LUDWIG WITTGENSTEIN
(Pensamentos)

 

 

 

Ludwig Wittgenstein

Ludwig Wittgenstein

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo tem por finalidade apresentar para reflexão alguns pensamentos de Ludwig Wittgenstein, um dos maiores gênios do século XX e um dos nomes mais reputados da Filosofia da Linguagem, da Lógica e da Matemática.

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Ludwig Joseph Johann Wittgenstein (Viena, 26 de abril de 1889 – Cambridge, 29 de abril de 1951), filósofo austríaco, naturalizado britânico, foi um dos principais atores da virada lingüística na Filosofia do século XX. Suas principais contribuições foram feitas nos campos da Lógica, da Filosofia da Linguagem, da Filosofia da Matemática e da Filosofia da Mente.

 

Muitos o consideram o filósofo mais importante do século passado. O único livro de Filosofia que publicou em vida, o Tractatus Logico-Philosophicus, de 1922, exerceu profunda influência no desenvolvimento do Positivismo Lógico. Mais tarde, a partir de 1930, as idéias por ele formuladas e difundidas em Cambridge e Oxford impulsionaram ainda outro movimento filosófico, a chamada Filosofia da Linguagem Comum.

 

Seu pensamento é geralmente dividido em duas fases. Para identificá-las, muitos autores recorrem ao artifício de atribuir os escritos da juventude ao Primeiro Wittgenstein e a obra posterior ao Segundo Wittgenstein, como se designassem autores distintos. A cada um destes períodos corresponde uma obra central na História da Filosofia do século XX. À primeira fase, pertence o Tractatus Logico-Philosophicus, livro em que Wittgenstein procura esclarecer as condições lógicas que o pensamento e a linguagem devem atender para poder representar o mundo. À segunda fase, pertencem as Investigações Filosóficas, publicadas postumamente, em 1953. Neste livro, Wittgenstein trata de tópicos similares ao do Tractatus (embora sob uma perspectiva radicalmente diferente) e avança sobre temas da Filosofia da Mente ao analisar conceitos como o de compreensão, intenção, dor e vontade.

 

 

 

Pensamentos Wittgensteinianos

 

 

 

Minhas proposições elucidam desta maneira: quem me entende acaba por reconhecê-las como contra-sensos, após ter escalado através delas, por elas e para além delas. Deve, por assim dizer, jogar fora a escada após ter subido por ela. Deve sobrepujar estas proposições, e, então, verá o mundo corretamente.

 

Todo signo, sozinho, parece morto. O que lhe confere vida? Ele está vivo no uso. Ele tem em si o hálito da vida ou é o uso o seu hálito?

 

Filosofar é como tentar descobrir o segredo de um cofre: cada pequeno ajuste no mecanismo parece levar a nada. Apenas quando tudo entra no lugar a porta se abre.

 

A maioria das proposições e das questões que foram escritas sobre assuntos filosóficos não é falsa, mas desprovida de sentido. Por este motivo, não podemos absolutamente responder às questões deste gênero, mas apenas estabelecer que são desprovidas de sentido. O sentido do mundo deve ser encontrado fora do mundo. No mundo, todas as coisas são como são e se produzem da forma que se produzem: não existe valor nele, e, caso houvesse algum, este não teria valor. Uma resposta que não pode ser exprimida supõe uma questão que tampouco pode ser exprimida. O enigma não existe. Se uma questão pode ser inteiramente colocada, ela pode também encontrar a sua resposta.1

 

Filosofia é a batalha entre o encanto de nossa inteligência mediante a linguagem.

 

O que eu sei sobre Deus e o sentido da vida? Eu sei que este mundo existe.

 

Sobre esse período na Noruega: Tenho a impressão de ter conseguido trazer à luz as ondas de pensamento que estavam confinadas dentro de mim.

 

Sentimos que, mesmo depois de serem respondidas todas as questões científicas possíveis, os problemas da vida permanecem completamente intactos.

 

O mundo é a totalidade dos fatos, não das coisas.

 

Com relação a fatos e proposições há somente valor relativo.

 

Tudo o que dizemos sobre o absolutamente milagroso carece de sentido.

 

O mundo é tudo o que acontece.

