LULABAMA

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Torço pelo Obama assim como torço pelo Ronaldão do Corinthians... Rezo muito mais para ele do que para mim mesmo, porque o pepino dele é muito maior do que o meu... Obama parece um de nós [brasileiros]. Se você encontrar o Obama na Bahia, você pensa que ele é baiano. Se encontrar no Rio de Janeiro, você pensa que ele é carioca.

 

 

Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente do Brasil


 

 

 

 

 

 

 

 

Nada está desvinculado;

tudo está entremeado.

Obama é tão americano

quanto é um bom baiano.

 

 

Isolacionismo1 não é denodo2;

Luiz Inácio é tão brasiliano

quanto é um honoluluano.

 

 

Essa coisa de você fica lá

e eu fico do lado de cá

é uma cegueira sesquipedal.

 

 

Tudo que alguém possa ser3

ou mesmo que possa saber,

se tanto, dá dentro dum dedal!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Isolacionismo é a doutrina que preconiza o isolamento de um país do cenário internacional, mediante recusa a formar alianças, assumir compromissos econômicos externos e assinar acordos bilaterais. Um exemplo sabido de isolacionismo foi a negativa de os Estados Unidos da América ratificarem o Protocolo de Quioto. O ex-presidente George W. Bush, de triste memória, alegou que os compromissos impostos por tal Protocolo interfeririam negativamente na economia norte-americana. Na época, os experts da Casa Branca também questionaram os alertas dos cientistas de que os poluentes emitidos pelo homem causam a elevação da temperatura da Terra. Nem Al Gore, vice-presidente durante a administração Clinton e prêmio Nobel da Paz de 2007, conseguiu convencer os Bush Boys e as Bush Ladies de que as alterações climáticas induzidas pelo homem poderão comprometer irremediavelmente a estabilidade ecossistêmica da Terra. Contudo, mesmo o Governo dos Estados Unidos não tendo assinado o Protocolo de Quioto, alguns municípios, determinados Estados (por exemplo, a Califórnia) e donos de indústrias do nordeste dos Estados Unidos já começaram a pesquisar maneiras para reduzir a emissão de gases promotores do efeito estufa (aumento da temperatura das camadas atmosféricas inferiores devido à retenção do calor irradiado pela superfície do planeta e em conseqüência do acúmulo de gases, especialmente do dióxido de carbono), tentando, por sua vez, não diminuir sua margem de lucro com esse procedimento. Seja como for, a regra é: profit primeiro, preocupação com o greenhouse effect sempre em segundo plano.

 

Dióxido de carbono (CO2)

 

 

 

Efeito Estufa

 

 

Mais acima fiz referência ao fato de Bush ter sido um presidente de triste memória. Para não ficar arrolando todos os absurdos que ele disse e – pior! que ele fez ou que mandou fazer, vou relembrar apenas dois: 1º) o conceito escalabushético de eixo do mal, para se referir aos três Estados soberanos do Irã, do Iraque e da Coréia do Norte, que, para ele, simbolizavam uma legião de demônios que representava os grandes adversários dos Estados Unidos (o Iraque ele destruiu simplesmente porque Saddam Hussein começou a vender o petróleo iraquiano por euros e não por dólares; o Irã e a Coréia do Norte escaparam por muito pouco); e 2º) designação de Cuba e da Líbia como Estados vilões, entre outros. Como refletiu Manuel Cambeses Júnior, estas, dentre muitas outras, foram ações daninho-autoritárias que puseram em movimento uma dinâmica política que implicou em uma volta ao unilateralismo, implicaram no surgimento de uma presidência não afeita ao diálogo e à conciliação, determinaram o fortalecimento de diversas ações militares com um debilitamento inversamente proporcional da opção diplomática e facilitaram a prevalência predatória dos falcões sobre as pombas; os falcões constrangendo a guerras e sangue e as pombas recomendando diálogo e apaziguamento. Tudo isto (e mais o resto) é ou não é de triste memória? E, no rastro da quebradeira da Economia americana – cujo principal motivo quebrantador foi o sem-vergonha do subprime (crédito de risco, concedido a um tomador que não oferece garantias suficientes para se beneficiar de uma taxa de juros mais vantajosa) a Economia mundial foi para o brejo e o caos econômico-financeiro se instalou! No futuro, à medida que as nações do mundo se tornarem efetivamente independentes e decidirem comprar petróleo, café, trigo, soja, créditos de carbono, energia elétrica, aço, prata, cobre e outras commodities (qualquer bem em estado bruto, normalmente de origem agropecuária ou de extração mineral ou vegetal, produzido em larga escala mundial e com características físicas homogêneas, seja qual for a sua origem, geralmente destinado ao comércio externo) com suas próprias moedas ou com outras que venham a ser internacionalmente aceitas (reais, euros, rublos, iuans e ienes, por exemplo), ao invés de usarem exclusivamente dólares americanos, os países-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e o resto do mundo acabarão por abandonar o dólar ou restringir seu uso. Daí, no caso da Economia americana, passar do brejo para o vinagre é uma questão de mais ou de menos tempo, a não ser que... Os chineses já estão botando suas manguinhas de fora (e estão gostando!), dando verdadeiras aulas de Economia – e até de política internacional! aos manda-chuvas imperiais, que sempre fizeram secar ou chover quando bem queriam! Mas, como Barack Obama é o primeiro Presidente dos Estados Unidos com cara de gente, como disse recentemente o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vamos esperar e torcer que ele e a União Européia decidam tratar como gente as gentes do nosso mundo. Enfim, não há economista que não saiba que tudo se resume a três itens fundamentais: 1º) compromisso de não impor novas restrições ao comércio e de eliminar progressivamente as restrições existentes; 2º) implementar um novo sistema de regulação bancária mundial e dar um basta definitivo nos paraísos fiscais (estados ou regiões autônomas nos quais a lei facilita a aplicação de capitais, oferecendo uma espécie de dumping fiscal); e 3º) reforçar substantivamente as instituições multilaterais (FMI e Banco Mundial). Entretanto, essas medidas necessárias não adiantarão (bu)lhufas se não cuidarmos da Terra como um todo-vivo, e, portanto, sensitivo e reativo, particularmente no que se refere ao aquecimento global.

 

 

 

 

2. Denodo no sentido de procedimento nobre e valoroso; brio, distinção.

3. Tudo que alguém possa ser individualmente ou tudo que um país possa representar no cenário internacional cabem, se tanto, dentro de um dedal!

 

Fundo musical:

Citizen Kane

Fonte:

http://d.faric.free.fr/musique/MIDI/