um dia livres. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar um novo significado.

Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto.

Terra onde meus pais morreram; Terra do orgulho dos peregrinos,

De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!

E se os Estados Unidos são uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro.

E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire.

Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas de Nova York.

Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania.

Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado.

Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia.

Mas não é só isto. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia.

Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee.

Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississippi.

Em todas as montanhas, ouvirei o sino da liberdade.

E quando isto acontecer, quando nós permitirmos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia em que todas as crianças de Deus, homens negros e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro:

Livre afinal! Livre afinal!

Agradeço ao Deus todo-poderoso. Nós somos livres afinal!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Páginas da Internet consultadas:

http://olharcristao.blogspot.com/2008/08/
pastor-martin-luther-king-e-os-direitos.html

http://www.suapesquisa.com/
biografias/luther_king.htm

http://www.frasesfamosas.com.br/
de/martin-luther-king.html

http://frases.netsaber.com.br/busca_up.php?l
=&buscapor=Martin%20Luther%20King

http://www.ditados.com.br/
autor.asp?autor=Martin%20Luther%20King

http://www.sitequente.com/
frasesde/martinlutherking.html

http://en.wikipedia.org/
wiki/Martin_Luther_King,_Jr.

http://www.pensador.info/
autor/Martin_Luther_King/

http://www.portalafro.com.br/
religioes/evangelicos/martin.htm

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Martin_Luther_King_Jr.

http://pt.wikiquote.org/
wiki/Martin_Luther_King

 

Fundo musical:

Ol' Man River
Letra: Oscar Hammerstein II
Música: Jerome Kern

Fonte:

http://www.geocities.com/
BourbonStreet/Delta/3469/pianobar.html