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Notas:
1. Isolacionismo
é a doutrina que preconiza o isolamento de um país do cenário
internacional, mediante recusa a formar alianças, assumir compromissos
econômicos externos e assinar acordos bilaterais. Um exemplo sabido
de isolacionismo foi a negativa de os Estados Unidos da América ratificarem
o Protocolo de Quioto. O ex-presidente George W. Bush, de triste memória,
alegou que os compromissos impostos por tal Protocolo interfeririam negativamente
na economia norte-americana. Na época, os experts
da Casa Branca também questionaram os alertas dos cientistas de que
os poluentes emitidos pelo homem causam a elevação da temperatura
da Terra. Nem Al Gore, vice-presidente durante a administração
Clinton e prêmio Nobel da Paz de 2007, conseguiu convencer os Bush
Boys e as Bush
Ladies de que as alterações climáticas
induzidas pelo homem poderão comprometer irremediavelmente a estabilidade
ecossistêmica da Terra. Contudo, mesmo o Governo dos Estados Unidos
não tendo assinado o Protocolo de Quioto, alguns municípios,
determinados Estados (por exemplo, a Califórnia) e donos de indústrias
do nordeste dos Estados Unidos já começaram a pesquisar maneiras
para reduzir a emissão de gases promotores do efeito estufa (aumento
da temperatura das camadas atmosféricas inferiores devido à
retenção do calor irradiado pela superfície do planeta
e em conseqüência do acúmulo de gases, especialmente do
dióxido de carbono), tentando, por sua vez, não diminuir sua
margem de lucro com esse procedimento. Seja como for, a regra é:
profit
primeiro, preocupação com o greenhouse
effect sempre em segundo plano.
Dióxido
de carbono (CO2)
Efeito
Estufa
Mais
acima fiz referência ao fato de Bush ter sido um presidente de triste
memória. Para não ficar arrolando todos os absurdos que ele
disse e – pior! –
que ele fez ou que mandou fazer,
vou relembrar apenas dois: 1º) o conceito escalabushético
de eixo do mal,
para se referir aos
três Estados soberanos do
Irã, do Iraque e da Coréia do Norte,
que, para ele, simbolizavam uma legião de demônios que representava
os grandes adversários dos Estados Unidos (o Iraque ele destruiu
simplesmente porque Saddam Hussein começou a vender o petróleo
iraquiano por euros e não por dólares; o Irã
e a Coréia do Norte escaparam por muito pouco);
e 2º) designação
de Cuba
e da Líbia como
Estados vilões,
entre
outros.
Como refletiu Manuel Cambeses Júnior, estas,
dentre muitas outras, foram ações daninho-autoritárias
que puseram em movimento
uma dinâmica política que implicou em uma volta ao unilateralismo,
implicaram no surgimento de uma presidência não afeita ao diálogo
e à conciliação, determinaram o fortalecimento de diversas
ações militares com um debilitamento inversamente proporcional
da opção diplomática e facilitaram a prevalência
predatória dos falcões
sobre as pombas;
os falcões
constrangendo a guerras
e sangue e as pombas
recomendando diálogo
e apaziguamento. Tudo isto (e mais o resto) é ou não é
de triste memória? E, no rastro da quebradeira da Economia americana
– cujo principal motivo quebrantador foi o sem-vergonha do subprime
(crédito de risco, concedido a um tomador que não oferece
garantias suficientes para se beneficiar de uma taxa de juros mais vantajosa)
–
a Economia mundial foi
para o brejo e o caos econômico-financeiro se instalou! No futuro,
à medida que as nações do mundo se tornarem efetivamente
independentes e decidirem comprar petróleo, café, trigo, soja,
créditos de carbono, energia elétrica, aço, prata,
cobre e outras commodities (qualquer bem em estado bruto, normalmente
de origem agropecuária ou de extração mineral ou vegetal,
produzido em larga escala mundial e com características físicas
homogêneas, seja qual for a sua origem, geralmente
destinado ao comércio externo) com suas próprias moedas ou
com outras que venham a ser internacionalmente aceitas (reais, euros, rublos,
iuans e ienes, por exemplo), ao invés de usarem exclusivamente dólares
americanos, os países-membros da Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (OPEP) e o resto do mundo acabarão
por abandonar o dólar ou restringir seu uso. Daí, no caso
da Economia
americana, passar
do brejo para o vinagre é uma questão de mais ou de menos
tempo, a não ser que... Os chineses já estão botando
suas manguinhas de fora (e estão gostando!), dando verdadeiras aulas
de Economia – e até de política internacional! –
aos manda-chuvas imperiais,
que sempre fizeram secar ou chover quando bem queriam! Mas, como Barack
Obama é o primeiro
Presidente dos Estados Unidos com cara de gente, como disse
recentemente o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vamos esperar
e torcer que ele e a União Européia decidam tratar como gente
as gentes do nosso mundo. Enfim, não há economista que não
saiba que tudo se resume a três itens fundamentais: 1º) compromisso
de não impor novas restrições ao comércio e
de eliminar progressivamente as restrições
existentes; 2º)
implementar um novo sistema de regulação bancária mundial
e dar um basta definitivo nos paraísos fiscais (estados ou regiões
autônomas nos quais a lei facilita a aplicação de capitais,
oferecendo uma espécie de dumping fiscal); e 3º) reforçar
substantivamente as instituições multilaterais (FMI e Banco
Mundial). Entretanto, essas medidas necessárias não adiantarão
(bu)lhufas se não cuidarmos da Terra como um todo-vivo, e, portanto,
sensitivo e reativo, particularmente no que se refere ao aquecimento global.