 

Se as pessoas nunca fizessem coisas bobas, nada de inteligente jamais seria feito.

 

Eu não sei porque estamos aqui, mas eu tenho certeza de que não é [apenas] para nos divertirmos.

 

Nunca se mantenha nas alturas estéreis de esperteza, mas desça para os vales verdes da simplicidade.

 

Nada é tão difícil quanto não enganar a si mesmo.

 

Como tudo, a harmonia metafísica entre o pensamento e a realidade pode ser encontrada na gramática da linguagem.

 

Uma das representações mais enganosas da linguagem é o uso da palavra 'eu'.

 

 

Bela Lugosi (1882 – 1956)

 

 

Um filósofo que não participa de discussões filosóficas é como um boxeador que nunca entra no ringue.

 

É apenas uma hipótese se o Sol nascerá amanhã. Isto significa que nós não podemos ter certeza de que ele irá nascer amanhã.

 

Toda a concepção moderna do mundo tem como fundamento a ilusão de que as chamadas Leis da Natureza sejam as explicações dos fenômenos naturais.

 

 

 

Que o mundo é meu mundo revela-se no fato de os limites da linguagem (da linguagem que apenas eu compreendo) significarem os limites do meu mundo.

 

Eu sou o meu mundo – o microcosmo.

 

Todas as proposições têm igual valor.

 

O que se pode em geral dizer pode [e deve] ser dito claramente; e devemos nos calar sobre aquilo que não se pode falar.

 

A totalidade dos fatos determina o que é o caso e tembém tudo o que não é o caso.

 

A Ética é a investigação sobre o valioso ou sobre aquilo que realmente importa. A Ética é a investigação sobre o significado da vida ou daquilo que faz com que a vida mereça ser vivida ou, ainda, sobre a maneira correta de viver.

 

 

 

 

A morte não é um acontecimento da vida. A morte não pode ser vivida. Caso se compreenda por eternidade não uma duração temporal infinita, mas a intemporalidade, quem vive no presente é quem vive eternamente. A nossa vida é tanto mais sem fim quanto mais o nosso campo de visão não tem limites.

 

A linguagem disfarça o pensamento. E principalmente de tal forma que, segundo a forma exterior da roupagem, não é possível concluir sobre a forma do pensamento disfarçado, porque a forma exterior da roupagem visa a algo bem diferente do que permite reconhecer a forma do corpo. Os arranjos tácitos para a compreensão da linguagem quotidiana são de uma enorme complicação.

 

A solução do enigma da vida no espaço e no tempo encontra-se fora do espaço e do tempo.

 

Os fatos pertencem todos apenas quanto ao problema, não quanto à sua solução.

 

Que bom que não me deixo influenciar!

 

Está na moda enfatizar os horrores da guerra. Eu não a acho assim tão horrorosa. A guerra é tão horrível quanto diversas coisas que acontecem ao nosso redor todos os dias, se ao menos temos olhos par vê-las.

 

O conhecimento é uma ilha cercada por um oceano de mistério. Prefiro o oceano à ilha.

 

A Lógica não é uma doutrina, é um espelho cuja imagem é o mundo. A Lógica é transcendental.

 

O sentido da vida só pode ser a própria vida.

 

Ao buscar o sentido de uma palavra, não olhem para dentro de vós. Olhem para a utilização desta palavra no contexto da vossa vida.3

 

Humor não é um estado de espírito, mas uma visão de mundo.

 

 

 

 

Nenhum enunciado de fato pode ser nem implicar um juízo de valor absoluto.4

 

Algumas vezes, uma frase pode ser entendida apenas se for lida no tempo [no sentido musical] certo. Minhas frases devem todas ser lidas devagar.

 

É enormemente difícil encontrar o caminho até o centro. Ele avança via novos exemplos e novas comparações. Os banais não o mostram.

 

 

 

 

Ao filosofar, não podemos exterminar uma doença do pensamento. Ela deve seguir seu curso natural, e a cura lenta é a que é importante.

 

Constantemente, ouvimos que a Filosofia não progride, que estamos ainda ocupados com os mesmos problemas filosóficos que os gregos. Aqueles que dizem isso, todavia, não entendem por que isto é assim. É porque nossa linguagem tem permanecido a mesma e continua nos seduzindo a fazer as mesmas perguntas. Enquanto houver um verbo “ser” que parece que funciona do mesmo modo como “comer” e “beber”, enquanto houver os adjetivos “idêntico”, “verdadeiro”, “falso”, “possível”, enquanto falarmos de uma corrente do tempo e da expansão do espaço etc., as pessoas continuarão tropeçando nas mesmas dificuldades enigmáticas e admirando algo que nenhuma explicação parece ser capaz de clarificar.

 

Em cada cultura, me deparo com um capítulo intitulado 'Sabedoria'. E, então, eu sei exatamente o que se seguirá: 'Vaidade das vaidades, tudo é vaidade.'5

 

O rosto é a alma do corpo.

 

Há observações que semeiam e observações que colhem.

 

Expressar uma palavra é como golpear uma nota no teclado da imaginação.

 

Há uma tragédia quando uma árvore, em vez de dobrar, quebra.

 

Uma nova palavra é como uma semente fresca semeada no chão de uma discussão.

 

Para um homem verdadeiramente religioso nada é trágico.6

 

Descansar sobre os louros é tão perigoso quanto descansar quando você está andando na neve. Se você cochilar, poderá morrer de frio.

 

Muitas vezes, fazemos uma simples observação, e só muito tempo depois nos damos conta de o quanto era verdadeira.7

 

A Filosofia é uma batalha contra o feitiço da nossa [des]inteligência por meio da linguagem.

 

No frigir dos ovos, o conhecimento está baseado no reconhecimento [ou seja: é quando a manteiga chia].

 

 

 

 

Proposições mostram o que eles dizem. Tautologias e contradições demonstram que eles não dizem nada.

 

A lógica do mundo é, antes de tudo, a verdade e a mentira.

 

Alguém que sabe demais acha difícil não mentir.8

 

O mundo é independente da minha vontade.

 

Um trabalho filosófico sério e bom poderia ser escrito inteiramente composto de piadas.

 

O inferno não são os outros.9 O inferno é você mesmo.

 

Pelo amor de Deus, não tenha receio de falar besteiras! Mas preste atenção ao seu sentido.

 

Os problemas não serão resolvidos com novas informações, mas, organizando as informações que já temos desde há muito.

 

Estou convencido de que só se formos úteis para outras pessoas, é que, no final, encontraremos o Caminho para Deus.

 

Eu ajo com completa certeza. Mas esta certeza é minha.

 

O que é preocupante é a tendência de acreditarmos que a nossa mente é como um pequeno homem que está dentro de nós.

 

É um dogma da Igreja de Roma que a existência de Deus pode ser provada pela razão natural. Agora, para mim, este dogma torna impossível que eu me torne um católico romano. Se eu pensasse em Deus como um outro ser como eu, mas fora de mim e infinitamente mais poderoso, então, eu consideraria como meu dever desafiá-Lo.

 

O mundo dos felizes é muito diferente do mundo dos infelizes.

 

Imaginar uma linguagem é imaginar um modo de vida.

 

Se alguém não estiver disposto a mergulhar em si mesmo, porque isto é muito doloroso, permanecerá superficial...

 

O enigma não existe.

 

Se, na vida, estamos cercados pela morte, na saúde do nosso intelecto, estamos rodeados pela loucura.

 

Este tipo de coisa tem que ser interrompido. Filósofos ruins são como senhorios de favelas. O meu trabalho é colocá-los fora do negócio.

 

Ética e Estética são uma coisa só.

 

No centro de toda crença bem fundada reside uma crença que é infundada.

 

O desconforto em Filosofia aparece, pode-se dizer, ao se olhar a Filosofia erroneamente, ao vê-la de modo incorreto, como se fosse dividida em faixas longitudinais (infinitas) em vez de faixas transversais (finitas).10

 

 

 

 

Nunca chegamos ao fim do nosso Trabalho, pois ele não tem fim.

 

O Idealismo,11 se concebido com rigor, leva ao Realismo.12

 

É claro que eu quero alcançar a perfeição!

 

Últimas palavras de Ludwig Wittgenstein: Diga a eles que vivi uma vida maravilhosa.

 

 

 

Digam a Todos...

 

 

 

Digam a todos que vivi

o melhor que eu pude.

Mas, aqui, neste ataúde,

eu me pergunto: Morri?

 

Divulguem que sonhei

um sonho incompletado.

E, bafunto encabulado:

não me tornei meu Rei.

 

Com certeza, voltarei

para acabar o serviço,

e não haverá enguiço

que me afaste da Lei.

 

Lágrimas sangradas

não lavaram as dolores

nem tingiram as colores.

Não há duas estradas!

 

A Caminhada é uma só,

para o seixo, para a areia,

para o chulé, para a meia,

para a galáxia, para o pó!

 

– devagarzinho, tropeçando,

deslizando e levantando –

nós haveremos de ancorar.

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Sim, pode. Mas, muitas vezes, até, talvez, na maioria das vezes, a questão formulada demora décadas, séculos, milênios, para ser respondida. Milhares são os exemplos, mas basta um para ilustrar este fato incontestável: o Bóson de Higgs, partícula elementar bosônica prevista pelo Modelo Padrão de Partículas, prenunciado primeiramente em 1964 pelo físico britânico Peter Higgs, até hoje não teve comprovada a sua existência. A própria morte (ou transição) é um segundo exemplo: a morte só será efetivamente conhecida por nós, em toda a sua amplitude e conseqüências, quando morrermos.

2. A guerra nos horroriza mais porque a matança é de montão, e porque, hoje, pode ser vista on-line. Mas, qual é a diferença entre matar um e matar mil ou matar seis milhões? Qual é a diferença entre o massacre de judeus e de outras minorias, efetuado nos campos de concentração alemães durante a Segunda Grande Guerra, e a Chacina da Candelária, como ficou registrada pela mídia, que ocorreu na madrugada do dia 23 de julho de 1993, próximo às dependências da Igreja de mesmo nome, localizada no centro da Cidade do Rio de Janeiro? Nesta chacina, seis menores e dois maiores sem-teto foram assassinados por policiais militares. Enfim, qual é a diferença entre estrangular uma galinha na cozinha, para depois comê-la, e assassinar sei lá quantas mil aves em uma linha de abate de frangos? Em termos cósmicos, matar uma Iridomyrmex humilis ou matar um Hippopotamus amphibius é a mesma coisa.

3. Um exemplo marcante disto é a categoria justiça, que, na maioria das vezes, é entendida e aplicada de acordo com as conveniências políticas do momento e as razões de Estado vigentes (motivos de ordem superior invocados por um Estado para colocar seus interesses acima dos interesses particulares). E assim, pergunto: terá sido feita plena justiça quando o dentista, tropeiro, minerador, comerciante, militar e ativista político que atuou no Brasil colonial Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, reconhecido como mártir da Inconfidência Mineira, patrono cívico do Brasil e também patrono das Polícias Militares dos Estados e herói nacional, foi julgado pelo crime de lesa-majestade, condenado, enforcado em uma manhã de sábado, em 21 de abril de 1792, esquartejado e com seu sangue se lavrou a certidão de que estava cumprida a sentença? Terá sido feita plena justiça quando, nos Julgamentos de Nuremberg, o Tribunal Militar Internacional vs. Hermann Göring et al. julgou e condenou à morte por enforcamento dez representantes do regime nazista, sendo que o historiador Giles MacDonogh registrou que na execução do ex-ministro de Relações Exteriores da Alemanha Nazista entre 1938 e 1945 e uma das principais e influentes figuras do Terceiro Reich Ulrich Friedrich Wilhelm Joachim von Ribbentrop (Wesel, 30 de abril de 1893 – Nuremberg, 16 de outubro de 1946) o carrasco trabalhou mal na execução, e a corda o estrangulou por vinte minutos antes que ele morresse? Terá sido feita plena justiça quando os judeus comunistas estadunidenses Julius Rosenberg (12 de maio de 1918 – 19 de junho de 1953) e Ethel Greenglass Rosenberg (25 de setembro de 1915 – 19 de junho de 1953) foram executados em 1953 após terem sido condenados por espionagem (transmissão de informações sobre a bomba nuclear para a União Soviética)? Terá sido feita plena justiça quando Saddam Hussein Abd al-Majid al-Tikriti foi julgado, condenado e enforcado em Bagdad, em 30 de dezembro de 2006, tendo sido impedido que morresse proclamando a oração: Só há um Deus e Muhammad é Seu Profeta? Para mim, nada é mais abominoso do que a pena capital. O executor da pena de morte, ao fazer cumprir a sentença, está, ao mesmo tempo, assassinando e se suicidando sem o saber. Enfim, terá sido feita plena justiça quando Osama bin Laden (Riade, 10 de março de 1957 – Abbottabad, 1° de maio de 2011) foi morto em um esconderijo nos arredores de Abbottabad durante uma operação secreta realizada por forças da Joint Special Operations Command em conjunção com a CIA e o Governo Paquistanês? Bem, penso que justiça possa até ser tudo que promova algum tipo de compensação educativa por delitos praticados, menos matar, até porque qualquer justiçamento terreno está longe de ser equivalente a um possível futuro justiçamento cósmico – que é, ao mesmo tempo, imparcial, efetivo e incônscio de si mesmo.

4. Na realidade, nada pode ser acreditado ou afirmado como coisa absoluta. Absolutizar seria, presumidamente, conhecer a Verdade Última, plena e acabada, e isto é relativamente impossível. Quando, por exemplo, se diz que um deus qualquer é isto ou aquilo, o isto ou o aquilo estão atrelados à categorias humanas conhecidas. Designamos e categorizamos em conformidade com a nossa cultura e com o entendimento parcial e relativo que temos de uma determinada coisa. A nossa liberdade depende de irmos minimizando as influências das manias/ignorâncias dos outros e das nossas próprias manias/ignorâncias.

5. Por isto, escolhi como fundo musical para este trabalho a música Nevertheless (I'm in Love with You).

6. Isto não é bem assim. A maior tragédia metafísica que um ser humano poderá vivenciar é a ausência (falta) de compreensão, e as religiões longe estão de oferecer à Humanidade qualquer tipo de compreensão para o que quer que seja. Quem aceita pela fé, seja lá o que for, compreendeu o quê? Resposta: nada! Então, para quem não compreende tudo é trágico, porque, de duas, uma: ou é Deus quem quer, e faz o que quer, ou foi o maligno que desquis, e fez acontecer. Enfim, geralmente, o desespero de uma perda é manifestamente mais angustiante e mais sentido por uma pessoa religiosa do que para uma não-religiosa. Isto não quer dizer que uma pessoa não-religiosa não tenha sentimentos ou que os tenha em um nível menor do que uma pessoa religiosa. Eu, por exemplo, que não sou religioso, não me desesperei quando minha mãe morreu, no século passado, mas me lembro e penso nela todos os dias. Até, de vez em quando, brinco com ela como se ela estivesse viva. E morro de rir com as besteiras que ela me diz nessas conversas (que eu mesmo invento). Esquizofrenia? Vai ver que é.

7. Ou pensado de outra forma: a Voz Interior fala... fala... fala... E nós não damos bola... não damos bola... não damos bola...

8. Acho que a coisa, em si, não é bem de mentir ou de não mentir, mas de não dizer (evitar dizer) o que não deve ou o que não precisa ser ser dito. Não dizer (explicar) também é um ato de amor e de respeito à ignorância ou à impossibilidade de o outro poder compreender. Por exemplo: como é possível alguém dizer a uma criança de dois anos que papai-noel não existe? Como alguém pode tentar explicar para a sua empregada doméstica ou para o seu porteiro, por exemplo, que a variação da energia interna de um sistema pode ser expressa através da diferença entre o calor trocado com o meio externo e o trabalho realizado por ele durante uma determinada transformação, que poderá ser isobárica, isotérmica, isocórica (ou isovolumétrica) ou adiabática. (Primeira Lei da Termodinâmica). Ou que, para haver conversão contínua de calor em trabalho, um sistema deve realizar ciclos entre fontes quentes e fontes frias, continuamente, e que, em cada ciclo, é retirada uma certa quantidade de calor da fonte quente (energia útil), que é parcialmente convertida em trabalho, sendo o restante rejeitado para a fonte fria (energia dissipada). (Segunda Lei da Termodinâmica). Ora, na realidade, pondo entre parêntesis a matemática que dá sustentação à estas duas leis, isto não é tão difícil assim, mas, para se fazer um ovo cozido ou para se abrir ou fechar o portão da portaria para quem entra ou quem sai ninguém precisa saber nada disto. No caso do ovo, só é preciso saber uma coisa: que com a panela tampada a água ferve mais rápido e o ovo cozinha mais depressa. Logo, tampando a panela, se faz economia de tempo e de gás. E chega! É por isto que, por outro lado, até certo ponto, é uma maldade obrigar as pessoas a ler a Bíblia. Bolas! Se as pessoas não entendem o significado das palavras – e a maioria do povão nem sequer tem um dicionário de língua portuguesa em casa! – como poderão entender as mensagens bíblicas, que, no miolo e na periferia, no raso e no fundo, para piorar as coisas, estão, nos diversos vernáculos, completamente adulteradas? Agora, o pior de tudo, um verdadeiro filme de horror belalugosiano, são as explicações que são dadas por uma significativa parcela dos oradores sacros, mundo afora: pleonásticas e cavernosas, por um lado, contraditórias e improcedentes, por outro, preconceituosas e pedantescas, por um terceiro e sei-lá-o-quê e o-que-sei-lá, por um quarto. E dá-lhe de fim de mundo, de catástrofes de proporções gigantescas, de Armageddon, de anticristo apocalíptico, de arrebatamento, de parúsia, de... Agora, se, no futuro, vierem a acontecer catástrofes mundiais de proporções gigantescas (que, episodicamente, já estão a acontecer), elas não acontecerão (se acontecerem) porque o demônio resolveu sacanear a Humanidade ou porque Deus quis nos dar uma lição, mas, sim, inequivocamente, porque criminosa e irresponsavelmente desrespeitamos o Planeta de norte a sul e de leste a oeste, queimando, devastando, poluindo, esculhambando, deteriorando, aquecendo, desarmonizando e outras tantas coisas mais. Seja como for, o fato é que as colaborações hipotéticas, os dízimos, os óbolos, as crendeirices acachapantes e as genuflexões fideístas só frutificam, dão filhotes (igualzinho ao aumento de capital de uma sociedade realizado com a incorporação de reservas) e fazem transbordar as $acolinha$ recolhedoras das bufunfinhas porque a insciência é sesquipedal, o medo é descomunal e a hipoteticidade canalhocrática de muitos apregoadores é abismal – que são especialistas em se aproveitar das fragilidades, das boçalidades e das patologias humanas. Mas, depois, a porca haverá de torcer o rabo! Os negócios com os deuses não ficam impunes!

9. A idéia de que o inferno são os outros foi estabelecida pelo filósofo, escritor e crítico francês, conhecido como representante do Existencialismo, Jean-Paul Charles Aymard Sartre (Paris, 21 de junho de 1905 – Paris, 15 de abril de 1980). Para Sartre, o homem, por si só, não pode se conhecer em sua totalidade. Só através dos olhos de outras pessoas é que alguém consegue se ver como parte do mundo. Sem a convivência, uma pessoa não poderá se perceber por inteiro. O ser-para-si-só é, na realidade, ser-para-si-através-do-outro, idéia que Sartre herdou de Hegel. Cada pessoa, segundo Sartre, embora não tenha acesso às consciências das outras pessoas, pode reconhecer nelas o que têm de semelhante. E cada um precisa deste reconhecimento. Por si mesmo, o homem não terá acesso à sua essência; o homem é um eterno tornar-se, um vir-a-ser que nunca se completará. Só através dos olhos dos outros poderá ter acesso à sua própria essência, ainda que este acesso seja temporário. Só a convivência é capaz de dar ao homem a certeza de que está fazendo as escolhas que deseja, sejam (mais ou menos) certas, sejam (mais ou menos) equivocadas. Daí, é que, em Sartre, surgiu a idéia de que o inferno são os outros, ou seja, embora sejam os outros que impossibilitem a concretização de seus projetos, colocando-se sempre no seu caminho, os homens não podem evitar a convivência com outros seres humanos. Sem eles, o próprio projeto fundamental de viver não faria qualquer sentido.

10. Isto é equivalente a entendermos que a Filosofia é limitada para nos oferecer a tão desejada Compreensão que nos Libertará. Esta tão desejada Compreensão Libertadora só advirá pela PhiloShOPhIa – que é Transracional e Iniciática, mas que nada tem de transcendente nem está além de uma experiência pessoal possível.

11. O Idealismo é uma corrente filosófica que emergiu com o advento da Modernidade, uma vez que a posição central da subjetividade é fundamental. Na Filosofia Idealista, o postulado básico é que Eu-sou-Eu, no sentido de que o Eu é objeto para mim (Eu). Ou seja, a velha oposição entre sujeito e objeto se revela no Idealismo como incidente no interior do próprio Eu, uma vez que o próprio Eu é objeto para o sujeito (Eu). O oposto do Idealismo é o Materialismo. Tendo suas origens a partir da revolução filosófica iniciada por Descartes e o seu cogito, é nos pensadores alemães que o Idealismo está em geral associado, desde Kant até Hegel, que seria, talvez, o último grande idealista da Modernidade. Muitos admitem que a Teoria das Idéias, de Platão, é historicamente o primeiro dos Idealismos, em que a verdadeira realidade está no Mundo das Idéias, das formas inteligíveis, acessíveis apenas à razão.

12. O Realismo foi um movimento artístico e literário, surgido na Europa, nas últimas décadas do século XIX, mais especificamente na França, em reação ao Romantismo. Entre 1850 e 1880, o Realismo predominou na França e se estendeu pela Europa e por outros continentes. Os integrantes deste movimento repudiaram a artificialidade do Neoclassicismo e do Romantismo, pois sentiam a necessidade de retratar a vida, os problemas e costumes das classes média e baixa não inspirada em modelos do passado. O movimento manifestou-se também na Escultura e, principalmente, na Arquitetura.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://revistacult.uol.com.br/home/
2010/03/uma-mente-em-chamas/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Realismo

http://pt.wikipedia.org/wiki/Idealismo

http://revistacult.uol.com.br/home/
2010/03/filosofia-de-wittgenstein/

http://revistacult.uol.com.br/home/
2010/03/ensaio-do-filosofo-joao-da-penha/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ludwig_Wittgenstein

http://pt.wikipedia.org/wiki/Osama_bin_Laden#Morte

http://pt.wikipedia.org/wiki/Julgamentos_de_Nuremberg#
Execu.C3.A7.C3.A3o_das_senten.C3.A7as

http://pt.wikipedia.org/wiki/Joachim_von_Ribbentrop

http://www.goodreads.com/author/
quotes/7672.Ludwig_Wittgenstein

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_de_Carnot

http://www.brasilescola.com/
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http://researchmeth.wikispaces.com/
Qualitative+Research

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http://richtu.blogspot.com.br/2009/
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http://alexandremachado.50webs.com/
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http://www.revista.agulha.nom.br/ag30wittgenstein.htm

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http://auroraseocasos.blogspot.com.br/
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http://www.infopedia.pt/$ludwig-wittgenstein

http://www.religiaodedeus.net/chamado_a_oracao.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Saddam_Hussein#Morte

http://afilosofia.no.sapo.pt/ludwigw.htm

http://www.ronaud.com/frases-pensamentos
-citacoes-de/ludwig-wittgenstein

http://pensador.uol.com.br/
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http://www.citador.pt/frases/
citacoes/a/ludwig-wittgenstein

http://www.graphicsgrotto.com/animatedgifs/nature/

http://www.citador.pt/textos/
a-linguagem-disfarca-o-pensamento-ludwig-wittgenstein

http://www.citador.pt/textos/
horizontes-de-eternidade-ludwig-wittgenstein

http://www.citador.pt/textos/
o-que-faz-sentido-ludwig-wittgenstein

http://www.picgifs.com/graphics/humor/

http://pt.wikiquote.org/wiki/Ludwig_Wittgenstein

 

Música de fundo:

Nevertheless (I'm in Love with You)
Compositores: Harry Ruby (música) & Bert Kalmar (letra)
Interpretação: Frank Sinatra

Fonte:

http://beemp3.com/

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.